31 janeiro 2014

'Ai, mais como é triste/ essa nossa vida de artista'...




* Ednardo - Enquanto Engoma a Calça 

Rodoviários: 'É greve, sim. Justa e legal'



Por Antônio Escosteguy Castro*

A data-base dos rodoviários de Porto Alegre é 1º de fevereiro. Uma lei municipal bastante conveniente vincula o reajuste das tarifas do transporte coletivo à concessão de reajuste salarial aos rodoviários. Este é, portanto, um gatilho do aumento das passagens , pelo que , todo ano, em março , na volta às aulas, os ônibus sobem.
Mas na realidade o reajuste salarial dos rodoviários tem, nos últimos anos, apenas servido de desculpa para os aumentos abusivos das passagens. Estudo do DIEESE do período de 1994 para cá demonstra que hoje o salário do rodoviário compra metade das passagens que comprava lá. Em outra palavras, nos últimos 20 anos, a passagem subiu o dobro dos salários.
Surpreendentemente , porém, na planilha de custos das passagens de ônibus de Porto Alegre , o peso relativo do salário na tarifa, por alguma mágica matemática, não se alterou, permanecendo em cerca de 45%. Isto só seria possível se existisse hoje em cada empresa o dobro de trabalhadores por ônibus, o que obviamente não é real.
A Prefeitura e os empresários , portanto, praticam um jogo malicioso em que o salário dos trabalhadores é o motivo utilizado para aumentar a tarifa, mas sem que , em termos reais, aumente o salário do rodoviário, embora a tarifa tenha tido constantes aumentos acima da inflação no período. Nos 20 anos supra expostos , as tarifas ganharam 87% em relação ao INPC do período.
Os rodoviários querem romper com este ciclo maligno e querem um reajuste real e um salário decente. O salário do motorista de ônibus, para passar horas e horas por dia torrando em veículos sem ar-condicionado no trânsito maluco que temos pouco supera os 2 salários mínimos.
O movimento unificou toda a categoria, desde a direção sindical ligada à Força Sindical à oposição cutista. O sucesso do movimento em muito se deve a uma rara e eficaz unidade real da categoria.
Fortunatti e parte da mídia tentam desmoralizar o movimento caracterizando-o como “ locaute” , como greve combinada com os patrões. Quando a greve é violenta ( e muitas vezes o é) , os trabalhadores são vândalos. Quando se unificam e reivindicam em paz , são pelegos… (...)
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*Advogado - via sítio Sul21  http://www.sul21.com.br/
Foto: http://noticias.terra.com.br/

30 janeiro 2014

O “esquecido” de meio milhão de dólares



Se houvesse crime de desfaçatez no Código Penal, o senhor João Roberto Zaniboni, diretor da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos nos governos Mario Covas e Geraldo Alckmin, a esta hora estaria preso em flagrante.
Segundo revela o Estadão, ele diz que “não lembra”  porque recebeu US$ 550 mil em uma conta bancária na Suíça, entre 2000 e 2002.
Diz que foram “consultorias”.
De “boca”, sem contratos ou estudos técnicos materializados em relatórios, documentos, nada!
O seu depoimento numa das comissões que investiga o escândalo do “trensalão” é um primor.
“Inquirido se essa conta bancária chegou a ser movimentada com o depósito de mais valores, respondeu afirmativamente, aduzindo que foi o próprio declarante quem fez vários depósitos, perfazendo um total de 550 mil dólares, valores esses advindos também de trabalhos de consultoria realizados pelo ora declarante”,regista a ata da inquirição, acrescentando que  Zaniboni “não sabe informar o nome das empresas para as quais prestou consultoria, pois, como ocorreu com Arthur Teixeira, não tem documentação comprobatória”.
Meio milhão de dólares e ele “esqueceu”?
-Por Fernando Brito in http://tijolaco.com.br/

Tem um fusquinha no meio do caminho

O fusca de um serralheiro incendiado por manifestantes anti-Copa simboliza o equívoco dos que oferecem destinos redentores à sociedade sem combinar com ela.


Por: Saul Leblon* 

Mídia Ninja




Acontecimentos fortuitos muitas vezes sintetizam uma época melhor que as ações deliberadas de seus personagens. 

Quando Maria Antonieta – afirma-se - num rasgo de espontaneidade aconselhou a plebe rude a optar por  brioches à falta do pão, revelou-se por inteiro o abismo  entre a rua que acabara de derrubar a Bastilha  e a monarquia agonizante de Luiz XVI.

