31 março 2009
Debate
Diploma de jornalista não é garantia de Jornalismo
*Por Antônio Mello
Não vou entrar aqui no mérito da exigência ou não de diploma de curso superior em Jornalismo para exercer a profissão de jornalista. Se for entrar nessa questão vou me desviar do assunto desta postagem, que é criticar a defesa que a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) faz da tal exigência.
Que eles defendam o diploma e o nicho de mercado para a profissão (e também para as faculdades catadoras de dinheiro espalhadas pelo país) é problema deles. Minha crítica é quanto ao contexto e aos argumentos utilizados.
Como a votação pelo STF se dará no dia 1° de abril, eles estão comparando o fim da exigência do diploma à implantação de uma ditadura no Brasil, semelhante ao golpe de 1964. Está no texto do folder [o destaque é da Fenaj]: Em 1964, há 45 anos, na madrugada de 1° de abril, um golpe militar depôs o presidente João Goulart e instaurou a ditadura que castigou o Brasil durante 21 anos. A sociedade brasileira pode estar diante de um novo golpe.
Peralá. Quer dizer que se o STF disser que não é necessário diploma para exercer o jornalismo no Brasil (não vou nem citar aqui os países em que essa exigência não existe) vamos voltar ao período das trevas, da censura, do arbítrio, da violência, da tortura, do assassinato, da cassação de políticos, da falta de liberdade de expressão etc?... Não é forçar demais a barra?
Mas, prossegue o folder [o grifo agora é meu]: Desta vez, direcionado contra o seu direito de receber informação qualificada, apurada por profissionais capacitados para exercer o Jornalismo, com formação teórica, técnica e ética.
Onde é que nós estamos (ou a Fenaj afirma que estamos) recebendo “informação qualificada, apurada por profissionais capacitados para exercer o Jornalismo, com formação teórica, técnica e ética”? Qual é o veículo em que isso está acontecendo?
Porque as grandes redes de TV, jornal, as revistas, a tal mídia corporativa, enfim, há muito que não produz (ou produz muito pouco) algo que se possa chamar de Jornalismo, com jota maiúsculo.
Não tenho nada contra a exigência ou não de diploma (embora a exigência me pareça apenas uma questão corporativista somada aos interesses dos donos de faculdades de Jornalismo), mas não é o diploma de jornalismo que faz um jornalista. Nem é a defesa desse diploma que qualifica uma associação de classe.
Onde estão os jornalistas quando os repórteres são obrigados a mentir, falsificar, manipular? Onde estão os jornalistas de uma Veja (provavelmente todos com diploma), por exemplo, que permitem que nossa maior revista semanal tenha se transformado no lixo informativo que é hoje?
Onde eles estão quando permitem que esta mesma Veja tenha em seus quadros um jornalista de esgoto, especialista em ofender colegas de profissão, sem que nada seja feito?
Ao sair da Rede Globo o jornalista Rodrigo Vianna (atualmente na Record) afirmou que entrevistas e reportagens em que estivesse envolvido o governador José Serra tinham que passar pelo crivo de Ali Kamel, o diretor-executivo de jornalismo da RGTV, gerando omissões, falsificações, manipulações. Numa hora dessas, de que serve o diploma, se os diplomados entubam e se calam, se os sindicatos sabem do problema e se omitem?
A Fenaj (imagino que os sindicatos do Brasil inteiro também estejam engajados nesta batalha pelo diploma) está perdendo uma grande oportunidade, ao atrelar a qualidade do jornalismo apenas à exigência do diploma. A internet, as rádios comunitárias, a mídia livre, já atropelou esse “jornalismo chapa sindical” há muito tempo.
Mas, eu pelo menos, esperava uma ampliação de horizontes, que essa exigência do diploma viesse acompanhada de um código de ética da profissão, que não permitiria aos alikamels da vez detonarem com o jornalismo plural e informativo – este sim, o verdadeiro jornalismo. Será pedir demais? Ou o negó$$io é só o diproma, e vice-versa?
*Antônio Mello é editor do Blog do Mello http://blogdomello.blogspot.com/
30 março 2009
29 março 2009
O PT e a Comunicação
PT começa a se organizar para I Conferência Nacional de Comunicação
A Comissão Executiva Nacional do PT aprovou nesta terça-feira (24) a criação de um Grupo de Trabalho para organizar a participação de petistas nos debates relativos à I Conferência Nacional de Comunicação, prevista para dezembro deste ano. Leia abaixo a íntegra do documento aprovado na CEN:
Sobre a I Conferência Nacional de Comunicação
Considerando as sucessivas resoluções políticas e iniciativas da Comissão Executiva Nacional do PT em apoio à convocação da I Conferência Nacional de Comunicação, adotadas nos últimos dois anos;
Considerando o anúncio do Presidente Lula, durante o Fórum Social Mundial de Belém, de que será convocada para 2009 a I Conferência Nacional de Comunicação;
Considerando que o Ministério das Comunicações, a Secretaria Geral da Presidência e a Secom estão discutindo no momento as providências para a sua convocação para o mês de dezembro de 2009;
A Comissão Executiva Nacional do PT resolve:
a. constituir um Grupo de Trabalho, composto pela secretarias nacionais de Comunicação, Movimentos Populares, Cultura e Mobilização, além da Fundação Perseu Abramo, para organizar a participação e intervenção dos/as petistas nesta I Conferência;
b. solicitar aos três ministros (Comunicações, SGP e SECOM) nova reunião com a CEN do PT, para dialogar sobre o formato da convocação, conteúdo e processo de preparação da Conferência;
c. consolidar as propostas aprovadas sobre o tema no III Congresso Nacional do PT, na Direção Nacional do PT e na I Conferência Nacional de Comunicação do PT como referência para a organização da militância petista na I Conferência Nacional de Comunicação;
d. realizar uma vídeo-conferência nacional, coordenada pelas Secretarias de Comunicação, Movimentos Populares, Cultura e Mobilização, além da Fundação Perseu Abramo, com o objetivo de mobilizar a base militante do PT em suas várias frentes de ação para a participação dos petistas na I Conferência;
e. estabelecer, até o processo de realização das Conferências Municipais, metas para a aprovação de propostas que possam unificar a intervenção dos/as petistas na I Conferência.
Comissão Executiva Nacional do PT
Brasília, 24 de março de 2009
*Fonte: sítio do PT Nacional
28 março 2009
'O PAC não sofrerá cortes'
Ministra Dilma Rousseff participou de Audiência Pública na AL/RS
Mesmo reconhecendo que a crise é profunda e não tem data marcada para terminar, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (foto), acredita que o Brasil tem condições de sair mais forte do turbilhão financeiro internacional, em função de investimentos estratégicos que vêm sendo mantidos pelo governo federal, especialmente nas áreas da produção e distribuição de energia, pré-sal e obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A ministra participou, nesta sexta-feira (27) em Porto Alegre, da audiência pública "Diagnósticos e Alternativas para enfrentar a Crise no Rio Grande do Sul", promovida pela Assembleia Legislativa. “Estamos com um olho no perigo e outro nas oportunidades”, afirmou para uma platéia composta por empresários, trabalhadores e lideranças políticas.
Ao defender que o combate à crise não passa pela redução de gastos públicos, mas pelo aumento dos investimentos, Dilma arrancou aplausos. “Não se pode vender o ajuste fiscal como se fosse a panacéia para todos os males. É preciso que os governos façam o dever de casa e tratem de promover o crescimento”, apontou.
Durante o encontro, a ministra anunciou que o governo federal trabalha para manter a queda da taxa de juros, reivindicação comum entre empresários e trabalhadores. “O Brasil vai continuar reduzindo as taxas sem comprometer a estabilidade, pois não há hipótese de pressão inflacionária. É uma janela que se abre e que pretendemos aproveitar”, frisou a ministra, garantindo que o governo pretende também atuar para reduzir o spread bancário (diferença entre Selic e as taxas praticadas pelos bancos).
Outra medida que deverá ser adotada pelo governo federal é a exigência de manutenção dos postos de trabalho para obtenção de financiamentos junto a instituições públicas e para concessão de benefícios fiscais. “Isenções tributárias e financiamentos só para quem não demite”, avisou.
Último a entrar, primeiro a sair
Os efeitos da avalanche financeira internacional no Brasil, segundo Dilma, não têm similaridade com o que acontece nos países centrais. Um dos últimos a sentir as consequências da crise que eclodiu nos Estados Unidos no terceiro trimestre de 2007, o País contou com a proteção de um superávit nas reservas externas na ordem de U$S 205 bilhões, um mercado interno em expansão, cujo crescimento no ano passado foi de 9,3%, e com compulsório de R$ 280 bilhões, dos quais R$ 100 bilhões foram injetados no mercado para garantir liquidez. Este quadro favorável evitou, segundo a ministra, que o Brasil tivesse que recorrer e se submeter às regras do Fundo Monetário Internacional ou tivesse que sacar recursos do orçamento para socorrer as empresas. “Antes de 2003, a cada crise o País quebrava, corria para o FMI e tinha que se submeter ao seu receituário – corte de investimentos e do consumo e elevação dos juros - o que só servia para aprofundar a crise. Agora, estamos enfrentando as dificuldades com o aprofundamento de um modelo de desenvolvimento com inclusão social.”
Vacina contra o medo
Além de manter o crédito, fortalecer o mercado interno e de diversificar as parcerias comerciais, buscando a ampliação de mercado na América Latina, Ásia e África, o governo federal tem atuado também no campo das expectativas do mercado. “A crise é resultado da ganância e do medo. E o medo é a forma de transmissão mais grave do vírus da crise, que estamos combatendo com o PAC, ampliação de créditos nas instituições públicas, o Programa Habitacional e com o aumento do salário mínimo”, apontou.
