04 agosto 2025

A velha direita e o fascismo têm muitos candidatos e não têm nenhum

 

                                           Michelle e Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução

Por Moisés Mendes*

As muitas direitas têm, em tese, uma dúzia de candidatos para enfrentar Lula no ano que vem. Mas o candidato mais forte, segundo as pesquisas, é uma candidata que não irá concorrer. Michelle Bolsonaro não correrá o risco de disputar a eleição.

Primeiro, que se esclareça que Tarcísio, Zema, Ratinho, Caiado, Eduardo e Flávio não correspondem às expectativas da direita e da extrema-direita. Ou são fracos ou são vacilantes.

E que, entre todos eles, o primeiro é o mais inconfiável, porque teria que se desligar do governo para concorrer e porque não tem o aval do bolsonarismo. Medroso, fugiu até do ato de domingo na Paulista, no trio elétrico desencapado de Malafaia.

Com Tarcísio de fora, Michelle seria o nome mais forte de todos os outros. Mas Michelle não irá até o fim, por um conjunto de motivos que podem ser bem resumidos:

1. Com Bolsonaro preso, é impossível pensar que Michelle sairia em campanha pelo Brasil. Bolsonaro não aguentaria a situação que seria criada, com a mulher sendo protagonista e ele encarcerado. A situação não se altera muito se ele estiver em prisão domiciliar. Michelle não existe sem a dependência política de Bolsonaro.

2. Michelle tem certeza de que se elege senadora por Brasília como a mais votada nas disputas pelas duas vagas. Chegar ao Senado é uma distinção que os políticos perseguem, mesmo depois de passarem por altos cargos da República. E o Senado será o espaço mais importante da luta política a partir de 2027.

3. Bolsonaro sabe, por experiência própria, que, se fosse eleita para a Presidência, Michelle não conseguiria governar. Seria governada por Valdemar Costa Neto e Gilberto Kassab, por todos os escalões do centrão e pelas estruturas da extrema-direita na Câmara e no Senado. Bolsonaro deve ter pesadelos ao imaginar a mulher no poder.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Foto: Reprodução

Os outros motivos são desdobramentos desses três. Michelle não aguentaria o tranco de uma campanha, menos pelas armadilhas que seriam criadas pelas esquerdas e muito mais pelas sabotagens e disputas internas das direitas e do fascismo.

O resumo hoje é esse: os pré-candidatos que querem mesmo disputar a eleição (Caiado, Zema, Eduardo e Ratinho, mais Ciro e Eduardo Leite, que nem têm sido incluídos nas pesquisas) não têm condições de enfrentar Lula. E Tarcísio vai amarelar, e Michelle fará a escolha pelo que é mais confortável e previsível.

Folha, Globo e Estadão se esforçam, mas as várias velhas direitas não têm candidato, e a extrema-direita sem Bolsonaro é uma incógnita.

*Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre/RS, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim) - https://www.blogdomoisesmendes.com.br/ 

**Fonte: DCM

01 agosto 2025

Lutas: Passado o PED [do PT], retomar a organização do DAP (Diálogo e Ação Petista)*

 



Os Grupos de Base do DAP São José e Florianópolis, em Santa Catarina (foto acima), reuniram-se em 21 de julho, com cerca de 30 pessoas, para discutir a situação política, fazer uma avaliação do primeiro turno do PED e encaminhar uma posição de voto para o segundo turno.

Na discussão sobre a situação política, os presentes se manifestaram sobre como organizar atividades e atos junto aos petistas, em defesa da soberania do país, contra a taxação imposta por Trump e pela prisão de Bolsonaro.

Em relação ao PED, o aumento do número de votos no estado foi destacado como um resultado positivo. Na avaliação dos presentes, esse crescimento está ligado aos 13 pontos apresentados pelo DAP na discussão e reforçaram a necessidade de fortalecimento do DAP nas cidades e no Estado, para continuar o combate. A reunião encaminhou ainda a necessidade de uma atividade preparatória aberta, na região de Florianópolis, para discutir a Conferência Continental do México em Defesa dos Direitos dos Migrantes e da Migração.

