31 outubro 2022
28 outubro 2022
NOTA DE PESAR E HOMENAGEM A DIÓGENES JOSÉ CARVALHO DE OLIVEIRA - PT/RS
A Direção Estadual do Partido dos Trabalhadores lamenta o falecimento de Diógenes Carvalho de Oliveira, na madrugada desta sexta-feira, 28.10, em consequência de câncer.
Diógenes nasceu em 1942, em Júlio Castilhos, Rio Grande do Sul. Filho e neto de maragatos, aos 17 anos integrou o Partido Comunista Brasileiro, participando ativamente do Movimento da Legalidade. Foi bancário e funcionário da CEEE, participando como sindicalista da resistência ao golpe civil-militar, em 1964. Perseguido, Diógenes foi para o exílio em Montevidéu, militou no Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR) ao lado de Leonel Brizola e na OLAS (Organização Latino-Americana de Solidariedade) de Salvador Allende, quando conheceu Ernesto Che Guevara. Já em São Paulo, junto com Onofre Pinto e outros militares e operários remanescentes do MNR funda a Vanguarda Popular Revolucionária, onde atuou ao lado de Carlos Lamarca. Preso em 1969, torturado barbaramente, sua cela, hoje, faz parte do Museu da Resistência/SP. Do corredor da morte, no DOPS, foi enviado para o México, em troca do cônsul japonês de São Paulo. No exílio, com sua companheira, Dulce de Souza Maia, do México, Diógenes viveu em Cuba, Coréia do Norte, Chile, Bélgica e Portugal, durante a Revolução dos Cravos, em 1974. Seu último refúgio como expatriado foi em Guiné-Bissau, ex-colônia portuguesa na África, onde residiu durante oito anos e foi membro ativo do governo e desenvolveu projetos inovadores de gestão pública. Lá conheceu a portuguesa Marilinda Marques Fernandes, mãe de seus dois filhos Rodrigo e Guilherme.
Ao retornar ao Brasil, em Porto Alegre, trabalhou com o vereador Valneri Antunes/PDT. Logo se engajou na construção do Partido dos Trabalhadores, foi candidato a vereador e, em 1990, foi Secretário dos Transportes na gestão de Olívio Dutra. Em 2001, foi vitima de um processo político, quando a direita, por vias institucionais, tentou derrubar o então governador Olívio Dutra. Diógenes foi absolvido em todas as instâncias jurídicas. Em 2014, lançou sua biografia Diógenes O Guerrilheiro.
Perdemos um homem de dignidade e coragem ímpares, desses que são imprescindíveis, dos que honram a trajetória do PT e da luta do povo brasileiro em defesa da democracia, liberdade, direitos e soberania. Seu lema, “Ousar Lutar, Ousar Vencer”, nunca foi tão atual.
Diógenes, Presente!
*Via https://ptrs.org.br/
27 outubro 2022
Sobre ansiedade, esperança, democracia, tempestade ... e calmaria
Eu sei que a ansiedade bate nesses dias que antecedem uma eleição tão importante - eu também me sinto assim -, mas, vou te dizer: nem por um segundo eu gostaria de eliminar totalmente essa emoção. Ela me comunica que eu estou do lado certo, do lado da democracia, do lado do que eu valorizo.
O liberalismo tropical
O liberal brasileiro não discute pautas progressistas em matéria de costumes, o que contradiz a essência mesma do liberalismo
Por Marcelo Duarte (*)
Em recente artigo para este espaço de Opinião (“Bolsonarismo: uma tentativa de definição”) fiz uma breve referência ao avanço eleitoral da pauta liberal nas eleições de 2014 e afirmei que tal progresso foi o primeiro passo do movimento histórico que culminou com a eleição do projeto pós-fascista de Bolsonaro em 2018 – por sua vez, responsável pela articulação entre direita conservadora, extrema-direita e nacionalismo cristão, cujo resultado é a síntese histórica denominada bolsonarismo.
Todavia, não forneci maiores detalhes acerca do que compreendo como “liberalismo tropical”.
O liberal brasileiro se caracteriza, essencialmente, pela pauta econômica neoliberal, cujo mantra é a privatização, eufemisticamente tratada como liberdade econômica.
Ora, em primeiro lugar, qualquer carteira de uma sala de aula de um curso de economia sabe que liberdade econômica não se restringe a privatizações, e tampouco a uma reforma tributária que desburocratize o empreendedorismo, fato que não contestamos.
Todavia, não se vê na pauta liberal brasileira qualquer discussão a respeito da tributação sobre lucro e dividendos, de grandes fortunas e acerca da incidência de impostos sobre o consumo, que oneram, sobretudo, as classes menos favorecidas economicamente, o que também é discussão sobre liberdade econômica.
Em segundo lugar, o liberal brasileiro não discute pautas progressistas em matéria de costumes, tais como o aborto, a homofobia, o racismo, a misoginia, os direitos humanos, o patriarcalismo, o machismo, a manipulação religiosa, os discursos de ódio contra minorias e a desigualdade social.
