31 maio 2016

PT: 'Motivo central para o golpe está nas medidas econômicas'

Em documento divulgado após reunião de sua executiva nacional, partido afirma que governo interino quer "aprofundar o programa neoliberal derrotado em 2014"
por Redação RBA*

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Resolução diz que as medidas anunciadas pelo governo interino revelam interesses por trás do impeachment
São Paulo – Após reunião da executiva nacional, em Brasília, o PT divulgou na tarde de hoje (31) uma resolução na qual afirma que “dois fatos confirmam o caráter golpista do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff”. Segundo o documento, esses fatos são o vazamento dos diálogos gravados pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, com os ex-ministros Romero Jucá (Planejamento) e Fabiano Silveira (Transparência), e o anúncio das medidas econômicas do governo "golpista" de Michel Temer.
Segundo o PT, os diálogos de Sérgio Machado com os ex-ministros evidenciam “que a deposição da presidenta Dilma tem por um dos objetivos o estancamento das investigações no âmbito da Operação Lava Jato relacionadas aos partidos que engendraram o golpe”. Diante das gravações divulgadas, “a suposta agenda ‘ética’ do governo golpista se esfarela”.
A resolução diz que as medidas econômicas anunciadas pelo governo interino revelam os interesses por trás do impeachment. “Entendemos que o motivo central para o golpe está explicitado nas medidas econômicas e de ajuste fiscal propostas pelo governo golpista e ilegítimo de Michel Temer, centrado no congelamento das despesas públicas, particularmente das dotações orçamentárias da saúde e da educação”, diz o documento.
As medidas, de acordo com o PT, trazem como principais danos à sociedade a redução de direitos relativos à Previdência Social, cortes nos programas Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida, no ProUni e no Fies, o fim da política de valorização do salário mínimo, o fim da vinculação de recursos para educação e saúde, a abertura da exploração do pré-sal às grandes petrolíferas transnacionais. "Tudo isso mostra claramente a que veio o golpe: implementar e aprofundar o programa neoliberal derrotado nas eleições de 2014."
O partido destaca que “a compreensão sobre a natureza do golpe” cresce em diversos setores da sociedade, com manifestações crescentes, e na imprensa internacional, que tem sido fundamental “no esclarecimento dos fatos e na produção de análises que oferecem expressivo contraponto aos setores da mídia brasileira oligopolizada que operou e tem sustentado o golpe”.
Segundo a resolução, o governo interino tem tentado desconstruir o governo da presidenta Dilma, ao anunciar devassas e “pente fino” nas ações do governo petista. “Seu objetivo é tentar ‘vender’ à opinião pública pacote de medidas econômicas como medidas necessárias para solução da crise.”
Em entrevista à RBA no dia 12, quando o Senado afastou Dilma, o cientista político Vitor Marchetti, da Universidade Federal do ABC, previa que essa seria uma tática de Temer. “Vem aí a tentativa de construção de uma ideia de que vamos passar um período difícil por conta de reparar os erros cometidos pelo PT”, afirmou Marchetti.
Para o PT, o governo interino, “ao inflar os números em relação ao chamado déficit fiscal, pretende justificar e legitimar o programa neoliberal”.

“Arreganho autoritário”

Além do programa econômico neoliberal, o partido denuncia no governo Temer “o repugnante conservadorismo, patente na presença de Alexandre Frota na educação, o arreganho autoritário que lembra a ditadura militar, com o risco da volta do SNI”, além das intenções de “fatiamento da Petrobras e a entrega do pré-sal para a petroleiras estrangeiras”.
Num aceno de que a legenda deve voltar a atuar a partir das bases e junto com os movimentos sociais, o partido ressaltou a necessidade de “impulsionar a mais ampla unidade de ação entre a Frente Brasil Popular, a Frente Povo Sem Medo, os fóruns de intelectuais, juristas, artistas, trabalhadores do campo e da cidade, e partidos de esquerda”.
Nesse sentido, o partido propõe, no “calendário de lutas contra o golpe”, fortalecer as ações do partido em cada estado, junto a todos os segmentos de trabalhadores, disseminar amplamente as medidas econômicas do governo golpista e apoiar ativamente a paralisação nacional de 24 horas convocada pela Federação Única dos Petroleiros (FUP).
*Fonte: http://www.redebrasilatual.com.br/

30 maio 2016

Temer inova: nunca antes na história deste país Ministro foi demitido em praça pública