A ministra afirmou também que o Programa de Habitação, lançado pelo governo federal, deverá ter forte incidência na contenção dos efeitos da crise. Com subsídios na ordem de R$ 34 bilhões, o governo federal pretende garantir a construção de um milhão de moradias nos próximos dois anos. A iniciativa contempla famílias que recebem de zero a dez salários mínimos mensais com condições de pagamento compatíveis com a renda. “Além de gerar emprego, estamos tornando a população pobre do Brasil consumidora de bens de consumo duráveis”, avaliou.
Ao reafirmar que o PAC não deverá sofrer cortes, a ministra anunciou que o governo pretende realizar balanços do andamento das obras em todos os estados. No Rio Grande do Sul, o balanço deverá ser feito nas próximas semanas. O governo negocia com as empresas a antecipação da contratação de mão-de-obra, com a implantação de turnos de trabalho na realização das obras, garantindo empregos e acelerando a produção. (...)
*Fonte: jornalista Olga Arnt, do sítio PT/Sul
Luto
Zeca Moraes, ex-secretário do governo Olívio, morre em Porto Alegre
O economista José Luiz Vianna Moraes - o Zeca Moraes, como era mais conhecido no PT, ex-secretário de Desenvolvimento e Assuntos Internacionais do governo Olívio Dutra, foi encontrado morto em seu apartamento na noite desta sexta-feira (27). Conforme informações de familiares, foi vitimado por um infarto. Zeca será sepultado neste sábado, às 18h, no cemitério Jardim da Paz, em Porto Alegre.
Zeca Moraes tinha 51 anos. Era funcionário de carreira do Instituto Riograndense do Arroz (Irga) e trabalhava, atualmente, na Cia de Geração Térmica de Energia Elétrica - CGTEE. Deixa uma filha de sete anos. (com o sítio PT/Sul)
27 março 2009
Serviçais do PiG
PiG (*) indicia PT por causa da Camargo Côrrea
Deu no blog Conversa Afiada, do jornalista Paulo Henrique Amorim:
O Conversa Afiada recebeu o seguinte e-mail de um amigo navegante:
"PH, o portal do UOL foi pescar uma informação sem pé nem cabeça da colunista Renata Lo Prete, do “Painel da Folha”, para envolver o PT nas investigações da Operação Castelo de Areia. Detalhe: em nenhum momento, o UOL colocou chamadas indicando que o PSDB e o DEM são os principais envolvidos no esquema. O Juiz Fausto De Sanctis não faz NENHUMA menção ao Partidos dos Trabalhadores no despacho dele.
Olha a chamada do UOL:
PT pode ser investigado por doações da Camargo Corrêa
Agora, olha a “notícia” do “Painel” que gerou a chamada:
Apesar de a Operação Castelo de Areia, desarticulada ontem pela Polícia Federal, não ter citado o PT como um dos partidos beneficiados com as doações da empreiteira Camargo Corrêa, petistas avaliam que cedo ou tarde entrarão na investigação".
A nota foi publicada nesta quinta-feira o “Painel” da Folha, editado por Renata Lo Prete.
A Folha de S.Paulo entrou na rota suicida da Veja, com o apoio de seus bem pagos serviçais. Cedo ou tarde, esse jornal vai para o buraco.
...
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
1ª CONSEG
CANOAS SEDIA CONFERÊNCIA SOBRE SEGURANÇA PÚBLICA
Iniciou hoje em Canoas a Etapa Metropolitana da 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública - CONSEG. O evento, que teve abertura solene às 10,30 h no Auditório 220, Prédio 1 da Ulbra/Canoas e estende-se até amanhã, contou com a presença do Ministro da Justiça, Tarso Genro (foto), da coordenadora nacional da Conseg, Regina Miki, do prefeito Jairo Jorge, do Deputado Estadual Fabiano Pereira (PT/RS), do Secretário Municipal de Seguranaça Pública e Cidadania de Canoas, Alberto Kopitke, do Secretário Municipal de Segurança Pública de Nova Iguaçú (RJ), Luiz Eduardo Soares, dentre outras autoridades.
Segundo os organizadores, a 1ª CONSEG (que será realizada de 27 a 30 de agosto deste ano, em Brasília/DF) 'é um marco histórico na política nacional, apresentando-se como um valioso instrumento de gestão democrática para o fortalecimento do sistema Único de Segurança Pública (Susp), dentro de um novo paradigma iniciado pelo Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania, o PRONASCI, sendo que importantes decisões serão tomadas, de forma compartilhada, entre a sociedade civil, poder público e trabalhadores da área.'
Amanhã será realizada a Etapa Municipal de Canoas, com a apresentação dos projetos para a área e a eleição do Conselho Municipal de Justiça e Segurança Pública.
26 março 2009
Censura na Net
SOLIDARIEDADE
*Nossa solidariedade ao jornalista Wladimir Ungaretti, professor da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Segundo informa o blog RS Urgente, o mesmo teve seu blog Ponto de Vista censurado: "A Justiça determinou que Ungaretti retirasse do site Ponto de Vista todo conteúdo que pudesse ser considerado ofensivo ao repórter fotográfico Ronaldo Bernardi, do jornal Zero Hora. Na ação que moveu contra Ungaretti, Bernardi reclamou, entre outras coisas, de sua identificação pelo apelido de “Fotonaldo”. A Justiça acolheu em primeira instância o pedido do fotógrafo e Ungaretti resolveu suspender temporariamente as atividades do site que faz uma análise crítica diária do jornal Zero Hora". (...) (Leia mais no blog RS Urgente)
Saúde
Atividade na Câmara Municipal marca Dia Mundial de Luta contra a Tuberculose
Com a presença de representantes do Conselho Municipal da Saúde, autoridades estaduais e municipais, ONGs e de profissionais de saúde, a Câmara de Vereadores de Porto Alegre promoveu na manhã de terça-feira, 24, uma atividade alusiva ao Dia Mundial de Luta contra a Tuberculose, no plenário Ana Terra. O evento foi proposto pelo vereador Adeli Sell, do PT (foto).
A enfermeira Lisiane Acosta, da Equipe de Vigilância das Doenças Transmissíveis da Secretaria Municipal de Saúde, apresentou “O mapa de Porto Alegre e a tuberculose: distribuição espacial e determinantes sociais”, trabalho de mestrado defendido na UFRGS, em 2008. “As altas taxas de incidência da tuberculose na Capital, com média de 100 casos por 100 mil habitantes, nos últimos anos, contrastam com o Índice de Desenvolvimento Humano(IDH) da cidade de 0,865, considerado um índice elevado”, destacou. Ela propôs "o uso desses indicadores para o planejamento de políticas públicas que promovam justiça social".
As ONGs cobraram a falta de quimioprofilaxia na prevenção da tuberculose nos portadores de HIV positivo. Os representantes do Conselho Municipal de Saúde alertaram para a falta de recursos humanos para as ações que devem ser desenvolvidas na cidade e aproveitaram para reclamar que a Prefeitura está gastando muito com contratos temporários de profissionais de saúde.
Compareceram o Dr. Helio Azambuja, representante da Secretaria Estadual da Saúde, e a enfermeira Vânia Micheletti, coordenadora do Programa de Controle da Tuberculose de Porto Alegre e representante da Prefeitura Municipal, que explicaram os programas em andamento e responderam os questionamentos.
A atividade foi considerada positiva pelos participantes, contribuindo para ampliar a discussão e chamando a atenção do poder público e da população para a necessidade de combater a desigualdade social para reduzir os casos de tuberculose. (...)
O que é a tuberculose
Chamada antigamente de peste branca e conhecida como tísica pulmonar ou doença do peito, a tuberculose é uma das doenças infecciosas documentada há muito tempo na história da humanidade.
Apesar de antiga, a tuberculose continua atingindo a sociedade. Os processos de produção e reprodução estão diretamente relacionados ao modo de viver e trabalhar do indivíduo. A doença apresenta sintomas como tosse por mais de 15 dias, febre ao entardecer, suores, falta de apetite, emagrecimento e cansaço fácil.
No ano de 1993, em decorrência do número de casos da doença, a Organização Mundial de Saúde (OMS), decretou estado de emergência global e propôs o Tratamento Diretamente Supervisionado (DOT), uma estratégia para o controle da doença.
Especialistas explicam que, a tuberculose se dissemina através de gotículas no ar que são expelidas quando pessoas com tuberculose infecciosa tossem, espirram ou falam. Contatos prolongados são alto risco de infecção.
A probabilidade de transmissão depende do grau de infecção da pessoa com tuberculose e da quantidade expelida, forma e duração da exposição ao bacilo e a virulência. A cadeia de transmissão pode ser interrompida isolando-se pacientes com a doença ativa e iniciando-se uma terapia antituberculose eficaz.
A tuberculose afeta principalmente os pulmões. A tuberculose pulmonar também pode evoluir a partir de uma tuberculose extrapulmonar.
Fonte: Gabinete ver. Adeli Sell e Assembleia Legislativa do RS
Mal na foto II
Fogaça recebe nota 5,8
Apesar do esforço da mídia amiga (do PRBS*, principalmente) que agora, e isso parece ser definitivo, rifou Yeda Crusius (PSDB) e assumiu de vez a candidatura de José Fogaça (PMDB) para o governo do Estado no ano vindouro, o prefeito da capital gaúcha (na foto com a governadora) e seu governo não estão lá essas coisas na avaliação dos eleitores: Fogaça aparece com modestos 5,8 pontos na recente pesquisa realizada pelo Datafolha, empatado com os prefeitos de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM) e de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), todos também com 5,8.
De acordo com esse resultado, Fogaça e aliados não tem muito o que comemorar...
*PRBS: Partido da RBS
25 março 2009
Mal na foto
Em último lugar...
Yeda Crusius é a governadora com a pior avaliação, segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta-feira. A governadora do Rio Grande do Sul é a mais mal avaliada, com nota 4,3 no ranking de dez governadores que é liderado pelo governador de Minas, Aécio Neves.
