31 outubro 2024

Isolados, apenas EUA e Israel aprovam bloqueio contra Cuba

Com 187 votos a favor, resolução contra o bloqueio reforça a posição contrária da comunidade internacional à medida

Essa votação foi uma das mais significativas em repúdio ao embargo, evidenciando o isolamento dos EUA no tema. Foto: ONU

A Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou hoje (30), por ampla maioria, uma nova resolução que condena o bloqueio econômico dos Estados Unidos contra Cuba. As restrições duram mais de seis décadas. Com 187 votos a favor, a resolução reforça a posição contrária da comunidade internacional à medida. Apenas Estados Unidos e Israel votaram contra o documento, enquanto a Moldávia se absteve. O embargo sufoca o povo cubano, dificultando e impedindo o comércio global com a ilha. 

Essa votação foi uma das mais significativas em repúdio ao embargo, evidenciando o isolamento dos EUA no tema. Países tradicionalmente aliados de Washington, como as nações europeias, Japão e Austrália, também apoiaram a resolução. O Brasil, que, durante o governo de Jair Bolsonaro, havia se posicionado ao lado dos Estados Unidos, retomou, sob o governo Lula, o apoio ao fim do embargo.

O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, reforçou a posição do Brasil, apelando para que o governo norte-americano retire as sanções. “O Brasil sustenta firmemente que as únicas sanções legítimas no âmbito do direito internacional são aquelas adotadas pelo Conselho de Segurança, nos termos do Capítulo VII da Carta das Nações Unidas”, afirmou Vieira durante o debate na ONU. “A persistência da medida afeta diretamente o exercício dos direitos humanos do povo cubano, limitando o acesso a bens essenciais, como medicamentos e tecnologias indispensáveis ao desenvolvimento.” (...)

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30 outubro 2024

Eleições Municipais: 'Honestidade na análise'*

Com as dificuldades do enfrentamento às elites e à extrema-direita, é preciso perceber que mantivemos e avançamos em terreno e imaginário.


Por Rodrigo Oliveira (*)

Pro balanço ser correto, é preciso honestidade intelectual na análise. Nas eleições 2024, o que aconteceu foi recuperação de terreno e imaginário político para a esquerda face a desconstrução originada pelo Golpe de 2016.

Ora, o Golpe de 1964 levou mais de duas décadas para ser derrotado. Veio o Golpe de 2016 e com ele a profecia das elites: o PT morreu, a esquerda acabou. Não se passou uma década e voltamos à presidência da República, além de crescer na eleição de 2024.

Sim, pra ter honestidade de análise, é preciso ir além das manchetes dos “jornalões” da grande mídia, que, como sempre, tentam enterrar qualquer imaginário que desagrade seus interesses econômicos. Na manhã do domingo do 2° turno, O Globo não teve constrangimento em manchetear que o “PT tenta sobrevida”, como se estivéssemos a caminho do fim. Ademais, é preciso dar um “chega pra lá” na simplificação derrotista de alguns dos nossos, pois existem valorosos militantes e analistas de esquerda que partem de um pressuposto profundamente arrogante: tudo o que acontece dependeria exclusivamente dos nossos erros ou acertos, como se não houvesse contexto, adversário, luta de classes… isso não existe.

Vamos aos fatos? Existem 4 forças políticas poderosas no país: a Esquerda, a Direita, o Centrão e a Máquina. Com raríssimas exceções, esta eleição foi a Esquerda concorrendo sozinha contra as outras três forças. Resultado? Além de algumas vitórias importantes, a Esquerda fazendo em torno de 40%, 45%, 49%. O que isso indica? Nítida recuperação de terreno e imaginário político apenas 8 anos depois de um processo de golpe que pretendeu nos varrer do mapa, apagar a Esquerda dos corações e mentes das pessoas.

É importante registrar estes fatos para que não se caia num derrotismo que é falso. Evidentemente a correlação de forças no país mostra desafios, assim como sabemos da nossa missão internacional de enfrentamento à Extrema-Direita e ao Fascismo. Mas, como em qualquer luta, é preciso musculatura, acúmulo de forças e moral elevada. Neste sentido, se não temos uma vitória retumbante, são inegáveis os avanços.

O PT cresceu mais de 30% no número de prefeituras, volta a governar capital, após duas eleições em branco, e contou com vitórias importantes em cidades com mais de 200 mil eleitores, como Fortaleza, Pelotas, Camaçari, Mauá, Contagem e Juiz de Fora. Tudo num cenário de maior nível de reeleições da história. Além disso, uma nova geração quadros está vindo, especialmente com mandatos vibrantes em capitais e grandes cidades, vereadores jovens e conectados com novas e antigas pautas, além da manutenção de quadros já tradicionais.

Em Porto Alegre o PT voltou a ser o mais votado da cidade e a ter a maior bancada na Câmara de Vereadores. Junto, PSol e PCdoB elegeram bancadas representativas e a Esquerda cresceu em seu conjunto.

Já Maria do Rosário, acompanhada de Tamyres, defendeu uma linha que era exatamente o que a militância e as direções dos partidos desejavam, representou nosso programa e deixou um legado de temas e pautas para que a oposição a Melo esteja estruturada em sua luta. Não teve denúncia que não foi feita, proposta que não foi publicizada, pauta que não foi apresentada. Em todos os debates Maria se apresentou com uma postura firme, impecável.