Por Fernando Brito*
Michel Temer está se mostrando muito mais fraco do que qualquer um podia imaginar.
Romero Jucá, flagrado segunda-feira passada nas gravações de Sérgio Machado, tentou e conseguiu se manter no cargo, só caindo quando a Globo publicou editorial eletrônico pedindo sua cabeça, disfarçando de “licença” a demissão.
Nesta segunda-feira, o Ministro da Transparência, atingido pelos mesmos caminhos, foi mantido por pressão de Renan – que como qualquer um sabe que a situação de Fabiano Silveira é insustentável – o que levou a uma situação insólita e inédita.
Foi demitido em praça pública pelos servidores, que entregaram todos os cargos de direção do órgão, em todos os Estados da Federação, com direito a um “vassouraço” que dá a cobertura de imagens impactantes ao noticiário sobre um ministro e um ministério que, a rigor, quase ninguém conhecia.
Dure algumas horas ou alguns dias no cargo, está claro que não será Temer quem demitiu Silveira.
Foi demitido em praça pública, a poder de rodo, sabão e vassouras.
Com direito à lavagem ser transmitida por toda a mídia, daqui e de fora.
PS. Não foram horas. Foram minutos. Acabo de ouvir a notícia da demissão de Fabiano Silveira. 
*Via Tijolaço

28 maio 2016

Vitor Ramil & 'A Estética do Frio'





*Milonga de Sete Cidades - A Estética do Frio (Vitor Ramil)
CLIQUE AQUI para ouvir.

27 maio 2016

"Se as forças do golpe se separarem, o que fará a casa grande?"





*Mino Carta (Editor da Revista Carta Capital) pergunta: Se as forças do golpe se separarem, o que fará  a casa grande?

26 maio 2016

Requião: Vão dilapidar o que puderem e deixar uma armadilha para tornar o Brasil ingovernável caso Dilma volte

ministeriotemer
O déficit recorde, o pacto entreguista e a armadilha para a volta da Dilma
Vão dilapidar o que puderem e deixar uma armadilha para tornar Brasil ingovernável caso Dilma volte
por Roberto Requião*, enviado por Gustavo Santos**
Houve quem se surpreendesse quando a equipe econômica de Meirelles pediu autorização ao Congresso para fixar uma nova “meta” fiscal extremamente folgada, uma meta de 170 bilhões de reais. Afinal, o valor é o dobro da meta que a presidente Dilma pediu e que na época foi considerado “irresponsabilidade fiscal” pela imprensa e pelo Congresso.
O que Meirelles quer não é uma meta, é uma autorização para gastar à vontade. Os tais 170 bilhões de reais certamente correspondam ao maior déficit primário da nossa história, em valores correntes. Muito estranho para um governo que foi alçado ao poder em meio a uma campanha pela austeridade fiscal, a que Dilma, supostamente, era avessa.
Se a Dilma está sofrendo processo de impeachment por ter dado as tais pedaladas, na ânsia de cumprir uma meta fiscal muito ambiciosa, que sentido faz dar um imenso cheque em branco para o governo interino?
Tanta incoerência explícita, escancarada, tanto cinismo militante incomodam. As réguas e as regras que valem para uma não valem para outros? Noventa e seis bilhões de meta fiscal pedidos por Dilma são irresponsabilidade, mas os 170 bilhões pedidos por Temer transmudam-se em virtude.
Enfim, considera-se normal que os políticos, na luta pelo poder, façam pronunciamentos incoerentes, contraditórios.Desdizem hoje com toda ênfase o que declaravam com fervor ainda ontem. Políticos que queriam o impeachment diziam uma coisa antes. Agora dizem o contrário.
No entanto, o que mais assusta é que a mídia, os economistas e “o mercado” finjam que não há incoerência, que não usam dois pesos e duas medidas. Da crítica azeda, desaforada de antes ao entusiasmo de hoje não decorreram sequer 30 dias.
Isso é grave, gravíssimo, pois indica que faziam terrorismo com o déficit menor de antes e agora nem se importam com o déficit muito maior. Enfim, ao que tudo indica, os políticos, “o mercado” e seus economistas investiram pesado, até mesmo sua credibilidade, para viabilizar o impeachment e agora investem pesado para viabilizar o novo governo.
Há anos, todo santo dia, estamos acostumados a ler nos jornalões, a ver e ouvir na mídia monopolista que o terror dos terrores para os economistas, para o mercado, para as agências de risco, para os investidores, que o terror dos terrores para eles é o déficit público crescente. Mas, agora, nada comentam sobre o crescimento exponencial desse déficit proposto por Meirelles.
Isso significa que esperam ganhar algo muito maior? O que será?
Antes de conjecturar sobre isso, faço uma pequena explanação a respeito dos fatos já conhecidos, para entender as estratégias que movem a atual equipe econômica:
1) A previsão de um déficit primário colossal mostra que o governo está se preparando para adotar uma espamódica política fiscal contra-cíclica keynesiana só para 2016 para recuperar a economia, mas supostamente revertendo em 2017. Porém, na prática, para 2016 ao menos, será muito mais arrojada do que a estratégia fiscal adotada por Dilma em seu primeiro mandato. Estratégia essa, sabemos, objeto de todos os tipos de críticas e xingamentos por parte da imprensa, dos economistas de mercado e da antiga oposição.
2) Se o governo busca adotar uma política fiscal arrojada, infere-se que ele esteja disposto a usar todos os meios para fazer a economia crescer, inclusive radicalizar aqueles meios usados por Dilma e que foram a base para o horror que “o mercado” e a “elite” têm da presidente.
3) Mas isso seria considerado uma loucura, que precipitaria a explosão da dívida pública, se não fosse esperado pelo “mercado” uma redução abrupta e substantiva dos juros.
4) Como a duplicação da previsão de déficit foi digerida amistosamente pelo “mercado”, a redução dos juros já está acertada entre “equipe econômica” e “mercado”.
5) Porém, o governo é fraco e continua na mão de todos que viabilizaram o impeachment. Isso significa que o “mercado”, que se regozija com os juros altos, está ganhando em troca algo muito melhor.
6) O que seria? O Pré-Sal?A radicalização das privatizações? A suspensão dos direitos trabalhistas e dos direitos previdenciários? A apropriação de uma gorda fatia dos recursos que iriam para educação e saúde? Tudo isso e um tanto mais. Na verdade, essas medidas já foram anunciadas pelo novo governo. Então, para ganhar tais prebendas, o mercado aceita a política fiscal contra-cíclica em 2016 e juros baixos. Esse é o pacto de que tanto se fala nesse novo ambiente político, o “pacto entreguista”.
7) Mas isso não é muito impopular para ser realizado por um governo interino? Sim. E pode não dar certo e não dando certo sempre existe a possibilidade da volta do governo eleito.
8) Nesse caso, a equipe econômica do Meirelles estaria preparando uma armadilha para manter Dilma amarrada aos compromissos e políticas neoliberais propostas pelos interinos.
9) A armadilha chama-se “mecanismo de fixação do teto da dívida” obrigando que os gastos públicos fiquem congelados em 2017, em termos reais!
10) Sabemos que a trégua do “mercado” à política fiscal irresponsável do governo interino se deve ao “pacto entreguista”. No entanto, na mídia, Meirelles vende que a trégua do mercado se deve à proposição do “mecanismo de fixação do teto da dívida”. Ou seja, o “mercado” está dizendo: “Eu não me preocupo com o fato de Temer ter um déficit duas vezes maior do que Dilma, porque Meirelles vai aprovar no Congresso um mecanismo que congela os gastos públicos em 2017, mesmo se Dilma voltar ao governo”.
11) Se isso acontecer, o Estado e o país ficarão ingovernáveis, no caso de volta de Dilma. Ou no mínimo, colocará Dilma novamente de joelhos frente ao Congresso e ao dono do Congresso, a mídia.
12) Caso Dilma não volte, Temer fulmina essa armadilha facilmente com o apoio que tem no Congresso, na mídia e no “mercado”.
13) Mas, antes disso, irão aprovar todo tipo de entrega do país. E Dilma, caso volte, estaria tão fraca e tão à mercê Congresso que não poderia reverter nada e teria que dar continuidade e implementar as políticas neoliberais de Meirelles.
14) O ex-ministro Nelson Barbosa já deu indicações de que deve continuar a mesma política de Meirelles, caso volte, pois, segundo ele, o que o governo interino está fazendo “não é novidade” e que propostas que ele mesmo lançou em março, como ministro de Dilma, Meirelles está anunciando agora.
15) Meirelles quer colocar o país entre o fogo e a frigideira. Logo, precisamos combater essas medidas.
*Roberto Requião é senador da República no segundo mandato. Foi governador do Paraná por 3 mandatos, prefeito de Curitiba e deputado estadual. É graduado em direito e jornalismo e com pós graduação em urbanismo e comunicação.
Leia também:
**Fonte: Viomundo 
http://www.viomundo.com.br/