Bem, isso contradiz a essência mesma do liberalismo, jamais marcado tão só pela liberdade econômica, mas também, e sobretudo, pela defesa da liberdade religiosa, de consciência, de crença, política, moral e, mais ainda, pela igualdade e pela fraternidade, movimentos fundamentais para a solidificação dos direitos civis e políticos nos grandes processos constitucionais do século XVIII (revoluções francesa e estadunidense).
E mais ainda: como todo bom liberal, não vê problemas em se socorrer no Estado quando vítima de crises cíclicas ou especulativas do modo de produção capitalista, e tampouco em buscar financiamento para a expansão de seus lucros em linhas de crédito públicas – muito embora um de seus mantras seja a sonegação de impostos, o qual, juntamente com o da redução da carga tributária, impacta exatamente a criação daquelas linhas de crédito.
É possível se encontrar tais liberais dispersos em partidos tradicionais – sobretudo UNIÃO, PL, PATRIOTAS e PSDB.
Recentemente, sobretudo a partir de 2013, com o avanço dos ditos movimentos “cívicos e de cidadania”, organizações sociais liberais como LIVRES e MBL começaram a tentar pautar a política tradicional, elegendo representantes de um suposto novo liberalismo brasileiro, focado tanto na pauta econômica quanto de costumes.
Foram, contudo, fagocitados pela direita conservadora, pela extrema-direita e pelo nacionalismo cristão, sobretudo a partir das eleições de 2018.
O movimento LIVRES, por exemplo, até há pouco tempo integrou o PSL e integrantes do MBL elegeram-se para o Congresso, em 2018, por partidos como o antigo DEM – hoje UNIÃO, após sua fusão com o PSL. Além disso, hoje não é incomum se ver “empreendedores cristãos”, com suas respectivas pautas moralistas, por todos os lados.
Hoje esses “novos liberais” podem ser encontrados no que restou do NOVO, que sequer conseguiu atingir a cláusula de barreira, e em algumas adesões pontuais ao PODEMOS, PSC e CIDADANIA.
Contudo, sem a construção de um partido forte, essencialmente distinto – na teoria e na prática – do liberalismo praticado até então pelos partidos tradicionais, tais grupos tendem a gradativamente perder espaço no debate público nacional.
Eleitos por conta do antipetismo que predominou nas eleições de 2018 e de seu adesismo incondicional ao projeto pós-fascista de Bolsonaro naquelas mesmas eleições, os movimentos identificados com tal liberalismo estão, a bem da verdade, em busca da construção de uma identidade – a mesma que perderam por conta daquele adesismo.
*Via Sul21 - Foto: Joana Berwanger/Su21
**Marcelo da Silva Duarte, publicitário, bacharel em Direito e jornalista, é natural de Santiago/RS; reside atualmente em Caxias do Sul/RS - Nota deste Editor
Dia 30 é Lula Presidente! #ÉpraVencer!!!
*Finalmente, o 'Dia D' está chegando! Tudo indica que teremos uma vitória histórica neste próximo domingo, 30/10 que, sem exagero, é a "Eleição das Nossas Vidas"! Mas não podemos deixar de registrar, lamentavelmente, o nível a que chegaram alguns dos nossos adversários bolsonaristas (capitaneados por setores das ditas 'elites' locais e regionais - e daqueles que não são, mas que se acham !?!), que estão utilizando expedientes mesquinhos e deploráveis para tentar desqualificar Lula, os petistas e demais apoiadores dos vários partidos democráticos, entidades, sindicatos, associações etc. que, conosco, para nossa satisfação e honra, estão juntos nessa luta.
Além de distribuírem panfletos apócrifos e mentirosos na cidade (que devem ser imediatamente apreendidos pela BM, quando identificados os locais onde distribuem ou armazenam), realizam 'pesquisas' tendenciosas e criminosas que tentam induzir os 'entrevistados' a associarem Lula, o PT e aliados à crimes, bem como à questões depreciativas de gênero, com conteúdos mentirosos e homofóbicos, principalmente; além disso, através de carros e 'mesas de som' fixas, na Esquina Democrática, com volume (decibéis) muito além do tolerável, o que é vedado pela legislação eleitoral, principalmente aos sábados pela manhã, divulgam 'músicas' com conteúdos de baixo nível contra o ex-Presidente Lula e seus apoiadores, grosserias etc. (a propósito, já denunciamos à Justiça Eleitoral).
Esta é, sem dúvida, 'uma das campanhas mais sujas da história' (pelo menos recente) do país. Lamentável, mesmo... Mas, como muito bem colocou o bravo companheiro Olívio Dutra, "se fosse fácil, não seria para nós!".
Então, para enfrentar - e superar - isso tudo, nesta 'Reta Final' da Campanha (2º turno), temos realizado, de forma voluntária e militante, inúmeras atividades (como reuniões, visitas direcionadas e 'mutirões' na maioria dos bairros da cidade e interior, acompanhados de carro de som com nossos gingles, obedecendo todos os ditames da Legislação Eleitoral em vigor, visando assim, com uma campanha bonita, politizada e educada, dar nossa modesta contribuição para a Vitória da Federação Brasil da Esperança, representada que é pela candidatura do companheiro LULA à Presidência da República).