O general João Figueiredo, ditador entre 1979 e 1985, sintetizou  o apreço do regime pela gente brasileira esponjando-se na língua das estrebarias: ‘Prefiro o cheiro de cavalo ao de povo’.

Na largada  da campanha tucana em 2010, Eliane Cantanhede, colunista da Folha, definiu-se  melhor que seus críticos ao explicar:  “O PSDB é um partido de massa , mas uma massa cheirosa’.

O Fusquinha 75 incendiado na avenida  da Consolação, em SP, no  sábado (25/01), revelou  uma incomoda dimensão dos protestos contra a Copa de 2014. 

Black blocs que interrompiam a via atribuem o acidente  ao piloto, que teria avançado sobre um bloqueio de fogo com crianças a bordo.

Itamar Santos, serralheiro pobre de 55 anos, rejeita o papel de vilão.

Um colchão em chamas, disse ao blog da Cidadania, foi atirado sobre o seu carro quando avançava para escapar de protestos, teoricamente, em defesa  de brasileiro pobres como ele.

O  Fusquinha no meio do caminho é a pedra no sapato dos que oferecem destinos redentores à sociedade sem combinar com ela --nem dizer como se chega lá.

Contrapor objetivos distintos aos do governo, qualquer governo,  é legítimo.

Sem adicionar aos enunciados as linhas de passagem capaz de  materializá-los,  porém, rebaixa-se  a política ao plano do bate-boca  inconsequente.

Dispersa em vez de organizar.

A  oposição conservadora  também é useira e vezeira na atividade exclamativa.

Desprovidos de compromissos  com a sorte da nação e de sua gente, seus economistas, egressos em geral do vale tudo financeiro, colecionam receitas de como tocar fogo no país, indiferentes  aos ocupantes dos Fusquinhas no meio do caminho.

A instabilidade cambial que ronda as nações em desenvolvimento nesse momento, antes de preocupá-los é vista como um bom aditivo para queimar caravelas.

Move-os a esférica certeza de que o legado recente é incompatível com o  futuro recomendado ao país.

A saber: aquele nascido de uma purga ortodoxa, capaz de limpar o tecido econômico de qualquer vestígio de soberania, interesse público e justiça social.

O problema dessa lógica é o bendito Fusquinha atrapalhando o tráfego das boas causas.

Fortemente ancorada na ampliação do mercado de massa, a economia brasileira avançou nos últimos anos apoiada em ingredientes daquilo que a emissão conservadora denomina ‘Custo país’.

Em tempos de interdições  inflamáveis, nunca é demais recordar.

O  salário mínimo teve una elevação do poder de compra da ordem de 70% desde 2003, acima da inflação;  16 milhões de vagas foram abertas  no mercado de trabalho, regidas pela regulação trabalhistas da era Vargas; políticas sociais destinadas a mitigar a fome e a miséria atingem mais  de 55 milhões de pessoas atualmente.

No Fórum Social Temático, em Porto Alegre, a ministra Tereza Campello deu um exemplo do que está subjacente a estatísticas para as quais o vocabulário conservador reserva apenas uma palavra:  assistencialismo.

Pela primeira vez na história do país,  disse Campello, uma geração de crianças pobres, que  agora completa  12 anos, nasceu e  cresceu livre da fome (leia nesta pág).

O blackboquismo  nas suas variadas versões  dá de ombros.

O mesmo trejeito merece o cinturão de segurança de US$ 375 bilhões em reservas internacionais acumuladas  no período de fastígio das commodities –‘ ciclo desperdiçado pelo governo do PT’, assevera-se.

Não fosse ele, o Brasil seria  presa fácil da volatilidade internacional desse momento, com consequências sabidas e equivalentes às da tripla quebra no ciclo tucano.

 Mas a blindagem  figura como um retrocesso do ponto de vista de quem acredita  que as conquistas dos últimos 12 anos devem ser corroídas  para reduzir  o custo do investimento privado e aliviar o ‘gastança’ fiscal.

Aí sim, sobre os escombros, brotaria uma nova matriz de crescimento ‘mais leve, ágil e competitiva’, temperada por um corte geral de tarifas de importações.

O diabo, de novo, é o Fusquinha  na contramão do schumpeterismo  blanquista.

Dentro dele, 40  milhões de brasileiros saídos da  pobreza extrema e outros tantos que ascenderam na pirâmide social formam  a vértebra decisiva de um dos mais cobiçados mercados de massa do planeta.