25 maio 2016

'A Minha Liberdade Custou Sangue', um samba de resistência






*A Minha Liberdade Custou Sangue
RBA- O processo de impeachment aberto contra a presidenta Dilma Rousseff e os sinais de retrocessos do governo interino de Michel Temer deram samba. Nomes como Nelson Sargento, Moacyr Luz, Wilson Moreira, Ney Lopes e Leci Brandão cantam A Minha Liberdade Custou Sangue. A composição de Douglas Germano, Bruno Ribeiro, Fernando Szegeri e Arthur Tirone foi divulgada em um vídeo (veja acima) na última sexta-feira (20), pela página Roda Mundo, do Facebook.

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24 maio 2016

Conversa de Jucá serve como autópsia do golpe - Se o conteúdo desta conversa tivesse sido revelado ainda em março, a farsa do impeachment poderia ter sido abortada e o golpe teria sido interrompido.





Por Jeferson Miola, na Carta Maior*

A conversa gravada de Sérgio Machado, um dos operadores do PMDB da corrupção na Petrobrás, com Romero Jucá, senador do PMDB e Ministro-usurpador do Planejamento do governo usurpador Michel Temer, é mais que estarrecedora; é sobretudo esclarecedora. O conteúdo desta conversa serve como autópsia do golpe de Estado em andamento no Brasil.