No dia 28 de julho, o Grupo de Base da Grande Fortaleza, no Ceará, também retomou suas reuniões após o PED. Cerca de 30 pessoas estiveram na reunião e deliberam questões organizativas do grupo e a participação no ato em Solidariedade ao Povo Palestino que acontecerá em 8 de agosto. Também está na agenda do grupo, uma série de palestras, a primeira está marcada para o dia 13 de agosto e tratará sobre “Os ataques do imperialismo à soberania brasileira”.

O Comitê Nacional reuniu no último sábado, 26 de julho e encaminhou uma nota direcionada aos grupos de base fazendo um balanço mais fino sobre o PED 2025. A nota (vide abaixo) deve ajudar aos Grupos de Base na retomada de reuniões pós PED bem como na tomada de ações concretas. (...)

PHmilitante do PT/AL

-Leia também: A agressão de Trump é cada vez mais política

*Via site nacional do DAP

30 julho 2025

Tarifaço dos EUA - Brasil tenta diálogo, mas governo Trump ‘não quer conversar’ para negociar tarifas, diz Lula ao New York Times

Segundo o presidente, foram ao menos 10 tentativas de reuniões com secretaria dos EUA, mas não houve retorno

     Foto: Presidente Lula discursando na ONU (Arquivo deste Blog)


Em entrevista concedida ao jornal estadunidense The New York Times, publicada na madrugada desta quarta-feira (30), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o Brasil tem feito reiteradas tentativas de diálogo com o governo de Donald Trump para negociações relacionadas às tarifas de 50% sobre produtos brasileiros anunciadas pelo mandatário dos Estados Unidos. Lula ressaltou que o menos 10 reuniões com representantes da Secretaria de Comércio do país foram solicitadas, mas sem sucesso. A taxação deve entrar em vigor nesta sexta-feira (1).

“O que está nos impedindo é que ninguém quer conversar. Eu pedi para fazer contato. Eu designei meu vice-presidente, meu ministro da Agricultura, meu ministro da Economia, para que todos conversem com seus equivalentes nos EUA para entender qual é a possibilidade de conversa. Até agora, não foi possível”, relatou o petista.

“Eu acho que é importante que o Trump considere: se ele quer ter uma briga política, então vamos ter uma briga política. Se ele quer falar de comércio, então vamos sentar e conversar sobre comércio. Mas você não pode misturar os dois”, disse Lula. 

The New York Times, um dos maiores jornais dos Estados Unidos, caracterizou que “talvez não haja nenhum líder no mundo que desafie o presidente Trump com tanta firmeza como Lula”. Na conversa, o presidente brasileiro afirmou que a sobretaxa deixa o Brasil “preocupado”, mas não “com medo”.

“Nas negociações políticas entre dois países, a vontade de nenhum deve prevalecer. Nós sempre precisamos encontrar um meio-termo. Isso não é alcançado ‘estufando o peito’ e gritando coisas que você não pode entregar, nem abaixando a cabeça e simplesmente dizendo ‘amém’ a qualquer coisa que os Estados Unidos quiserem”, declarou Lula na entrevista, que é a primeira concedida ao veículo em 13 anos.

“Tenham a certeza de que estamos tratando isso com a maior seriedade. Mas seriedade não exige submissão. Trato todo o mundo com grande respeito. Mas quero que me tratem com respeito”, declarou o presidente brasileiro. 

O presidente Lula salientou, ainda, que os esforços de Trump para ajudar Bolsonaro, réu em ação por tentativa de golpe de Estado, serão pagos pelos estadunidenses. Como consequência, poderão enfrentar preços mais altos de café, carne, suco de laranja e outros produtos exportados do Brasil. 

“Nem a população estadunidense nem a brasileira merecem isso. Porque vamos passar de uma relação diplomática de 201 anos de ganha-ganha para uma relação política de perde-perde”, argumentou Lula. 

“Espero que a civilidade retorne à relação entre Estados Unidos e Brasil”, defendeu o presidente brasileiro, para quem “o tom da carta dele [Trump] foi definitivamente de alguém que não quer conversar”.

28 julho 2025

Sob Lula, Brasil deixa o Mapa da Fome pela segunda vez

Em apenas dois anos, o governo Lula reduziu a insegurança alimentar para menos de 2,5%

Lula - 12/06/2025 (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

247* - O Brasil está oficialmente fora do Mapa da Fome das Nações Unidas. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (28) pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), durante a 2ª Cúpula de Sistemas Alimentares (UNFSS+4), em Adis Abeba, na Etiópia. A informação foi divulgada no Relatório O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo 2025 (SOFI 2025), que se baseia em médias trienais — neste caso, de 2022 a 2024. Segundo a FAO, o Brasil reduziu para menos de 2,5% o percentual de sua população em risco de subnutrição.

