Há 46 anos, a ditadura. E a festa da Direita
José Dirceu escreve:
Dia 31 de março de 1964, trabalhando no centro antigo de São Paulo, num escritório da Praça da República para pagar meus estudos, assisti perplexo e indignado às manifestações de júbilo e apoio aos golpistas vitoriosos depois de duas tentativas de implantar a ditadura no Brasil, em 1954 e 1961.
Mais uma vez eram os mesmos de sempre com a UDN à frente - essa mesmo que vocês se lembram, virou ARENA, PDS, PPB, PFL e agora se chama DEM. Vai mudando de nome tentando enganar e achando que o povo esquece.
Derrubavam um presidente constitucional, João Goulart - o Jango - eleito democraticamente para instalar no país uma ditadura militar que durou 21 anos se tomarmos a eleição de Tancredo Neves pelo Colégio Eleitoral como marco do seu fim, ou 24 anos se tomarmos como data a Assembléia Nacional Constituinte de 1988.
Os nefastos 21 anos que se iniciavam naquela noite
Naquele momento e com o desfile daquelas imagens da alta classe média paulistana e dos considerados na época "filhinhos de papai" do Colégio/Universidade Mackenzie apoiando entusiasticamente o golpe, iniciava-se a onda de repressão e violência que se abateria sobre o país e contra os democratas, os que defendiam a Constituição e a Liberdade.
Aquela cena e aquele dia mudaram para sempre a minha vida. Naquele momento tomei a decisão de me opor com todas as minhas forças e energias ao golpe militar, decisão que persegui durante vinte anos até a reconquista da democracia.
No momento em que assomei a janela para ver a cena dos estudantes de direita do Mackenzie descerem a Avenida Ipiranga rumo a Praça da República, mal sabia eu que minha vida estava sendo decidida naquela manhã de março, no simpático mês das águas e do meu aniversário.
Mal tinha idéia eu de que naquele dia e com as cenas que presenciava, se iniciava a mais longa e teneborosa noite que desabaria sobre o país, a nefasta ditadura sonhada e instaurada pela direita que sufocaria tantos e tantos democratas, atingiria em maior ou menor grau - e ainda que indiretamente - a todos os brasileiros, e se tornaria o período político e social mais nocivo vivido pelo país.
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Só aqui imprensa torce contra o Brasil
Só no Brasil vê-se - e ouve-se - ao que assistimos e ouvimos desde ontem. Toda a midia, com algumas raras exceções, criticou o presidente Lula e o governo por lançar um programa de investimentos de R$ 1 trilhão, o PAC II, a nove meses do fim da atual administração federal.
Só no Brasil vê-se - e ouve-se - ao que assistimos e ouvimos desde ontem. Toda a midia, com algumas raras exceções, criticou o presidente Lula e o governo por lançar um programa de investimentos de R$ 1 trilhão, o PAC II, a nove meses do fim da atual administração federal.
Ao agir assim, ela deixa de reconhecer o óbvio: que o Estado volta a investir no Brasil quatro vezes mais que em oito anos de governo FHC, e que o PAC II é necessário e se constitui em um dos programas e metas mais completos já lançados no Brasil. Traz planos e obras para infraestrutura, gás e petróleo (pré-sal), habitação, saneamento, água e transportes para todo país, além de um grande investimento em energia, sem o que não vamos reduzir nossos custos e aumentar nossa produtividade.
Deixa de reconhecer, principalmente, que a nova fase do PAC concede grande prioridade às obras de infraestrutura econômica, do qual é um exemplo, pelo efeito multiplicador (de negócios e empregos) o Minha Casa, Minha Vida, agora ampliado para a construção de 2 milhões de moradias e o vasto programa de investimento em energia.
Incrível que a mídia adote essa posição, mesmo com o PAC II focado nas cidades, contemplando principalmente os mais pobres e necessitados e centrado em seus maiores problemas tais como falta de esgotos; água; habitação; transportes; obras de macro- drenagem; tratamento de resíduos sólidos do lixo; urbanização de favelas; fim das construções em áreas de risco, das enchentes e alagamentos.
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*Fonte: Blog do Zé - http://www.zedirceu.com.br/