Prezados(as): Ao longo desta campanha, aos sábados pela manhã nossa principal atividade tem sido a concentração de apoiadores com bandeiraços que fazemos na Esquina Democrática da Praça Moisés Viana (centro de Santiago), como também ocorrerá dia 29, sábado próximo.
E, para encerrarmos com 'chave de ouro' nossa campanha, vamos realizar a Carreata Brasil da Esperança Lula Presidente, com início às 16 horas em frente à AABB (Avenida Alceu Carvalho, Bairro Alto da Boa Vista).
-Todxs convidados(as). Dia 30 é Lula Presidente! #ÉpraVencer!!!
*Com o Blog 'O Boqueirão Online'
26 outubro 2022
24 outubro 2022
Ipec: Lula amplia vantagem sobre Bolsonaro entre jovens e eleitores mais pobres
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) – Reprodução/Instagram
Por Caíque Lima*Lula ampliou a vantagem sobre Jair Bolsonaro entre eleitores mais pobres e mais jovens. O ex-presidente também reduziu a distância entre ele e o chefe do Executivo no Centro-Oeste, no Norte e entre os evangélicos. Os dados são de pesquisa Ipec divulgada nesta segunda (24).
Entre as pessoas que ganham até um salário mínimo, o petista foi de 62% para 63%, enquanto Bolsonaro caiu na mesma proporção: de 31% para 30%. Já no grupo que recebe entre um e dois salários mínimos, Lula cresceu dois pontos (de 52% para 54%) e o mandatário perdeu um ponto (de 40% para 39%).
Já entre jovens que têm entre 16 e 24 anos, Lula ganhou seis pontos: de 53% para 59%. Bolsonaro, por sua vez, foi de 40% para 34%.
No Centro-Oeste e no Norte, a distância que era de dez pontos entre os candidatos, agora é de dois. Lula foi de 42% para 46%, enquanto Bolsonaro foi de 52% para 48%.
O ex-presidente teve uma melhora de desempenho entre os evangélicos e cresceu dois pontos, passando de 32% para 34%. Bolsonaro se manteve com 60%.
O Ipec ouviu 3.008 eleitores em 183 municípios entre os dias 22 e 24 de outubro. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%.
23 outubro 2022
O Povo, Unido, Jamais Será Vencido!
"Sob a regência do maestro Joaquim França, o Coletivo Consciente de Orquestra e Coro, de Brasília, interpreta a versão em português da antológica canção chilena “El pueblo unido jamás será vencido”.
Muito lindo. Emocionante.
A melodia é de Sergio Ortega e a letra do grupo Quilapayún.
A música, de junho de 1973, foi composta inicialmente como um hino de mobilização do povo chileno e de apoio ao governo da Unidade Popular de Salvador Allende.
Após o golpe de 11 de setembro de 1973, a canção tornou-se um hino de resistência popular à ditadura militar no Chile.
O clipe “O povo unido jamais será vencido” foi feito pela Trupe do Filme.
Trata-se de uma ação da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB) e S. Sind do ANDES-SN.
Captação e mix de som foi de Afrânio Pereira" (Da Redação do Viomundo)
NOTA DO PT-RS: REPÚDIO AO ATO DE VIOLÊNCIA POLÍTICA EM PORTO ALEGRE
O PT do Rio Grande do Sul vem a público manifestar o seu repúdio a mais um ato de violência política, desta vez em Porto Alegre. Na tarde de ontem (21/10/2022), no centro da cidade, militantes identificados com o bolsonarismo estavam distribuindo panfletos sem identificação de autoria (sem CNPJ), o que é proibido pela Lei Eleitoral, com mentiras sobre o candidato do PT a Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Buscando esclarecer os fatos, o Deputado Estadual eleito e atualmente vereador em Porto Alegre, companheiro Leonel Radde, foi até o local verificar os fatos, onde foi agredido fisicamente pelo vereador bolsonarista Alexandre Bobadra. A militância da Banca do PT de Porto Alegre e transeuntes atuaram em defesa da integridade física do deputado eleito Leonel Radde.
Reafirmamos que não aceitaremos nenhum tipo de ataque, seja por materiais ilegais ou uso da violência. Por fim, reafirmamos nossa irrestrita solidariedade ao companheiro Leonel Radde e a toda a militância do PT e dos demais Partidos que compõe a Frente da Esperança em Porto Alegre. Continuaremos nas ruas levando a mensagem e as bandeiras da democracia, da esperança, da justiça e da igualdade para derrotar Bolsonaro e o fascismo, elegendo Lula Presidente.