A pesquisa foi feita entre 16 e 19 de março, junto com o levantamento das intenções de voto para governador na eleição de 2010.
José Serra, provável candidato do PSDB a presidente, está em quinto lugar, com 6,6. Há um ano e quatro meses, Serra era o terceiro colocado, com nota 6,5.
Veja o ranking:
1º - Aécio Neves (PSDB) - Minas Gerais - 7,6
2º - Eduardo Campos (PSB) - Pernambuco - 7,0
3º - Cid Gomes (PSB) - Ceará - 6,9
4º - Roberto Requião (PMDB) - Paraná - 6,6
5º - José Serra (PSDB) - São Paulo - 6,6
6º - José Roberto Arruda (DEM) - Distrito Federal - 6,4
7º - Jaques Wagner (PT) - Bahia - 6,4
8º - Luiz Henrique da Silveira (PMDB) - Santa Catarina - 6,3
9º - Sérgio Cabral (PMDB) - Rio de Janeiro - 6,0
10º -Yeda Crusius (PSDB) - Rio Grande do Sul - 4,3
*Fonte: sítio do PT/RS
24 março 2009
'Republicanização'
Fontana diz que Lula afastou "traças" que corroeram patrimônio público
O líder do Governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS), rebateu ontem as críticas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em matéria divulgada ontem pela Agência Estado, FHC disse que Lula "precisa parar de passar a mão na cabeça de quem faz coisa errada". "Estamos sofrendo uma ''cupinização'' do Estado brasileiro", emendou o ex-presidente.
Para Henrique Fontana (foto acima), Lula está fazendo é uma "republicanização" do Estado brasileiro. "Está afastando as traças que corroeram o patrimônio público e a economia brasileira com privatizações e desregulamentação do mercado. O que vemos hoje, diante da crise mundial, é um Brasil de pé e não um País subjugado e dependente do cassino financeiro internacional", disse.
Fase mais difícil da crise já passou, diz Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que a fase mais difícil de reflexos da crise no Brasil já passou. "Acho que o período mais difícil já tivemos em outubro, novembro, dezembro", disse. Para Lula, a crise financeira internacional não deve ser enfrentada com contenção de despesas ou ajuste fiscal, mas com investimentos. "Essa não é uma crise de fazer contenção de despesas, ajuste fiscal, temos que fazer mais investimentos, projetos de infra-estrutura que gerem empregos", disse. O presidente discursou na inauguração de nova unidade produtora da Sadia no Nordeste, localizada no município de Vitória de Santo Antão (PE), a 50 quilômetros de Recife. (Com a Agência Informes)
Meio Ambiente II
'Porto Alegre e seus Navios Fantasmas'
O vereador Adeli Sell (PT) enviou há 30 dias um Pedido de Informações para a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, Superintendência de Portos e Hidrovias e Marinha, solicitando solução para os vários navios fantasmas que há anos estão ancorados no Cais do Porto, causando problemas ambientais, colocando em risco a saúde pública, pela proliferação de mosquitos e outros insetos, como confrontando a estética da cidade. Para Adeli "é um absurdo este caso no momento em que se faz campanha para evitar a dengue e a febre amarela termos águas estagnadas em navios na entrada da capital e queremos ter uma Copa de 2014 com aqueles espantalhos, confrontando a estética da cidade". O vereador petista diz que está estudando com sua assessoria jurídica uma ação através do Ministério Público, pois o caso envolve várias áreas como saúde, meio ambiente, patrimônio e várias esferas do governo municipal. (...) (Com a Assessoria de Imprensa do Gabinete).
*Foto: Rodney Jr
23 março 2009
Espionagem no RS
Bohn Gass: "Lied cometeu crimes e deve ser afastado"
Além de ferir o Código de Ética do Serviço Público, editado pelo Executivo em 2008 (em plena crise do Detran), o chefe de gabinete da governadora Yeda Crusius, Ricardo Lied, cometeu dois crimes previstos no Código Penal: Violação do Sigilo Funcional e Advocacia Administrativa. A avaliação é do líder da bancada do PT na Assembleia Legislativa, Elvino Bohn Gass (foto). Para o petista, isso ficou provado com a divulgação do conteúdo das escutas telefônicas em que Lied confessa estar em poder da ficha do ex-deputado Luiz Fernando Schmidt.
O líder da bancada do PT na Assembleia Legislativa considera que as gravações contidas no CD entregue pelo ex-ouvidor da Secretaria de Segurança Pública, Adão Paiani, e divulgadas pela rádio Gaúcha nesta segunda-feira (23) pela manhã, tornam insustentável a situação do chefe de gabinete da governadora Yeda Crusius, Ricardo Lied. Para Bohn Gass, não há como justificar a permanência no serviço público de alguém flagrado utilizando ilegalmente o aparato do Estado para espionar adversários políticos e para manobrar pela substituição de um comandante da Brigada Militar sem razão funcional legítima.
O petista se refere ao diálogo entre Lied e seu primo Márcio Klaus, ex-presidente da Câmara de Vereadores de Lajeado, preso em 2008 por crime eleitoral. Na conversa, Klaus pede a "ficha" do ex-deputado Luís Fernando Schmidt, na época candidato à prefeitura pelo PT. "A gravação é perfeitamente audível. Lied diz que está com a ficha na mão. Estamos diante de um flagrante de um crime cometido por uma pessoa de confiança da governadora. Não há o que justifique a permanência deste cidadão na máquina pública", enfatiza. O outro caso apontado por Bohn Gass diz respeito à transferência do comandante da Brigada Militar na região de Lajeado, Coronel Scussel, cuja manobra política foi devidamente coibida pela Justiça. "As gravações reveladas hoje também provam que a ação judicial que determinou o retorno do coronel ao cargo foi acertada".
Os artigos 321 e 325 do Código Penal tratam dos crimes mencionados por Bohn Gass. O 321, a Advocacia Administrativa, consiste em patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado valendo-se da qualidade de funcionário. O 325, Violação do Sigilo Funcional, consiste em revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo ou facilitar-lhe a revelação. "É nítido o cometimento destes dois crimes, mas o senhor Lied ainda rasgou o Código de Ética que a governadora Yeda lançou no ano passado em plena crise do Detran". Bohn Gass se refere ao Decreto 45.746 de 14 de julho do ano passado que diz que "é vedado ao servidor público exercer cargo ou função para obter favorecimento para si ou para outrem, bem como para prejudicar ou perseguir outro servidor ou terceiros e fazer uso de informações privilegiadas ou recobertas de sigilo, em favor de si próprio, parentes, amigos ou quaisquer terceiros." (Por Olga Arnt, do sítio PTSul)
22 março 2009
21 março 2009
Nova pesquisa
Datafolha altera universo de pesquisa e avaliação do governo permanece alta
Mesmo com os efeitos da crise atingindo o Brasil, o governo do presidente Lula (PT) continua mantendo altos índices de aprovação. Pesquisa Datafolha divulgada na sexta-feira (20), mostra que 65% consideram o governo ótimo ou bom, contra apenas 8% que o vêem como ruim ou péssimo. Para 27%, o governo é regular.
A pesquisa traz um diferencial importante em relação às avaliações anteriores do mesmo Datafolha: nesta rodada, foram entrevistadas 11.204 pessoas, três vezes mais do que a média do instituto nos três levantamentos realizados em 2008. Também chama a atenção o peso dado agora à Região Sul, que responde por 27% dos entrevistados. Nas edições anteriores (março, setembro e novembro de 2008), eles eram, respectivamente, 9%, 15% e 11%.
Além disso, o peso do Nordeste desta vez ficou igual ao do Sul: 28%. Nas três edições de 2008, tinha mais ou menos ou o dobro: 18%, 28% e 20%. Com o universo bastante ampliado e a proporcionalidade regional alterada, os números registraram pequena modificação em relação à pesquisa de novembro de 2008, quando foram ouvidas 3.486 pessoas. Assim, diminuiu o percentual de ótimo e bom (70% para 65%), aumentou o de regular (23% para 27%) e ficou praticamente estável o de ruim e péssimo (de 7% para 8%), considerando-se a margem de erro de dois pontos percentuais.
A nota média atribuída ao desempenho do presidente Lula quase não sofreu variação. Era de 7,6 em novembro e está em 7,4 agora. (Com a Agência Informes)
Meio ambiente
Canoas e Sapucaia se unem ao esforço para reabilitar o Rio dos Sinos
Marcado pela mortandade de 87 toneladas de peixes há dois anos, o Rio dos Sinos ganhou uma carga a mais de oxigênio ontem (20) pela manhã. Os municípios de Canoas e Sapucaia do Sul aderiram formalmente ao Consórcio Público de Saneamento Básico da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos, o Pró-Sinos, uma resposta de um grupo de cidades da região ao desastre ambiental que chocou o País em 2006. Com isso, o sonho de reabilitação de um dos mais importantes mananciais gaúchos ganha novo alento. “Canoas e Sapucaia estavam de costas e, agora, voltaram-se para o rio. A contribuição destes dois municípios será fundamental para aumentar a capacidade de atração de novos investimentos e para as necessárias ações articuladas para a reabilitação do Sinos”, comemorou o deputado Ronaldo Zulke (PT), um dos idealizados do consórcio.
A assinatura do contrato aconteceu no ancoradouro do Instituto Martin Pescador em São Leopoldo. O prefeito de Canoas Jairo Jorge e o vice-prefeito de Sapucaia do Sul Ibanor Catto deslocaram-se até a cidade vizinha não pela movimentada BR-116, mas pelo rio dos Sinos a bordo do barco do Instituto. Acompanhados por vereadores, integrantes de organizações da sociedade civil dos dois municípios e pelo deputado Ronaldo Zulke, zarparam do Parque Pesqueiro em Sapucaia e subiram o Sinos em direção a São Leopoldo, passando pelo exato local em que o Martin Pescador avistou, em outubro de 2006, o primeiro lençol de peixes mortos.
