30 abril 2017

“Buscar os que faltam”: o sentido da greve geral na luta política no Brasil



Por Theófilo Rodrigues*
Sob qualquer ângulo que se examine a greve geral convocada pelas Frentes Brasil Popular (PT, PCdoB, UNE, MST, CUT e CTB) e Povo Sem Medo (PSOL, Intersindical e MTST), além de outros partidos como PDT, REDE, PSTU, PCB e PCO, foi um sucesso.
Não obstante a irracional violência policial que dessa vez desferiu balas de borracha até mesmo contra deputados e que em Goiás levou um jovem gravemente ferido ao hospital, o saldo final pode ser considerado positivo pelos organizadores na medida em que em praticamente todas as capitais do país cartazes foram levantados contra o governo de Michel Temer.
Relatório publicado ontem pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas da FGV aponta que “o movimento de apoio à greve geral nas redes sociais foi a maior ação da oposição ao governo Temer em um ano”. Nas redes sociais a defesa do #28A, como ficou conhecida a greve geral na internet, superou “os maiores atos em favor do impeachment, ocorridos em março de 2015 e março de 2016”. (Veja a íntegra do relatório da FGV DAPP aqui).
Mas o movimento não ficou apenas nas redes sociais. Ocupou verdadeiramente as ruas e as praças das principais cidades do país. Esse sucesso é sintomático da baixa aprovação do governo de Michel Temer.
De acordo com a última pesquisa Barômetro Político, realizada pela consultoria Ipsos, a aprovação do governo Temer não passa hoje de 4%. Na semana passada, a pesquisa Vox Populi já havia indicado que esse índice não seria superior a 5%.
Ou seja, a maior parte da população não apenas desaprova o governo de Michel Temer como também está disposta a se mobilizar contra suas reformas trabalhistas e previdenciárias: em maior grau nas redes sociais, em menor escala, nas ruas.
Mas isso não quer dizer que essa enorme massa seja homogênea e que se organize a priori em um único campo político. Como fazer então para que essa enorme energia social seja canalizada em torno da luta política nas eleições de 2018?
A resposta é: “buscar os que faltam”. A expressão não é minha, mas de Íñigo Errejón, professor da Universidade Complutense de Madri e um dos mais destacados quadros da política espanhola.
“Buscar os que faltam” significa compreender que na espantosa heterogeneidade que conforma a oposição ao governo Temer estão presentes as mais variadas demandas e reivindicações sociais: operariado desempregado na indústria petrolífera e de construção, camadas medias moralistas indignadas com as denúncias de corrução, trabalhadores que observam seus direitos previdenciários escorrerem por entre os dedos, empresariado ávido por um projeto nacional de desenvolvimento, movimentos identitários incomodados com o gabinete ministerial de homens brancos etc…
“Buscar os que faltam” significa articular todas essas demandas e reivindicações em um denominador comum que seja transversal e que não seja exclusivo a nenhuma delas.
Em outras palavras, significa talvez abandonar velhos discursos e encontrar novas narrativas que agreguem essas demandas difusas em um projeto de “democracia radical”.
O ano de 2017 será o ano das lutas sociais. Tudo indica que o #28A foi apenas o começo de um longo ciclo de greves, manifestações e protestos contra as políticas implementadas pelo governo de Michel Temer.
Quem, ao longo do ano, tiver a virtude necessária para articular uma narrativa que traduza e conecte essa heterogeneidade, estará apto para o chamado de 2018.

*Theófilo Rodrigues é professor de Teoria Política Contemporânea no Departamento de Ciência Política da UFRJ. - via O Cafezinho