Com as dificuldades mil do enfrentamento às elites e à Extrema-Direita deste país, é preciso perceber que mantivemos e avançamos em terreno e imaginário. Zero a lamentar e pouco a descansar. Todos nossos esforços a não só preparar o enfrentamento de 2026, mas também em fazer a disputa de classe, especialmente no campo econômico e social, com um PT e demais partidos de esquerda fortalecidos, nítidos em suas causas. Seguimos!

(*) Cientista Político e Ex-presidente do PT de Porto Alegre

**Via Sul21 - Edição final deste Blog

29 outubro 2024

Padilha diz que PT não saiu da zona de rebaixamento e Gleisi parte para cima dele

A declaração do ministro das Relações Institucionais causou mal estar com presidenta da sigla


Por Marcelo Hailer, na Revista Fórum*

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo realizada nesta segunda-feira (28), o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, fez uma avaliação realista do desempenho do PT nas eleições municipais de 2024.

Para o ministro, o PT ainda não saiu da zona de rebaixamento. "Hoje também fiz um balanço, trazendo os números para o presidente e querendo reforçar uma avaliação de que a grande vitoriosa foi a reeleição. Teve um tsunami de reeleição no país, foi 82% a taxa, a maior da história da reeleição", iniciou Padilha.

"O PT é o campeão nacional das eleições presidenciais, mas, na minha avaliação, não saiu ainda do Z4 [zona de rebaixamento] que entrou em 2016 nas eleições municipais", declarou Padilha.

Em outro momento, o ministro Padilha afirma que o PT "teve conquistas importantes, a eleição na capital [Fortaleza], elegeu cidades importantes nesse segundo turno, mas ainda tem um esforço de recuperação, e eu acho que o PT vai fazer uma avaliação sobre isso, certamente sobre esse resultado, como voltar a ser um partido com mais protagonismo, sobretudo nas grandes e nas médias cidades", concluiu Alexandre Padilha.s

A presidenta do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann não gostou nada das declarações de Alexandre Padilha e partiu para cima do colega de legenda. "Temos de refrescar a memória do ministro Padilha, o que aconteceu conosco desde 2016 e a base de centro e direita do Congresso, que se reproduz nas eleições municipais, que ele bem conhece. Pagamos o preço, como partido, de estar num governo de ampla coalizão. E estamos numa ofensiva da extrema direita", declarou Gleisi.

Em seguida, Gleisi Hoffmann afirmou que as declarações do ministro Alexandre Padilha são "ofensivas". "Ofender o partido, fazendo graça, e diminuir nosso esforço nacional não contribui para alterar essa correlação de forças", disparou.

Por fim, Gleisi Hoffmann afirma que Padilha deveria focar em seu trabalho e na sua responsabilidade na derrota eleitoral do PT no pleito municipal. "Padilha devia focar nas articulações políticas do governo, de sua responsabilidade, que ajudaram a chegar a esses resultados. Mais respeito com o partido que lutou por Lula Livre e Lula Presidente, quando poucos acreditavam", concluiu.

28 outubro 2024

Coluna Prestes, maior marcha militar do mundo, completa 100 anos nessa segunda (28)

Revoltosos percorreram mais de 25 mil km do território nacional

Movimento em 1924 nunca chegou a ser efetivamente derrotado. Foto: Agência Senado/Reprodução


Da Agência Brasil*

Maior marcha militar do mundo, a coluna Prestes, que alguns historiadores dizem que mais apropriadamente deveria ser chamada de coluna Miguel Costa – Prestes, completa 100 anos nesta segunda-feira (28). Com 1.500 homens e mulheres, a maioria soldados de baixa patente, a marcha percorreu cerca de 25 mil quilômetros, em dois anos e meio, passando por vários estados, e jamais chegou a ser oficialmente derrotada.

Apesar de mais conhecida como Coluna Prestes por causa de seu líder mais famoso, Luís Carlos Prestes, o movimento rebelde teve também o comando de Miguel Alberto Crispim Rodrigo da Costa. Argentino naturalizado brasileiro, militar da Força Pública de São Paulo, ficou notabilizado por sua participação na Revolta Paulista de 1924, conflito entre militares de São Paulo e o governo de Artur Bernardes, embrião da coluna. Por isso, muitos nomeiam o famoso movimento como Coluna Miguel Costa – Prestes.

“Se não fosse Miguel Costa, não existiria Luís Carlos Prestes na história, pois foi a coluna Miguel Costa que salvou da fome e do frio os gaúchos de Prestes”, disse o jornalista Yuri Abyaza Costa, autor dos livros Miguel Costa, um herói brasileiro e Marchando com Miguel Costa – ação da Coluna Paulista no Interior de São Paulo, Paraná e a ligação com a Coluna Prestes. Yuri é neto de Miguel Costa.

Yuri Abyaza refere-se ao episódio quando, derrotados na Revolta Paulista pelas forças do governo federal, os revoltosos paulistas juntaram-se aos comandados por Prestes, que liderava o agrupamento no Rio Grande do Sul, que estaria com seu contingente bastante debilitado física e militarmente. A partir daí, iniciou a marcha da famosa coluna, acontecimento mais emblemático do que ficou conhecido como “Tenentismo”.

Se Miguel Costa era o estrategista militar da Coluna, Prestes, por seu lado, é lembrado pelo seu lado mais “humano” junto aos comandados, conforme depoimento do jornalista Domingos Meirelles, ao programa Caminhos da Reportagem, da TV Brasil, exibido em 2015. Meirelles, autor do livro As Noites das Grande Fogueiras, também sobre a Coluna, disse que “Prestes era muito querido pela tropa”.