Agora, o Pró-Sinos conta com a participação de 21 das 32 cidades que integram a bacia do Sinos. Com isso, o primeiro consórcio de saneamento ambiental do Brasil passa também a gozar da condição de ser uma das maiores autarquias do gênero no Brasil. “O Pró-Sinos ganhou força, consolidando-se como consórcio e como canal de reivindicação dos municípios da região nas questões ambientais. O desafio que temos pela frente é o de buscar todas as cidades que ainda não se uniram ao esforço para recuperar o rio”, frisou o diretor do consórcio, Luiz Antônio Castro.
Reencontro
Para o prefeito de Canoas, o dia teve um significado especial: “o deslocamento pelo rio para aderir ao Pró-Sinos simboliza o reencontro das duas cidades com um patrimônio natural que deve ser preservado e o compromisso de uma nova geração de governantes com o meio ambiente.”
Castigado pelo lançamento de metais pesados em suas águas, e pela carga orgânica produzida pelas cidades, o rio dos Sinos começa agora a ser compensado com as primeiras ações concretas para a alteração deste quadro. Com a ajuda da União, três projetos de caráter regional, capitaneados pelo Pró-Sinos, já estão em andamento: educação ambiental, manejo de resíduos sólidos e o plano de bacias. “É o vento da mudança de mentalidade que começou a soprar em nossa região. Sem isso, não há como enfrentar o enorme desafio de tratar o esgoto antes de lançá-lo nas águas do rio. A adesão de Canoas e Sapucaia representa um avanço significativo neste sentido, já que muito pouco poderá ser feito sem a participação, senão de todas, pelo menos da maioria das cidades que integram a bacia do Sinos”, afirmou o vice-presidente do Pró-Sinos, prefeito de Novo Hamburgo Tarcísio Zimmermann. (Por Olga Arnt, do sítio PTSul)
20 março 2009
'Gilmar Mendes, o censor'
Carta aberta aos jornalistas do Brasil
*Por Leandro Fortes
No dia 11 de março de 2009, fui convidado pelo jornalista Paulo José Cunha, da TV Câmara, para participar do programa intitulado Comitê de Imprensa, um espaço reconhecidamente plural de discussão da imprensa dentro do Congresso Nacional. A meu lado estava, também convidado, o jornalista Jailton de Carvalho, da sucursal de Brasília de O Globo. O tema do programa, naquele dia, era a reportagem da revista Veja, do fim de semana anterior, com as supostas e “aterradoras” revelações contidas no notebook apreendido pela Polícia Federal na casa do delegado Protógenes Queiroz, referentes à Operação Satiagraha. Eu, assim como Jailton, já havia participado outras vezes do Comitê de Imprensa, sempre a convite, para tratar de assuntos os mais diversos relativos ao comportamento e à rotina da imprensa em Brasília. Vale dizer que Jailton e eu somos repórteres veteranos na cobertura de assuntos de Polícia Federal, em todo o país. Razão pela qual, inclusive, o jornalista Paulo José Cunha nos convidou a participar do programa.
Nesta carta, contudo, falo somente por mim.
Durante a gravação, aliás, em ambiente muito bem humorado e de absoluta liberdade de expressão, como cabe a um encontro entre velhos amigos jornalistas, discutimos abertamente questões relativas à Operação Satiagraha, à CPI das Escutas Telefônicas Ilegais, às ações contra Protógenes Queiroz e, é claro, ao grampo telefônico – de áudio nunca revelado – envolvendo o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres, do DEM de Goiás. Em particular, discordei da tese de contaminação da Satiagraha por conta da participação de agentes da Abin e citei o fato de estar sendo processado por Gilmar Mendes por ter denunciado, nas páginas da revista CartaCapital, os muitos negócios nebulosos que envolvem o Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), de propriedade do ministro, farto de contratos sem licitação firmados com órgãos públicos e construído com recursos do Banco do Brasil sobre um terreno comprado ao governo do Distrito Federal, à época do governador Joaquim Roriz, com 80% de desconto.
Terminada a gravação, o programa foi colocado no ar, dentro de uma grade de programação pré-agendada, ao mesmo tempo em que foi disponibilizado na internet, na página eletrônica da TV Câmara. Lá, qualquer cidadão pode acessar e ver os debates, como cabe a um serviço público e democrático ligado ao Parlamento brasileiro. O debate daquele dia, realmente, rendeu audiência, tanto que acabou sendo reproduzido em muitos sites da blogosfera.
Qual foi minha surpresa ao ser informado por alguns colegas, na quarta-feira passada, dia 18 de março, exatamente quando completei 43 anos (23 dos quais dedicados ao jornalismo), que o link para o programa havia sido retirado da internet, sem que me fosse dada nenhuma explicação. Aliás, nem a mim, nem aos contribuintes e cidadãos brasileiros. Apurar o evento, contudo, não foi muito difícil: irritado com o teor do programa, o ministro Gilmar Mendes telefonou ao presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, do PMDB de São Paulo, e pediu a retirada do conteúdo da página da internet e a suspensão da veiculação na grade da TV Câmara. O pedido de Mendes foi prontamente atendido.
Sem levar em conta o ridículo da situação (o programa já havia sido veiculado seis vezes pela TV Câmara, além de visto e baixado por milhares de internautas), esse episódio revela um estado de coisas que transcende, a meu ver, a discussão pura e simples dos limites de atuação do ministro Gilmar Mendes. Diante desta submissão inexplicável do presidente da Câmara dos Deputados e, por extensão, do Poder Legislativo, às vontades do presidente do STF, cabe a todos nós, jornalistas, refletir sobre os nossos próprios limites. Na semana passada, diante de um questionamento feito por um jornalista do Acre sobre a posição contrária do ministro em relação ao MST, Mendes voltou-se furioso para o repórter e disparou: “Tome cuidado ao fazer esse tipo de pergunta”. Como assim? Que perguntas podem ser feitas ao ministro Gilmar Mendes? Até onde, nós, jornalistas, vamos deixar essa situação chegar sem nos pronunciarmos, em termos coletivos, sobre esse crescente cerco às liberdades individuais e de imprensa patrocinados pelo chefe do Poder Judiciário? Onde estão a Fenaj, e ABI e os sindicatos?
Apelo, portanto, que as entidades de classe dos jornalistas, em todo o país, tomem uma posição clara sobre essa situação e, como primeiro movimento, cobrem da Câmara dos Deputados e da TV Câmara uma satisfação sobre esse inusitado ato de censura que fere os direitos de expressão de jornalistas e, tão grave quanto, de acesso a informação pública, por parte dos cidadãos. As eventuais disputas editoriais, acirradas aqui e ali, entre os veículos de comunicação brasileiros não pode servir de obstáculo para a exposição pública de nossa indignação conjunta contra essa atitude execrável levada a cabo dentro do Congresso Nacional, com a aquiescência do presidente da Câmara dos Deputados e da diretoria da TV Câmara que, acredito, seja formada por jornalistas.
Sem mais, faço valer aqui minha posição de total defesa do direito de informar e ser informado sem a ingerência de forças do obscurantismo político brasileiro, apoiadas por quem deveria, por dever de ofício, nos defender.
Leandro Fortes
Jornalista
Brasília, 19 de março de 2009
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**Para ler mais, clique no sítio da Carta Capital, que diz: "Gilmar Mendes, o censor". Veja também, na TV Viomundo, o programa que Gilmar Mendes não quer que você veja.
***Fonte: Sítio Vi o Mundo: http://www.viomundo.com.br/
19 março 2009
'Não tenho medo da morte, só da desonra'
Delegado Protógenes diz que faria tudo de novo, com mais agentes
Apesar do desgaste que sofreu desde o anúncio da Operação Satiagraha, com seu afastamento do comando das investigações e indiciamento pelos crimes de violação de sigilo funcional e interceptação de comunicações telefônicas sem autorização judicial, o delegado Protógenes Queiroz disse que não se arrepende do que fez e "faria tudo de novo, só que com um plus". "Com mais esforço do que fiz e com maior número de policiais e agentes da Abin, que muito dignificaram o trabalho da Satiagraha e que se colocaram à disposição 24 horas por dia", afirmou, em entrevista ao portal de notícias UOL.
O delegado teria utilizado 300 agentes federais no dia da deflagração da operação, em 8 de julho. Segundo ele, durante as investigações, apenas quatro atuaram e por isso foi necessário utilizar 84 homens da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A operação custou R$ 400 mil.
Ele defendeu que os policiais federais tenham as mesmas prerrogativas de juízes, promotores e procuradores do Ministério Público (MP). Hoje, os policiais federais não têm direito à inamovibilidade, que proíbe que juízes, promotores e procuradores sejam transferidos contra sua vontade, nem a vitaliciedade, pela qual a perda de um cargo só pode ocorrer por meio de sentença judicial. "Há um desequilíbrio. Tanto a magistratura quanto o MP têm prerrogativas que a PF não tem", disse. Segundo ele, é preciso que haja mudança na legislação para que os policiais federais passem a ter as mesmas prerrogativas.
Na avaliação do delegado, é impossível fazer operações com o objetivo de combater o crime organizado sem realizar escutas telefônicas. "Há necessidade de utilizar esse instrumento. Sem ele, é impossível combater o crime organizado no mundo", afirmou. Protógenes disse concordar com a necessidade de haver autorização judicial e fiscalização do Ministério Público para grampear linhas telefônicas. "Não complica o trabalho da polícia. Pelo contrário, nos auxilia", opinou.
O delegado ressaltou também ser necessário aumentar o prazo das escutas telefônicas. "É o adequado e necessário para identificar todas as ramificações de uma organização criminosa", disse. O ideal, na avaliação dele, seria um mínimo de 12 meses e um máximo de 24 meses. Atualmente, o máximo é de 60 dias. Ele voltou a dizer que todas as escutas que realizou durante a Operação Satiagraha foram autorizadas pela Justiça e que auditorias realizadas pela Polícia Federal não encontraram interceptações ilegais. "Nada foi encontrado", reiterou.