Os jovens da chamada classe C, por exemplo, tornaram-se majoritários no mercado de consumo.

Em 2013 eles realizaram compras no valor de  quase  R$ 130 bi -- R$ 50 bi acima do valor consumido pela juventude dos segmentos A e B (Data Popular).

Juntas, as faixas de renda C, D e E reúnem  155 milhões de pessoas, o que faz da demanda popular brasileira, sozinha,  o 16º mercado consumidor do planeta.

É esse o recheio do Fusquinha que avança na contramão da dupla barreira, a incendiária  e a purgativa, que sacode o debate do passo seguinte do país.

Reconheça-se, o tráfego social e econômico  brasileiro tornou-se  bem menos  linear sob a pressão do  fluxo de demandas, prazos e requisitos para o seu atendimento.

Cada urgência tem um  custo e quase nunca  ele é neutro em relação a outra. 

Nenhuma novidade.

Desequilíbrio e desenvolvimento são irmãos siameses – exceto quando se entende por desenvolvimento a mera concentração da riqueza nas mãos dos endinheirados.

O Brasil talvez tenha avançado demais para regredir a essa modalidade de paz do salazarismo social.

As  multidões que invadiram a economia dentro do Fusquinha  não aceitam dar meia volta na estrada da ascensão experimentada nos últimos anos.

Uma nova macroeconomia do desenvolvimento  terá que ser construída  em negociação permanente com elas.

Ou contra elas  –correndo-se o risco de ser atropelado por elas.

A contingência não incomoda apenas o blackbloquismo nas suas variantes sabidas.

Significa também que a vitória progressista em 2014 somente será consistente se ancorada na decisão política de promover a mutação do  Brasil  que se tornou majoritário na pista do consumo, em um Brasil hegemônico na repactuação de projeto de nação para o século 21.

Carta Maior, propositadamente, insiste em repetir: para isso é preciso  –ao contrário do que fazem os shoppings aos sábados--  alargar as portas da  democracia e criar os  instrumentos que forem necessários para sustentá-la.

Não adianta interditar o tráfego. Nem tacar fogo no Fusquinha das demandas populares.

A ver.

(*Via Carta Maior - Editorial)  http://www.cartamaior.com.br/

28 janeiro 2014

Opinião: 'O junho que nos desafia' - por Tarso Genro

Arquivo
 
Por Tarso Genro*

A coruja de Minerva alça vôo ao entardecer, dizia Hegel na sua já batida, explorada e  genial sentença sobre o entendimento da História. Proponho que nos esforcemos para “lograr” Hegel e nos esforcemos para apressar nosso entendimento sobre junho de 2013.

Penso que até agora foram insuficientes as análises feitas pela esquerda - de todas as origens, inclusive as anarco-socialistas - sobre os movimentos  de junho do ano passado, como seguramente esta também o será. Uma parte da área acadêmica (e da direita pós-moderna), por outro lado,  com o apoio da “grande mídia”,  apressou-se em espasmos de júbilo. Já etiquetavam positivamente os movimentos que estavam “começando um novo Brasil”, reverenciando um possível fracasso do projeto político que vem dirigindo o país desde 2002. Quando as ruas se voltaram também contra eles, passaram a ser mais cautelosos: recolheram a sua clientela de classe média para o recesso dos seus bares e dos seus lares.

Agora, os apoiadores incondicionais de todos os movimentos de rua festejam desde o acampamento na frente da casa do Governador do Rio - como se isso fosse um sintoma de inconformidade com a “dominação do capital” - até a quebra de vitrines de bancos, bancas de jornais, queimação de fuscas ou destruição de carros de pipocas, como “momento de radicalização dos movimentos sociais”.

 
Pode ser que este júbilo seja meio precipitado, porque se é verdade que é manifestação de revolta contra as carências sociais atuais, também são fatos de manipulação preciosa para que a “opinião pública” exija cada vez mais repressão.

Os “especialistas” ouvidos pelos jornais, ordinariamente de direita, explicam exaustivamente os acontecimentos com aquela conhecida empáfia de quem “já sabia disso há muito tempo” e com a comodidade de quem nunca terá quer responder pela opinião dada, pois sempre são rapidamente utilizados pelas editorias e,  se não servirem aos desígnios de formação de uma opinião   conservadora anti-governo e anti-esquerda, - que a imprensa tradicional  sempre  quer impor - serão rapidamente descartados.