Segundo o jornalista, “ele usava alguns horários livres para alfabetizar os soldados, ficava sempre ao lado daqueles que eram vítimas de ferimentos graves e com chances remotas de sobreviver”. Meirelles lembrou ainda que, apesar de o principal adversário da Coluna ser o Exército Brasileiro, os maiores inimigos da coluna no dia a dia das batalhas foram os latifundiários, “que armando os seus capangas, incentivados pelo governo, formaram os chamados batalhões patrióticos”. “E aí é que começa realmente a desgraça dos jovens rebeldes. Esses homens do campo é que infernizaram a vida da coluna muito mais do que o Exército Brasileiro”, completou.

Mas o movimento nunca chegou a ser efetivamente derrotado. A coluna Prestes (ou Miguel Costa – Prestes) foi marcada pelo aspecto insurrecional contra o poder das oligarquias das primeiras décadas do século passado, a chamada política do café com leite, quando se revezavam na Presidência da República políticos da São Paulo cafeeira e Minas, grande produtor de leite. Também ficou conhecida pela formação de seus quadros, militares dos escalões inferiores do Exército sendo muitos deles analfabetos ou semiletrados e trabalhadores do campo.

O jornalista e historiador, especializado no período, Moacir Assunção, autor de São Paulo deve ser destruída: a história do bombardeio à capital na revolta de 1924, comentou que “a Coluna tem o lugar que merece (na História do Brasil), foi a maior marcha militar da história do mundo, com 25 mil quilômetros percorridos e a derrota de 11 generais da legalidade pelos rebeldes, permanecendo invicta durante todo o tempo e inspirando revolucionários como Mao Tse Tung e Fidel Castro, que confessam a inspiração de suas marchas na Coluna Miguel Costa – Prestes, além de ter influenciado no fim da chamada vocação agrária do Brasil, que passou a se tornar um país industrial depois da vitória da Revolução de 1930”.

As principais reivindicações da Coluna eram a implementação do voto secreto (contra o chamado “voto de cabresto”, praticado à época quando os chefes da política local controlavam o voto da população local), a defesa do ensino público e a obrigatoriedade do ensino secundário para a população, somando-se as bandeiras do fim da miséria e da injustiça social no país.

“A grande força da coluna foi sua associação com as bandeiras populares que ela defendia, como o direito ao voto universal, o direito à alfabetização, a reforma agrária, o fim da pobreza e ter conseguido transmitir esse ideal de que era preciso trazer o Brasil para os brasileiros”, disse a socióloga, cientista política e escritora Ana Prestes, neta do revolucionário, que se tornou a principal referência do movimento comunista do País e uma das personalidades políticas mais influentes do século passado.

“A Coluna foi formada por homens e mulheres (poucas e resistentes) que amaram o Brasil por dentro e que se conectaram com a população brasileira abandonada pela República Velha”, completou Ana.

Como o movimento nunca foi, de fato, debelado pelo poder oficial, sua herança foi ter deixado o governo oligárquico com suas bases enfraquecidas. As críticas manifestadas pelos integrantes da Coluna, ecoadas por outros setores políticos dissidentes da sociedade, foram reforçadas.

E também contribuiu fortemente para a revolução de 1930, ou Revolução de Outubro, ocasião em que os governos rebeldes de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul, deram um golpe de Estado tirando o então presidente Washington Luís da presidência da República e impedindo a posse de seu substituto Júlio Prestes. Getúlio Dornelles Vargas, militar e político do Rio Grande do Sul, inaugurou a chamada “era Vargas”, período que foi de 1930 a 1945, sendo que de 1937 a 1945 instalou a ditadura do Estado Novo.

*Via Sul21

"O veto do Brasil à Venezuela é um equívoco da geopolítica brasileira e compromete a integração latino-americana"

José Genoino Neto, ex-presidente do PT critica decisão brasileira e destaca sinal de resistência ao imperialismo na cúpula de Kazan

   (Foto: Reuters | ABR)

247* - Em entrevista recente ao Bom Dia 247, o ex-presidente nacional do PT, José Genoino, avaliou a recente cúpula do Brics em Kazan, Rússia, e criticou a decisão do Brasil de vetar a entrada da Venezuela no bloco. Para Genoino, a postura do governo brasileiro compromete os esforços de integração latino-americana e se distancia do papel geopolítico que o país deveria exercer.

“O balanço que eu faço de Kazan é muito positivo”, afirmou Genoino, destacando que o encontro trouxe uma nova perspectiva no cenário global. Segundo ele, “Kazan representou um sinal, um ar diferente diante do imperialismo americano, diante da violência contra o povo palestino, diante da OTAN”.

Genoino foi contundente ao abordar a posição do Brasil em relação à Venezuela, pontuando que “a diplomacia brasileira e o governo Lula” erraram ao vetar a inclusão do país no Brics, considerando o ato “um equívoco da geopolítica brasileira”. “A Venezuela é a maior reserva de petróleo e gás, não estamos falando de qualquer país. É um país que sofre todo tipo de boicote e violência do imperialismo americano e da comunidade europeia. Isso compromete a integração latino-americana”, enfatizou.

O ex-presidente do PT defende que o Brasil deveria ter atuado de maneira mais estratégica para fortalecer o bloco na região. “Eu acho que o Brasil, se pensasse com mais ousadia, deveria ter proposto há anos a entrada da Venezuela. A questão de Estado não poderia ter sido resolvida com o Brasil assumindo essa postura”, concluiu.