CPI dos Grampos
Protógenes disse que ainda não recebeu notificação formal para depor na CPI dos Grampos no dia 1º de abril e afirmou que somente dará "nome aos bois" se os parlamentares apresentarem documentos que comprovem que a investigação coordenada pelo delegado Amaro Vieira Ferreira, da Corregedoria da PF, já não corre mais sob segredo de Justiça. "Eu não tive acesso aos dados disponibilizados à CPI, mas quando tiver acesso, evidentemente, se o sigilo estiver levantado, vou poder esclarecer tudo. Item por item", afirmou.
Sobre os rumores de que poderá sair preso após depor à CPI, ele afirmou estar preparado para tudo e disse não ver motivação para isso. Na avaliação dele, os deputados da comissão têm "posicionamentos equilibrados" e não será necessário ingressar com habeas-corpus preventivo para evitar a prisão. "Não há necessidade, se porventura não houver indício concreto de que vai ocorrer. Se ocorrer, o STF está aí disponível para socorrer. Acredito que não vai haver necessidade. E o povo brasileiro vai estar acompanhando", afirmou.
Carreira política
O delegado disse que não tem interesse em seguir carreira política, mas ponderou que "não pode desprezar toda essa vontade popular". Segundo ele, há grupos no Rio e em São Paulo interessados na possibilidade de que ele dispute algum cargo eletivo. "Para falar a verdade, eu não tenho simpatia para ser político não, e sim para ser delegado de polícia. Mas não posso desprezar toda essa vontade popular. Tenho de considerar com muito respeito e carinho", afirmou.
O delegado disse que nunca afirmou que agia em nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas que a investigação tinha o interesse do Gabinete de Segurança Institucional, órgão que faz parte da Presidência.
Protógenes disse não temer por sua segurança, mas pela de sua família. Ele citou a frase dita pelo vice-presidente José Alencar ao deixar o Hospital Sírio-Libanês, 27 dias após passar por uma cirurgia de 18 horas, para a retirada de tumores no abdome: "Eu sou um ser que acredita muito em Deus, sou católico e rezo e oro todos os dias pela minha saúde, de meus familiares e do povo brasileiro. Não temo nada, só temo a Deus, e utilizo sempre a frase lapidada pelo vice-presidente: 'Não tenho medo da morte, só da desonra'." (Com o Portal de Notícias Uol e Agência Estado)
18 março 2009
Anistia
'Flávio Koutzii é anistiado pela União'
O companheiro lutador Flávio Koutzii (foto) foi, finalmente, anistiado pela União, conforme noticiado no dia de hoje: "Militante da luta contra a ditadura no Brasil e na Argentina, onde foi preso e torturado, o ex-deputado estadual Flavio Koutzii (PT), 65 anos, teve a anistia política reconhecida pela União e receberá uma pensão mensal de R$ 2 mil.
De acordo com ato do ministro da Justiça, Tarso Genro, publicado no Diário da União, Koutzii receberá R$ 176.033,33 referentes ao pagamento da pensão retroativo a 2001, e o direito de validar no MEC o diploma de mestre em Sociologia na École des Hautes Etudes en Sciences Sociales, de Paris.
Nos anos de 1960, quando estudava Economia na UFRGS, Koutzii participou da fundação do Partido Operário Comunista (POC). Perseguido pela ditadura militar, deixou o país em 1970. Passou pelo Chile e pela França até estabelecer-se na Argentina, onde ficou até 1979, após cumprir quatro anos de prisão. A volta definitiva ao Brasil só ocorreria em 1984, depois de nova passagem pela França." (Jornal ZH)
***
A seguir, após realizar uma 'busca no baú', o blog divulga a íntegra do histórico depoimento concedido pelo companheiro Flávio Koutzii ao Portal da Fundação Perseu Abramo, em 28/08/1999:
Depoimento de Flávio Koutzii*
A anistia foi resultado de uma ampla mobilização da sociedade brasileira pelo redemocratização do país, que se expressava na retomada da luta sindical simbolizada nas greves do ABC, a resistência dos intelectuais, a agitação estudantil e, especificamente, o trabalho dos comitês pela anistia, os CBAs. No meu caso específico, a "anistia" ocorreu cerca de um mês e meio antes, em junho de 1979, quando fui libertado dos cárceres argentinos após quatro anos de prisão.
Naquele momento, éramos três brasileiros – e gaúchos - presos em países vizinhos, com a incrível coincidência de termos o mesmo nome. Eu fora detido em 1975, na Argentina, onde estava exilado. O jornalista Flávio Tavares e a jovem Flávia Schilling haviam sido presos pela ditadura uruguaia. Houve uma intensa campanha dos comitês brasileiros pela anistia em favor da nossa libertação, com repercussões no exterior, que certamente pressionou os governos argentino e uruguaio a nos libertar.
Saí do Brasil em 1970, quando a atividade dos grupos políticos de esquerda se tornou cada vez mais precária pelo recrudescimento da repressão desde a edição do AI-5. Passei pelo Chile, onde acompanhei a primeira fase do Governo de Allende, e me transferi para a Argentina, onde retomei minha militância. Fui seqüestrado e, depois, formalmente processado e preso por atividades políticas um pouco antes do Golpe Militar do general Videla.
Posso dizer que o trabalho constante, intenso e sistemático dos comitês pela anistia e dos meus familiares não apenas encurtou minha permanência nas prisões como também pode ter salvo a minha vida. A ditadura Videla foi uma das mais sanguinárias das que assolaram a América latina nos anos 60 e 70, sendo responsável por mais de 300 assassinatos reconhecidos e pelo desaparecimento de 30 mil pessoas. Portanto, a insegurança era permanente, inclusive dentro das prisões.
A campanha dos comitês que produziam noticiários sobre a minha situação de brasileiro preso na Argentina, as repercussões das visitas da Cruz Vermelha e entidades e diplomatas significava uma denúncia permanente da ditadura Videla, fazendo com que minha presença eu me tornasse um incômodo para o governo militar. Eu estava condenado a seis anos e meio de prisão e acabei, fruto deste campanha, sendo indultado pelos militares. Como não podia retornar ao Brasil, fui para a França como refugiado político, sob a proteção das Nações Unidas. Só estive no Brasil em dezembro, para rever familiares e agradecer pessoalmente as entidades e pessoas que lutaram pela minha libertação.
Decidi permanecer na França para terminar o curso de sociologia e trabalhar psiquicamente minha experiência nas prisões argentinas que funcionavam para aniquilar o ser humano, quebrar suas referências e destruir suas vontades. Relatei esta experiência na tese que defendi na França e que, quando retornei definitivamente ao Brasil, em 1984, foi transformada no livro "Pedaços de Morte no Coração". No final das contas, entre o Chile, a Argentina e a França, foram 14 anos longe do Brasil, de Porto Alegre, da minha cidade, dos familiares, dos amigos. Quem viveu a impossibilidade de estar sabe exatamente a importância, o valor e a alegria de retornar.
...
*Flávio Koutzii foi ex-preso político brasileiro na Argentina, durante 4 anos. Foi vereador e deputado estadual pelo PT/Rs; foi também Chefe da Casa Civil do RS no Governo Olívio Dutra. Atualmente é assessor especial da Presidência do TJ/RS.
El Salvador
Triunfo Popular em El Salvador
A bancada do PT na Câmara dos Deputados divulgou, ontem, nota saudando a vitória do jornalista Mauricio Funes (foto) nas eleições presidenciais em El Salvador. Leia a seguir:
A Bancada do PT na Câmara dos Deputados saúda o triunfo popular obtido por Mauricio Funes e pela heróica Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional nas eleições presidenciais de domingo último na República de El Salvador.
A vitória de Mauricio Funes e da FFMLN é fruto de um heróico esforço do povo de El Salvador, que suportou os sacrifícios de uma guerra civil cruel e prolongada que terminou em acordos de paz que asseguraram importantes avanços democráticos.
Agora com o triunfo de Mauricio Funes e da FFMLN abrem-se perspectivas de ampliação das conquistas democráticas e de adoção de políticas que busquem o desenvolvimento econômico com distribuição de renda e justiça social.
Esta vitória das forças democráticas e progressistas em um pequeno país da América Central, habitado por um povo que jamais fugiu à luta, é muito importante para toda América Latina.
*Fonte: Agência Informes
17 março 2009
Lula e Obama
Imprensa internacional destaca reunião de Lula e Obama
Os principais diários, agências de notícias e telejornais do mundo, ao contrário da mídia brasileira, dedicaram boa parte de suas editorias políticas ao encontro dos presidentes Lula e Barack Obama ocorrido no sábado (14) em Nova York. Confira abaixo os destaques dos principais jornais internacionais.
Clarin - O diário da Argentina afirma que o presidente Lula pediu a Barack Obama uma aproximação com Cuba, Venezuela e Bolívia e a construção de uma nova relação de "confiança e não-ingerência" entre Washington e a América Latina.
El País - O periódico da Espanha destaca que Lula e Obama impulsionam um novo modelo de relações com o continente americano. "Nasce a aliança Obama-Lula", diz o título da reportagem, que aponta para a "necessidade de encontrar na reunião do G-20 uma resposta conjunta e decisiva para a crise econômica", opinião compartilhada pelos dois presidentes. O jornal espanhol de domingo foi além e, na reportagem "Nasce a aliança Obama-Lula", saudou do encontro o "novo modelo de relações no continente americano".
La Nación - O jornal argentino destaca a informalidade da coletiva, ao apontar que "o Salão Oval se encheu do calor brasileiro". "O certo é que Obama tratou de dar calor e um toque de informalidade ao corolário do encontro com seu par brasileiro."