Lula e Dilma apontam Rede Globo como direção política do golpe no Brasil



Por Marco Weissheimer, no Sul21*
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidenta eleita em 2014, Dilma Rousseff, apontaram, na tarde de sábado, em Rio Grande, a Rede Globo como a direcionadora política do golpe que depôs Dilma em 2016 e que vem implementando medidas de desmonte de direitos e de políticas de desenvolvimento como a de fortalecimento da indústria naval brasileira. Lula e Dilma participaram juntos do ato em defesa do polo naval que reuniu milhares de pessoas na praça central de Rio Grande, um dia depois da greve geral que paralisou o país. A identificação da Globo como condutora do golpe foi enfática e acompanhada de um desafio.
“Este país sofreu um golpe. Eu fui afastada sem crime de responsabilidade por um bando de corruptos. É um golpe que tem na Rede Globo o seu principal partido político e que possui um objetivo muito claro: enquadrar o Brasil social, política e economicamente no neoliberalismo”, disse Dilma. Lula falou sobre o tema ao relatar quais são os seus dois principais desejos hoje. “Estou pedindo a Deus para fazer o meu depoimento dia 10 em Curitiba. Será a primeira chance que eu terei de dizer tudo o que penso sobre o que está acontecendo no país. Em segundo lugar, desejo que a Globo escolha logo o seu candidato para 2018. Terei o maior prazer em derrotar o escolhido da Rede Globo. A Globo não se presta mais a transmitir informações, mas em tentar destruir o PT, Dilma e Lula. Eles devem ficar com uma azia desgraçada, porque, depois de meses tentando me destruir, cada pesquisa eleitoral nos mostra a frente de todos os outros candidatos”, ironizou o ex-presidente.
A reação do público foi imediata e sacudiu a praça central de Rio Grande. Milhares de pessoas passaram a gritar “O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo”. Ao lado da carroceria de um caminhão improvisada como espaço para a imprensa acompanhar o ato, uma mulher aparentando ter mais de 80 anos de idade, pediu que a carregassem para um ponto mais alto, junto com a sua cadeira de rodas. “Eu quero ver o Lula e a Dilma”, explicou. Em cima do caminhão, fotógrafos e cinegrafistas disputavam cada centímetro de terreno para tentar captar imagens do clima apoteótico que foi se criando ao longo da fala de Lula. (...)
CLIQUE AQUI *para ler na íntegra. 

29 abril 2017

O Histórico 28/04 em Santiago/RS (GREVE GERAL)




O 28 em Santiago

Por Thaisy Finamor, especial para ‘O Boqueirão Online’*

Há exatos 100 anos se consolidou a primeira greve geral no Brasil, com aproximadamente 400 operários, em maioria mulheres, com reivindicações que resultaram nos direitos trabalhistas atuais, tais direitos que querem ser retirados, de nós trabalhadores. 

28 de abril neste ano se tornou um dia histórico porque os trabalhadores e estudantes brasileiros pararam grande parte dos serviços públicos e essenciais ao funcionamento do país. Devido ao contexto histórico do dia 28, a data não foi escolhida à toa, como estava sendo dita pelo senso comum e alguns órgãos de comunicação. 

Em Santiago, não foi diferente. O dia 28 foi um marco para o município, onde centenas de trabalhadores urbanos e rurais, militantes e dirigentes de esquerda (PT), estudantes secundaristas (UMES) e universitários, cientes do futuro que nos aguarda, deixaram sua comodidade e foram ocupar o centro da cidade, participando de um grande Ato Públicoseguido de passeata contra esse desgoverno que vem destruindo nossos direitos.

O Ato Público foi dado por fortes pronunciamentos públicos dos representantes dos sindicatos, movimentos sociais e trabalhadores presentes, expondo suas opiniões contra a reforma da previdência e trabalhista adotadas pelo governo Temer, tal reforma que diminui nossos direitos conquistados como trabalhadores e nos coloca em um futuro ameaçado. A ex-vereadora Iara Castiel representou o Partido dos Trabalhadores de Santiago. O Deputado Estadual Valdeci Oliveira (PT/RS) esteve representado por seu assessor Rômulo Vargas e o Deputado Federal Marco Maia (PT/RS) por seu assessor regional, Júlio Garcia.

O Ato foi finalizado com uma histórica caminhada pelo centro da cidade que reuniu aproximadamente mil pessoas, a maior já ocorrida no município de Santiago. Foi encerrada em frente a Prefeitura Municipal onde os manifestantes, após cantarem o Hino Nacional, bradaram em alto e bom o som o já tradicional "Fora Temer! Nenhum direito a menos!"

*Thaisy Guarda Finamor é santiaguense; é Acadêmica de Jornalismo pela Universidade Federal do Pampa (Unipampa).
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*Via Blog 'O Boqueirão Online' - Fotos via face

28 abril 2017

Laymert Garcia dos Santos: "Não tenho lembrança de uma greve com esse alcance"