A cúpula do Brics em Kazan, realizada sob a presidência rotativa da Rússia, ocorreu entre os dias 22 e 24 de outubro e reuniu diversos países interessados em aderir ao bloco. Durante o evento, o presidente russo Vladimir Putin também expressou publicamente divergências com o Brasil sobre a posição em relação à Venezuela, que não teve seu pedido de adesão apoiado pelo governo brasileiro.

*Fonte: https://www.brasil247.com/

MULTIPOLARIDADE - VÍDEO: Lula detona "Plano Marshall às avessas" de países ricos na Cúpula dos BRICS


Em um discurso enfático dirigido aos líderes do BRICS, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou a importância do bloco na construção de um mundo multipolar e na luta contra as desigualdades globais. O mandatário cancelou sua ida à Cúpula do BRICS em Kazan, na Rússia, após sofrer um acidente doméstico, mas participou do evento via videconferência na manhã desta quarta-feira (23).

Lula começou seu discurso agradecendo o apoio dos membros do BRICS à presidência brasileira do G20 e destacou a importância da cooperação para avançar em medidas que visam a redução das desigualdades, como a taxação de super-ricos, que vem sendo discutida em diversas instâncias internacionais.

Ele ressaltou que os países do BRICS implementaram políticas sociais de sucesso que podem servir de exemplo para o restante do mundo, e mencionou a criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, convidando outros países a aderirem à iniciativa. “A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza já está em fase avançada de adesões”, disse o presidente, destacando o compromisso do Brasil com a causa.

Lula foi incisivo ao criticar a disparidade no combate às mudanças climáticas, enfatizando que a maior responsabilidade recai sobre os países ricos. “Não há dúvida de que a maior responsabilidade recai sobre os países ricos, cujo histórico de emissões culminou na crise climática que nos aflige hoje”, afirmou. O presidente cobrou o cumprimento da promessa de 100 bilhões de dólares anuais para o financiamento climático, exigindo ações concretas e monitoramento dos compromissos. (...)

*Para ler na íntegra a postagem de Ivan Longo na Revista Fórum (e assistir ao vídeo) clique AQUI.

22 outubro 2024

ELEIÇÕES 2024 - VÍDEO: Pepe Mujica declara apoio a Maria do Rosário em Porto Alegre com mensagem emocionante

Ex-presidente do Uruguai enviou um vídeo para a candidata do PT à prefeitura da capital gaúcha

Pepe Mujica envia vídeo de apoio a Maria do Rosário, candidata à prefeitura de Porto Alegre. Créditos: Reprodução

Por Ivan Longo, na Revista Fórum*

José Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai e um dos maiores nomes da esquerda latino-americana, declarou apoio a Maria do Rosário, candidata do PT à prefeitura de Porto Alegre (RS). A petista enfrenta no segundo turno o atual prefeito da capital gaúcha e candidato à reeleição Sebastião Melo (MDB)

Mujica manifestou seu apoio a Maria do Rosário em um vídeo emocionante enviado à candidata e divulgado através das redes sociais nesta segunda-feira (21). e podría interesar

"Meus queridos compatriotas brasileiros, principalmente os de Porto Alegre. Sei que vocês têm um evento eleitoral chegando. Desejo o maior apoio possível  a Maria do Rosário, uma candidata popular que luta para representar o povo trabalhador de Porto Alegre. Quero lhe dar um abraço à distância. Um abraço de um compatriota oriental do Sul, que não pode se esquecer jamais do que significa o Brasil e do que significa, com certeza, Porto Alegre. Até sempre", declarou Mujica. 


*CLIQUE AQUI para ler (e assistir) na íntegra. 

A mídia e os escândalos políticos

Norberto Bobbio considerava a mídia uma ameaça à democracia por pasteurizar as consciências e manietar o juízo autônomo dos indivíduos

Imagem: PIxabay

Por Luiz Marques (*)

Em 2002, a Editora Vozes publica O escândalo político: poder e visibilidade na era da mídia, de John B. Thompson. Não se trata de um ataque gratuito aos que comercializam os escândalos, mas do estudo sobre um fenômeno influente nas disputas que emergem no século XXI. A tecnologia comunicacional para informar, desinformar ou omitir vem de longe. Roberto Marinho elegeu o “Caçador de marajás”, depois o apeou da Presidência. As redes cibernéticas não inventam a roda.  

O professor de Cambridge foca três escândalos: “abuso de poder” (Richard Nixon/Watergate); “político-financeiro” (Parlamento Europeu/Catar); politicossexual (Bill Clinton/Mônica Lewinski). No Brasil, apelos aos quartéis ignoram violações dos direitos humanos jogadas debaixo do tapete (Vladimir Herzog/Tortura). Ocorrências sofrem de espancamentos e choques elétricos no pau-de-arara para proteger as Forças Armadas. Os desaparecidos aguardam ainda agora, pela justiça.

O ruim fica pior com as fake news para enxovalhar a imagem dos adversários, o que envolve um conluio da mídia com o judiciário. A situação evoca o compromisso para, com novos mecanismos, corrigir os desvios de agentes públicos. A encenação serve de palco aos palhaços sociopatas sem noção republicana tipo o italiano Silvio Berlusconi, o brasileiro Jair Bolsonaro e o argentino Javier Milei. O circo é cosmopolita. A reprodução dos escarcéus sobrevive à demagogia institucional, que propaga a antipolítica, o livre mercado e criminaliza a esquerda – bode expiatório do desconforto.

