11 março 2019

Sob ameaças, Márcia Tiburi decide sair do Brasil


A filósofa e política recém terminou um livro sobre as eleições de 2018 e fake news, cujo prefácio foi escrito por Lula

 

A filósofa Márcia Tiburi, que em 2018 se lançou às águas turvas da política nacional com a candidatura ao governo do Rio de Janeiro, decidiu sair do país após sofrer ameaças.

Com a obrigatoriedade de andar com seguranças em eventos, e uma enorme força-tarefa para contra-atacar mentiras na internet, além de ter a vida pessoal virada do avesso, a escritora afirma que se viu forçada a mudar-se do Brasil.

Ela está vivendo em algum lugar do nordeste dos EUA desde dezembro, onde foi convidada para uma residência literária (ela prefere não revelar o local por razões de segurança).

Márcia, que é autora de mais de vinte livros de filosofia e ficção, acaba de lançar “Delírio do poder”. Na nova obra, ela trata justamente da loucura coletiva na era da (des)informação e da necessidade de se valorizar a reflexão em meio aos descaminhos de um governo que ameaça a democracia e induz ao narcisismo adquirido.

O livro é dedicado a Lula e Marielle Franco e inspirado parcialmente por “Memórias do cárcere”, de Graciliano Ramos, e “Totem e tabu”, de Freud, entre outros.

“O Delírio do Poder”, editado pela Record, é um ensaio sobre o Brasil político de 2018 e as eleições. Ao mesmo tempo, traz uma narrativa interna sobre a participação de Tiburi na campanha do Rio. É um livro de testemunho e filosofia.

Na semana passada, ela recebeu uma carta de Luiz Inácio Lula da Silva que irá para a orelha do livro. Aqui está, na íntegra: 

“À Márcia Tiburi não falta coragem. Nas suas opiniões, ideias e atitudes, ela não tem medo de arriscar, de dizer o que pensa e sente, de correr o risco de desagradar. Ela não vai se calar diante de uma injustiça ou para manter um espaço em um canal de TV. Ela não vai nunca abdicar da sua voz e das suas reflexões. Ela vai dizer e escrever o que ela pensa. O seu leitor pode ter certeza disso.

Conheci a Márcia pela sua coragem nas suas análises, opiniões, livros e na sua vida.E ano passado ela teve a coragem de ir além de analisar e escrever sobre o cenário político para participar das disputas eleitorais, algo que pouca gente tem coragem de fazer. 

A política é ao mesmo tempo a atividade mais exigida pela sociedade e a mais criticada. As pessoas exigem mais de um político do que muitas vezes exigem de si mesmas. E não importa quem seja o político, a satisfação a quem depositou sua confiança nele.” 

*Fonte: Carta Capital

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