A conquista foi alcançada em tempo recorde. Em 2022, o Brasil enfrentava um cenário crítico de insegurança alimentar. Ainda assim, em apenas dois anos de governo, o país conseguiu reverter esse quadro, graças a uma combinação de políticas sociais, incentivo ao trabalho e valorização da agricultura familiar.

“Sair do Mapa da Fome era o objetivo primeiro do presidente Lula ao iniciar o seu mandato em janeiro de 2023. A meta era fazer isso até o fim de 2026”, relembrou o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias. “Mostramos que, com o Plano Brasil Sem Fome, muito trabalho duro e políticas públicas robustas, foi possível alcançar esse objetivo em apenas dois anos. Não há soberania sem justiça alimentar. E não há justiça social sem democracia.”

Avanços no combate à pobreza - Segundo dados do IBGE e do Ministério do Desenvolvimento Social, entre 2022 e 2024, cerca de 24 milhões de brasileiros saíram da insegurança alimentar grave. Em paralelo, a pobreza extrema foi reduzida a 4,4% em 2023, o menor índice da série histórica, tirando quase 10 milhões de pessoas dessa condição desde 2021.

O bom desempenho econômico também contribuiu para os resultados. Em 2024, o Brasil alcançou a menor taxa de desemprego desde 2012 (6,6%) e bateu recordes de renda domiciliar per capita, que chegou a R$ 2.020. A desigualdade também recuou: o índice de Gini caiu para 0,506, impulsionado pelo crescimento de 10,7% na renda do trabalho dos 10% mais pobres — um ritmo 50% superior ao dos mais ricos.

Boa parte dessa transformação tem origem no fortalecimento dos programas sociais. Segundo o Caged, 98,8% das 1,7 milhão de vagas com carteira assinada criadas em 2024 foram ocupadas por pessoas registradas no Cadastro Único, sendo que 1,27 milhão eram beneficiárias do Bolsa Família. Com o aumento da renda, cerca de um milhão de famílias deixaram de receber o benefício em julho de 2025.

De acordo com Wellington Dias, o sucesso do combate à fome está diretamente ligado à articulação de políticas complementares: “Essa vitória é fruto de políticas públicas eficazes, como o Plano Brasil Sem Fome, que engloba o Bolsa Família, o Programa de Aquisição de Alimentos, o Programa Cozinha Solidária, a valorização do salário mínimo, o crédito para a agricultura familiar, o incentivo à qualificação profissional, ao emprego e ao empreendedorismo, além do fortalecimento da alimentação escolar.”

O feito de 2025 marca a segunda vez que o Brasil sai do Mapa da Fome sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva — a primeira foi em 2014. O retorno ao mapa ocorreu a partir do triênio 2018-2020, após o desmonte de diversas políticas sociais.

 Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza - Durante sua presidência no G20 em 2024, o Brasil propôs a criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que já reúne mais de 100 países, além de fundações, organizações e instituições financeiras internacionais. A meta da Aliança é contribuir para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030, especialmente os que tratam da erradicação da fome e da pobreza.

“O exemplo brasileiro pode ser adaptado em muitos países ao redor do globo. No Brasil, sair do Mapa da Fome é só o começo. Queremos justiça alimentar, soberania e bem-estar para todos”, afirmou Wellington Dias.

O ministro também destacou que, ao unir políticas públicas eficazes com esforços internacionais, o Brasil reafirma seu compromisso com a Agenda 2030 da ONU, buscando a construção de um mundo mais justo, igualitário e livre da fome.

*Via https://www.brasil247.com/

19 julho 2025

Tornozeleira é pouco - ‘Se fosse um pobre, seria decretada prisão preventiva’, diz especialista sobre medidas contra Bolsonaro

Para Marcelo Neves, professor da UnB, uso de tornozeleira eletrônica é 'suave' diante da gravidade das acusações*


As medidas cautelares determinadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como o uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno e proibição de uso de redes sociais, são consideradas “suaves” por Marcelo Neves, professor de Direito Público da Universidade de Brasília (UnB).