A máquina de triturar do lawfare aciona episódios fictícios. As denúncias forjadas desmontam as empresas nacionais de engenharia, a indústria naval, o pré-sal, a Petrobras. A solapa dos vira-latas obedece a ditames estrangeiros. O livro Lava Jato: O juiz Sergio Moro e os bastidores da operação que abalou o Brasil, de Vladimir Netto, elogia o homem sem qualidades ungido herói pela Rede Globo. Difícil saber onde termina a ausência de reflexão crítica da imprensa corporativa, e onde começa o cinismo de quem engana sem a discrição dos hipócritas, permitindo que a impostura seja flagrada pelos observadores. No teatro de falsidades, a verdade desce o ralo; ratazanas vêm à tona.

Democracia sob ameaça

A mídia não é a democracia, senão o espetáculo no ato de produzir sentido. Para tal: (a) substitui o uso da razão “pela expressão em público de sentimentos”; (b) substitui o direito de cada um e todos de expressar um parecer pelo “formador de opinião”. Em Simulacro e poder: uma análise da mídia, Marilena Chaui insere a pantomima na “destruição da esfera da opinião pública”. Nas enchentes do Rio Grande do Sul, os repórteres perguntam aos moradores o que sentem diante das inundações, ao revés de indagar o que pensam sobre a vergonhosa inoperância da Prefeitura. O desastre reduz-se a uma fatalidade doméstica, sem encadear as incúrias governamentais. A manobra blinda o prefeito do “kit-covid” de cloroquina e ivermectina distribuído durante a pandemia, na triste capital gaúcha.

Escândalos abalam o poder e, às vezes, geram flagelos pessoais; vide o destino do “pai dos pobres” Getúlio Vargas e do reitor da UFSC Luiz Carlos Cancellier – um inocente acusado por “convicções” sem PowerPoint. Não que os erros desconstruam a confiabilidade sistêmica, em si. O Congresso está repleto de aventureiros que surfam em campanhas caluniosas e difamatórias. Vale tudo no pé de goiabeira de emendas parlamentares em causa própria, ilustrativas da grave crise de dedicação à res publica por amor à filosofia da avareza, que ergue o deus-dinheiro no altar do hiperindividualismo.

A missão do jornalismo de fiscalizar os governos, revelar as falhas e erradicar os males – em nome do interesse público – é subvertida. Há desrespeito ao éthos da profissão inspirada nos princípios iluministas, com a nobre incumbência de diagnosticar as enfermidades sociais. No oligopólio das comunicações, a dita independência dos jornalistas é canibalizada pela alta hierarquia. Mentiras, a soldo, são ecoadas por paladinos da moral e costumes para esconder a responsabilidade das “elites”.

Já as mudanças nas relações trabalhistas levam à busca por sustentação nas urnas, além das antigas classes sociais. Com divisões ideológicas atenuadas, progressistas compõem com outros segmentos para vencer as eleições, e potencializam as manchetes negativas fruto de alianças não programáticas com parcerias dúbias. Haja equilíbrio na balança das práticas, desejos, expectativas e resultados.

A tríade dos escândalos

John B. Thompson aborda eventos do hemisfério Norte, ao esmiuçar a tríade dos escândalos. Entre nós, o desafio está em desbravar acontecimentos acobertados pelo silêncio da mídia. Seguem cases que travam “lutas pelo poder simbólico, em que a reputação e a confiança estão em jogo”, na dura realidade. São metáforas de reatualização da dialética colonialista para a dominação/subordinação. 

i) Escândalo politicossexual (e racista). O Projeto de Lei (PL 1.904/2024) proíbe o aborto após a 22° semana, inclusive por estupro, e estipula às transgressoras uma pena de homicídio superior ao previsto na legislação para estupradores. A mobilização de diversos grupos feministas nas principais metrópoles impede a tramitação na Câmara Federal. A mídia enfatiza o nonsense da penalidade e confina o assunto à dosimetria. Não investiga os partidos e os políticos com mandato que cometem a violência sexista (e racialista). A lei atinge as meninas pretas e pobres de 8 a 12 anos, as grandes vítimas nas estatísticas ao longo do tempo. A bandeira do direito natural da mulher ao corpo não é hasteada. E o medievalismo bolsonarista sai incólume do golpe contra os valores da modernidade.   

ii) Escândalo político-financeiro. O crime de lesa-pátria da Taxa Selic do Banco Central retira do Erário R$ 816,2 bilhões, em 2023. Para comparar, o orçamento do Ministério da Saúde é R$ 231 bilhões; da Educação, R$ 180 bilhões. Alvo de acusações por investimentos em offshores em conflito com a função, o presidente do Bacen obtém dividendos pessoais com os juros elevados. Estes incentivam a desindustrialização e o modelo neocolonial-exportador, que incendeia biomas e florestas. A política monetária em curso inibe o crescimento da nação com geração de empregos e distribuição de renda. Os rentistas e os extrativistas agradecem a gentileza, com os bolsos cheios. E o neoliberalismo bolsonarista sai imune do golpe contra os valores do Estado de bem-estar social.

iii) Escândalo de abuso de poder. No desgoverno, a criação na Associação Brasileira de Inteligência de uma “ABIN paralela” visa um órgão de vigilância típico dos regimes de exceção. À revelia do processo legal, a invasão de privacidade alcança trinta mil cidadãos; sequer são poupados os amigos da famiglia miliciana. Ao contrário do famoso triplex que não era do Lula, a conspiração direitista não recebe atenção no noticiário. Ninguém é preso. Passa-se pano na articulação terrorista entre o fascismo sociopolítico, o laissez-faire econômico e o conservadorismo cultural. E o totalitarismo bolsonarista sai ileso do golpe contra os valores civilizatórios do Estado de direito democrático.

