07 agosto 2011

Cultura


Jornalista gaúcho traduz livros de Machado de Assis para o espanhol

Sul 21 - por Núbia Silveira - Tradutor de livros do argentino Julio Cortázar e do peruano Mario Vargas Llosa, o jornalista gaúcho Remi Gorga Filho jogou-se em uma nova empreitada: verter para o espanhol parte da obra de Machado de Assis. Os primeiros livros, em formato de bolso, saíram há três anos pela editora Libresa, que vende suas obras em toda a América hispânica. Agora, pela Compañía de Lectura Eugenio Espejo, lança os contos El Alienista (O Alienista), El caso de la vara (O Caso da Vara) e La señora de Galvão (A Senhora Galvão). Antes disso, preparou uma antologia chamada La iglesia del diablo y outros cuentos, da qual constam 17 contos. Entre eles, Misa de gallo (Missa do Galo) e Unos brazos (Uns braços).

Remi, que há mais de 10 anos dirige o Centro de Estudos Brasil-Equador, em Quito, afirma: “O que me levou a traduzir Machado foi a grandeza de sua obra, a imortalidade de sua arte”. Já podem ser lidos em espanhol mais de 40 contos, escolhidos pelo próprio Remi, “a partir das seleções e antologias publicadas por grandes cultores da obra machadiana”. Também foram vertidos os romances Memórias Póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro, Quincas Borba e Memorial de Aires, todos “dos melhores anos de Machado”, como afirma o jornalista.

Memórias Póstumas de Brás Cubas – entusiasma-se Remi – foi escolhido pelo ator e cineasta norte-americano Woody Allen como um dos cinco melhores romances do mundo. A citação feita em uma entrevista coletiva e lida por Remi no jornal inglês The Guardian. O tradutor ressalta que a ideia é traduzir, além dos quatro romances já passados para o espanhol, “o melhor dos contos” de Machado de Assis.

Dom Casmurro, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba e Memorial de Aires já ganharam versões feitas na Argentina, México e Espanha. A mais nova versão é a do Memorial do Aires, feita no México. Qual o diferencial entre estes trabalhos e o de Remi? O tradutor responde:

“Não sei se poderia dizer que o diferencial na tradução tem por base o “amor” que um menino de 10 anos descobriu em ‘Helena’, inflamado nos romances de sua maturidade, e na obra inigualada do ‘bruxo do Cosme Velho’. Talvez, também, esteja no cuidado que se deve ter ao traduzir um texto escrito em anos do século XIX para um leitor do XXI”.

Para o bom entendimento do leitor de língua espanhola, Remi recorreu às “notas de pé de página, às visitas constantes aos dicionários, às consultas a filólogos e escritores que convivem com o idioma”. (...)
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