Porto Alegre, 22 de outubro de 2022
Comissão Executiva do PT-RS
*Fonte: https://ptrs.org.br/
Nunca houve campanha tão suja mas Bolsonaro vai para casa
"Mais da metade do eleitorado brasileiro marcha para o dia 30, disposta a pôr fim a essa calamidade, para evitar que o Brasil vá à breca"
Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro (Foto: Reuters)Por Tereza Cruvinel*
Lula obteve neste sábado sua maior vitória contra a guerra suja de Bolsonaro, com a decisão do TSE que, por unanimidade, concedeu-lhe o direito de usar 116 inserções de Bolsonaro para desmentir acusações sórdidas de que é ligado ao crime organizado. Elas serão veiculadas na reta final da campanha mais suja que o Brasil já viu.
E não apenas a tempestade de fake news com que tentam afogar os eleitores na desinformação faz desta a campanha mais suja que já vimos.
Mais de 500 denúncias de fake news chegam todos os dias ao TSE, que agora resolveu romper o sítio e enfrentar o monstro com mais determinação. Dizem elas que Lula tem parte com o capeta, que é ligado a organizações criminosas, que fará banheiro unissex para as crianças, que é milionário, que deu bilhões via BNDES para governos amigos da esquerda, que teve o voto de todos os presos do país (quando só os 5% de não sentenciados votam), que vai liberar o aborto e as drogas, que estimula o uso de crack...Chegaram a fazer montagem da fotografia de ato no Rio, com Lula ao lado de Eduardo Paes e André Ceciliano, trocando a cara deste último pela do bandido Celsinho de Vila Vintém, por sinal solto no atual governo.
Mas não são apenas as fake news. Tem o uso despudorado da máquina governamental, o assédio de empregadores para que empregados votem em Bolsonaro, a transformação das igrejas evangélicas em comitês eleitorais em que os pastores mentem ao fieis o tempo todo e ameaçam excomungar os que não votarem em Bolsonaro, o verdadeiro anti-Cristo.
Até na fachada do Palácio do Planalto, a sede do Poder Executivo que é tombada, Bolsonaro mandou estender uma grande bandeira do Brasil, que difere daquela que deve estar hasteada sempre que o presidente está na casa. Aquela lá, que até o vento, revoltado, derrubou, é peça de campanha.
*Colunista/comentarista do Brasil247, fundadora e ex-presidente da EBC/TV Brasil, ex-colunista de O Globo, JB, Correio Braziliense, RedeTV e outros veículos.
20 outubro 2022
A praga de gafanhotos
Por Fernando Brito*
Está em curso um movimento – deliberado e orquestrado – para partir em duas a sociedade brasileira e, qualquer que seja o resultado das eleições, deve-se reconhecer que este propósito maligno foi alcançado.
Em 2018, ainda se podia dizer que, como o protagonismo de Jair Bolsonaro era uma novidade na política – ainda que ele estivesse ali há mais de duas décadas – admitem-se o engano de muita gente.
Agora, depois de quase quatro anos de fome, desemprego, inflação, após 700 mil mortes com uma pandemia negligenciada pelas autoridades, com o aparelho de instituições, sejam as públicas – do Congresso às Forças Armadas – sejam as religiosas, não se pode apelar para o “eu não sabia”.
Este processo, sem combate, só e espalha e se agrava, como uma praga de gafanhotos que a tudo e a todos devora.
Se alguém quer uma prova, basta ver como o fanatismo agressivo dito religioso (e não é) já transbordou as denominações evangélicas e se espalha em ataques a padres católicos, muitas vezes em plena missa.
Francisco Franco, o sanguinário ditador espanhol, mandava cunhar moedas em que se dizia “Caudillo de España por la Gracia de Dios“. Aqui, pedem-se votos proclamando-se o próprio Deus, com o grosseiro “Imorrível, Imbrochável e Incomível” no lugar do “Onipresente, Onisciente e Onipotente”.
Não se culpe por isso o nosso povão, porque é de lá que vêm os votos que, apesar da chantagem feita pelo governo, mantêm Lula na liderança das intenções de voto.
É na elite brasileira que se deve procurar o horror aos humildes e o desprezo pelo Brasil, ainda que camuflado por camisas de Seleção.
*Jornalista (RJ), Editor do Blog Tijolaço
19 outubro 2022
Bolsonarismo: uma tentativa de definição
O bolsonarismo sintetiza elementos definidores da direita conservadora, extrema-direita, nacionalismo cristão reacionário e pós-fascismo
Foto: Joana Berwanger/Su21
Por Marcelo Duarte, no Sul21 (*)
O termo bolsonarismo tem sido usado com certa frequência pela mídia e em redes sociais. Todavia, não há ainda um consenso sobre seu sentido e alcance. Este texto tenta defini-lo.
Bolsonarismo é o nome que pode se dar à síntese entre os elementos que definem a direita conservadora, a extrema-direita, o nacionalismo cristão reacionário e o pós-fascismo.
Tal síntese resulta de um processo político – que podemos chamar de movimento histórico – iniciado com o avanço eleitoral de uma pauta dita liberal ainda nas eleições de 2014, responsável, também, pelo início da instrumentalização dos ditos movimentos cívicos e de cidadania de um ano antes.