A decisão foi cumprida pela Polícia Federal nesta sexta-feira (18). Em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, o especialista afirma que, diante da gravidade das acusações, haveria elementos suficientes para uma prisão preventiva.

“Eu acho que a decisão é correta, mas poderia ser mais [dura], poderia ser a preventiva”, afirma Neves. Ele explica que o ex-presidente está implicado em crimes como obstrução de investigação, coação no curso do processo, atentado à soberania nacional e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

“Colegas meus, muitos penalistas com quem conversei, acham que se fosse um pobre coitado lá no interior, em Cabrobó, que apresentasse uma coação no curso do processo, com certeza ia ser decretada a preventiva. Ele podia até ser um velhinho com problemas de saúde e ia ser decretada a preventiva”, compara.

Segundo o professor, Moraes se baseou no artigo 282 do Código de Processo Penal, que trata das medidas cautelares alternativas à prisão. A decisão inclui, entre outras restrições, o uso de tornozeleira eletrônica, proibição de sair de casa entre as 19h e as 7h em dias úteis, e integralmente em fins de semana e feriados, além do impedimento de aproximação de embaixadas, de contato com autoridades estrangeiras e com outros investigados no caso da tentativa de golpe de Estado.

Para Neves, as restrições refletem uma preocupação com o risco de fuga e de articulações internacionais. “[Ele pode] pedir asilo na Embaixada dos EUA ou da Hungria, um desses países que hoje têm detentores de poder, que têm tendências autoritárias, como Bolsonaro”, alerta.

Prisão pode ser decretada

O professor destaca que, caso qualquer uma das medidas seja desrespeitada, a prisão preventiva pode ser decretada. “Se Bolsonaro, no horário que ele pode sair de casa, se aproximar da embaixada americana, ele poderá ser preso por descumprir essa [medida]”, indica. “O próprio Alexandre fala: o descumprimento dessas medidas levará à prisão preventiva”, reforça.

Durante as buscas autorizadas pelo STF, a PF encontrou US$ 14 mil em espécie e um pen drive na gaveta de um dos banheiros da casa de Bolsonaro. O ex-presidente não havia declarado possuir valores em espécie em nenhuma de suas campanhas eleitorais.

Sobre o futuro do processo, Neves afirma que, com a apuração da PF, a denúncia segue para o Ministério Público. “Sendo aceita a denúncia pelo Supremo, surge um novo processo penal para averiguar esses crimes novos”, diz. “O Estado de Direito é vagaroso exatamente para garantir os nossos direitos, de qualquer pessoa, por mais condenável que seja”, explica.

Ao comentar a situação do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que conspirou contra o Brasil nos Estados Unidos em benefício do pai, Neves avalia que, ao se afastar do mandato e permanecer no exterior, ele pode perder a imunidade parlamentar. “Nesse sentido, me parece que as medidas poderão, quanto a esses crimes atuais, [ser aplicadas mesmo] sem precisar de qualquer decisão do Congresso Nacional”, aponta.

Para ouvir e assistir

O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.

*Fonte: BdF

"Inaceitável", diz Lula sobre "intimidação" e "ameaça" de Trump a ministros do STF

Estados Unidos suspenderam os vistos de Alexandre de Moraes e outros magistrados. Presidente Lula fala em "medida arbitrária"

     Donald Trump e Lula (Foto: Reuters | ABR)

247* - Em nota oficial divulgada neste sábado (19), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) repudiou a decisão do governo dos Estados Unidos de suspender os vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A medida foi anunciada por Marco Rubio, secretário de Estado da gestão do presidente Donald Trump, e já provocou reações no governo brasileiro. 

Lula expressou solidariedade aos ministros e classificou a decisão como “mais uma medida arbitrária e completamente sem fundamento” por parte do governo norte-americano. “A interferência de um país no sistema de Justiça de outro é inaceitável e fere os princípios básicos do respeito e da soberania entre as nações”, declarou o chefe do Executivo. “Estou certo de que nenhum tipo de intimidação ou ameaça, de quem quer que seja, vai comprometer a mais importante missão dos poderes e instituições nacionais, que é atuar permanentemente na defesa e preservação do Estado Democrático de Direito".