Apesar do bloqueio de informação e da "tentativa da mídia tradicional de provocar um ruído na convocação", unidade popular e sindical levou movimento a "todo o lado e toda a parte", diz sociólogo
por Eduardo Maretti, da RBA*                                                                                                                                                                                                                                                                                                
Laymert Garcia dos Santos
Sobre a Globo: "Boicotaram a greve ontem, mas hoje tiveram que fingir uma surpresa de que tinha uma greve"
São Paulo – Ainda antes de um balanço final sobre o dia 28 de abril e da greve geral que paralisou grande parte do país, o sociólogo Laymert Garcia dos Santos afirma que as mobilizações e a greve em si, finalmente, permitem vislumbrar o horizonte com otimismo. Ele destaca a “amplitude e grau de penetração” da greve entre a população.
“Não foi só nas grandes cidades, mas em todo o lado e toda a parte. Primeiro, porque os sindicatos, centrais e movimentos sociais estão unidos e com uma capacidade de organização impressionante. Apesar do bloqueio de informação e da tentativa da mídia tradicional de provocar um ruído na convocação, não tenho lembrança de uma greve com esse alcance.”, diz. “Você abre portais na internet e vê uma tentativa totalmente enviesada de informar o mínimo possível e desinformar o máximo.”
No contexto midiático, a reação da Globo foi interessante. “Eles boicotaram a greve ontem (27), mas hoje de manhã tiveram que fingir uma surpresa, de que tinha uma greve. Ou seja, acabaram tendo de falar sobre isso de alguma maneira.”
O sociólogo destaca ainda como marcante o posicionamento do líder do MTST e coordenador da Frente Povo sem Medo, Guilherme Boulos, apontando para desdobramentos futuros do movimento, sublinhando  que, mesmo tendo sido histórica, as mobilizações não param por aqui, pelo contrário. “Boulos colocou essa greve como um marco não apenas de um acontecimento histórico, mas dizendo que esse marco vai trazer efeitos para uma mobilização futura. Isso, sobretudo, conta muito”, avalia.
“Quando a gente diz que nunca aconteceu uma coisa tão importante como essa greve, é como se tivesse chegado num pico e então só pudesse declinar, já que se chegou no máximo. Acho que hoje não foi o máximo, esse é o começo que mostrou uma capacidade de luta que vai ter um efeito importante. É um marco, sim, mas é um marco para a frente. Isso é o principal”, acrescenta Laymert.
Em artigo na Folha de S. Paulo de hoje, Guilherme Boulos e Raimundo Bonfim, coordenador geral da Central de Movimentos Populares (CMP), afirmaram: “Caso os ouvidos de Brasília permaneçam surdos à vontade da maioria, mesmo com o forte recado de hoje, o país poderá entrar de forma mais profunda na rota do conflito social. O ensinamento histórico é claro: quando se forma um abismo entre o povo e quem deveria representá-lo, abre-se o caminho para convulsões e desobediência civil”.
*http://www.redebrasilatual.com.br

A “surpresa” da Globo com a greve


Greve faz 6ª amanhecer tensa; mídia


tradicional é ‘surpreendida’ pelos fatos


Por Luís Costa Pinto, no Poder 360*
A 6ª feira (28.abr.2017) amanheceu sob a pressão do compromisso de se transformar numa data histórica. As primeiras informações do dia parecem confirmar o que dela se esperava:
Há intensa movimentação de tropas militares na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Isso: tropas militares, num aparato evidentemente exagerado de reação a uma greve geral.
Exibir a força bruta para coibir a pretensão de atos de protesto –que são democraticamente legítimos desde que se conservem reivindicatórios e não descambem para o depredatório– sempre foi recurso de governos fracos suportados por esquemas militares áulicos.
O raiar do dia trouxe notícia de barricadas em rodovias nas periferias de grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte e alguns confrontos.
Apostar na tática de jogar a população contra grevistas que param por uma causa justa e motivados por uma pauta reivindicatória clara –e no caso dessa greve geral convocada para hoje há causa justa e pauta clara– é jogo arriscado: sempre poderá haver um momento em que falanges do lado repressor passem para o lado paredista, desmoralizando a repressão. Há chances reais de isso ocorrer, porque se conseguiu explicar o caráter reivindicatório de direitos do movimento paredista.
O bloqueio evidente do noticiário sobre a greve, em suas vésperas, na maior emissora de TV aberta, a Globo, produziu desde as primeiras horas do dia um fato patético: os telejornais do começo da manhã dessa mesma emissora tiveram de cobrir a paralisação como se houvesse uma surpresa no ar. Não era: a greve geral era já então notícia velha e a estratégia de escondê-la, velhacaria.
Tentar conter notícias contrárias à orientação da direção de veículos de comunicação é erro velho na História dos meios de comunicação conservadores do Brasil. Isso sempre se converteu em vitória dos fatos sobre os arautos do conservadorismo. A crise paradigmática do comício das “Diretas Já” no Vale do Anhangabaú em São Paulo, em 1984, escondido pela mesma Globo para servir à ditadura militar que se esvaía então, parecia ter sido lição histórica. Não foi, e o erro se repete no caso dessa greve geral.
Se nos anos 1980 o escritor Ignácio de Loyola Brandão consolidava-se como escritor libertário com a obra libertária O Verde Violentou o Muro, há que se constatar que a notícia se impôs e isso levou a Globo e veículos de mídia tradicional como os jornais O Globo e O Estado de São Paulo, que tentaram esconder a greve de seus telespectadores e leitores, a aprender que os fatos se impõem ante que tenta violenta-los.
É cedo ainda para fazer um balanço do dia que só começa, mas a greve geral desse 28 de abril de 2017 parece já se ter convertido numa data singular no calendário político brasileiro: o dia em que o Brasil parou para pensar. É evidente que se descobrirá uma nação órfã de projeto político, com instituições carentes de legitimidade para encarar os gigantescos desafios necessários à modernização do Estado a fim de prepará-lo para o mundo contemporâneo. Não se executa uma missão dessa sem debate, sem ouvir a sociedade.
Greves são armas dos movimentos sociais para que se façam ouvir pelo sistema quando os canais tradicionais se revelam interrompidos. Até o fim dessa 6ª feira (27.abr) será possível saber se os gritos se impuseram, ou não. O que há nessa alvorada é muita tensão e muita pretensão.
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*Do Poder360, a ótima análise sobre o início do dia da greve, feita pelo jornalista Luís Costa Pinto. Só acrescento o ar contrito e “chocado” das apresentadoras da Globonews, agora de manhã. -Fernando Brito, *Via Tijolaço 

