30 novembro 2022

Militares querem emplacar José Múcio e manter intromissão na política

 


Por Jeferson Miola *                                

Especialistas em assuntos militares alertam que a indicação de José Múcio Monteiro para o Ministério da Defesa seria uma opção do interesse do Alto Comando do Exército [ACE], mas não representaria a solução necessária para a governabilidade democrática.

Um desses especialistas explica, na condição de anonimato, que a especulação em torno a José Múcio não surgiu originalmente nas discussões na transição de governo, mas passou a circular após a rejeição ao nome de Aldo Rebelo para assumir a pasta da Defesa.

De acordo com esta fonte, o ex-deputado e ex-ministro Aldo Rebelo teria sido sugerido pelas cúpulas militares para o cargo por afinidades políticas e ideológicas.

Devido às reações contrárias à indicação dele, no entanto, o próprio Aldo, em sintonia com o Alto Comando, teria indicado José Múcio em seu lugar. Não por acaso o general-vice presidente Hamilton Mourão disse que José Múcio “seria muito bem visto pelas Forças Armadas”.

A alternativa a Aldo parece ter sido estrategicamente concebida, pois o presidente Lula mantém uma relação de amizade e confiança política com José Múcio, o que poderia, em tese, facilitar sua nomeação para o cargo.

Na visão de outro profissional da área, além da indicação de um civil para comandar a Defesa, o governo eleito precisa escolher comandantes que assumam com total transparência o compromisso com a profissionalização e a despolitização das Forças Armadas.

“O mínimo que se espera é que sejam escolhidos comandantes comprometidos com a profissionalização das Forças Armadas, ou seja, aqueles que rechacem categoricamente a ambição inconstitucional dos militares como ‘poder Moderador’”, afirma.

O enfrentamento da questão militar é central para a estabilidade política e para a restauração da democracia. A condição de governabilidade do governo eleito dependerá, em grande medida, desta equação.

Se o governo eleito não fizer valer a Lei e a Constituição, as cúpulas militares continuarão interferindo na política e tutelando o poder civil. E, se isso continuar acontecendo, em questão de tempo eles concretizam o projeto de poder militar que acalentam.

Nos últimos dias as cúpulas militares intensificaram a pressão sobre o governo eleito. O anúncio da data de troca de comandos antes mesmo de qualquer decisão do governo eleito, além de caracterizar um ato inaceitável de rebelião, prefigura o clima de animosidade que o governo Lula deve esperar.

O Alto Comando quer influenciar nas escolhas do ministro da Defesa e dos comandantes das três Forças para que tudo continue “como dantes no quartel-general em Abrantes”.

*Via https://jefersonmiola.wordpress.com/

28 novembro 2022

Por uma coalizão contra a estupidez



Por Fernando Brito*

É preciso que esta semana seja marcada por um momento de sensatez e responsabilidade das forças políticas de centro e até de direita, correspondendo aos gestos de abertura e participação que Lula, pessoalmente, lhes fará.

Porque o Brasil precisa como nunca de uma ampla coalizão fundada em um único ponto: o fim da estupidez a que fomos atirados não só pelo governo que se encerra mas, sobretudo, pelo epílogo enlouquecido que ele faz o país viver.

Temos de tudo, desde inócuas chamadas de celular dirigidas a alienígenas até as situações mais graves, como a de militares “passando pano” a bloqueadores de estradas, ministro do Tribunal de Contas descrevendo “movimento na caserna”, selvagens dizendo que um garoto [pode] perder a visão por conta de seu piquete em rodovia ou, na mais macabra cópia do american way of death do adolescente capixaba que invade e mata professores e alunos em duas pacatas escolas.

Temos, não deveríamos ter mais, mas teremos, talvez piores [episódios] no mês que falta para a posse do novo governo do que neste que transcorreu após as eleições.

Nos jornais deste domingo, não faltam advertências de gente série e ponderada. O professor João Cezar de Castro Rocha, na Folha, avisa:

O bolsonarismo manipula a ilusão da militância para defender ditadura “com Bolsonaro no poder”. Esse é o mais grave atentado contra a democracia brasileira. As eleições foram vencidas pela frente ampla: o parque temático do golpismo bolsonarista converteu-se em organização criminosa e, se não for coibido imediatamente, o circo permanecerá em atividade com a intenção tão clara quanto delinquente de tumultuar a transição do poder e a posse de Lula e Geraldo Alckmin.