Não é necessário ser “especialista”, sociólogo ou politólogo, muito menos colunista de opinião, para saber que há novas demandas nas ruas. Novos sujeitos sociais em movimento, novos contingentes de jovens,  setores do mundo do trabalho, estudantes, empregados em serviços de baixo rendimento, desempregados e marginalizados que até há pouco não tinham expressão formal nas lutas sociais, que hoje  fazem tremer  as já enferrujadas estruturas democráticas do país, que se desorganizam por fora dos partidos e dos sindicatos  tradicionais.

Isso tem causas obviamente econômicas e sociais, que vão desde a pobreza cultural e física do modo de vida urbano nas grandes metrópoles até a falta de qualidade dos serviços públicos, passando pelo consumismo propagado e, ao mesmo tempo, negado  dos seus melhores produtos, para a ampla maioria do povo.

O que constituiu e vai dar permanência - em sentido ainda a ser determinado - aos movimentos de junho foi a combinação da objetividade da crise do capitalismo “sentida” por todos em todos os lugares e a possibilidade da socialização do conjunto variado de inconformidades através das novas tecnologias infodigitais em rede. Inconformidades somadas e ainda não sintetizadas numa nova experiência política e programática, que só pode partir de uma nova e clara proposta de Estado.

 Antes foi “todo poder aos sovietes”, mas duvido que hoje possa ser “todo poder às redes”. Estas não tem nem corte de orgânico de classe definido nem podem constituir, sem burocracia  novas instituições formais de poder nem uma nova civilidade socialista democrática São, sem qualquer dúvida,  tanto instrumentos indispensáveis para um novo tipo  de controle público do estado, como podem ser fundamentos de um novo  espontaneísmo que, de espasmo em espasmo, poderá se esgotar como incentivo às práticas políticas de natureza revolucionária. E mais, pode tornar-se - o que depende de quem vai ter a hegemonia nas redes -  instrumento de um novo tipo de fascismo, que Boaventura Souza Santos chamou de “fascismo societal”.

Gramsci dizia nos seus Cadernos que a teoria ricardiana do valor-trabalho não provocou nenhum escândalo “porque não representava nenhum perigo”, revelava-se apenas como “fato” e que  o seu “valor polêmico e de educação moral e política, mesmo sem perda da objetividade, só iria ser adquirido com a Economia crítica”. Estes movimentos em rede e nas ruas, até agora,  não só não representam nenhum perigo para o capitalismo  -independentemente dos objetivos éticos e políticos dos grupos esquerdistas ou de esquerda que dele participam-   como só poderão tornar-se parteiros do futuro se  as suas demandas fragmentárias se constituírem como demandas políticas. Demandas de classes e setores de classes que  transformem as maiorias em movimento em hegemonia  política e  cultural de novo tipo, “por fora” da indústria cultural de massas do capitalismo em  crise.

Aquilo que David Harvey chama de “Partido da Wall Street” não é apenas um centro de inteligência política  do capital financeiro, mas é também uma captura do Estado pelo capital financeiro privado através da dívida pública, um “modo de vida” profundamente entranhado em vastos setores da população pelo estímulo ao consumismo predatória e uma redução dura da afetividade comunitária - de sentido público - que veio das lutas operárias de grande parte do século passado.

A  “falta de civilização” que,  segundo Lênin, impedia a Revolução Bolchevique de avançar para  o socialismo, hoje está configurada inclusive na falta de civilização para avançar na questão democrática - que é efetivamente o nosso problema -  porque as próprias saídas de crises, dentro do sistema de poder atual,  só podem se dar com mais desigualdade e mais extorsão dos  direitos dos “incluídos”, ou seja, com menos democracia.

A representação política cada vez mais deslegitimada, assim, ajuda a deslegitimar toda a política, inclusive a futura política daqueles que ainda não chegaram ao poder de Estado, porque jamais as demandas sociais, principalmente agora que são cada vez mais variadas e exigentes, serão respondidas no “curtoprazismo” demandado pelas ruas.

A captura dos Estados pelo capital financeiro em escala global – agora já em êxtase definitivo com a rendição completa de Hollande - exige um  olhar mais  acurado sobre as técnicas e táticas do neoliberalismo para tornar o Estado cada vez mais impotente. Este, enfraquecido,  promoverá como sucedâneo o enfraquecimento maior da ação política e um estímulo ainda maior à alienação e ao privatismo, radicalizando, não a democracia, mas o potencial autoritário que está contido nele, em qualquer Estado.