27 abril 2017

Greve geral cresce e deve parar transporte, escolas, bancos e indústria em todo o país - Confira as categorias que já aprovaram paralisação contra as reformas da Previdência e trabalhista do governo Michel Temer


FERROVIASDOBRASIL.BLOGSPOT.COM.BR
greves
Cresce a perspectiva de que terminais de metrôs e ônibus amanheçam sem movimento nesta sexta (28)
São Paulo – RBA - A três dias da greve geral contra a 'reforma' da Previdência, a 'reforma' trabalhista e a terceirização irrestrita, propostas pelo governo de Michel Temer (PMDB), dezenas de categorias de trabalhadores confirmam participação na paralisação de 28 de abril. O transporte coletivo por ônibus, metrô e trens será um dos setores com maior participação na mobilização, com paralisações já confirmadas na região metropolitana de São Paulo e mais 17 capitais. Bancários, urbanitários, servidores da saúde pública, professores, metalúrgicos e comerciários também confirmaram adesão à greve.
Em relação aos motoristas e cobradores de ônibus, as atividades vão ser paralisadas por 24 horas nas cidades do Rio de Janeiro, Brasília, Vitória, São Luís, Cuiabá, Campo Grande, Teresina, Natal, Recife, Belo Horizonte, Salvador, Curitiba, Porto Alegre, Rio Branco, Maceió, Manaus e Macapá.
Em São Paulo, 17 cidades da região metropolitana e toda a Baixada Santista vão ter o transporte coletivo paralisado, incluindo o sistema intermunicipal, executado pela Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU). Guarulhos, Itaquaquecetuba, Arujá, Poá, Ferraz de Vasconcelos, Osasco, Ribeirão Pires, São Caetano, São Bernardo do Campo, Santo André, Diadema, Mauá, Rio Grande da Serra, Embu-Guaçu, São Lourenço da Serra, Itapecerica da Serra e Osasco são as cidades metropolitanas que já tiveram a greve aprovada em assembleias de trabalhadores.
Na capital paulista, o Sindicato dos Motoristas vai realizar assembleia nesta quarta-feira (26), às 16h. Mas o indicativo da categoria também é de adesão à greve por 24 horas. Os trabalhadores da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) das linhas 9-Esmeralda (Grajaú-Osasco) e 8-Diamante (Júlio Prestes-Itapevi) também realizam assembleia amanhã. Já as linhas 7-Rubi (Jundiaí-Luz), 10-Turquesa (Brás-Rio Grande da Serra), 11-Coral (Luz-Estudantes) e 12-Safira (Brás-Calmon Viana) aprovaram paralisação de 24 horas.
Os metroviários também vão cruzar os braços por 24 horas nas cidades de Brasília, Belo Horizonte, Teresina, Recife, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo. Na capital paulista, as linhas 1-Azul, (Jabaquara-Tucuruvi), 2-Verde (Vila Madalena-Vila Prudente), 3-Vermelha (Corinthians/Itaquera-Palmeiras/Barra Funda), 5-Lilás (Capão Redondo-Adolfo Pinheiro) e 15-Prata (Vila Prudente-Oratório) ficarão paralisadas o dia todo, a partir da zero hora de sexta-feira.
Os professores da rede pública de Alagoas, Bahia, Brasília, Paraná, Pará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Ceará, Amapá, Tocantins, Espírito Santo, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo (municipal e estadual) também vão parar na sexta-feira. Docentes da rede privada de Alagoas, Pernambuco, Piauí, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais também aprovaram adesão à greve. O mesmo vale para professores das universidades federais e estaduais de todo o país.
Os estabelecimentos de saúde – hospitais, unidades básicas, prontos-socorros –, onde a paralisação não pode ser de 100% dos trabalhadores, vão funcionar com escala semelhante à de final de semana, priorizando o atendimento a emergências. Trabalhadores desse setor nos estados da Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Roraima, Tocantins e São Paulo (inclusive na capital) vão parar.
Pilotos, copilotos e comissários de voo declararam estado de greve em assembleias realizadas na segunda-feira (24) em São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro, Brasília e Porto Alegre. A categoria vai decidir na quinta-feira (27) se paralisa ou não as atividades. Já os aeroviários (funcionários que atuam no check-in, auxiliar de serviços gerais, mecânicos de pista, entre outros cargos) aprovaram a paralisação nacional de 24 horas nos aeroportos internacionais Franco Montoro, em Guarulhos, na Grande São Paulo, e Gilberto Freyre, em Pernambuco.
Também vão paralisar as atividades os bancários (em 22 estados), metalúrgicos (sete estados), comerciários (seis estados), eletricitários, químicos, petroleiros e trabalhadores de saneamento básico e dos Correios. Os servidores públicos das demais áreas, inclusive do Judiciário, vão ter paralisações em todas as capitais e dezenas de cidades médias. Trabalhadores do Porto de Santos também aprovaram a greve.
As propostas do governo Temer são rechaçadas pela maioria da população. Pesquisa Vox Populi divulgada no dia 13 indica que 93% dos brasileiros são contra a reforma da Previdência e 80% contra a terceirização. (por Rodrigo Gomes, da RBA) 
Saiba mais:

GREVE GERAL! (Lembremos o exemplo do - saudoso - companheiro Santo Dias e da sua brava Companheira!)


"Quero também que ninguém esmoreça. Eu continuo lutando, até o fim!"




* SANTO DIAS  -  'Um mártir da luta dos trabalhadores brasileiros' -  "A luta vai ser tão difícil / na lei ou na marra / nós vamos vencer!" Clique Aqui para ler mais.

"Hino dos Grevistas"

"É nosso dia companheiro
Nosso é o trabalho de nossas mãos
Nossas as máquinas que movemos
Nossos os frutos da produção.

Já vou me esperam os companheiros
Irmãos de classe para lutar
Parando as máquinas falaremos
E a nossa voz se ouvirá"
(...)

O "Hino dos Grevistas" foi criado e cantado durante a greve dos metalúrgicos, na zona sul de São Paulo, em novembro de 1979, logo após o grevista Santo Dias da Silva ser assassinado pela PM na porta da metalúrgica Sylvânia.

26 abril 2017

Centrais preveem maior greve geral da história recente do Brasil



A dois dias da greve geral, convocado para a próxima sexta-feira (28), centrais sindicais realizaram, nesta quarta (26), uma plenária para organizar os últimos detalhes da mobilização dos trabalhadores, cuja expectativa é que conte com a adesão de dezenas de categorias em todo o Estado. Em entrevista coletiva durante a reunião, os sindicalistas alertaram que a paralisação já tem participação confirmada de todas as áreas do transporte de passageiros, de servidores de todas as esferas, incluindo policiais civis, da área da educação, saúde e indústria, entre outros.
Claudir Nespolo, da CUT-RS, diz que a expectativa é que a greve geral do dia 28 seja a maior dos últimos 30 anos no Brasil. Segundo ele, o movimento unificador dos trabalhadores é o fato de o governo Temer estar promovendo, com suas reformas, o “maior ataque a diretos sociais, trabalhistas e previdenciários da história” e que não tem legitimidade para isso, uma vez que não teve esse programa de governo aprovado em eleições.
“Diante do maior ataque promovido por um governo ilegítimo, não poderia ter outra resposta senão a maior greve geral, resultante da maior unidade que conseguimos na história recente do movimento sindical brasileiro. Estaremos nas ruas, no interior, na Região Metropolitana e na Capital, cumprindo a nossa obrigação de defender os direitos da classe trabalhadora que nestes momentos estão sendo triturados. Estamos fazendo os últimos preparativos necessários para que ela aconteça com o vigor necessário para parar o trator das reformas, restabelecer as coisas e começar a colocar em ordem o Brasil, não arrancando o couro da classe trabalhadora, como está posto”, disse Claudir. (...)
CLIQUE AQUI para ler na íntegra. (via Sul21)

25 abril 2017

Viva a Revolução dos Cravos!