Seu segundo momento ocorreu com o golpe de 2016, quando, em uníssono, o que até então havia de mais torpe e desqualificado na política brasileira foi alçado à condição de protagonista discursivo. Atingia seu auge, aqui, a exploração discursiva do sentimento antipetista, gestado a partir dos episódios do mensalão, dos movimentos de 2013 e da então chamada operação lava-jato, cujos frutos políticos seriam colhidos no processo eleitoral seguinte.
O terceiro sinal desse processo, e também seu ápice, deu-se nas eleições de 2018, com a eleição de um projeto pós-fascista desde seu nascedouro – pautado, sobretudo, pelo discurso de ódio, pelo desprezo aos direitos humanos e pelo patriarcalismo –, responsável pela articulação entre nossa direita conservadora, nossa extrema-direita e um cristianismo que, até então, não revelara seu nacionalismo reacionário.
Tal processo aniquilou o equilíbrio de forças que havia, desde 1994 até 2014, entre uma (pseudo) socialdemocracia, representada pelo PSDB, e uma socialdemocracia inclusiva e democrática, representada pelo PT, que se ancorava num congresso formado, majoritariamente, por aquelas forças políticas e por um centro/centro-direita democrático, representado pelo PMDB, PFL e focos progressistas – hoje adesistas ao bolsonarismo.
Todo esse movimento histórico é fundamental para a compreensão da futura correlação de forças no Congresso, marcada, sobretudo, pelo avanço do bolsonarismo e pelo encolhimento da centro-direita e da direita democráticas. Sinais desse desequilíbrio também podem ser encontrados nas atuais articulações entre PP e UNIÃO, a fim de aumentar o poder de barganha, junto a Bolsonaro, do centrão, que reúne elementos do cristianismo reacionário, da direita conservadora e da extrema-direita, e, em matéria eleitoral, no eminente desaparecimento político dos liberais do NOVO, que sequer ultrapassou a cláusula de barreira, e na derrota de candidatos ligados ao MBL – todos eles, como afirmamos acima, instrumentalizados por elementos do bolsonarismo.
Daí, portanto, falarmos em síntese histórica para definirmos o conceito de bolsonarismo.
Direita conservadora
Definem ideologicamente nossa direita conservadora o agronegócio exportador, a monocultura e a pecuária extensivas, o latifúndio e a grilagem de terras. A questão ambiental é vista como entrave ao desenvolvimento, e o garimpo, a mineração e a invasão de terras indígenas como expansão racional e controle da soberania nacional frente ao avanço predatório das ONGs e dos organismos internacionais globalistas. Daí, muito provavelmente, a necessidade de integração dos povos originários à sociedade civilizada.
Na economia, o livre mercado, as privatizações, a reforma tributária, a reforma trabalhista, a reforma previdenciária e a reforma administrativa são vistas como soluções para o crescimento econômico, viabilizado pelo empreendedorismo. A educação, por sua vez, é vista como instrumento de formação de mão de obra qualificada para a indústria, comércio e serviços, e a educação superior como instrumento de formação de uma elite intelectual e política – daí a inexistência de mobilidade social.
A segurança pública deve servir como amortecimento das tensões sociais geradas pela desigualdade econômica. O fisiologismo e o clientelismo políticos, a permanência do atual pacto federativo e a contenção dos órgãos de estado encarregados da fiscalização e da investigação da atividade pública fazem parte de sua noção de Estado. Defende a invisibilização dos movimentos sociais e a desconstrução do sindicalismo pela eufemização do conceito de trabalho.
Destaca-se, ainda, a inexistência de solidariedade social – confundida, em geral, com caridade social – e a naturalização de lugares sociais. Há alta tolerância à pequena corrupção privada e ao patrimonialismo.
Extrema-direita
Ela é definida pelos conceitos de homofobia – donde, a desnecessidade de sua criminalização –, machismo, misoginia e racismo. Em segurança pública, defende sua militarização, o policiamento preditivo, a tolerância zero, o endurecimento das leis penais, o armamento da população, a repressão policial violenta e a pena de morte. Quanto à educação, defende sua militarização e disciplinamento hierárquico.
Há um discurso bastante vago sobre o mérito e contra políticas públicas reparatórias e compensatórias, vistas como estímulos à acomodação. O patriotismo é chauvinista e se cultua a tradição e o discurso supremacista branco. Há xenofobia, ojeriza à cultura popular e intolerância religiosa. A liberdade de expressão é vista como salvaguarda para discursos de ódio.
Nacionalismo cristão reacionário
O cristianismo nacionalista reacionário, ou simplesmente nacionalismo cristão, é, antes de tudo, uma ideologia política de extrema-direita.