Pode ocorrer, assim, no terreno da política, para os movimentos socialistas, o que  já ocorreu no plano da literatura quando já germinava a pós-modernidade: o abandono do Herói-Príncipe (o Partido, seja ele qual for) e o abandono do Caudal de Fatos (o Programa),  que  são constitutivos do enredo dramático da Revolução: Joyce, com Ulysses, instintivamente transformou toda a literatura anterior num fluxo de idéias e associações. Como disse Arnold Hauser, ao invés de protagonismo “uma corrente de consciência interminável, ininterrupto monólogo interior.”  No terreno da política, isso significa um movimento que não saia de si mesmo e seja só  idêntico a si mesmo, sem transcender para capacitar-se como novo poder democrático a partir de um novo Estado, “um ininterrupto monólogo interior.”

Em 1982 Nicolás Sartorius – quadro do PCE e um dos fundadores das “Comisiones Obreras”— já alarmava-se com a falta de avanços sociais mais significativos na democracia espanhola e com a marginalização da esquerda marxista em curso, segundo Sartorius, pelo PSOE (“Siempre a la izquierda”, Ed. Primeiro de Mayo).


Hoje, dentro da crise espanhola, toda esquerda tradicional está impotente politicamente e surgem novos movimentos em rede, estes conscientemente querendo tornar-se proposta e projeto político para governar o país, justamente desconfiados e  sem qualquer apoio significativo dos partidos tradicionais da esquerda.  Mais de trinta anos após a advertência de Sartorius a Espanha sofre um governo liberal-conservador  que vai devastar até a memória social-democrata.

Penso que os partidos tradicionais do campo popular, sejam  social-democratas de esquerda ou comunistas das mais variadas cepas,  devem deixar de agir como espectadores condescendentes ou “infiltrados” com “raro senso de oportunidade”. É preciso ir entendendo a variedade  e a riqueza destes movimentos e travando, paralelamente,  uma dura batalha ideológica, política e organizativa, pela renovação do projeto socialista, a partir da “democracia real”. Ambos  - democracia e socialismo - não cabem mais só no leito futuro a ser preparado pelo movimento operário industrial do século passado. Nem nos desejos consumistas desvairados da classe media alta, auto-exilada nos seus templos de consumo suntuário.

*Governador do Estado do Rio Grande do Sul - Via Ag. Carta Maior
http://www.cartamaior.com.br/

26 janeiro 2014

Com a Perna no Mundo




* Gonzaguinha - Com a Perna No Mundo, É , O Que é o Que é? (Ensaio, 1990)

Com a Perna no Mundo

Acreditava na vida
Na alegria de ser
Nas coisas do coração
Nas mãos um muito fazer
Sentava bem lá no alto
Pivete olhando a cidade
Sentindo o cheiro do asfalto
Desceu por necessidade
O Dina
Teu menino desceu o São Carlos
Pegou um sonho e partiu
Pensava que era um guerreiro
Com terras e gente a conquistar
Havia um fogo em seus olhos
Um fogo de não se apagar
Diz lá pra Dina que eu volto
Que seu guri não fugiu
Só quis saber como é
Qual é
Perna no mundo sumiu
E hoje
Depois de tantas batalhas
A lama dos sapatos
É a medalha
Que ele tem pra mostrar
Passado
É um pé no chão e um sabiá
Presente
É a porta aberta
E futuro é o que virá, mas, e daí?
ô ô ô e á
O moleque acabou de chegar
ô ô ô e á
Nessa cama é que eu quero sonhar
ô ô ô e á
Amanhã bato a perna no mundo
ô ô ô e á
É que o mundo é que é meu lugar

25 janeiro 2014

Lula: A campanha pelas 'Eleições Diretas Já' foi o maior movimento cívico do país




"Nós precisamos aprender a valorizar a democracia", afirma Lula 30 anos depois das 'Diretas Já'

"Foi exatamente a campanha das Diretas que conseguiu fazer com que a gente, mesmo através do colégio eleitoral, acabasse com o regime militar "

Summertime




Janis Joplin - Summertime

Os 30 anos do comício que a Globo transformou em festa

Arquivo

Brasília - Carta Maior - Há exatos 30 anos, cerca de 300 mil pessoas foram à Praça da Sé, em São Paulo, para reivindicar eleições diretas para presidente. No palanque, políticos, artistas, sindicalistas e estudantes. Era o maior ato político ocorrido nos primeiros 20 anos da ditadura brasileira, com todo o seu saldo de mortes, torturas, desaparecimentos forçados, censuras e supressões dos direitos individuais. Mas o foco da reportagem que o telejornal de maior audiência do país, o Jornal Nacional, da TV Globo, levou ao ar naquela noite, era a comemoração pelos 430 anos de São Paulo.