* Grândola Vila Morena  - de Zeca Afonso - por vários artistas (via  TV da Galicia/Portugal) 

(Singela homenagem do Blog no transcurso dos  43 anos da vitória da 'Revolução dos Cravos' em Portugal)

22 abril 2017

Uma lista suspeita



Por Paulo Muzell*
A partir da Ação Penal 470, mas especialmente com o início da Lava Jato, o país assiste a uma sucessão de vazamentos seletivos que antecedem shows midiáticos. Os alvos são, invariavelmente, Lula e o PT.
Depois de um suspense que durou meses, Rodrigo Janot enviou ao Supremo e algumas semanas depois Fachin liberou a lista completa dos delatados pelas empreiteiras investigadas na operação Lava Jato.
Numa relação de mais de duzentos nomes só constam políticos, nenhum membro do judiciário, do ministério público ou da polícia federal. É muito estranho que não conste o nome de nenhum magistrado. A ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ex-presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Eliana Calmon sentenciou: “delação da Odebrecht sem pegar judiciário não é delação”. Coincidentemente, nas últimas décadas a Odebrecht foi beneficiada por sentenças favoráveis em praticamente todas suas demandas judiciais.
A lista Janot-Fachin é uma verdadeira “salada de frutas”: mistura tudo. Há denúncias de doações de campanha, caixa 2, propina para obtenção de benefícios fiscais, propina para fraudar licitações e para aprovação de Medidas Provisórias (MPs), dentre outras ilicitudes, abrangendo um período de vinte anos. O anúncio teve o efeito de uma bomba que atingiu um Executivo e um Legislativo já muito fragilizados. O conluio mídia-Supremo-Janot/Ministério Público gerou um monstro cuja missão inicial era acabar com Lula e o PT. Acontece que este “moedor de carne” se descontrolou, passou a atacar e a atingir mortalmente também os partidos do centro-direita. A consequência foi que Judiciário, Ministério Público e mídia ganharam crescente protagonismo e vão ocupando o centro da arena política. Os políticos dos mais diversos partidos deverão secundarizar – pelo menos temporariamente – suas diferenças ideológicas e, como classe, iniciar o contra-ataque. Aumenta a tensão, o confronto dos poderes. É perigoso e indesejável que servidores públicos, agentes do Estado – que existem para zelar e assegurar o cumprimento da constituição e das leis, com poderes de punir e reprimir – passem operar como agentes políticos com total apoio e cobertura de uma mídia que representa o que de pior existe na oligarquia brasileira. Uma mídia concentrada nas mãos de meia dúzia de famílias poderosas, entreguista, sem nenhum compromisso com a verdade ou com um projeto de construção nacional. Uma mídia que defende com unhas e dentes os vergonhosos privilégios da Casa Grande.
O listão coloca no mesmo saco suspeitas “leves”, sobre as quais não existe prova, junto com delitos graves, comprovados ou sobre os quais há indícios fortes, comprometedores. Os prejuízos são evidentes porque mesmo que depois de feita a apuração se constate a total inocência de um suspeito listado, que sequer se tornou réu, seu nome já foi lançado ao descrédito. É ato ilegal e irresponsável que a condenação pública preceda a apuração dos fatos.
Não é possível confiar na imparcialidade de um Supremo que tem como ministros Alexandre Moraes, Gilmar Mendes, Luiz Fux, Dias Toffoli e Roberto Barroso, só para citar os piores. Ou num Procurador Geral da República que luta para emplacar um terceiro mandato e que defende uma “conveniente” interpretação da Constituição que protege Michel Temer, que não pode ser investigado por atos anteriores ao seu mandato. Não se pode confiar nos operadores da Lava Jato que acusam sem provas, baseados em “convicções” e vazam delações, gravações clandestinas, ilegais, denúncias não fundamentadas, deixando o mundo político de joelhos, à sua mercê.
Vivemos num país em que a sonegação atinge o montante de 500 bilhões de reais por ano e em que o peso maior da carga tributária é suportado pelos assalariados e pela população mais pobre. Os episódios de sonegação fiscal são “esquecidos” pela mídia por que ela deles participa. Nos 70 investigados na operação Zelotes lá estão os grandes bancos (Santander, Bradesco), a Gerdau e a RBS. Alguns anos atrás a Globo criou uma empresa fantasma em um paraíso fiscal para sonegar milhões de impostos num contrato de transmissão dos jogos da Copa. Recentemente tivemos o escândalo envolvendo uma decisão do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (o CARF) que beneficiou o Itaú. O banco se recusou recolher 25 bilhões de impostos no episódio de fusão com o Unibanco. Um jogo com cartas marcadas: o relator do processo foi Luiz Fabiano Penteado, representante da Confederação Nacional das Instituições Financeiras no Conselho. Há, também, o “presentão” do governo Temer às Teles. Sob o pretexto de estimular os investimentos em telefonia o Senado aprovou e Temer pretende sancionar um projeto de lei que as beneficiaria com a transferência de patrimônio público e perdão de multas num montante que atingiria os 105 bilhões de reais!
Sob o pretexto de combater a corrupção a Lava Jato com o apoio do Ministério Público e do Supremo colocou no governo o que Ciro Gomes classifica como um “bando de ladrões”. A corrupção, que sempre existiu e que já era grande, aumentou.
Falando sobre o circo midiático armado com a divulgação do listão Janot-Fachin, Emílio Odebrecht, o velho patriarca da empresa declarou estranhar que só agora fossem anunciadas com grande alarde e como novidade as supostas ou reais ilicitudes. “Isso tudo é muito velho, é feito há muitos e muitos anos. Por que não fizeram isso há 10, 20, trinta anos atrás? A mídia sabia, a Globo sabia”, declarou.
.oOo.
*Paulo Muzell é economista. - via Sul21