Não esquecer as flores

“O mistério das coisas, onde está ele? / Onde está ele que não aparece / Pelo menos para mostrar que é mistério?”, lê-se no poema de um heterônimo de Fernando Pessoa. Os escândalos proibidos movem o moinho do populismo extremista, na exata medida em que a ideologia empreendedorista individual apaga a dimensão do público, no imaginário social. A utopia pode e deve ser antecipada com a desconstituição das ilusões atomizadas em templos neopentecostais ou apostas digitais em BETs. Só a participação e a cooperação formam os sujeitos transformadores da ordem estabelecida.

Norberto Bobbio, autoproclamado “liberal-socialista”, considera a mídia uma ameaça à democracia por pasteurizar as consciências e manietar o juízo autônomo dos indivíduos. A circunstância possui um agravante no abandono de áreas essenciais: água, luz, saneamento, transporte. A privatização converte direitos em mercadorias acessíveis apenas para quem paga. Sebastião Melo (MDB/RS) e Ricardo Nunes (MDB/SP) sequestram os equipamentos públicos para prestação de serviços; nem parques escapam da fúria privatista. Terceirizam as obrigações funcionais e também o que não lhes pertence, como fazem os gestores sem competência para administrar. Melhor devolvê-los aos seus donos, trocá-los pelo Orçamento Participativo (OP). Sem medo de ser feliz. Com gana de vencer.

(*) Docente de Ciência Política na UFRGS, ex-Secretário de Estado da Cultura no Rio Grande do Sul - Via Sul21

21 outubro 2024

O PT, o joio e o trigo

"Trata-se de uma pergunta retórica de Berlinguer, secretário geral do PCI, em um texto publicado em 1981, na revista Rinascita", escreve Pomar


Por Valter Pomar*

Recebi de um amigo uma citação.

Reproduzo abaixo a tal citação, mas com uma pequena alteração, que já explicarei.

"(...) um partido eleitoral, um partido à moda 'americana', isto é, um partido que pensaria só em ganhar votos, que desvalorizaria o trabalho de direto contato com a gente para lhes ajudar a pensar, a organizar-se, e a lutar, que esvaziaria de todo o conteúdo a militância política, que pensaria apenas em ter deputados, mais senadores, mais vereadores, mais assessores, mais postos de poder.... Mas um partido 'renovado' deste modo seria ainda o Partido dos Trabalhadores? (...)"

A alteração que fiz na citação original foi apenas no final.

A citação original fala do Partido Comunista Italiano, não do PT brasileiro.

Trata-se, segundo me disse o amigo citado, de uma pergunta retórica de Berlinguer, secretário geral do PCI, em um texto publicado em 1981, na revista Rinascita.

Em 1981, o Partido Comunista Italiano era chamado, por alguns, de o maior partido comunista do Ocidente.

Berlinguer morreu em 1984.

O Partido Comunista Italiano suicidou-se em 1991.

Uma das versões acerca do suicídio pode ser lida na obra resenhada aqui: Valter Pomar: Sobre "O alfaiate de Ulm"

Pano rápido.

De aqui até 27 de outubro, devemos fazer de tudo para ganhar o segundo turno das eleições municipais, especialmente em São Paulo, Fortaleza, Cuiabá, Porto Alegre e Natal.

Passada a eleição, se possível em um ambiente de vitória, teremos que enfrentar o debate sobre nosso presente e nosso futuro.

E nesse momento vamos separar o joio do trigo.

De um lado quem defende seguir trilhando o caminho gringo.

De outro lado quem defende reafirmar o PT como partido militante e socialista.*

Transcrevo a mensagem do meu amigo: Pergunta retórica de Berlinguer em um texto para a revista "Rinascita" de dez. de 1981: "um partido eleitoral, um partido à moda 'americana', isto é, um partido que pensaria só em ganhar votos, que desvalorizaria o trabalho de direto contato com a gente para lhes ajudar a pensar, a organizar-se, e a lutar, que esvaziaria de todo o conteúdo a militância política, que pensaria apenas em ter deputados, mais senadores, mais conselheiros (vereadores), mais assessores, mais postos de poder.... Mas um partido 'renovado' deste modo seria ainda o Partido Comunista Italiano?" (Citado em Guido Liguori, Berlinguer Rivoluzionario. Il pensiero politico di un comunista democratico, Carocci, 2014)

*Valter Pomar é  Historiador e integrante da Direção Nacional do PT - Fonte: https://www.brasil247.com/

20 outubro 2024

Em debate, Maria do Rosário denuncia inércia do prefeito de Porto Alegre nas enchentes*

“Obrigação de cuidar das casas de bomba e sistema de comportas é do prefeito,” apontou Rosário em debate da Band, na noite de segunda (14). Melo tentou responsabilizar o governo federal mas acabou desmascarado

Maria do Rosário expôs como a negligência do prefeito agravou os efeitos das enchentes em Porto Alegre

Maria do Rosário (PT) criticou o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB) durante o debate da TV Band na noite de segunda-feira (15), apontando a negligência na manutenção das estações de bombeamento e do sistema de drenagem como fatores que contribuíram para causar uma das maiores tragédias da capital gaúcha. A deficiência na prevenção de enchentes durante a gestão de Sebastião Melo e a falta de um plano de enfrentamento à tragédia foram novamente temas centrais do debate.