O histórico comício da Praça da Sé ocorreu em um momento em que o Brasil reunificava suas forças para tentar por fim ao regime de exceção, em um movimento crescente. Treze dias antes, um outro ato político realizado em Curitiba (PR), com a mesma finalidade, havia sido completamente ignorado pela emissora. Mesmo a chamada para o ato que os organizadores tentaram veicular na TV como publicidade paga não foi aceita pela direção. O Jornal Nacional nada falou sobre o comício que levou 50 mil pessoas às ruas da capital paranaense. Antes dele, outros, menores, já ocorriam em várias cidades brasileiras desde 1983. Nenhum mereceu cobertura. (...)

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24 janeiro 2014

A mistificação ideológica de um editorial de Zero Hora


Porto Alegre/RS - “Reconquistar a confiança dos investidores é o grande desafio da presidente da República em sua estreia no Fórum Econômico Mundial”. A frase é do editorial de quinta-feira (23), do jornal Zero Hora, que tratou da viagem de Dilma Rousseff a Davos. Intitulado “Um olhar para Davos”, o editorial é uma peça da mais pura ideologia do mercado que omite completamente o papel dos “investidores” na situação atual da economia mundial. (...)

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23 janeiro 2014

Governador recebe blogueiros e ativistas digitais no Palácio Piratini


Porto Alegre/RS - O governador Tarso Genro reuniu-se, nesta quinta-feira (23), no Palácio Piratini, com um grupo de blogueiros e ativistas digitais. Foi a terceira vez que o chefe do Executivo recebeu os ativistas das redes sociais. Durante duas horas, o governador respondeu perguntas sobre temas diversos, como investimentos na periferia, políticas para o público LGBT, Assembleia Nacional Constituinte, Copa do Mundo e asilo a refugiados políticos internacionais 

Tarso destacou que o encontro é uma oportunidade para debater assuntos que ficam à margem dos meios de comunicação tradicional. "Isso é extremamente importante não só pela discussão com uma parte da opinião pública, mas também porque hoje a questão da comunicação no sistema tradicional é um pouco bloqueado para ideias que são representativas para um governo como o nosso, que não aceita a visão neoliberal de sucateamento das funções públicas do Estado e que defende, por exemplo, o salário mínimo regional, e recursos públicos para políticas sociais de inclusão". 

"O Conexões Globais, por exemplo, acontece num momento oportuno, pois estamos entrando num ano eleitoral no Brasil e com mudanças próximos nos países vizinhos", lembrou o secretário-geral Vinicius Wu, ao citar as formas de participação do governo gaúcho. "O Governo do Estado deve promover uma série de diálogos sobre a Copa. Ativistas e representações sociais serão ouvidos através do Gabinete Digital", garantiu Wu. 

O ativista Marcelo Branco afirmou que o encontro promove o diálogo do Estado junto à população. "É o governo escutar os blogueiros e ativistas digitais, na perspectiva de tentar entender o que os movimentos sociais estão dando o recado nas ruas. Na verdade, o principal recado é por uma nova participação popular, com mais democracia direta, menos democracia representativa e principalmente que essa juventude que está nas ruas quer ser ouvida", explicou. 

-Veja mais sobre a reunião-almoço no vídeo abaixo.

Texto: Anna Magagnin -  
Foto: Caroline Bicocchi/Palácio Piratini 
Edição: Redação Secom (51) 3210-4305  - http://www.estado.rs.gov.br/

No Piratini, com o Governador dos Gaúchos



*A reunião-almoço entre o governador , blogueiros e ativistas digitais, hoje realizada (vide postagem abaixo), foi encerrada com uma foto coletiva no Piratini. Este Editor, convidado, se fez presente. Detalhes do evento divulgaremos em breve.

22 janeiro 2014

Governador Tarso Genro almoçará com 'Ativistas Digitais' nesta quinta-feira



Porto Alegre/RS - Este Editor recebeu (registra e procurará se fazer presente) Convite encaminhado pelo Cerimonial do Palácio Piratini para participar de um almoço com o Governador Tarso Genro, que ocorrerá nesta quinta-feira, 23/01.  