A reação do governo brasileiro ocorre após Rubio, em publicação na rede social X, afirmar que ordenou “a revogação dos vistos de Moraes e seus aliados no tribunal, bem como de seus familiares próximos, com efeito imediato”. Segundo o secretário, o motivo seria o que chamou de “caça às bruxas política” promovida por Moraes contra Jair Bolsonaro (PL), o que, na visão de Rubio, violaria direitos básicos não apenas de brasileiros, mas também de norte-americanos.

Ainda segundo Rubio, Trump teria deixado claro que sua gestão “responsabilizará estrangeiros responsáveis pela censura de expressão protegida nos Estados Unidos”. No início do mês, o republicano anunciou um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, relacionando a medida diretamente às investigações conduzidas no Brasil sobre a tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023.

Medidas cautelares e suspeitas de fuga - A ofensiva de Washington acontece após o ministro Alexandre de Moraes determinar novas medidas cautelares contra Jair Bolsonaro, com base em indícios de que o ex-presidente estaria articulando para fugir do país e pressionar autoridades internacionais — entre elas o próprio governo Trump — para que impusessem sanções contra o Brasil.

As providências foram justificadas por evidências levantadas pela Polícia Federal e pela Procuradoria-Geral da República, que expressaram preocupação com uma possível fuga e com gestões internacionais para desestabilizar o funcionamento das instituições brasileiras. Moraes destacou que tanto Bolsonaro quanto seu filho, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), radicado nos EUA, estariam implicitamente reconhecendo irregularidades ao buscar ingerência estrangeira em processos judiciais em curso.

Entre as determinações do STF estão: uso obrigatório de tornozeleira eletrônica, toque de recolher noturno e nos finais de semana, proibição de acessar redes sociais, vedação de contato com diplomatas e acusados, além da interdição de frequentar ou se aproximar de embaixadas e consulados. Bolsonaro enfrenta cinco acusações criminais, que incluem formação de quadrilha, danos ao patrimônio público, subversão da ordem constitucional e tentativa de golpe, podendo somar mais de 30 anos de prisão.

Retaliação política e guerra comercial - A escalada da retaliação norte-americana preocupa o Itamaraty e o Planalto, especialmente após o anúncio da elevação de tarifas de importação. Além disso, o Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) iniciou uma reavaliação das relações comerciais bilaterais. Em resposta, o governo Lula estuda contramedidas e articula respostas diplomáticas em fóruns multilaterais.

*Via Brasil247

17 julho 2025

Câmara aprova PL da Devastação. Veja quais são os riscos que o Brasil corre

O projeto favorece a impunidade e a degradação ambiental, comprometendo o futuro das próximas gerações, diz nota da CUT*


O chamado "PL da Devastação", oficialmente Projeto de Lei nº 2.159/2021, foi aprovado por volta das três da madrugada, nesta quinta-feira (17) na Câmara dos Deputados, em meio a debates acalorados e pressões de setores interessados na flexibilização das normas ambientais provocando forte reação de ambientalistas, especialistas e representantes de comunidades tradicionais.

O projeto promove mudanças profundas nas regras do licenciamento ambiental, consideradas por muitos como um dos principais pilares da política ambiental brasileira. A análise das novas diretrizes evidencia riscos significativos tanto para o meio ambiente quanto para a população.

Em nota a CUT afirmou: “a proposta ignora os aprendizados trágicos de desastres como os de Mariana e Brumadinho, que causaram mortes, inclusive de trabalhadores da Vale S.A., destruíram comunidades e causaram danos irreparáveis ao meio ambiente”.

Na mesma nota, a Central Única dos Trabalhadores reafirma que “ é inadmissível que, em um momento em que o Brasil se prepara para sediar a COP 30 e se compromete internacionalmente com a redução das emissões de gases de efeito estufa, o Congresso Nacional aprove medidas que caminham na contramão desses compromissos”.

Críticas e alertas

A principal crítica ao PL gira em torno da possibilidade de ampliação do desmatamento, degradação de biomas sensíveis e aumento dos conflitos socioambientais. Ao criar brechas para a realização de obras e atividades sem a devida análise de impacto ambiental, o projeto pode acelerar perdas de biodiversidade, afetar nascentes e cursos d'água, ameaçar terras indígenas e comprometer a qualidade de vida de populações tradicionais e urbanas.

