15 novembro 2010

Jack London
















Jack London, escritor do Abismo Social

Jack London foi o mais popular escritor norte-americano, dentre a multidão de grandes escritores surgidos nos Estados Unidos, na passagem entre os séculos 19 e 20. Durante sua tão intensa quanto breve existência de 40 anos, escreveu uma obra vastíssima composta por dezenas e dezenas de contos e romances.


* Por José Reinaldo Carvalho

Dentre os seus livros, diamantes da literatura mundial, destacam-se O Lobo do Mar e Martin Éden. Foi uma das mais fecundas penas na militância literária em combate ao sistema capitalista. A importância de seus livros na divulgação das ideias socialistas é tão grande, que no prefácio a O tacão de ferro, Anatole France diz: "Jack London tem aquele gênio peculiar que sabe descobrir o que está escondido para o comum dos homens e tem um dom especial que o habilita a antecipar o futuro". Numa extensa bibliografia sobre obras comunistas, Bukharin cita apenas um livro norte-americano: O tacão de ferro.

Jack London (foto) debutou aos 17 anos com o conto Ciclone às costas do Japão, ganhador do primeiro prêmio num concurso literário promovido pelo jornal Morning Call de São Francisco. Mas nessa época London era obrigado a dividir sua paixão pela escrita com a dura luta pela sobrevivência. Desde idade ainda tenra foi jornaleiro e até completar 15 anos, quando se empregou numa fábrica de conservas, consumiu os verdes anos de sua infância e adolescência nos mais diversos tipos de trabalho para garantir o mínimo sustento e ajudar a família. Na fábrica, chegou a fazer horas extras, esfalfando-se em jornadas de até 18 horas diárias. Nessa época, Jack London não tinha ainda consciência política, mas aprendera, pela própria experiência, o mecanismo da exploração capitalista, cuja teoria viria a descobrir depois nos livros. Dono de vigorosa e fértil imaginação, escrevia compulsivamente. Mas teve de percorrer longo caminho até que suas obras merecessem a acolhida dos editores.

London, pelo seu espírito aventureiro e individualista, viveu durante algum tempo como vagabundo, viajando em trens de carga e vivendo literalmente na sarjeta, uma vida errante de andarilho, durante a qual conheceu e fez de tudo, foi preso e conviveu com a escória da sociedade norte-americana, no que ele chamava de abismo social.

Leitor contumaz, Jack London tomou contato na juventude com a obra de Babeuf, Fourier, Proudhon, Saint-Simon, Darwin, Spencer, Nietzsche, que deixaram marcante influência em seus escritos. Por indicação de um andarilho das estradas, seu companheiro na vida de vagabundo, buliçoso como ele e dado a filosofar, leu o Manifesto Comunista, de Karl Marx. Instintivamente inclinado a combater as injustiças e já revoltado com as iniquidades do sistema capitalista, London se tornou um socialista consciente e visceral. No seu caderno de notas, Jack registrou as suas impressões da obra fundamental da teoria do socialismo científico:

"Toda a história da humanidade tem sido a História das lutas entre exploradores e explorados; a história dessas lutas de classe mostra a evolução da civilização econômica da mesma forma por que os estudos de Darwin mostram a evolução do homem. Com o advento do industrialismo e da concentração dos capitais atingiu-se um estádio social em que os explorados não podem emancipar-se da classe dirigente sem com isso, e de uma vez por todas, emancipar a sociedade em geral de explorações futuras, de opressão, de diferenças e lutas de classe". (...) Clique Aqui para ler o artigo, na íntegra, originalmente postado no site Vermelho.

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