21 abril 2017

20 abril 2017

Ao ordenar que Lula compareça a 87 audiências, Moro tem atitude rasteira


Janio de Freitas - Jornalista da FSP

A exigência de mais acusações a Lula, como condição para reconhecer ao ex-presidente da OAS o direito à delação premiada, de uma parte indica que à Lava Jato continuam faltando provas de muitas ilegalidades que atribuiu (e difundiu) ao seu principal alvo; de outra, reacende o problema do facciosismo com que procuradores deturpam a função constitucional do Ministério Público.
A Lava Jato quer, além de novidades acusatórias, saciar a sua obsessão com o mal afamado apartamento no Guarujá, que Leo Pinheiro diz ser da OAS, não se efetivando a compra que Marisa iniciou e Lula rejeitou.
Apesar da intimidação a Leo Pinheiro, a expectativa da Lava Jato está mais no grupo de funcionários e ex-dirigentes que o acompanhariam na delação. É a continuada prioridade às delações, em detrimento de investigações. Só o atual estágio de “negociação” com Leo Pinheiro e a OAS já consumiu quatro meses. Nem parece que a Polícia Federal recolheu numeroso material na empreiteira e na cooperativa financiadora do apartamento, para base documental de investigações e eventuais provas.
Por essas e muitas outras no gênero, tem sentido a preocupação no Judiciário com a probabilidade de muitas prescrições.
Assim como têm razão os ministros do Supremo que negam a responsabilidade do tribunal na lentidão judicial desse caso. O ritmo de valsa está no Ministério Público, tanto na Lava Jato como na Procuradoria Geral da República.
Estava com endereço errado, por exemplo, a pressa cobrada do ministro Edson Fachin para examinar, decidir caso a caso e liberar o pacotaço proveniente de delações da Odebrecht.
O acúmulo desse material na Lava Jato, em vez da remessa ao Supremo em lotes sucessivos, resultou em atraso nas duas pontas. A Lava Jato acumulou para ser retumbante na entrega. É a prioridade ao escândalo.
O retorno da Lava Jato à fase em que tinha controle sobre seus rumos, sem envolver o PSDB e o PMDB como a Odebrecht obrigou, não se deu só em procuradores e policiais.
O juiz Sergio Moro ofereceu mais uma demonstração de como concebe o seu poder e o próprio Judiciário. Palavras suas, na exigência escrita de que Lula compareça às audiências das 87 testemunhas propostas por sua defesa:
“Já que este julgador terá que ouvir 87 testemunhas da defesa de Luiz Inácio Lula da Silva (…), fica consignado que será exigida a presença do acusado Luiz Inácio Lula da Silva nas audiências na quais serão ouvidas as testemunhas arroladas por sua defesa, a fim de prevenir a insistência na oitiva de testemunhas irrelevantes, impertinentes ou que poderiam ser substituídas, sem prejuízo, por provas emprestadas”. É a vindita explicitada.
Um ato estritamente pessoal. De raiva, de prepotência. É uma atitude miúda, rasteira. Incompatível com a missão de juiz. De um “julgador”, como Moro se define.
O Judiciário não é lugar para mesquinhez.
*Via Viomundo