Mas não se pense que serão a esquerda e seus aliados os atingidos por esta facção que se formou à sombra de Bolsonaro. A ousada e inepta ação procurando anular 60% dos votos dos brasileiros, arrastando para as ordens golpistas os que integraram sua base eleitoral é a demonstração cabal que o bolsonarismo não pode ter companhia na sua objeção a que um novo governo possa dirigir o Brasil com um mínimo de crédito e liberdade de ação.

Aceitar a autonomia política do Legislativo, com a provável recondução de Arthur Lira à presidência da Câmara e a de Rodrigo Pacheco à do Senado foi um gesto inequívoco desta disposição e, espera-se, virá a ser correspondido com o voto de confiança que merece o governo que dá esta demonstração de diálogo.

O limite, porém, é a defesa da legitimidade do resultado eleitoral, cuja consequência óbvia é garantir que o governo que saiu das urnas possa implantar-se em meio a uma situação de absoluto descalabro orçamentário que, se não fosse revertido, inviabilizaria em dois ou três meses a gestão pública.

Não se pede uma aliança política, programática ou mesmo de longo prazo, mas a solidariedade numa travessia das águas sombrias de um caos absoluto que mostra seus perigos a quem os quiser ver.

Ou então, que assumam o risco de bater palmas para malucos dançarem.

*Jornalista, Editor do Blog Tijolaço (fonte desta postagem).

SANTIAGO/RS: 1ª PARADA DA DIVERSIDADE FOI UM SUCESSO!

 


No último sábado, 26/11/2022, conforme estava programado e divulgado em algumas redes sociais, principalmente, ocorreu a 1° Parada da Diversidade em Santiago.

O Evento, inédito na cidade, contou com a participação massiva da comunidade LGBTQIAP+ que deu um show de alegria, liberdade  e entusiasmo. (fotos)

Em que pese as dificuldades materiais para a organização da Parada - segundo os(as) organizadores(as), o Executivo Municipal, comandado pelo PP, mesmo demandado que foi,  não demonstrou ‘boa vontade’ com a realização desse importante e democrático evento no centro da cidade, dificultando até mesmo a cedência de energia elétrica para que o sistema de som fosse ligado, dentre outras questões -, a mesma foi um sucesso.



O Centro de Santiago, durante a tarde/noite de sábado, foi tomado pelas cores da diversidade, promovida, dentre outros(as),  pela Tabaca Lounge Bar, The Gurias Street Food, e contou com apoio também de movimentos sociais e setores de partidos políticos de esquerda e democráticos da cidade, do Coletivo Sobre Elas, dos núcleos da UBM, do Grupo Mulheres do Brasil e do IPAD - Seja Democracia. Estiveram presentes, manifestando seu apoio aos participantes, também a vereadora Lins Robalo (PT/São Borja), a vereadora Eva Müller (MDB/Santiago), os ex-vereadores Antônio Bueno e Iara Castiel (ambos do PT/Santiago), a Advogada Josieli Lamana Miorin (do Coletivo Sobre Elas*, vide vídeo abaixo), dentre outras lideranças.



Na oportunidade, também foram arrecadados dezenas de quilos de alimentos não perecíveis e de ração para animais, que serão posteriormente distribuídos às famílias necessitadas  e para cuidadores(as) de animais abandonados. 

Segundo a organização da 1ª Parada, a comunidade LGBTQIAP+, dentre outras atividades, já está articulando a preparação da 2ª Parada, que deve ser realizada no ano vindouro, igualmente no centro da cidade de Santiago/RS.

...

*Clique Aqui para assistir ao vídeo com o pronunciamento da Advogada Josieli Miorin. - Para ver as fotos da fotógrafa Gabriela Misievcz,  Clique Aqui

**Via Blog O Boqueirão Online

27 novembro 2022

RS: Conhecida pelo uso da força, BM diz aguardar ordens para agir contra golpistas na Capital

Comandante do 9º BPM se diz à espera de ordens do governo do Estado, que por sua vez insiste na estratégia do diálogo


Ao contrário de outras manifestações, governo estadual tenta encerrar ato golpista na base do diálogo. Foto: Joana Berwanger/Sul21

Aguardando ordens. Essa é a posição do tenente-coronel Fábio da Silva Schmitt, comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar (BPM), responsável pelo centro da Capital, sobre o que fazer para pôr fim aos atos antidemocráticos que perduram na cidade.