O diálogo confirma as suspeitas de que a Lava Jato foi instrumentalizada para criminalizar o PT e desestabilizar o governo Dilma. E desvenda, também, porque o impeachment não passa de uma armação fraudulenta para derrubar a Presidente Dilma para, a partir do golpe, acomodar no Poder as forças políticas que se unem para pôr fim à Lava Jato. 

A conversa dos delinqüentes é de março de 2016, portanto ainda durante a tramitação da farsa doimpeachment na Câmara, e pelo menos três semanas antes do deplorável 17 de abril, dia da votação do processo pela “assembléia geral de bandidos comandada por um bandido chamado Eduardo Cunha”, como reporta a imprensa internacional. 

Diante dessa cronologia dos acontecimentos, Rodrigo Janot e Sérgio Moro têm a obrigação legal de revelar à sociedade brasileira desde quando tinham posse dessa gravação, e porque não agiram tempestivamente diante do crime em flagrante cometido pelos delinqüentes. Enquanto isso não for esclarecido, uma densa nuvem de suspeitas pesará sobre eles. 

Nesta circunstância de brutal ameaça à democracia, a sociedade brasileira tem o direito de exercer o controle público sobre as instituições de Estado. Esta hora impõe absoluta transparência a respeito das investigações em andamento, bem como do nome de todos os implicados que não podem exercer funções públicas e, também, quanto ao timing e à oportunidade escolhida pela força-tarefa para a divulgação de fatos da Lava Jato. 

Não pode se fazer profecia do passado, mas se o conteúdo desta conversa tivesse sido revelado oportunamente pela força-tarefa da Lava Jato ainda em março, é crível supor que a farsa doimpeachment teria sido abortada e o golpe de Estado teria sido interrompido. 

Romero Jucá, assim como Delcídio Amaral, é um elo da cadeia histórica de corrupção que atua na Petrobrás desde o governo FHC. Não por acaso esta raposa política conseguiu o milagre de estar na liderança de todos os governos nos últimos 22 anos – FHC, Lula, Dilma e agora no governo usurpador. Tal “versatilidade” ideológica serviu-lhe para cuidar das negociatas e roubalheiras do PMDB, PSDB, dos partidos satélites e dele próprio. 

O conteúdo da conversa de Jucá com seu sócio de crime fornece importantes elementos para a autopsia do golpe: (...)
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23 maio 2016

Dilma foi vítima de uma trama sinistra é assim deve ser tratada: O IMPEACHMENT TEM QUE SER ANULADO JÁ


Pois é
                                    Pois é
Num país sério, o impeachment já teria sido anulado. 

Por Raymundo Gomes*

Em qualquer país sério, a corte suprema invalidaria o impeachment depois de uma gravação como a divulgada nesta segunda-feira (23) pela Folha de S. Paulo.
Ali, temos ninguém menos que o segundo vice-presidente do Senado dizendo:
– Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria.
E ainda:
– Tem que ter impeachment. Não tem saída.
Não há “contextualização”, não há outra interpretação possível. É o senador Romero Jucá conspirando para derrubar a presidente da República num golpe parlamentar. Se, no já célebre grampo da conversa com Lula, a expressão “em caso de necessidade” foi usada contra Dilma para arguir uma suposta obstrução de Justiça, o que dizer do diálogo infinitamente menos ambíguo que o de Jucá e Sérgio Machado?
Já é escandaloso o suficiente que Romero Jucá tenha votado a favor da admissão do impeachment na manhã de 12 de maio e, na tarde do mesmo dia, assumido o Ministério do Planejamento. Seria necessária total suspensão de julgamento para acreditar que não é viciado um processo onde um dos votantes tem interesse no resultado da votação, e negocia cargos condicionados a seu voto.
Agora, tem-se a prova cabal, para quem ainda não fosse capaz de enxergar, de que Jucá via no impeachment de Dilma a salvação para si mesmo e outros políticos. Pedalada fiscal uma pinoia. Só os incautos ainda discutem se a contabilidade orçamentária é a causa real do golpe branco que vitimou Dilma Rousseff.
A operação, agora, será de contenção de danos. Tentar-se-á isolar Jucá, fazer de conta que a conversa gravada foi um caso isolado. Mais uma vez, só os muito ingênuos podem acreditar que o senador por Roraima, um dos maiores articuladores da política nacional, não manobrou para derrubar Dilma, entrar no governo e sufocar a Lava Jato, viciando todo o processo de impeachment.
Uma questão secundária, mas não menos importante, é saber por que a Procuradoria Geral da República, se dispunha de um áudio que poderia mudar o curso do golpe, sentou em cima da gravação e só a divulgou onze dias depois do afastamento de Dilma Rousseff. Aí, também, muitas explicações a dar em relação a mais um vazamento oportuno demais.
A primeira grande crise do governo golpista ilustra um problema criado por aqueles que apostaram na Lava Jato como arma contra o PT: acharam que, depois de aberta a caixa de Pandora, seria possível fechá-la selecionando aquilo que dela escaparia e aquilo que nunca poderia sair. Quem conhece a lenda sabe que, quando Pandora tentou fechar a caixa, só restou uma coisa dentro dela: a esperança.
Num país sério, Dilma seria restabelecida como presidente diante de um processo de impeachment irremediavelmente viciado.