É cristão porque reúne católicos e evangélicos – sobretudo neopentecostais, embora não dispense o pentecostalismo clássico e protestantes históricos –, é nacionalista porque se agarra à autoridade de um estado liderado por homens escolhidos e consagrados ao projeto de deus contra os liberalismos de um globalismo a serviço de um projeto comunista de dominação – lembremos, aqui, das teses de Olavo de Carvalho, incorporadas ao governo Bolsonaro sobretudo pelos ex-ministros Abraham Weintraub e Ernesto Araújo –, e é reacionário como todo fascismo: nós (os escolhidos por deus) somos melhores do que eles (a esquerda, p. ex.), os trabalhadores (aqueles que realmente se esforçam) não podem se submeter ao que dizem os intelectuais liberais (novamente a esquerda) e, sobretudo, por nosso caráter virtuoso, somos perseguidos pela falência moral daqueles que vivem fora do universo da palavra de deus (o comunismo globalista).
Daí sua auto-vitimização pela suposta imposição de pautas comunistas (a bem da verdade, meramente liberais) pelo marxismo cultural, dentre as quais se destacam (i) a ideologia de gênero, destinada a corromper a família tradicional (patriarcal, machista, misógina, heterossexual e branca) através da socialização de comportamentos contrários à ordem natural divina, e (ii) as cotas para negros, por sua vez encarregadas de premiar a ausência de esforço de elementos desiguais por natureza – portanto, inferiores –, tal como estabelecido por aquela ordem.
O apelo à semântica religiosa, como se vê, é só um dos modos pelos quais o nacionalismo cristão busca se legitimar politicamente.
Pós-fascismo
O pós-fascismo é um conceito que se desenvolve a partir da influência teórica de Nicos Poulantzas (“Fascismo e Ditadura”, “As Classes Sociais no Capitalismo de hoje”, “O Estado, o Poder, o Socialismo”, “Poder Político e Classes Sociais”). De acordo com tais concepções, o termo fascismo deve ser reservado aos fenômenos políticos europeus – Itália, Alemanha – decorrentes do estágio de desenvolvimento do modo de produção capitalista durante a primeira metade do século XX.
Disso não se segue, todavia, uma concepção a-histórica e não dialética do termo, mas sim que o surgimento, o reaparecimento ou a predominância de determinados elementos que caracterizaram aqueles fenômenos – patriarcalismo, misoginia, racismo, nacionalismo, liderança carismática, reacionarismo, tradicionalismo, etc. – dependem, em algum sentido, do estágio de desenvolvimento do modo de produção capitalista.
Desse modo, assim como o fascismo puro teria sido uma consequência, dentre outros fatores, do estágio de desenvolvimento das forças produtivas e das relações de produção vigentes durante a primeira metade do século passado (expansionismo imperialista, colonialismo, I guerra mundial, nacionalismos, inexistência ou incipiência de direitos sociais como direitos fundamentais constitucionalizados), seria o pós-fascismo uma consequência do atual arranjo daquelas forças e relações, no qual predominam a financeirização e a concentração do capital.
A subserviência de Bolsonaro ao capital agroexportador e seu pouco caso à destruição ambiental – diretamente relacionada à expansão desse capital –, bem como sua política econômica, entregue a um Chicago boy, seriam exemplos desse atual arranjo.
Nesse sentido, o pós-fascismo à brasileira pode ser caracterizado como um movimento histórico decorrente do ressurgimento de elementos definidores do fascismo clássico condicionados pelo atual estágio de desenvolvimento das forças produtivas e das relações de produção inerentes ao modo de produção capitalista.
O termo bolsonarismo sintetiza todos os elementos definidores das noções de direita conservadora, extrema-direita, nacionalismo cristão reacionário e pós-fascismo.
Desse modo, é possível que um político integrante da direita conservadora não seja definido pelos elementos que caracterizam o nacionalismo cristão, mas é impossível que um bolsonarista não reúna todos os elementos definidores daquelas noções.
Sim, é exatamente o que você está pensando: o bolsonarismo não é sintoma de nossa decadência política, mas sim a causa de termos chegado a seu ponto mais baixo.
Nota
[1] Há uma disputa teórica em torno do sentido em que o termo fascismo pode ser usado a fim de caracterizar o bolsonarismo. Para alguns, o bolsonarismo é um fascismo puro. Como se sabe, a noção clássica de fascismo envolve, basicamente, um governo autocrático representado por um ditador e a subordinação da individualidade de origem liberal às ideias de nação – nacionalismo – e raça – racismo. Valores liberais – gênero, sexualidade, feminismo, etc. – são rejeitados em nome dos tradicionais – família patriarcal branca e cristã – e cultua-se uma personalidade predestinada que os encarna e que representa a antipolítica – um líder carismático e viril. Todavia, apesar da proximidade do bolsonarismo com tais características, faltam-lhe outras que, por marcação histórica – casos, sobretudo, do imperialismo expansionista e do unipartidarismo –, pertencem aos fenômenos políticos da Itália e Alemanha. Daí, para alguns, o bolsonarismo se tratar de um protofascismo – ou seja, reunir determinados elementos do fascismo clássico numa espécie de transição para aqueles capazes de identificá-lo como tal. Outros, ainda, preferem o termo pós-fascismo. O termo neofascismo, por sua vez, concorre com o pós-fascismo, mas dele se diferencia por não envolver uma análise da noção de fascismo a partir do estado e do modo de produção capitalista. No neofascismo, o nacionalismo assume feições chauvinistas e não há incompatibilidade entre autoritarismo e eleições livres, uma vez que o regime doutrina uma massa de cidadãos contra inimigos internos – os antipetistas contra os petistas, p. ex.