Mais de 20 dias após o segundo turno e a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como novo presidente do Brasil, o centro de Porto Alegre segue convivendo com atos golpistas em frente ao Comando Militar do Sul. Sem aceitar o resultado democrático das urnas, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) pedem uma intervenção militar que impeça o petista de assumir o Palácio do Planalto a partir do dia 1º de janeiro de 2023.

O ato na capital gaúcha não é um caso isolado. Cenas semelhantes têm sido vistas diante de quartéis do Exército Brasil afora. Em Porto Alegre, chama a atenção a duração do ato. A Rua Padre Tomé está trancada há muitos dias e, desde o princípio, a posição do governo de Ranolfo Vieira Júnior (PSDB) é tentar dispersar o movimento por meio do diálogo, sem o uso da força policial.

No dia 11 de novembro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, determinou a desobstrução imediata das vias públicas bloqueadas por atos golpistas em todo o País. Para cumprir a decisão judicial, o comandante do 9º BPM  explica haver um protocolo para a desobstrução de vias públicas e que a Brigada Militar o está seguindo.

Schmitt explica que fez dois pedidos recentes aos bolsonaristas. Na quinta-feira da semana passada (17), solicitou que fossem retirados os veículos que estavam estacionados irregularmente na rua. A demanda foi atendida. O outro pedido foi para que as barracas dispostas na rua fossem retiradas. Esse não foi atendido.

Com a negativa, na última segunda-feira (21), o comandante do 9º BPM voltou ao local para novamente pedir a retirada das barracas. No mesmo dia, a polícia recolheu o caminhão de som que estava no local. Tecnicamente, o veículo foi apreendido por “alteração de característica”, devido ao fato de ser um caminhão de carga utilizado para outro fim sem autorização.

Quanto às barracas, porém, até esta quarta-feira (23), elas continuavam na rua, assim como os apoiadores do presidente Bolsonaro que pedem por um golpe. “A solicitação foi feita. Fiz uma fala institucional em nome da Brigada Militar buscando uma solução pacífica para todos os lados. É desse jeito que fica. Essas ações fazem parte de uma gradação para encontrar uma saída pacífica”, diz o comandante do 9º BPM. (...)

CLIQUE AQUI para continuar lendo a postagem do jornalista Luciano Velleda no Sul21

22 novembro 2022

#LUTO! (Mais duas grandes perdas...)

 



Que terrível está sendo este mês para a [boa] música, especialmente!!! Perdemos Bebeto Alves, Gal, Boldrin e hoje, mais dois grandes cantores/compositores: Erasmo Carlos e Pablo Milanés... #Perdas irreparáveis...
Nos vídeos acima, a singela homenagem deste Editor. (JG).

21 novembro 2022

Ministros do TCU veem crime contra segurança nacional em falas golpistas de Augusto Nardes e aconselham retratação

Ministros também dizem que Nardes pode ter infringido a Lei Orgânica da Magistratura Nacional, que prevê "conduta irrepreensível na vida pública e particular" pelos magistrados



247* - Ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) dizem estar “constrangidos” com as declarações de cunho golpista feitas pelo ministro Augusto Nardes por meio de um áudio vazado de um grupo de WhatsApp - obtido pelo Brasil 247 - e aconselham que ele se retrate para evitar o risco de ser enquadrado no artigo 359º da Nova Lei de Segurança Nacional (LSN), que prevê pena de quatro a oito anos de reclusão a quem “tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais".

De acordo com a coluna do jornalista Igor Gadelha, do Metrópoles, "há também ministros citando que Nardes pode ter infringido o artigo 35º da Lei Orgânica da Magistratura Nacional (LOMAN), que prevê como dever do magistrado manter conduta irrepreensível na vida pública e particular’”.

>>> 'Blefe puro', dizem ministros do TCU sobre declarações golpistas de Augusto Nardes 

No domingo (20), após a repercussão do áudio, Nardes disse no mesmo grupo de WhatsApp ligado ao agronegócio que suas declarações não visavam “incitar qualquer conduta que possa ser caracterizada como atentatória às Instituições ou ao Estado e a Ordem Política e Social”.

“Não estimulei e jamais estimularia, atos violentos contra as instituições. Minha fala, que foi postada em grupo privado e restrito de mensagens, apenas compartilhou informações e externou minha percepção sobre fatos e acontecimentos em curso, dos quais não tenho qualquer domínio ou responsabilidade”, escreveu Nardes na postagem, de acordo com a reportagem.