“O primeiro a ser comido vai ser o Aécio. Quem não conhece o esquema do Aécio?”


gilmar e aecio
Em conversa, Jucá afirma que ‘caiu a ficha do PSDB’ sobre operação
RUBENS VALENTE
, 23/05/2016 02h10, na Folha*
Em uma das conversas com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, o então senador Romero Jucá (PMDB-RR) afirma que “caiu a ficha” de líderes do PSDB sobre o potencial de danos que a Operação Lava Jato pode causar em vários partidos.
“Todo mundo na bandeja para ser comido”, diz Jucá.
Sérgio Machado, que foi do PSDB antes de se filiar ao PMDB, afirma que “o primeiro a ser comido vai ser o Aécio [Neves (PSDB-MG)”, e acrescenta: “O Aécio não tem condição, a gente sabe disso, porra. Quem que não sabe? Quem não conhece o esquema do Aécio? Eu, que participei de campanha do PSDB…”.
“É, a gente viveu tudo”, completa Jucá, sem avançar nos detalhes.
Machado tenta refrescar a memória de Jucá: “O que que a gente fez junto, Romero, naquela eleição, para eleger os deputados, para ele [Aécio] ser presidente da Câmara?” Não houve resposta de Jucá. Aécio presidiu a Câmara dos Deputados entre 2001 e 2002.
Machado diz que a “situação é grave” porque “eles”, em referência à força tarefa da Lava Jato, “querem pegar todo mundo”.
Jucá concorda, ironizando o plano. “Acabar com a classe política para ressurgir, construir uma nova casta, pura”, afirma.
O atual ministro do Planejamento também confidenciou a Machado as dificuldades que o PMDB vinha enfrentando para “a solução Michel”, que seria a posse do vice-presidente no lugar de Dilma Rousseff. O único empecilho, disse Jucá, era o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
“Só Renan que está contra essa porra. ‘Porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha’. Gente, esquece o Eduardo Cunha. O Eduardo Cunha está morto, porra”, afirma Jucá no diálogo, que foi gravado.
“O Renan reage à solução do Michel. Porra, o Michel, é uma solução que a gente pode, antes de resolver, negociar como é que vai ser. ‘Michel, vem cá, é isso e isso, isso, vai ser assim, as reformas são essas'”, disse Jucá ao ex-presidente da Transpetro.
‘VOADOR’
O senador disse que Machado deveria alertar Renan porque o colega senador seria “voador”, ou seja, alguém bastante distraído. Machado concordou:
“O Renan é totalmente ‘voador’. Ele ainda não compreendeu que a saída dele é o Michel e o Eduardo. Na hora que cassar o Eduardo, que ele tem ódio, o próximo alvo, principal, é ele [Renan]. Então quanto mais vida, sobrevida, tiver o Eduardo, melhor para ele. Ele não compreendeu isso não”.
Jucá então completa: “Tem que ser um boi de piranha, pegar um cara, e a gente passar e resolver, chegar do outro lado da margem”.
O senador também afirmou a Machado que havia conversado com “generais”, os “comandantes militares”, e que eles haviam dado “garantias” ao PMDB a respeito da transição e estavam “monitorando” o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Após o diálogo entre os peemedebistas, Dilma acabou sendo afastada do cargo devido à abertura do processo de impeachment. As investigações da Lava Jato levaram o STF a afastar Eduardo Cunha da Câmara. (RV) (...)
CLIQUE AQUI para continuar lendo (*via Viomundo)

22 maio 2016

Com linguagem macartista, Globo estimula governo Temer a caçar “dissidentes”; Rimoli assume a EBC