Ao afirmar que a responsabilidade pelo sistema de proteção contra cheias é do governo federal e questionar se Rosário conhecia a norma disposta na Constituição Federal, Maria do Rosário rebateu: “É sempre um problema dos outros. É culpa do PT. O PT estava no poder em 2004. Depois, apenas o Melo esteve no poder e ele ainda diz que a culpa é do PT”.

“Eu respeito a Constituição. E sei que quem planeja e constrói o sistema de proteção é o governo federal. Mas não é o presidente da República quem deve, de Brasília, ver se as borrachas de vedação das comportas estão funcionando, se as casas de bombas estão em boas condições. Quem tem esta obrigação é o prefeito, era o senhor”, rebateu Rosário.

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Maria do Rosário é a candidata que apresenta o plano de governo mais abrangente para enfrentar questões climáticas e de infraestrutura relacionadas às enchentes, em contraste com Melo, conhecido por seu discurso de negacionismo climático, alinhado com seus apoiadores bolsonaristas.

“Como é possível não ter cuidado com as casas de bomba em nenhuma região da cidade, nem no Centro Histórico?”,  questionou Maria do Rosário, ressaltando a urgência de soluções concretas. Ela afirmou que pretende elaborar projetos para obter financiamento federal para a execução de serviços 100% públicos, com o Dmae como gestor do fornecimento de água potável e tratamento de esgoto. Além disso, propôs a recriação do Departamento de Esgotos Pluviais (DEP), que foi extinto em 2017 durante o governo de Nelson Marchezan, para administrar a drenagem, manutenção e controle de cheias na cidade.

Recursos federais socorreram RS

A deputada federal Maria do Rosário, que atuou intensamente durante a enchente para agilizar o envio de recursos do governo federal – que totalizaram R$ 98,7 bilhões para ações emergenciais e para a reconstrução da infraestrutura e apoio à população e empresários do Rio Grande do Sul – também propõe a criação do Conselho da Reconstrução de Porto Alegre.

Este órgão será composto por especialistas, universidades, conselhos profissionais e técnicos, e, especialmente, moradores afetados pelas enchentes, levando em conta as necessidades de todos os envolvidos.

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Transporte de má qualidade

Durante o primeiro bloco, que tratou sobre temas como mobilidade urbana e saúde, Maria do Rosário contestou a privatização da Carris (operadora do transporte público de Porto Alegre) e descreveu o que considera um rebaixamento da qualidade do sistema de ônibus da Capital, com menos oferta de linhas e horários disponíveis.

Ela também criticou a redução de benefícios de isenção para idosos e de meia passagem para estudantes e destacou que seu plano de governo inclui tarifa zero nos ônibus e passe livre estudantil.

Denúncias de corrupção na saúde

Sobre o tema saúde, Maria do Rosário destacou as suspeitas de corrupção envolvendo o Hospital da Restinga e Extremo Sul, que é gerido pelo governo municipal. O atual prefeito refutou a ideia de que o caso esteja sendo investigado pela Polícia Federal e atacou o partido da adversária. No entanto, o Ministério Público Federal (MPF) já confirmou a abertura de um inquérito para investigar as denúncias.

Maria do Rosário observou ainda que a atual gestão implementou um programa que resultou em um aumento de dez vezes nas filas nos hospitais. “Não sou eu quem está falando de corrupção, é a polícia. Não quero mais que a cidade se torne um caso de polícia. Esse governo Bolsonaro está repleto de envolvimentos em corrupção”, afirmou.

A candidata do PT lembrou que Porto Alegre se tornou uma cidade desumana, que não atende adequadamente gestantes, mulheres e crianças. “Uma mulher grávida precisou de atendimento no hospital, mas não conseguiu. Teve que ir a outro, mas não tinha dinheiro para a passagem”, ressaltou.

O plano de governo de Maria do Rosário inclui a criação de quatro novas policlínicas voltadas para exames de especialidades, além de um aumento no número de equipes de saúde da família, que passariam a totalizar 444.

Supostos casos de corrupção na Secretaria de Educação

Maria do Rosário – que é professora e cujo tema é um dos principais focos de seu plano de governo – criticou a situação da educação em Porto Alegre, afirmando que a educação não pode continuar do jeito que está, especialmente ao mencionar que a cidade obteve o segundo pior resultado no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

Maria do Rosário também questionou supostos desvios na Secretaria Municipal de Educação, mencionando que  “a secretária de Educação foi presa por comprar um apartamento com dinheiro de corrupção” e que “tem gente andando de Ferrari com dinheiro de corrupção, enquanto as crianças têm merenda de qualidade inferior”.

Rosário lamentou que as crianças não estão aprendendo, pois falta apoio pedagógico e turnos integrais. — Há uma escassez de vagas na cidade. Eu sou professora, a nota que eu daria para o senhor, é zero. Eu me comprometo a resolver o problema das vagas que o senhor não resolveu — frisou.