Diversos estudos apontam que o licenciamento ambiental é uma ferramenta essencial para evitar tragédias como rompimentos de barragens, contaminação de aquíferos e disseminação de doenças. Ao flexibilizar ou dispensar esse controle, o PL coloca em risco não apenas o meio ambiente, mas também a saúde pública e a segurança de comunidades inteiras.

Licenciamento ambiental: o que muda

O PL 2.159/2021 muda de forma substancial o processo de licenciamento ambiental. Entre as principais alterações, está a possibilidade de autodeclaração de impacto por parte das empresas, que poderão informar os potenciais efeitos de seus empreendimentos sem uma análise prévia rigorosa por parte dos órgãos de fiscalização. Além disso, o texto amplia o número de atividades isentas de licenciamento, incluindo obras de infraestrutura de pequeno e médio porte, o que pode abrir margem para abusos e dificultar a responsabilização em caso de danos.

Outra mudança relevante é a redução dos prazos para análise dos processos, o que pode pressionar os órgãos ambientais e comprometer a qualidade das avaliações. O enfraquecimento dos mecanismos de participação social e consulta a comunidades afetadas também é motivo de preocupação, pois reduz o controle social sobre decisões com grande impacto coletivo.

Garimpo e atividades extrativistas

O novo texto também traz impactos diretos sobre o garimpo. Ao facilitar o procedimento para obtenção de licenças, o PL pode impulsionar o avanço de atividades de mineração, inclusive em áreas sensíveis como a Amazônia e territórios indígenas. A dispensa ou a simplificação do licenciamento para determinadas modalidades de garimpo pode agravar a degradação ambiental, ampliar conflitos fundiários e colocar em risco a saúde de populações locais, frequentemente expostas à contaminação por mercúrio e outros poluentes.

Próximos passos

Após a aprovação na Câmara, o PL da Devastação segue para análise no Senado Federal. Caso seja aprovado sem alterações, será enviado à sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Diante das diversas manifestações contrárias de setores da sociedade civil, de especialistas e até de órgãos internacionais, cresce a pressão para que Lula vete total ou parcialmente o projeto.

“É lamentável que o Congresso tenha aprovado na madrugada esse projeto, a alternativa que a gente tem, agora, é que possa ser vetado pelo presidente Lula”, disse a secretária de Meio Ambiente da CUT, Rosalina Amorim.

O veto presidencial é uma possibilidade real, tanto pelo compromisso internacional do Brasil com a agenda ambiental quanto pela necessidade de preservar a integridade dos instrumentos de proteção da natureza e das populações vulneráveis.

14 julho 2025

Lutas - Para uma reflexão sobre o PED 2025




Por Cristiano Junta*

1- A pedido da Redação apresento alguns elementos de reflexão para um futuro balanço, com as informações irregulares que dispunha.

2- Em primeiro lugar, falta a votação de Minas Gerais, para um verdadeiro balanço. O PED-MG foi adiada para este domingo dia 13, pelo que entendi, por uma disputa nas cúpulas sobre a regra do depósito do pagamento estatutário, o que levou um dos lados a recorrer à justiça. Mas isso já seria depositar o partido nas mãos da justiça da classe dominante e aí este setor perdeu o grão de razão que podia ter. Em consequência, a deputada federal Dandara (RS, Tribo, MPT e divisão do CNB) ficou fora da disputa pela presidência estadual. Ela tinha uma grande dívida com o PT, é verdade, mas vazou há vários outros parlamentares com dívidas até maiores, mas não candidatos, o que não é motivo para que continuem na sombra.

Estão no pleito em MG o professor Juanito (Virar à Esquerda-DAP), Esdras (avulso independente) e a deputada Leninha (CNB, apoiada pelo resto das tendências com assento no DN).

3- Alguns dados: a totalização (sem MG) apurou 471.089 votos, sendo 434.066 válidos, o que é 50% de votos à mais do que no PED anterior, em 2019 (descontando MG), quando votaram no total 350 mil, sendo 300 mil válidos. A previsão que ouvi entre dirigentes do partido oscilava de 400 e 450 mil. Com a expectativa de entrarem 40 mil votos de MG, domingo, passaríamos para o recorde de 500 mil votos!