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Eu tenho aqui em minhas mãos uma lista de 205… uma lista de nomes que foi entregue ao secretário de Estado de integrantes do Partido Comunista que continuam trabalhando e definindo a política do Departamento de Estado. Joseph McCarthy, em discurso de 9 de fevereiro de 1950
Deputado: O sr. tem alguém trabalhando em seu estúdio atualmente que acredita ser comunista ou fascista? Walt Disney: Não, atualmente sinto que todos no meu estúdio são 100% americanos.Walt Disney, depondo no Comitê de Atividades Antiamericanas do Congresso, nos anos 50
Deputado: Já informaram ao senhor se algum membro do sindicato é comunista? Ronald Reagan: Sim senhor, ouvi algumas discussões nas quais alguns foram tachados de comunistas. Reagan, então dirigente do sindicato de atores de Hollywood, depondo no mesmo comitê
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Da Redação*, sugerido por Conceição Oliveira
Logo depois do golpe de 1964, o jornal O Globo republicou um manifesto do Comando dos Trabalhadores Intelectuais que, segundo o jornal, “trabalhou ativamente pela implantação do regime comunista no Brasil”.
A republicação teria sido paga por “um grupo de democratas”.
Paulo Henrique Amorim, em seu livro O Quarto Poder, chamou de “a lista de Schindler ao contrário”.
Foi deduragem grosseira: “Chamamos a atenção do alto-comando militar para os nomes que o assinaram”, diz o texto introdutório.
Seguem-se as assinaturas, entre outros, de Barbosa Lima Sobrinho, Dias Gomes, Carlos Heitor Cony, Gianfrancesco Guarnieri, Ary Toledo, Nelson Pereira dos Santos, Carlos Diegues, Chico Anísio, Janete Clair, Nara Leão e Paulo Francis.
Roberto Marinho apoiou fervorosamente o golpe. Documentos revelam que, quando ainda se cogitava realizar eleições presidenciais, Marinho atuou nos bastidores para que Castelo Branco se mantivesse no poder — como acabou acontecendo.
Nenhuma empresa tirou mais proveito dos 21 anos de ditadura que a Globo.
Nenhuma empresa tem potencial para tirar mais proveito da interinidade de Michel Temer do que a Globo.
Um presidente fraco é tudo de que o Grupo Globo precisa para impor seus interesses, inclusive os mais paroquiais.
E o jornal O Globo, agora, incita Temer a praticar um macartismo tosco, a começar da EBC, onde os golpistas pretendem instalar… um ex-funcionário da Globo.
Em editorial, o jornal dos herdeiros de Marinho escreveu que “era preciso começar, e uma primeira medida correta foi a exoneração, pelo ministro da Secretaria de Governo, Eliseu Padilha, do diretor-presidente da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), Ricardo Melo. Caso exemplar de aparelhamento, a EBC, controladora da TV Brasil, rádio e agência de notícia, fora convertida em instrumento de propaganda lulopetista. A um custo anual de R$ 750 milhões, dinheiro que estaria sendo várias vezes mais bem empregado se de fato a empresa se pautasse pelo interesse público e não partidário. E nem isto ela fazia bem, pois a audiência de seu veículo potencialmente mais poderoso, a TV, é traço. Não alcança sequer a militância, servia apenas para abrigar apaniguados”.
A Globo sempre sonhou com a extinção da TV Brasil, não pelo que ela hoje representa, mas pelo potencial que tem de fazer sombra à programação abjeta imposta aos brasileiros pelo monopólio.
Instalado um diretor-presidente do gosto da Globo na EBC, podem ter certeza que a TV Brasil não vai deixar de existir: vai se tornar uma sucursal de luxo dos Marinho, uma produtora terceirizada para, com dinheiro público, fazer aquilo que comercialmente não dá retorno financeiro à Globo.
Isso sim, é o verdadeiro aparelhamento, que já aconteceu na TV Cultura de São Paulo.
Diz mais o editorial: “Costuma-se alegar que muitos servidores concursados ocupam estes postos. Mas isso não significa que não haja entre eles militantes do partido. É quase certo que aqueles que fizeram uma manifestação contra o novo ministro da Educação, Mendonça Filho, na frente dele, no dia seguinte à posse, eram servidores estáveis”. Aqui, os Marinho rasgam a fantasia e falam em fazer limpeza ideológica, pura e simplesmente.
O texto avança: “No momento, está em curso mais uma história típica patrocinada pelo conhecido aparelho há muito tempo instalado na Secretaria de Patrimônio da União (SPU). Dominada pelo menos por parte do PT fluminense, ela se recusa a aceitar determinações judiciais, do TCU e até do governo para que o Jardim Botânico recupere toda a sua área, afinal em fase de legalização. A SPU ainda tenta, com manobras, regularizar a propriedade de imóveis dentro do JB, apesar da decisão contrária já tomada em várias instâncias”. Trata-se aqui de uma antiga campanha que interessa pessoalmente à família Marinho. A Globo acredita que a presença de moradores desvaloriza os imóveis da própria emissora no Jardim Botânico.
Curiosamente, O Globo não trata de denunciar a ocupação ilegal do estádio do remo da Lagoa Rodrigo de Freitas, denunciada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. O estádio público foi entregue sem licitação ao casal Alexandre-Paula Marinho, a filha de João Roberto Marinho, faz quase 20 anos, recebeu quase R$ 30 milhões em investimento público mas continua servindo essencialmente a interesses privados.
A fúria dos Marinho ressurge na frase final, quando é sugerida uma caçada aos dissidentes com menção à palavra “aparelho”, como aqueles que eram estourados pelos militares durante a ditadura com ampla cobertura do Globo, replicando as mentiras do governo: “O potencial de descalabros neste universo de cargos comissionados é enorme. Pois, ao todo, chegam à faixa de 100 mil. O novo governo tem de se preocupar com esta infiltração gigantesca. Não só devido a aspecto financeiro, mas também por segurança, autoproteção, pois cada aparelho mantido deverá funcionar com intenções de sabotar a administração”.
Joseph McCarthy não faria melhor.
PS do Viomundo: Laerte Rimoli, que trabalhou na Globo e nas campanhas de Geraldo Alckmin e Aécio Neves, assumiu a presidência da EBC mesmo com um mandado de segurança em andamento no STF. Indicou Christiane Samarco para a direção geral.