19 abril 2017

OS DELATORES INVADIRAM NOSSAS CASAS



Por Moisés Mendes*

Até no intervalo dos jogos de futebol na TV aparece um delator dizendo que falou com alguém que viu um amigo do Lula dizendo a um sujeito de barba que deveria informar Emílio Odebrecht que um tio de Lula precisava de uma prótese de quadril que custa R$ 2 milhões.

Há delatores de Lula a qualquer hora. Delatam Lula quase dormindo. Um dia perdi o sono e liguei a TV às três da madrugada e tinha um executivo da Odebrecht delatando Lula ao vivo na GloboNews. Há delatores plantonistas.

Cochilei na frente da TV e tive um pesadelo em que William Waack ouvia um delator numa daquelas suas entrevistas sobre a vida boa e inocente dos tucanos. Mas ele falava mais do que o delator.

Um outro sujeito que vi na TV de madrugada tentava e não conseguia delatar Dilma, apesar do esforço do procurador que o interrogava. E um terceiro delatava José Dirceu... por causa do mensalão.

Percebi que os delatores de Aécio saíram de catálogo. E os delatores de Serra desistiram, porque não adianta nada mesmo.

É tanto vídeo com delatores, da manhã à noite, que uma prima minha de Rosário me disse que se afeiçoou por alguns deles.

*Jornalista, Editor do Blogue do Moisés Mendes - via face

(Edição final deste Blog)

18 abril 2017

Irritado com número de testemunhas em favor de Lula, Moro o obriga a comparecer a 87 audiências e parar de viajar pelo país



Num julgamento, a defesa expõe seus argumentos, apresenta suas testemunhas em favor de seu cliente. A acusação faz o mesmo, em sentido contrário. E o juiz, ouvindo os dois lados, forma sua convicção para proferir a sentença.

Não é assim com o juiz Moro, pelo menos em relação ao específico caso envolvendo o ex-presidente Lula. O justiceiro de Curitiba aparentemente se irritou com as 87 testemunhas de defesa elencadas pelos advogados de Lula e resolveu punir o ex-presidente obrigando-o a comparecer a todas as audiências.

“Já que este julgador terá que ouvir oitenta e sete testemunhas da Defesa de Luiz Inácio Lula da Silva, além de dezenas de outras, embora em menor número arroladas pelos demais acusados, fica consignado que será exigida a presença do acusado Luiz Inácio Lula da Silva nas audiências nas quais serão ouvidas as testemunhas arroladas por sua própria Defesa, a fim prevenir a insistência na oitiva de testemunhas irrelevantes, impertinentes ou que poderiam ser substituídas, sem prejuízo, por prova emprestadas”, determinou Moro. [Fonte: Estadão]

Aparentemente é só uma disputa de poder, em que o juiz de primeira instância de Curitiba quer se ombrear com o presidente mais popular da história do Brasil e uma das figuras políticas mais importantes da atualidade no mundo.

Mas, se a gente levar em conta que até o Datafolha anda sondando o nome de Moro em suas pesquisas visando as eleições presidenciais do ano que vem e somar a isso o fato de que o comparecimento de Lula às 87 audiências vai obrigá-lo a ficar quase que ilhado em Curitiba, sem poder levar sua mensagem ao povo brasileiro, é possível imaginar que haja mais do que irritação na atitude de Moro.

Prender Lula em Curitiba, ao menos por enquanto apenas fazendo-o comparecer às audiências, e colocando-se como o anti-Lula, Moro faz o jogo dos que o projetam como futuro candidato a fazer frente ao ex-presidente.

A verdade é que o julgamento de Lula por Moro é cada vez menos jurídico e mais político - agora até mesmo político eleitoral -, o que o torna suspeito de julgar o ex-presidente, pois com uma canetada tem o poder de atrapalhar ou até mesmo barrar a candidatura de Lula.

Uma ilegalidade só possível num país em que o STF está sob golpe, por omissão ou compactuação.

*Por Antonio Mello, Editor do Blog do Mello (fonte desta postagem).