The New York Times - O diário diz que Lula pressionou o presidente dos EUA a diminuir as tarifas que deixam os "biocombustíveis do Brasil fora do mercado norte-americano". Segundo a coluna 'Toda Mídia', da Folha, o New York Times noticiou o encontro, mas abrindo o texto pela resposta de Obama ao questionamento chinês dos títulos do Tesouro. Sobre o Brasil, destacou de Obama o "maravilhoso encontro de mentes".
Washington Post - Tratou da reunião na capa, mas um dia antes e sublinhando a disputa por Sean. Depois, publicou longa reportagem sobre as relações diplomáticas, com o secretário-assistente de Estado para a região, Thomas Shannon, descrevendo o Brasil como um país "à beira da grandeza" -e como "o tipo de parceiro que nós queremos".
Valor - Destaca pesquisa inédita sobre a imagem do Brasil no Congresso americano encomendada pela Fiesp a um escritório de lobby nos EUA e diz que uma das conclusões é que, ao contrário do que se poderia imaginar, deputados e senadores americanos evitam colocar no mesmo balaio Brasil, Argentina e Venezuela. O governo brasileiro não recebe dos parlamentares dos EUA rótulos como "esquerdista" ou "antiamericano". E o temor que o presidente Lula inspirou quando ganhou as eleições em 2002 é passado. Hoje, o ex-líder sindical é visto com simpatia pela nova legislatura, de maioria democrata. (Com a Agência Informes)
16 março 2009
À deriva...
Crítica & Autocrítica – nº 53
* Depois de duas tentativas frustradas, a base governista da governadora Yeda Crusius na AL conseguiu manter o veto ao projeto de lei que abonava os dias parados por professores e policiais em função de reivindicações salariais em 2008. Segundo o líder da bancada do PT, deputado Elvino Bohn Gass “a governadora decretou a pena de morte dos trabalhadores e transformou deputados de sua própria base em carrascos. Ao apertar o botão pela manutenção do veto, estes parlamentares mexeram nos míseros contracheques de professores e policiais. Será que o governo Yeda merece todo este sacrifício?”
...
* Por falar na governadora Yeda Crusius (PSDB), a onda de escândalos no seu governo parece não ter fim. Fomos surpreendidos com mais uma gravíssima denúncia, realizada agora pelo ex-ouvidor da Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, advogado Adão Paiani, filiado ao PSDB, sobre o uso ilegal do sistema Guardião, que estaria sendo a utilizado pela secretaria de Segurança do RS para realizar escutas telefônicas autorizadas judicialmente, mas que estariam servindo para pressionar e chantagear políticos no Estado.
...
* Não é exagero: tudo indica que o governo Yeda está muito próximo da fase terminal. O descontrole é total, a começar pela governadora, em ações e declarações - em todos os sentidos. Seu (des)governo sangra dia-a-dia, cada vez com maior intensidade. É já quase um ‘zumbi’ político, apesar da blindagem da ‘mídia amiga’. Um barco à deriva...
...
* Mas, para essa nova denúncia de arapongagem via grampos telefônicos (denúncia essa que não saiu da ‘oposição, mas de um membro do governo tucano e correligionário seu), certamente a revista Veja não dará capa, assim como também a Rede Globo não dará maior destaque. Mídia atenta e imparcial é isso aí... A propósito, onde andam mesmo aqueles que acusam o governo federal de ‘policialesco'? Onde estão aqueles que acusam ensandecidamente a Polícia Federal e querem a cabeça do delegado Protógenes? E os nossos sempre atentos blogueiros terrunhos, onde andam, mesmo?
...
* Foi também, no mínimo, muito frágil e estranho o posicionamento da direção da OAB gaúcha em relação às denúncias do ex-procurador. Se a moda pega...
...
* O tesoureiro nacional do PT, companheiro Paulo Ferreira, foi homenageado por ocasião do transcurso de seu aniversário, na semana passada, com uma grande festa realizada no Sava Clube (beira do Guaíba), no bairro Ipanema, em Porto Alegre. Presentes muitos amigos, familiares e correligionários políticos, vereadores, deputados. Este colunista foi convidado e também esteve lá para cumprimentar o companheiro Ferreira que, para quem não sabe, é também conterrâneo santiaguense.
...
* Mas, sem dúvida, todos os holofotes estavam voltados para um convidado especial: o ex-ministro José Dirceu, que fazia alguns anos não visitava o Rio Grande do Sul. (...) Indagado sobre seu futuro político, Zé Dirceu falou: "Não estou preparando meu retorno (ao Congresso). Quero que o Supremo Federal me julgue. Já fui absolvido na primeira instância e em todos os inquéritos fui inocentado. Espero ser julgado até 2011. Depois disso, vou pleitear anistia na Câmara e no Senado". (...)
...
* A decisão tomada na semana passada pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), de baixar em 1,5 ponto percentual a taxa Selic foi saudada pelo líder do Governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS), que a considerou "muito boa": "É importante lembrar que o Brasil, diante da crise financeira global, tem opções como essa de reduzir os juros para alavancar a economia".
...
* Fontana ressaltou que a crise que atinge a economia de todo o planeta é resultante de "uma grande irresponsabilidade daqueles que comandam o centro das finanças". O deputado petista observou que o governo brasileiro está conseguindo manter investimentos, aumentar o salário mínimo, reduzir os juros e manter suas reservas internacionais.
...
*A taxa Selic, agora, é de 11,25% ao ano.
...
* Concordo no geral com as palavras do deputado Henrique Fontana, mas com uma ressalva: a exemplo do que pensam vários economistas e analistas brasileiros, assim como também a CUT e outros setores do movimento sindical, a baixa da taxa Selic poderia – e deveria - ter sido maior, acima de dois pontos, haja vista a necessidade de realavancar a economia nacional para que os efeitos perversos de mais essa crise capitalista seja o menos danoso possível para o Brasil, que não foi responsável por ela. Sobretudo, para evitar o desemprego, sempre a maior ameaça que paira sobre as cabeças do povo trabalhador.
...
* Lamentavelmente o maior empecilho para que a taxa Selic seja reduzida substancialmente é o excesso de conservadorismo da direção do Banco Central, a partir das ações (ou da falta delas) de seu presidente, o tucano Henrique Meirelles, que navega na contramão da tendência dos bancos centrais mundiais e parece ser na verdade, o principal ‘inimigo na trincheira’ na guerra que a equipe econômica do governo Lula deflagra contra a crise que nos ameaça. (Por Júlio Garcia, especial para ‘O Boqueirão’)
***
**Crítica & Autocrítica: coluna que mantenho
(i)regularmente no Blog 'O Boqueirão' http://oboqueirao.zip.net
15 março 2009
Poema
Cenas de junho
'Amanhã, vai ser outro dia...' (Chico Buarque)
Em frente ao Palácio
estudantes protestam na tarde gelada
a polícia de 'choque' defende o poder
(questionado)
nas alcovas sombrias
a continuidade dos desmandos é tramada
e o saque voraz das coisas do povo
(continuado)
sem pejo
sem controle
e sem dó
alongando a indecência
que agride as consciências
e que mantém incólume
a injustiça
e instiga a revolta
..........
Na tarde invernal
bandeiras vermelhas tremulam ao vento
na praça do povo
que grita de fome
de raiva
& de dor
preparando a desforra
(que virá... que virá...
que virá...)
Júlio Garcia- junho/2008
Provas & provas...
Contra PSDB, jornais exigem provas
'Imagine se um ex-assessor do governo da Bahia, do PT, tivesse morrido, poucos dias antes de depor ao Ministério Público, num caso que envolve corrupção? Imagine as manchetes a essa altura: "Ex-assessor petista aparece morto em Brasília". Seria manchete semana inteira, com matéria na [i]Veja[/i], e editorial na [i]Folha'[/i]. - Rodrigo Vianna
Do blog de Rodrigo Vianna: Em 2005, Roberto Jefferson deu uma entrevista exclusiva à Folha, em que lançava dezenas de acusações contra o governo federal. Foi nessa entrevista, também, que Jefferson cunhou a expressão "Mensalão".
Vocês se lembram da manchete da Folha de S. Paulo na época? Não? Então, relembremos:
"PT dava mesada de R$ 30 mil a parlamentares, diz Jefferson".
Agora, comparemos com o título da última sexta-feira (20/02/2009 - no "pé" da primeira página da Folha), sobre a denúncia do PSOL de Luciana Genro contra Yeda Crusius, governadora do PSDB:
"Sem provas, PSOL acusa tucanos de corrupção no RS".
Por que este "sem provas" tão cuidadoso, no título da última sexta-feira (20/02/2009)? Por uma questão de isonomia, o correto seria "Governo tucano tem corrupção e caixa dois, diz PSOL".
Por que o mesmo "sem provas" não apareceu na manchete quando Jefferson deu sua entrevista?
Hum...
Bem, talvez para a Folha, Jefferson valha mais do que o PSOL. Gosto não se discute. Ou, mais provável: qualquer denúncia contra o partido de Serra (o editorialista preferido da família Frias) merece todo cuidado! Por que a sigla "PSDB" não aparece nem na primeira página, nem na manchete de página interna?
(Isso me lembra a cobertura da Globo, na reta final da eleição de 2006. Os aloprados que tentaram comprar o dossiê contra Serra eram "petistas". O Freud Godoy era "petista". Na hora de falar de Abel Pereira, um sujeito que intermediaria negócios na gestão de Barjas Negri (PSDB) no Ministério da Saúde, aí ninguém falava em "governo do PSDB". A fórmula era: "ministro no governo anterior".)
Mas, voltemos ao caso da corrupção no Rio Grande do Sul. A denúncia é gravíssima. E já há um cadáver. Marcelo Cavalcante, ex-assessor de Yeda Crusius, apareceu morto no Lago Paranoá, em Brasília. Ele deveria ter uma reunião com o Ministério Público Federal em Brasília, logo após o Carnaval.