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21 maio 2016

ILEGITIMIDADE - Para juristas, interinidade não autoriza Temer a desmontar governo e programas


Pressa em mexer na estrutura da máquina de pública é
incompatível com exercício temporário de governo

Brasília – RBA - A turbulência das nomeações e demissões desta primeira semana de governo interino de Michel Temer provocou novos protestos de parlamentares e juristas. Para muitos, a maioria das ações de desmontagem de equipes e programas pelo presidente em exercício só poderia ser levada adiante em caso de confirmação da saída definitiva da presidenta afastada – que até 180 dias para se defender.
O jurista Lodi Ribeiro afirma ter estudado a fio os preceitos da Constituição Federal sobre o assunto. Segundo ele, durante o afastamento de um presidente de fato – no caso de Dilma – o vice deveria assumir “precariamente”, apenas com objetivo de "substituição" da presidenta afastada no cargo. Por isso, só poderia tomar medidas de urgência, "sem alterações na ordem vigente e no programa de governo do presidente eleito", defende Ribeiro, em artigo veiculado hoje (20), no site Consultor Jurídico, assinado com a advogada Nina Pencak.
"Entender que o vice, em exercício precário possui competência para colocar em prática reformas institucionais, econômicas e sociais e/ou romper com os programas instaurados pelo presidente afastado é assumir que o constituinte permitiu a ocorrência de gravíssimo periculum in mora in reverso", argumenta o jurista, ao observar, na expressão em latim, que há a "perigo" da antecipação dessas medidas.
Para ao autores, "o constituinte não conferiu plenos poderes presidenciais ao vice durante o período de afastamento". Em primeiro lugar, porque o vice-presidente não foi eleito para ocupar a função do presidente da República. Em segundo, porque seria "no mínimo leviano" por parte do constituinte assumir periculum in mora in reverso de tamanha monta, aos custos da sociedade brasileira, já que a previsão constitucional é clara no sentido de afastamento temporário. E, por fim, porque "o constituinte não previu que o vice-presidente não estaria alinhado com o presidente, de modo a não dar continuidade ao programa de governo até então praticado e iniciar seu próprio mandato" – como ocorre atualmente.
Ribeiro e Nina destacaram, ainda, que no sistema atual, o vice é eleito para cumprir as suas próprias atribuições constitucionais, podendo vir a substituir a presidente em caso de impedimento temporário, ou sucedê-la, em caso de vacância do cargo. Mas, para isso, dando cumprimento ao programa apresentado por ambos (Dilma e Temer) e que foi sufragado pelos eleitores.
Na mesma linha, o constitucionalista e cientista político Jorge Rubem Folena de Oliveira afirmou que o vice-presidente não tem atribuição para instituir novo governo nem criar ou extinguir cargos e muito menos nomear ou desnomear ministros de Estado. "Caberia a ele se limitar a aguardar, em silêncio e com todo o decoro possível, o resultado final do julgamento do impedimento, no Palácio do Jaburu, sua residência oficial". Folena ressaltou que a Constituição não diz que o seu governo estará destituído. "O governo eleito permanece, com os ministros nomeados pela presidenta, que devem permanecer até o julgamento final do processo de impeachment". (...)
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20 maio 2016

POEMA DO MAIS TRISTE MAIO



Meus amigos, meus inimigos,
Saibam todos que o velho bardo
Está agora, entre mil perigos,
Comendo, em vez de rosas, cardo.

Acabou-se a idade das rosas!
Das rosas, dos lírios, dos nardos
E outras espécies olorosas:
É chegado o tempo dos cardos.

E passada a sazão das rosas,
Tudo é vil, tudo é sáfio, árduo.
Nas longas horas dolorosas
Pungem fundo as puas do cardo.

As saudades não me consolam.
Antes ferem-me como dardos.
As companhias me desolam,
E os versos que me vêm, vêm tardos.

Meus amigos, meus inimigos,
Saibam todos que o velho bardo
Está agora, entre mil perigos,
Comendo, em vez de rosas, cardo.

©MANUEL BANDEIRA 
In Estrela da Tarde, 1960 

19 maio 2016

Show de horror na República Velha: LÍDER DO GOVERNO TEMER É HOMEM FAMÍLIA: ELE, A MÃE, A ESPOSA E A IRMÃ TIVERAM DIREITOS POLÍTICOS SUSPENSOS POR FAZEREM A FEIRA COM DINHEIRO PÚBLICO. LITERALMENTE