Trata-se, sem dúvida,  de mais uma iniciativa importante do governador Tarso Genro em privilegiar o contato direto com Blogueiros e 'Ativistas Digitais',  ao mesmo tempo em que valoriza, informa e  procura dialogar com a comunidade gaúcha (não somente através dos veículos da 'mídia tradicional'). 

O almoço com o Governador dos gaúchos será realizado nas dependências do Galpão Crioulo do Palácio Farroupilha. (Júlio Garcia)

Fórum Mundial de Mídia Livre


Fórum Social Temático, em Porto Alegre, promove seminário internacional sobre mídia livre

Encontro acontecerá nos dias 24 e 25 de janeiro


Acontece, nos dias 24 e 25 de janeiro, como parte da programação do Fórum Social Temático em Porto Alegre, mais uma etapa do processo internacional do Fórum Mundial de Mídia Livre. Desta vez, ativistas brasileiros e vindos de diversos países se reunirão para discutir a elaboração da Carta Mundial da Mídia Livre, além de debater temas como mídia pública, marcos regulatórios para uma mídia democrática e a importância da comunicação nas mobilizações de junho de 2013 no Brasil.

O evento em Porto Alegre também levantará propostas para o IV Fórum Mundial de Mídia Livre, que deve acontecer na Tunísia, em 2015. Confira abaixo a programação completa do seminário e participe !

Participantes :

Brasil : Alquimidia, Ciranda, Imersão Latina, Intervozes, FNDC, Mocambos, Midia Ninja, Fora do Eixo, Rede Mulher e Mídia, Soylocoporti, Pontao Eco/UFRJ e vários coletivos, pontos de cultura, mídias alternativas e compartilhadas, pesquisadores/as e ativistas da comunicação.

Internacionais : Magali Yakin e Norma Fernandes, Argentina ; Cheima Ben Hmida, Tunísia ; Viriato Tamele, Moçambique ; Diana Senghor, Senegal ; Mohamed Leghtas, Marrocos ; Erika Campelo, França ; Antonio Pacor, Itália ; Chistian Shroeder, Alemanha e outros participantes internacionais do Forum Social Tematico, do Forum Mundial de Educaçao e do Conexões Globais, comprometidos com a defesa da mídia livre.

22 a 26 de janeiro de 2014

Exposição Memorial da Mídia Livre
Local – Térreo da Usina do Gasômetro

24 de janeiro – sexta-feira (Rodas de conversa)

PROCERGS - Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul
Endereço : Praça dos Açorianos S/Nº - Centro Historico 
Porto Alegre

9h - Roda de conversa : Mulheres livre e mídias livres

Queremos avançar nas perspectivas de apropriação tecnológica pelas mulheres e coletivos de mulheres que furam o cerco da grande mídia, assim como pelos trabalhos de autoria comunitários. A apropriação das mídias livres, a apropriação da autoria pelas mulheres, como se dá ? Convidamos as mulheres ligadas à mídia livre para construírem conosco uma rede articulada para dar visibilidade a nossas práticas e a construir uma pauta de debates voltada para o protagonismo das mulheres no fórum.

11h – Roda de conversa : Mídia livre e apropriação tecnológica

O uso das mídias sociais durante as Jornadas de Junho foi fundamental para a organização e a difusão das manifestações em todo o Brasil. Só que muitas das mídias sociais mais usadas são desenvolvidas com tecnologia proprietária e controladas por grandes corporações, sujeitas a todo o tipo de interferência e até censura. Quais alternativas livres e seguras os movimentos sociais dispõem atualmente e qual a visão dos movimentos que se apropriaram da comunicação a serviço das ruas em 2013 e perspectivas para 2014.

14h – Roda de conversa : Movimentos Sociais e Mídia livre

A roda vai discutir a criminalização e a representação dos movimentos sociais na mídia ; a importância da garantia de uma mídia livre e plural para o exercício da liberdade de expressão e do direito à comunicação do conjunto dos setores sociais ; a luta pelo fortalecimento das rádios comunitárias, pela aprovação de um marco civil da internet, por um novo marco regulatório das comunicações no Brasil.