O PT estaria tão bem assim?  Não foi o que falaram os candidatos à presidente na campanha, inclusive o vencedor Edinho, candidato de Lula.

Haverá muitos balanços deste PED. Haverá o balanço de Edinho que emplacou 73% dos votos (antes de MG). Rui Falcão estava com 11, 3%, Romênio com 10,7% e Valter Pomar 4,66%. É provável que Edinho e a CNB sejam os maiores beneficiários da onda de votos maior que a prevista.

Haverá também balanços que incluirão o impacto, ao longo período de 2019 para cá, do crescimento do Fundo Partidário para 153 milhões de reais, do grande crescimento do Fundão Eleitoral para 620 milhões de reais distribuídos pela oligarquia dirigente de cima para baixo e, finalmente, da explosão das emendas parlamentares distribuídas pelos próprios, no valor de 50,4 bilhões de reais.

A coisa chegou a um ponto que neste PED houve locais de votação onde assessores parlamentares (profissionais) controlavam o comparecimento baseados na atribuição de emendas na área ou, então, nos adesivos que “carimbavam” o eleitor na fila. Ai de quem não entregasse o comprometido! Embora outras tendências também tenham parlamentares com emendas – eu não vi elas questionar -, é claro que a mais bem relacionada com a cúpula do Congresso e nos Ministérios é a CNB.

O DAP sabia que não tinha, nem pretende ter, condições para disputar em pé-de-igualdade neste terreno.

4- Mas o PT não é só PED. O DAP deve se orgulhar da campanha que fez, na minha opinião, pelos debates e pelas novas relações estabelecidas, e inicia agora um balanço que deve ser cuidadoso e detalhado.

A totalização publicada pela SORG nos atribui 5103 votos, ou 1,18% dos válidos. Com MG podemos superar o total de 6850 votos que tivemos em 2019.

Agora atenção antes de fazermos contas da representação e comparações nas instancias nacionais. Devemos lembrar que a degradação do cenário institucional (Fundão etc.) foi acompanhada da alteração, uma degradação também das regras do PED deste ano. Entre outras mudanças para pior, está a eleição “direta” – sem real discussão entre as centenas de milhares de eleitores – para todos os cargos nacionais.

Ora, em 2019, se elegeram nas urnas delegados aos Encontros Estaduais, os quais elegeram aí os delegados nacionais, que, então, no Encontro Nacional elegeram o Diretório e a Executiva. Foi só assim que o DAP, começando com 2,15% dos 300 mil votos em urna, pode conquistar, pela discussão com algumas centenas de petistas nos Encontros Estaduais, mais delegados no Encontro Nacional, chegando a 2,6%, o que deu um membro na CEN e três no DN.

5- Agora vamos ao que deveria ter começado esta nota, a avaliação política. Ainda vamos discutir nas instâncias do DAP, a rapidíssima evolução da situação do país nas últimas semanas e, pé no chão, o tamanho do seu efeito no PED.

Há dois meses, quando o governo adotou um decreto elevando o IOF, a situação evoluiu para um conflito aberto entre o governo, o Congresso e os capitalistas contrários à medida, de um lado. E de outro lado, houve a elevação da temperatura no julgamento de Bolsonaro e dos generais golpistas no STF. Ficou configurada a resistência à taxação dos super-ricos, ao lado do alinhamento com os bolsonaristas contra o governo. Finalmente, 72 horas depois do PED, veio o ataque imperialista de Trump que terminou de dar uma tonalidade popular antiimperialista à situação.

Constatamos que tudo parece, repetimos parece, ir a desejada “virada à esquerda”, pois se opõe as forças populares que sustentam Lula, à extrema direita vende-pátria e aos setores patronais que temem mais a mobilização popular do que a humilhação nacional e mesmo um certo prejuízo. Esta situação nova não caiu do céu, vinha se preparando de antes das ameaças de Trump. Ou seja, ricos contra pobres, Lula versus reação, “esquerda contra direita”. Uma reflexão necessária é saber como isso influenciou no animo dos petistas no dia 6.

Esta reflexão somado a muitos outros elementos devem ser devidamente pesados e apreciados numa avaliação mais consistente do PED.

*Cristiano Junta, membro da Coordenação Municipal do DAP São Paulo. - Fonte: Diálogo e Ação Petista - DAP