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Com Bolsonaro e Feliciano discursando como líder do PSC na Câmara; a ex-deputada Lila Moura em Miami; com o patrono Cunha: tudo em família
Sr. Presidente, quero agradecer a toda a nossa bancada e dizer que nenhum povo é realmente grande, senão pela liberdade que tem ou conquista. Neste momento histórico, nós somos o povo brasileiro, nós somos a Pátria. Pelo Brasil, pelo meu amado Estado de Sergipe, de um grande homem, mestre da Filosofia e do Direito, Tobias Barreto; em nome da família e dos meus filhos, Yandra e Yago, eu voto sim, Sr. Presidente, pelo impeachment. André Luís Dantas Ferreira, vulgo André Moura, na votação do impeachment na Câmara em 17 de abril
A sociedade não é ainda, como queria Jesus, a organização do amor, nem a organização do trabalho, mas a da hipocrisia. Tobias Barreto
Da Redação, com Garganta Profunda*
Documentos oficiais demonstram que o recém-indicado líder do governo Temer, André Luís Dantas Ferreira, eleito como André Moura, é acusado de ter exercido o papel de coronel no município de Pirambu, em Sergipe, que governou em dois mandatos consecutivos (1997-2004).
Apesar de ser ficha suja, André manteve o mandato e agora ascende à posição de articulador oficial do Planalto na Câmara.
Ele votou pelo impeachment de Dilma Rousseff falando em reconquistar a liberdade, mas responde na Justiça por tentativa de homicídio de um ex-aliado político.
A denúncia contra André Moura foi feita pelo ex-prefeito de Pirambu, Juarez Batista dos Santos. Ele registrou queixa na polícia e depôs ao Ministério Público Federal em Sergipe.
Pirambu, de cerca de 9 mil habitantes, fica na costa sergipana.
Juarez sucedeu André Moura na Prefeitura em 2005 e disse que se viu forçado a ceder o poder informalmente ao antecessor e ao cunhado dele, Elio Martins, o Elinho.
A descrição é do próprio Supremo Tribunal Federal, onde tramitam ações contra Moura:
Nessa posição, ele [André Moura] teria indicado a maior parte dos secretários municipais e mantido carros e celulares da Prefeitura à sua disposição, além de fazer compras em mercados pagas pelo erário, indicar vários funcionários fantasmas, entre eles sua esposa (Lara Adriana, também denunciada) e receber repasses mensais da Prefeitura entre R$ 30 mil e R$ 50 mil, conforme a acusação. Nas eleições de 2006, Moura foi candidato a deputado estadual e, durante a campanha, segundo relato de Juarez dos Santos, as exigências ilícitas se agravaram, quando Moura teria encomendado repasse de R$ 1 milhão entre abril e setembro. Sem conseguir atender às demandas, o prefeito passou a receber ameaças que culminaram com troca de tiros que feriram o vigilante de sua casa, disparados por quatro homens encapuzados.
O inquérito 3905, que trata da tentativa de homicídio a que André Moura responde, ainda não resultou em denúncia.
Os inquéritos 3204, 3221 e 3516, originários do Ministério Público de Sergipe, serão julgados em conjunto.
O 3204 trata de licitações forjadas pelo grupo.
O 3221 é sobre o desvio, por parte do prefeito de Pirambu, de telefones celulares com as contas pagas pelo município para uso de André Moura, sua mãe e irmã.
O 3516 é relativo ao desvio de servidores e da frota municipal para uso pela família de André Moura.
No STF, a defesa alegou que o atual líder do governo Temer na Câmara e o prefeito Juarez eram aliados e que as denúncias foram resultado de “vingança política”, depois do rompimento entre eles.
Ao depor ao MPF em Sergipe, Juarez alegou que só denunciou suas próprias ações criminosas por ter recebido ameaças de morte.
O caso também foi apurado ou acompanhado de perto pelo MPE de Sergipe, pela Procuradoria Regional Eleitoral, pela Procuradoria Geral de Justiça do Estado e pela Procuradoria da República em Sergipe.
Fornecedores da Prefeitura de Pirambu depuseram, comprovando as denúncias. As notas fiscais eram emitidas com informações falsas. José Milton Nunes, do Supermercado MM Nunes, informou: “Que os refrigerantes, cervejas e vinhos eram comprados pela Prefeitura ao depoente, e entravam na sua Nota Fiscal como Cestas Básicas”.
Outro fornecedor, Ricardo Fortes Lemos, afirmou “que vinha uma Ordem da Prefeitura determinando qual o tipo de Produto que sairia na nota, ainda que tivesse sido fornecido cerveja, whisky e red bull”.
De acordo com trecho de documento do MP, “importa ressaltar que, segundo o apurado, ascompras irregulares, custeadas pelo Erário municipal [de Pirambu], abasteciam as residências do Prefeito Juarez Batista, do ex-gestor André Moura e de sua esposa Lara Moura, de seu cunhado Elinho e de sua irmã Patrícia Moura, sendo compostas por produtos que configuravam típicas feiras de mercadinho”.
O valor total desviado foi de cerca de R$ 100 mil, em dinheiro da época. Pode parecer pouco, mas em 2015 o governo federal transferiu ao município, como apoio à alimentação escolar na Educação Básica, o valor de R$ 141.664,00.
Por conta do escândalo, o município sofreu intervenção estadual. (...)
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