16h - Roda de conversa : Mídia pública como território para a mídia livre

A mídia pública participa de um novo território de luta por democracia na América Latina e está em busca de novos modelos e dinâmicas que consolidem seu papel na promoção do direito à comunicação e da liberdade de expressão. A mídia pública pertence à sociedade e para cumprir sua missão requer canais de aproximação com os temas de interesse da população e seus movimentos e também de participação social na gestão de suas diretrizes, temas caros ao movimento social por uma mídia livre. A roda de conversa tratará do atual esforço de integração entre mídias públicas e estatais da da América Latina, com a presença da jornalista e pesquisadora argentina, Magali Yakin, que acompanha o processo da União Latinoamericana de Agências, e também do atual momento de renovação do Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação EBC, que está com edital aberto para o preenchimento de cinco vagas da sociedade civil, com a presença de integrantes atuais do colegiado.

Dia 25 de Janeiro - sábado (painéis e plenária)

Local : Auditório Dante Barone
Assembleia Legislativa do RS

9h30 – Abertura

10h – Painel
Redes, ruas, mobilizações e mobilidade

Palestrantes apresentam sua visão geral do que foi 2013 e qual foi a grande contribuição da comunicação para isso, abrindo a palavra. Em pauta, a crise de protagonismo, corrida digital, novos parâmetros para debate - como a comunicação atuou em 2013 e porque nada será como antes. O painel e procurará dimensionar, em várias óticas, perspectivas e experiências diferenciadas, o que aconteceu no Brasil nos últimos 7 meses para os participantes internacionais do Fórum, além de iniciar leituras do que pode ser 2014.

14h – Painel
A Carta Mundial da Mídia Livre : instrumento de luta global por outra comunicação

Decidida no III FMML, na Tunísia, em 2013, a construção de uma Carta Mundial das Mídias Livres começa em Porto Alegre, e seguirá por etapas regionais até sua aprovação novamente na Tunísia, em 2015. O documento de produção compartilhada apontará os princípios e lutas comuns da comunicação que ajudem a aproximar lutas locais do movimento internacional das mídias livres, e vice-versa, fortalecendo processos em diferentes dimensões, e que sirva de referência para os movimentos sociais que vão se integrando à luta mundial pelo acesso à comunicação como um direito. Participarão ativistas do FMML de diferentes países, trazendo contribuições para o início da jornada internacional de escritura da Carta. O processo visa contribuir também como referência para o Fórum Social Mundial, na relação entre as lutas globais e os temas da comunicação.

17h – Plenária
Encaminhamentos e propostas para o IV FMML

*Com o sítio da CUT Nacional - Veja mais AQUI

Nota do PT/RS


PT/RS confia na reversão da decisão em segundo grau

A direção estadual do PT/RS está confiante na reversão da decisão de primeiro grau que considerou  improbidade administrativa contratação de profissionais de saúde nas gestões da prefeitura de Porto Alegre, nos governos Tarso, Raul Pont e João Verle.

Os ex-prefeitos vão recorrer da decisão tomada pela juíza da 1ª Vara da Fazenda Pública, que considerou improbidade administrativa a contratação emergencial de médicos no período de 1997 a 2002. Diante do recurso, a decisão ficará suspensa até a sua revogação definitiva, e não terá nenhuma consequência no processo eleitoral de 2014.

A sentença de primeiro grau desconsiderou fatores importantes que, serão levados à análise do Tribunal de Justiça. Entre eles, cumpre destacar que:

- As contratações emergenciais de médicos e outros profissionais na área da saúde se deram logo após a municipalização da saúde, quando a prefeitura de Porto Alegre assumiu a gestão de estruturas federais e estaduais;

- A gestão destas estruturas incluía a manutenção dos contratos de trabalho que já estavam em curso, com a substituição por profissionais concursados na medida em que estes contratos se encerrassem;

- Mesmo assim, cerca de 500 médicos optaram por não continuar trabalhando no município, buscando novas vagas no sistema federal e estadual;

- A Prefeitura de Porto Alegre não possuía, naquele período, profissionais concursados aguardando nomeação para estas vagas;

- A área da saúde é serviço essencial à população que não pode sofrer solução de continuidade;

- O contrato de um radiologista, na gestão Tarso, foi autorizado pela Lei Municipal 7770/96;

Os três ex-prefeitos já foram absolvidos em ação anterior que tinha por objeto essas contratações, uma vez que as mesmas não causaram nenhum dano ao erário ou ao orçamento público e visaram única e exclusivamente garantir o atendimento médico e de saúde à população de Porto Alegre, dentro de um novo contexto que foi a municipalização do sistema de saúde.

Porto Alegre, 21 de Janeiro de 2014


Ary Vanazzi – Presidente do PT/RS


Eliane Silveira – Secretária-Geral do PT/RS

*Com o sítio do PT/RS

Vida de Cão...




*Charge do LATUFF

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