Umberto Eco e Jason Stanley, respectivamente em “O Fascismo Eterno” e “Como funciona o Fascismo”, apontam características comuns entre os fascismos do início do século XX que os transcenderiam e poderiam identificar fenômenos políticos contemporâneos. Para Eco, a presença de qualquer uma delas seria suficiente para “que se forme uma nebulosa fascista” (Rio de Janeiro, Record, 2020, p. 44). Segundo Stanley, “cada mecanismo da política fascista tende a se basear em outros”, e seu maior perigo reside na “maneira específica como ela desumaniza segmentos da população” (Porto Alegre, L&PM, 2020, pp. 14-17)
(*) Jornalista - Fonte: site Sul21
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(Marcelo da Silva Duarte, publicitário, bacharel em Direito e jornalista, é natural de Santiago/RS; reside atualmente em Caxias do Sul/RS - Nota deste Editor)
17 outubro 2022
CNT/MDA: Lula tem 53,5% e Jair Bolsonaro 46,5% em votos válidos
Esta é a primeira pesquisa CNT/MDA do segundo turno
Novo levantamento indica cenário de estabilidade nas intenções de voto de Lula e Bolsonaro. Fotos: Ricardo Stuckert e Agência Brasil
A Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgou nesta segunda-feira (17) a nova rodada da pesquisa de intenção de votos para a presidência da República contratada junto ao Instituto MDA. Considerando apenas os votos válidos, Lula (PT) possui 53,5% e Jair Bolsonaro (PL) 46,5%. Esta é a primeira pesquisa CNT/MDA do segundo turno.
No cenário estimulado, Lula lidera com 48,1% dos votos totais, contra 41,8% de Jair Bolsonaro. Brancos e nulos somam 6% e outros 4,1% dizem estar indecisos. Descontando brancos e nulos, Lula tem 53,5% e Bolsonaro 46,5%.
No cenário espontâneo, Lula tem 46,4% e Bolsonaro tem 40,6%. Brancos e nulos somam 6,3% e indecisos outros 6,7%.
Já em termos de níveis de rejeição, Bolsonaro atinge 50,1% enquanto Lula soma 44,4% dos entrevistados.
O levantamento contou com 2.002 entrevistas realizadas os dias 14 e 16 de setembro. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para cima ou para baixo. A pesquisa foi registrada no TSE sob o número BR-05514/2022.
*Via Sul21
13 outubro 2022
PT teme ação política da PF contra Lula e aliados às vésperas do segundo turno
Partido recebeu informação de que setores aparelhados pelo bolsonarismo querem forjar fatos
Lula em Salvador (Foto: RICARDO STUCKERT)
247* - Dirigentes do Partido dos Trabalhadores receberam a informação de que uma operação da Polícia Federal poderia atingir aliados de Lula ou o próprio candidato a poucos dias do segundo turno das eleições presidenciais.
"Recebemos informações de que setores do Estado aparelhados pelo bolsonarismo estariam buscando forjar fatos que justifiquem operações bizarras contra nosso campo democrático", afirma o ex-prefeito de São Bernardo Luiz Marinho, segundo a jornalista Mônica Bergamo, colunista da Folha de S.Paulo. Marinho é coordenador da campanha de Fernando Haddad (PT) ao governo do estado de SP e integra também a campanha de Lula.
Marinho afirma que o partido já estuda "medidas judiciais para evitar essa violência contra a democracia".
O sinal de alerta soou forte no PT a partir da operação da PF contra o governador de Alagoas Paulo Dantas (MDB-SP). O emedebista apoia Lula e é aliado do senador Renan Calheiros (MDB-AL).
11 outubro 2022
Exigência de nome de Lula para Economia é pretexto para apoiar Bolsonaro
Por Janio de Freitas, na Folha de S. Paulo*
Só um candidato idiota cairia na exigência, muito mais idiota, de que Lula revele já o seu ministro da Fazenda/Economia, para ser aceitável como Bolsonaro pelo empresariado.
Se exposto o escolhido, que talvez nem exista ainda, nada impediria que esses empresários continuassem financiando e atuando por Bolsonaro. Nem Lula, se eleito, estaria impedido de em pouco tempo demitir o ministro associado aos tais empresários.
A pobreza mental e moral desse empresariado que age na política só por interesse direto, dominado por ganância e egoísmo patológicos, é responsável por grande parte das desgraças que assolam o país. A corrupção grossa começa por aí.
Lula governou por oito anos, encerrados há menos de 12, e saiu com 82% de aprovação ao seu governo.
Não saber quais são as ideias e métodos, que o caracterizam como governante e como pessoa, só se explica por asnice insolúvel.
A exigência do nome já, e que saia da turma obcecada pelos cifrões privados, é só pretexto para apoiar Bolsonaro com o engodo de que o fazem por indefinição de Lula.