Hum, hum...
Imagine se um ex-assessor do governo da Bahia, do PT, tivesse morrido, poucos dias antes de depor ao Ministério Público, num caso que envolve corrupção? Imagine as manchetes a essa altura? Eu imagino: "Ex-assessor petista aparece morto em Brasília". Seria manchete semana inteira, com matéria na Veja, e editorial na Folha.
*Fonte: Blog do Rodrigo Vianna http://www.rodrigovianna.com.br/, via Carta Maior
13 março 2009
A próxima capa da 'Veja'
EXTRA! EXTRA!
Do Blog do Kayser, mais este 'furo' jornalístico: 'A capa da Veja da próxima semana certamente será assim. Afinal, há graves denúncias de espionagem ilegal e de seu uso para a prática de chantagens. A Veja, coerente, imparcial e sempre preocupada com o Estado Policialesco e com a Grampolândia, não deixará por menos. No mínimo, fará uma capa igual à dedicada ao Protógenes e sua tenebrosa máquina de espionagem. Aguardemos. Devidamente sentados, é claro.' (http://blogdokayser.blogspot.com/)
*Bravo, Kayser. Genial! (Júlio Garcia)
Economia II
'Mídia brasileira continua olhando para trás'
Escreve o sociólogo e blogueiro Cristóvão Feil, no blog Diário Gauche: "A mídia brasileira procede como se a presente crise do sistemão fosse mesmo a marolinha lulista, como se tudo fosse voltar ao normal em poucas semanas. Não é e não vai. O que está acontecendo agora no mundo conhecido é definitivo – saibamos todos. Nada será como antes. Ninguém sabe bem como será, mas o presente está rompendo com o passado e forjando um futuro diferente, para o qual deveremos ter outros olhos e outros sentidos para perceber e experimentar.
Ligo a televisão e vejo o ex-ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, na qualidade de “especialista” dando pitacos furadíssimos sobre o futuro da economia brasileira. Na TV Globo, oito e meia da noite. Inacreditável.
Maílson como “especialista” sobre o futuro. Inacreditável. Esse é o padrão da mídia brasuca.
Você assiste e lê diariamente no rádio, na TV, nos jornais, os velhos cães comedores de ovelha da ditadura, do governo Sarney (caso de Maílson), do governo Collor e do Farol de Alexandria virem a público – com a face mais amadeirada da paróquia – darem sua palavra de “especialistas” sobre o futuro. Gente que ajudou a montar tijolo por tijolo a fortaleza hegemônica do capital financeiro no País. Hoje, quando os fundamentos do sistema começam a ruir no mundo todo, eles seguem sendo ouvidos e prestigiados pela mídia, como se tudo fosse um leve resfriado infantil.
Esses “especialistas” – todos – , inclusive os comentaristas das emissoras, as velhas raposas já sem focinho, como a inefável Mirian Leitão, fazem parte do passado. Não têm a mais mínima responsabilidade e conhecimento para falar do presente e do futuro.
Nos primórdios do que hoje é a decadente indústria automotiva, lá pelo final do século 19, proliferavam, tanto nos Estados Unidos, quanto na Inglaterra, as pequenas oficinas que montavam de forma improvisada os veículos movidos a motor de explosão. Os carros vinham, então, com dois assentos, um para o condutor, outro para o mecânico. O comprador casava com o mecânico. Cada carro era único, mesmo aquele “fabricado”pela mesma oficina-montadora. Henry Ford viu isso e não se conformou. Tratou de padronizar a produção, com engenho e método. Adotando os ensinamentos cartesianos do engenheiro Frederik Taylor, funda o paradigma da produção seriada de mercadorias, revolucionando o sistema e criando a sociedade de consumo tal como a conhecemos.
A mídia brasileira não se deu conta que os paradigmas e conceitos com os quais opera estão obsoletos. Continua “fabricando automóveis” com os velhos mecânicos da manufatura artesanal.
Enquanto o Financial Times dedica uma página inteira ao pensador Slavoj Zizek, o New York Times tem como colunistas semanais, Nouriel Roubini e Paul Krugman, a TV Globo está ouvindo e dando credibilidade a Maílson da Nóbrega, velho taifeiro de terceira classe dos banqueiros tupinambás.
Coisas da vida."
*Pescado do http://www.diariogauche.blogspot.com/
Economia
Deputado Henrique Fontana elogia decisão do Copom de baixar os juros para alavancar economia
O líder do Governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS), considerou "muito boa" a decisão tomada ontem pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), de baixar em 1,5 ponto percentual a taxa Selic. "É importante lembrar que o Brasil, diante da crise financeira global, tem opções como essa de reduzir os juros para alavancar a economia". Com a decisão do Copom, a taxa básica de juros passou a ser de 11,25%.
Ao ressaltar que a crise que atinge a economia de todo o planeta é resultante de "uma grande irresponsabilidade daqueles que comandam o centro das finanças", o deputado observou que o governo brasileiro está conseguindo manter investimentos, aumentar o salário mínimo, reduzir os juros e manter suas reservas internacionais.
Fator previdenciário – Henrique Fontana disse ainda que o fim do fator previdenciário – previsto no PL 3299/08, do Senado, que agora tramita na Câmara – está entre as prioridades do governo, em uma negociação mediada pelo relator, o deputado Pepe Vargas (PT-RS), com as centrais sindicais. Henrique Fontana afirmou que o governo considera injusto o fator previdenciário. "Trata-se de um mecanismo que penaliza justamente os trabalhadores que começaram a trabalhar mais cedo", criticou.
Fontana citou como base de discussão a proposta na qual trabalha Pepe Vargas, o chamado sistema 85/95. De acordo com esse cálculo, seriam somados a idade e o tempo de contribuição, de forma a alcançar o número 85 no caso das mulheres e 95 dos homens, para a obtenção da aposentadoria.
Redução da jornada – Perguntado sobre a posição do governo quanto à redução da jornada de trabalho, Fontana disse que se trata de uma boa proposta. "O governo tem de fazer um esforço enorme para preservar o emprego e a renda neste momento", declarou, ressaltando que é necessário "lembrar ao setor produtivo que o mercado interno é a grande alavanca da economia".
O líder do Governo Lula afirmou que a redução da jornada é uma medida que historicamente tem sido tomada de tempos em tempos, devido ao avanço tecnológico. "Os problemas previstos por alguns setores nunca se comprovaram, pois a economia se acomoda com essas novas regras." (Com a Agência Informes)
12 março 2009
Intervozes
CRIMINALIZAÇÃO DAS LUTAS SOCIAIS: UM PADRÃO DE COBERTURA DA MÍDIA BRASILEIRA
*Carta aberta do Intervozes
Entre o final de fevereiro e início de março, a mídia corporativa iniciou mais uma campanha contra o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Telejornais, jornais impressos, revistas, rádios e sites da internet pertencentes aos grandes conglomerados de mídia dedicaram-se a difundir sua indignação com os agricultores sem terra. As colunas de muitos articulistas e, especialmente, os editoriais destes veículos, transformaram-se em verdadeiros canais destiladores do preconceito e da ira.
Duas matérias veiculadas em seqüência no domingo (01/03) por um dos principais programas da TV Globo, o Fantástico, demonstram o grau de sofisticação desta campanha ideológica. Uma matéria mostrava um beneficiado pela reforma agrária tentando vender um lote que conquistou; a outra abordava o desmatamento promovido em um assentamento na Amazônia. Em meio a um turbilhão de denúncias contra o MST, seria mera coincidência a exibição de duas matérias expondo as contradições da reforma agrária – feita de forma incompleta e improvisada pelo Estado brasileiro – em um dos programas de maior audiência da TV brasileira, ainda que sem citar nominalmente o movimento? Certamente não.
A campanha da mídia é uma das muitas facetas do processo de ataque em curso contra o MST. No Rio Grande do Sul, este processo de perseguição é encabeçado pelo promotor do Ministério Público gaúcho Gilberto Thums e pela governadora Yeda Crusius (PSDB), que juntos ordenaram o fechamento de escolas do MST no início do ano letivo de 2009. Tal campanha se alimenta também das declarações da conservadora União Democrática Ruralista (UDR), do secretário de Justiça do Estado de São Paulo, Luiz Antonio Marrey, e, sobretudo, do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Gilmar Mendes.
Causa espanto observar o maior chefe da Justiça brasileira aderir sem pudores à militância e ao discurso ideológico da direita brasileira. Ele cobra agilidade nas investigações dos recursos públicos destinados aos sem terra. Tal atitude, contudo, não foi verificada quando grandes empresas e fazendeiros, também beneficiados pelo dinheiro público, estiveram envolvidos direta ou indiretamente com a morte de centenas de trabalhadores rurais, sindicalistas e missionários, com a contaminação e destruição do meio ambiente, o trabalho escravo e o infantil, a expulsão de comunidades tradicionais de suas terras, a grilagem, a corrupção de políticos e de funcionários públicos. Não podemos esquecer também da benevolência e tratamento dispensado ao banqueiro Daniel Dantas, por duas vezes preso e por duas vezes solto pelo mesmo STF. Mais espanto ainda causam os meios de comunicação ao cobrirem de forma acrítica as declarações de Gilmar Mendes.
Estas articulações políticas conservadoras, às quais os grandes grupos de comunicação brasileiros estão historicamente ligados, tornam estes veículos incapazes de refletir os problemas do povo brasileiro. Todos os espaços dedicados às denúncias contra o MST tratam o tema como um caso de polícia, mas não há uma reflexão mais profunda sobre a questão agrária no Brasil, que aborde os sem terra como um problema social, herdeiros de uma dívida histórica do Estado brasileiro. Não se fala que nosso país é o segundo, em todo o mundo, em concentração de terras.
Não se fala que em um país com uma infinidade de terras férteis, milhares de brasileiros continuam a ser expulsos do campo, enquanto outros milhões ainda padecem de fome.