*Via Brasil247

18 novembro 2022

É preciso desmilitarizar a República

"A questão republicana mais urgente é a erradicação do militarismo a que tanto deve a tragédia nacional"

"Por ora, a cor do Governo é puramente militar, e deverá ser assim. O fato foi deles, deles só, porque a colaboração do elemento civil foi quase nula. O povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos acreditaram seriamente estar vendo uma parada."
- Aristides Lobo (Diário Popular, 18/11/1889)
Por Roberto Amaral*

Implantada por um golpe militar, a República brasileira sucede um Império anacrônico, sem pretender romper com sua ordem econômico-social, fundada no escravismo e na lavoura. Com ela sobrevive a sociedade patrimonialista, excludente, profundamente desigual e conservadora que hoje nos espanta. Despida de republicanismo (doutrina que jamais chegou ao povo e era desconhecida pelas tropas que desfilaram pelas ruas do Rio de Janeiro em 1889), a república nascente conservaria as duas características básicas da monarquia, a cuja natureza reacionária seus líderes não se opunham de fato: a ausência de povo e de representação, fragilidade que a perseguirá por quase um sesquicentenário, o tempo de sua vida até aqui. A reforma, na realidade, jamais foi objetivo dos oficiais golpistas; pretendendo derrubar um gabinete malquisto por eles, terminaram destronando o imperador longevo – pelo qual, aliás,  o país nutria reconhecida empatia.   

A República, um projeto das elites que não cogitou do concurso do povo, se impõe para que, mudando-se o regime, em nada fosse alterado o mando: o Brasil agrário da monarquia sobreviverá na República da lavoura exportadora do café, herdeira das exportações de madeira, açúcar e ouro, matriz da sociedade exportadora de grãos, carne e minérios in natura. No império e na república, continuamos cumprindo o papel de fornecedores das mercadorias   que o mundo rico demanda. Para cumprir com seu destino chega descasada da democracia, exatamente um século após a matriz cunhada pela revolução francesa. Nos estertores do século XIX continuávamos sendo um país cuja política desconhecia a participação popular: sem povo, sem partidos, fizéramos a independência e construíramos o império; sem povo deveríamos fazer a república sereníssima. Entre nós, a res publica é capturada pelo interesse privado. Somos conservadores até com relação à classe-dominante:  herdeira da casa-grande, é a mesma desde o Brasil-Colônia.

Contra o unitarismo monárquico, no entanto abraçado pelos jacobinos que articularam o golpe, a constituinte fundadora da República (1891), dominada pelos representantes da ordem descaída, optou pelo federalismo defendido pelo latifúndio e pelo escravismo, que, assim, sem serem frustrados pela História, como veríamos, esperavam conservar o mandonismo local, aquele sentado na grande propriedade. A terra continuava vencendo. A República vai consolidar-se como o regime da hegemonia das oligarquias, que só conheceria seu declínio com o golpe de 1930, sobretudo com o Estado Novo (1937-1945) que, por sinal, investirá contra o federalismo. E hoje, ainda lutando pela consolidação do nosso limitado processo democrático, podemos registrar dois fracassos rotundos: o da República, jungida aos interesses privados, e o do federalismo, inviabilizado pelos escandalosos desníveis regionais, caldo de cultura de uma crise em gestação.

Mal saído do escravismo, cujas marcas conservaria até os dias que correm, o país dava os primeiros passos na aventura capitalista preso aos interesses da terra dominantes desde a colônia: a República era a solução das elites para a crise política agudizada pela Abolição. Na República, como no império, sob os traficantes de escravos e senhores de engenho ou sob o cutelo dos “coronéis”, o país continuaria sem projeto, sem rumo, preso às forças do atraso que obstaculizavam a industrialização. Numa história recorrente, o antigo regime colonial se projeta no império agrarista, que por seu turno sobreviveria numa república indiferente à manifestação da soberania popular, eis que dominada por um sistema eleitoral escandalosamente fundado na fraude. Como falar de República em sociedade pervadida pela desigualdade social e a exclusão das grandes massas da cidadania? Em vez da ruptura que abriria as portas ao progresso, impõe-se a conciliação que mantém a ordem do passado. Daí a indiferença com a qual foi recebida a fratura política aparentemente tão radical. Para a classe-dominante, a transição de regime não passaria da simples troca de um imperador vitalício por um presidente eleito pro-tempore. No fundamental,  tudo continuaria como dantes no quartel de Abranches. E assim continuou.