Decisivas
As mulheres e o Nordeste são os fatores mais relevantes desta eleição presidencial.
Ciro Gomes, paulista do Ceará, não deixou de acompanhar o grau de influência nordestina, embora à sua nova maneira surtada: a subida de Bolsonaro, nas primeiras pesquisas do segundo turno, saiu de Ciro Gomes por intermédio de seus aficionados persistentes.
Um presente dado ao bolsonarista explícito pelo bolsonarista implícito.
Bolsonaro deu sua explicação para o fracasso no Nordeste: “Lula venceu em 9 dos 10 estados com maior analfabetismo. São do nosso Nordeste”.
É a explicação de analfabeto. E analfabeto muito especial.
Dinheiro público deu-lhe o longo ensino escolar, os cursos da preparatória e da academia militar. Nessas etapas até foi pago para ser aluno.
Recebeu teto, comida e roupa lavada do ensino até ser apenas excluído do Exército, por terrorismo, em tramoia na Justiça Militar. Apesar de tudo isso, é um ignorantaço que mal disfarça o analfabetismo.
Como é possível que isso aconteça nas Forças Armadas, e está visto que não é raro, prova que não é pela escola fundamental ou média que a reforma do ensino se faz urgente.
*Jornalista - Via Viomundo
10 outubro 2022
A neutralidade impossível: ou Lula ou barbárie
"Eleger Lula é um imperativo para a sobrevivência da democracia e da vida humana"
Lula arrasta multidão em Belo Horizonte - 09.10.2022 (Foto: Ricardo Stuckert)
Por Jeferson Miola, no 247*
Na eleição de 2018 as oligarquias dominantes fizeram ordem unida contra o petista Fernando Haddad.
Como numa avalanche indomável, não havia lugar para a razão, para o argumento racional e, nem mesmo, para um mínimo de sanidade mental.Os estamentos políticos, até mesmo aqueles segmentos autodefinidos como expoentes de uma “burguesia dinâmica, moderna e metropolitana”, estavam totalmente entorpecidos pela onda da extrema-direita lavajatista que criminalizou e estigmatizou Lula, o PT e a esquerda.
Essas elites padeceram duma sinistra amnésia; fingiram não lembrar que do lado oposto ao da civilização, ou seja, contraposto ao candidato Haddad, estava ninguém menos que o capitão expulso do Exército que idolatra torturadores, cultua ditaduras, faz ode à morte, odeia mulheres e defende o extermínio de adversários convertidos em “inimigos da pátria”.
Nesta eleição de 2022, no entanto, é impossível a alguém decente e com ínfimo apego aos ideais de democracia, humanidade e civilidade, alegar desconhecimento sobre a gravidade da situação do país e sobre o que está em jogo.
É impossível, enfim, a alguém de sã consciência e de boa-fé ética e democrática, não apoiar e não votar em Lula.
É absolutamente inaceitável, diante de tantas e espantosas ameaças à democracia, de tamanha devastação nacional e de destruição de direitos sociais e humanos, que algum democrata de verdade, mesmo de direita, ainda possa apoiar Bolsonaro.
Depois da tragédia dos últimos quatro anos; depois do genocídio que ceifou mais de 680 mil vidas; depois de cruel descompaixão e da avassaladora destruição ambiental; depois da fome, do desamparo e da miséria, depois do extermínio programado de negros e povos originários, nem mesmo o maior dos cínicos pode dizer que se sente diante de “uma escolha muito difícil”, como cinicamente as elites disseram em 2018.
Na busca de apoios para combater Lula no segundo turno, Bolsonaro reconheceu que seu governo é sofrível, mas ameaçou que “a mudança – com a volta do Lula – pode ser pior”.
O fantasma anticomunista, resquício embolorado da guerra fria que ainda viceja nos quartéis e povoa mentes deturpadas, se manifesta hoje na forma dum antipetismo doentio e odioso.
O fascismo, de igual modo que o nazismo, precisa eleger um inimigo capital; precisa de um inimigo interno como destinatário do ódio mortal. Para os fascistas, este inimigo é um mal a ser extirpado, para que a sociedade seja “purificada e limpa” de “seres impuros e inferiores”.
Na literatura nazista documentada, o campo de concentração de Auschwitz era considerado o “o ânus da Europa” – quer dizer, fator de expurgo do mal, de purificação da sociedade para o “renascentismo” com uma nova ordem, livre das impurezas e dos “excrementos” ideológicos, étnicos, religiosos …
É exatamente disso que se trata. Nesta eleição, estaremos fazendo muito mais que eleger o governo dos próximos quatro anos.
No dia 30 de outubro decidiremos o destino do Brasil diante da trágica encruzilhada em que o povo brasileiro se encontra: entre a democracia e o fascismo, entre a vida e a barbárie.
Não existe neutralidade. É simples assim: quem não está com Lula e com a democracia, está com o fascismo e a barbárie. Eleger Lula é um imperativo para a sobrevivência da democracia e da vida humana.