*Da Redação do site do PT/RS

19 outubro 2024

Com a presença do presidente, 60 mil cubanos marcham pela Palestina em Havana - Cuba

Miguel Díaz-Canel e outras autoridades governamentais participaram de manifestação convocada por jovens, que denunciam o genocídio de Israel e a cumplicidade dos EUA

X/El Necio - Convocada e organizada por estudantes, a manifestação pró-Palestina de 60 mil pessoas contou com a presença do presidente Miguel Díaz-Canel Bermúdez, do primeiro-ministro Manuel Marrero Cruz e de outros líderes do governo

Por Gabriel Vera Lopes, do BdF - Havana*

Mais de 60 mil jovens cubanos fizeram um ato na capital, Havana, em solidariedade à causa palestina e em denúncia ao genocídio perpetrado pelo Estado de Israel. Convocada e organizada por estudantes, a manifestação contou com a presença do presidente Miguel Díaz-Canel Bermúdez, do primeiro-ministro Manuel Marrero Cruz e de outros líderes do governo.

Minutos antes do início da mobilização, o porta-voz da Federação de Estudantes do Ensino Médio (FEEM), Daniel Gómez Martínez, foi o primeiro orador a tomar a palavra. 

Diante da multidão, afirmou que “aqueles que escolhem o silêncio quando sabem que um povo está exigindo justiça são, sem dúvida, traidores da essência da humanidade. Sabemos por nossos atos revolucionários que o silêncio diante da opressão é cumplicidade. E nós, o povo cubano, a juventude cubana, não somos cúmplices deste ato”.

Enquanto sua voz ecoava nos alto-falantes, destacou que “hoje, em nossas escolas, estamos falando sobre o genocídio que está sendo cometido, aproximando-nos da realidade das crianças e adolescentes palestinos que só sonham em ver seus pais, irmãos e outros membros da família.” 

Essa foi a quarta manifestação pública realizada no país, com a participação de autoridades governamentais, em solidariedade ao povo palestino desde que há um ano se iniciou uma nova escalada genocida. A manifestação foi convocada e organizada por estudantes universitários, que nos dias que antecederam o evento organizaram vários encontros de debate e reflexão com adolescentes de escolas secundárias. 

Em entrevista ao Brasil de Fato, Mario Almeida, secretário da União dos Jovens Comunistas (UJC) da Faculdade de Jornalismo, destacou os pontos em comum nas diversas lutas anti-imperialistas, apontando também a relação entre o genocídio contra os povos originários da América Latina e do Caribe e o genocídio contra os palestinos. 

“Há poucos dias foi comemorado o aniversário de 12 de outubro. É um aniversário que, para a América Latina, marca o início da dominação, o início de um genocídio que durou mais de 500 anos. Portanto, sabemos muito bem quais são as consequências da chegada da Europa e da colonização, quais são as consequências dessa dominação”. 

Apontando contra a propaganda da grande mídia, ressalta que “se hoje chamam de terroristas aqueles que lutam pela liberdade no Oriente Médio, no Caribe eram chamados de canibais os que enfrentavam a colônia espanhola, os primeiros conquistadores. Essa foi a deformação do nome do Caribe, que eram aqueles índios, aqueles nativos do Caribe que enfrentaram os europeus que chegaram. Portanto, sabemos muito bem o que é a manipulação midiática do discurso da conquista.”

Dessa forma, a mobilização se uniu às ações globais em solidariedade ao povo palestino, que busca o fim da ocupação e a autodeterminação. Com uma forte carga simbólica, o evento central ocorreu na histórica Tribuna Anti-Imperialista, em frente à Embaixada dos EUA. Durante o evento, todos os palestrantes eram membros de diferentes organizações de jovens. Enquanto as crianças montavam uma bandeira humana para a Palestina, uma iniciativa que partiu das próprias escolas.  

“A ideia da bandeira veio de alguns amigos com quem combinamos com uma professora de fazer uma bandeira pela Palestina. Queríamos fazer algo sobre o que está acontecendo”, explica Alba, uma estudante de 12 anos, ao Brasil de Fato.

“Tivemos várias ideias para chegar a uma ideia central, que era fazer uma bandeira de brinquedo. Mas a mesma professora que estava conosco foi a outras escolas, onde ela explicou a mesma coisa que explicou para nós, e nessas escolas eles tiveram a ideia de fazer a bandeira com as crianças. Nossa ideia principal era fazer uma bandeira palestina muito, muito, muito grande.”

Durante o evento, o primeiro orador foi Mohammed Swan, um jovem médico palestino, que afirmou que “por mais de 75 anos, eles não conseguiram derrotar nossa existência. Eles não conseguiram nos derrotar. Não conseguiram exterminar nossa Palestina. Apesar de terem as armas mais desenvolvidas do mundo e o apoio militar, político e logístico ilimitado dos ianques. Isso, meus amigos, é uma grande vitória. Esse é o pesadelo que os sionistas, os líderes fascistas, têm todos os dias há mais de sete décadas. Nós escolhemos resistir, resistir e resistir.” 

Swan é um dos milhares de jovens que estudaram em Cuba graças ao sistema de bolsas de estudo que a ilha oferece há 50 anos para permitir que jovens palestinos viajem à ilha e tenham acesso às universidades. 

Por sua vez, apontando o dedo para a embaixada dos EUA, a primeira secretária da União de Jovens Comunistas (UJC), Meyvis Estévez, afirmou que “o genocídio é de total responsabilidade de Israel e dos Estados Unidos, que dão apoio militar, logístico e político à barbárie e provocam pânico em toda uma população, usando a fome e a sede como arma de destruição em massa”, disse.

*Via OPERAMUNDI