Não se fala que os sem terra têm nas ocupações um método de luta social para fazer avançar a reforma agrária. Não se fala que uma medida provisória que impede o repasse do Estado a cooperativas agrícolas ligadas a movimentos que ocupem terras tende a punir, na verdade, cooperados e assentados que já estão nas terras, além de atravancar o processo de reforma agrária e prestar um desserviço aos interesses do país, por impedir o desenvolvimento dos assentamentos.
Não se fala, também, que é ao redor da monocultura das grandes propriedades que se concentram as áreas de maior índice de violência no campo, fazendo do agronegócio o grande gerador de conflitos e mortes no meio rural. Por outro lado, o mesmo agronegócio, financiador assíduo da grande mídia, é exaltado como modelo de desenvolvimento.
Tão importante quanto apurar os responsáveis e circunstâncias da morte de quatro pistoleiros a serviço de fazendeiros é não deixar de noticiar e de se apurar devidamente as dezenas de mortes de sem terra, de indígenas, de quilombolas, de lutadores da reforma agrária e dos direitos humanos no campo brasileiro. É importante saber também por que as contradições da reforma agrária são tão exploradas e atacadas, e pouco se fala dos problemas gerados pelo modelo de monocultura, pela grilagem de terras, pelas milícias dos produtores rurais, pela destruição do nosso ambiente ou pela violência que reina no interior do país a mando de grandes fazendeiros.
Nós do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social acreditamos que isso acontece porque a mídia não é democrática no Brasil. Porque a comunicação no país hoje está em mãos de pouquíssimos grupos privados, cada vez mais poderosos. Porque esses grupos não possuem ligação com o povo brasileiro, com seus interesses, objetivos, sonhos e esperanças.
Para nós, a luta do povo brasileiro por seus direitos não pode mais ser criminalizada, nem pelos meios de comunicação, nem pelo Estado. Deve, ao contrário, ser entendida como uma necessidade histórica de transformações sociais há muito esperadas e adiadas em nosso país.
Infelizmente, os meios de comunicação têm se mostrado incapazes de promover uma reflexão aprofundada e um debate democrático, a partir de múltiplas visões, sobre a estrutura agrária e o modelo de desenvolvimento do país. A todos aqueles que desejam ver no Brasil uma verdadeira democracia, deixamos o convite para engrossar as fileiras do movimento pela democratização das comunicações no país – que em 2009 vivenciará a primeira Conferência Nacional sobre o tema.
*Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social
Março de 2009
**Fonte: Blog Fazendo Media http://www.fazendomedia.com
11 março 2009
'Um outro modo de ser e de estar no mundo'
O que é ser zapatista
*Por Guga Dorea
"Na atual globalização o mundo está se tornando quadrado e estão atribuindo cantos às minorias indóceis. No entanto, surpresa. O mundo é redondo, e uma característica da redondeza é não ter cantos. Queremos que não existam nunca mais cantos onde se possa desfazer dos indígenas, da gente que incomoda, para escondê-la como se esconde o lixo para que ninguém veja".
Com essa entrevista, concedida pelo subcomandante Marcos ao editor da revista Le Monde Diplomatique, Ignácio Ramonet, pretendo iniciar aqui uma série de artigos sobre os já chamados neozapatistas. Desde 1994, quando o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) deflagrou o que foi para muitos uma inesperada guerra contra o então governo monolítico do México, representado pelo Partido Revolucionário Institucional (PRI), grande parte da esquerda, não só a brasileira, entrou em um estado de alerta e de entusiasmo. Qual era o conteúdo programático de uma guerrilha que emergiu de uma hora para outra combatendo, de frente, um governo que estava no poder há mais de 70 anos e que insistia em afirmar e reafirmar o seu falso teor democrático?
Que democracia é essa que pretendiam os zapatistas? De um lado, veio a comemoração. Afinal, em um momento de crise da esquerda internacional os zapatistas teriam resgatado a idéia de revolução e transformação. Logo, e não poderia ter sido diferente, a direita rotulou o movimento zapatista de atrasado, isolado e mesmo xenófobo.
Para alguns setores da esquerda, no entanto, após o entusiasmo veio a perplexidade e preocupação. Como pensar a transformação do capitalismo sem a tomada de poder? Parafraseando o pensador John Holloway, como mudar o mundo sem tomar o poder? Logo então proclamaram: é um movimento de pavio curto, pois é exclusivamente indígena e não pertence à classe operária. Os zapatistas não passam de sociais democratas ou revisionistas, além de etnicista, disseram outros, tanto da direita, como da própria esquerda.
Nesse contexto, o "inesperado" conflito bélico, conflagrado pelos zapatistas no início de 1994, talvez tenha significado muito mais do que a simples proposição luta armada/tomada do poder de Estado, sendo essa dualidade vista em grande parte da historiografia da esquerda revolucionária como a única e inexorável forma de encontrarmos no final da linha o ideal, muitas vezes profético, do denominado socialismo.
Desde o pós-guerra, os zapatistas vêm "gritando" por justiça, democracia, liberdade e autonomia. Mas o que é, na prática, esse "grito" e como "nós" podemos "gritar" sem a necessidade de pegar em arma e nos tornar zapatistas strito senso? Como ser zapatista em nosso dia-a-dia, em nossa cidade, ou seja, em nossa resistência? E o que é, para os zapatistas, resistir?
Todas essas reflexões, e muitas outras que com certeza emergirão no caminho, são dilemas que venho questionando desde que visitei o México entre os anos de 1994 e 1995, exatamente no período em que se "comemorava" o primeiro ano do levante zapatista. Desde aquele período, todo um pulsar jamais deixou de ecoar em meu modo de ser e de pensar o mundo e a política.
É nessa perspectiva que temáticas políticas, econômicas, sociais e culturais serão tratadas daqui para frente, sempre levando em consideração a importância de se vincular a problemáticas relevantes não só para países como o Brasil, mas também para alguns dilemas enfrentados pelo homem contemporâneo, além da possível influência, nesses 15 anos de existência dos zapatistas, na já chamada nova geração de movimentos anti-sistêmicos na América Latina.
O que é, afinal de contas, o zapatismo, ou melhor, o ser zapatista? No que uma luta por justiça social travada em uma região distante pode estar relacionada ao nosso país? O que nos une é apenas a desigualdade social? Se assim for, seremos tão somente um "nós" solidário com a luta "deles"? Em linhas gerais, o intuito dos artigos será o de procurar mostrar que, na prática, a lição dos zapatistas tende a passar por um necessário redimensionamento de como "nós" habitualmente olhamos o concebido negativamente como "o diferente", sempre visto e tratado como algo menor e inferior.
Os comunicados e as lutas zapatistas, que já ecoam por vários cantos do planeta como uma voz resistente e sem fronteiras, podem pelo menos estar contribuindo para a possível quebra de um paradigma social e político, construído histórica e culturalmente, sobretudo pelo mundo ocidental, de que de um lado temos nós, os iguais, e de outro os rotulados negativamente como diferentes.
Trata-se aqui, e esse pode ser o principal ensinamento dos zapatistas, junto com sua luta política, de positivar e potencializar a diferença. E daí fortalecer a nossa própria luta por um país mais justo, livre e solidário. O EZLN, nesse contexto, pode estar nos revelando um outro modo de ser e de estar no mundo que realmente se contraponha ao cerco massificante e homogeneizante do sistema capitalista.
Esse mesmo sistema que busca se preocupar como "o diferente" apenas quando ele se predispõe a ser "incluído" em suas garras consumistas, visando tão somente o lucro e uma abertura cada vez maior para o chamado, pelo próprio Marcos, novo deus da contemporaneidade: o mercado. Vejamos, só para exemplificar, o que diz o subcomandante a esse respeito. "A estranha alquimia da globalização dos de cima conseguiu a mundialização de um novo dogma: liberação da humanidade é igual à liberação dos mercados... E, como os deuses anteriores, o mercado não caminha com racionalidades de números, estatísticas, leis de oferta e procura, cálculos financeiros. Não, o novo deus tem passo de morte e destruição, de guerra. Apesar disso, nunca irá reconhecer que está destruindo, mas sim que reparte, democraticamente, uma homogeneidade com um vaivém de identidades limitadas: comprador/vendedor. Tudo e, sobretudo, todos os que não podem ou não querem ser uma coisa ou outra, no compasso estridente e frenético do mercado são os outros".
É nesse sentido que como pesquisador do projeto Xojobil convido você agora a embarcar nessa viagem de pensarmos a realidade zapatista como uma disparadora de reflexões sobre nossos comportamentos e conceitos sobre a política e as relações sociais. Talvez possamos estar iniciando aqui uma rede de conversação sobre o que é ser zapatista e não apenas estar nos preocupando em conceituar e compreender o que é o zapatismo. Apesar da distância geográfica, como criar vínculos existenciais com o que se passa por lá? Como os zapatistas concebem, por exemplo, o ser igual e diferente na sociedade contemporânea?
Como fazer política e viver a partir da proposição "caminhar perguntando"? O que é, nesse sentido, o ato de escrever sobre o "zapatismo"? Os zapatistas são apenas um "eles" passíveis de "nossa" ajuda e solidariedade humanitária? Ou os zapatistas "somos nós"? Marcos sempre afirmou em seus comunicados que "não sou ‘eu’ e sim ‘nós’, os mortos e os vivos que lutaram e lutam nesses mais de 500 anos de injustiça, conflitos e tentativas de estabelecer diálogos com os governantes e a sociedade civil".
Marcos, nessa perspectiva, é por si só "vários". Ele, enfim, "somos todos nós". Vamos construir, juntos, o que é o ser zapatista. Caminhando e perguntando.
*Guga Dorea é jornalista, sociólogo e educador. Atualmente é pesquisador dos princípios zapatistas no projeto Xojobil.
Fonte: Correio da Cidadania
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