O 15 de novembro, movimento das elites sem raízes na organização social, foi, não obstante suas consequências institucionais e políticas, uma quase ópera-bufa, encenada por atores que, no seu conjunto, ignoravam o papel que lhes cabia desempenhar. O mais deslocado de todos era o velho marechal, retirado da cama de enfermo para se transformar em herói. A cena contempla momentos burlescos.

Convencido, após muita relutância, de que deveria atender ao chamamento político de seus comandados, posto em sua farda de gala com o auxílio do ordenança, Deodoro monta em um cavalo que lhe é trazido por um miliciano, atravessa a pequena distância que o leva ao Campo de Santana e, sem espada, mão direita levantada, saúda como saudavam os comandantes assumindo a tropa: “Viva o Imperador!”, a que a tropa (atendendo a um reflexo condicionado, como de hábito) ecoou: “Viva, para sempre!”. O capitão José Bevilaqua, positivista e seguidor de Benjamin Constant, narra o episódio a que assistiu:  “Chega  o momento supremo da proclamação. O general Deodoro hesita ainda ante nossas instâncias, a começar pelo Dr. Benjamin, Quintino, Solon, etc., etc. Rompemos em altos e repetidos vivas à República! Abafamos o viva ao Senhor D. Pedro II, ex-Imperador, levantado pelo general Deodoro, que dizia e repetia ser ainda cedo, mandando-nos calar! Por fim, o general, vencido, tira o boné, e grita também: Viva a República! A artilharia com a carga de guerra salva a República com 21 tiros!” (Vide MENDES, R. Teixeira. Benjamin Constant. Rio de Janeiro. Ed. do Apostolado Positivista do Brasil,1913. pp. 356-7).

Implantado, por um golpe militar levado a cabo pela oficialidade do exército sediada na então capital do Império, repita-se, o novo regime é a avenida pela qual trafegam rupturas constitucionais e irrupções militares que chegam aos nossos dias. Nasce com o golpe de 1889, a que se seguem o golpe frustrado de Deodoro (1891), o golpe de Estado de Floriano e a primeira ditadura republicana, conhecida como “ditadura da espada”,  e de permeio contabiliza duas revoltas da armada (uma contra Deodoro e outra contra Floriano, que assumira já confrontando a constituição republicana recém promulgada) e o levante das fortalezas de Santa Cruz e Laje (1892). Consolida-se o militarismo que havia sido atenuado pela assembleia constituinte (formada por representantes da lavoura, quase todos vindos do antigo regime) e influenciada pelo liberalismo de Rui Barbosa.

Mas era só o começo de uma série de crises políticas e intervenções militares que parece não ter fim: duas cartas outorgadas (1937 e 1967); duas longevas ditaduras (a de 1930-1945, com o intermezzo constitucional de 1943-1937 e a de 1964-1985); após os levantes das fortalezas de Santa Cruz e Laje (1892) a  revolta da armada contra o presidente Floriano (1893), após a “ditadura da espada” (1891-1894), seguida pelo  massacre, pelo “exército pacificador de Caxias”, dos camponeses de Canudos (1896-7) e o massacre, pela Marinha, dos heróis (previamente anistiados) da Revolta da Chibata (1910);  três levantes militares (1922, 1924 e 1935);  a insurreição paulista de 1932; o putsch integralista de 1938; o golpe militar de 1945 que derrubou o Estado Novo que outro golpe militar havia implantado em 1937; o golpe de 1954 que depôs Getúlio Vargas; a tentativa de golpe para impedir a posse de Juscelino Kubitscheck (1955); o golpe militar para garantir a posse dos eleitos (o 11 de novembro de 1955); os motins da aeronáutica contra o governo JK (Jacareacanga em 1956 e Aragarças em 1959); a tentativa de golpe para impedir a posse de João Goulart (1961), o golpe parlamentar de 2016 e o continuado projeto de golpe sustentado pelos militares no governo Bolsonaro que se mantém de pé até hoje, podendo ameaçar a posse de Lula e acompanhar seu governo.

Como visto, a preeminência sobre a vida civil e a ruptura da ordem democrática são a marca indelével da caserna insubordinada na vida republicana, e assim ela chega aos nossos dias, valendo-se das armas – que a nação lhe entrega para a defesa da soberania – para promover seguidos atos de desestabilização institucional contra os interesses do país.

Na raiz de tantos males a impunidade, o outro nome da “conciliação” que permeia uma história dominada pela cada-grande.   

À insolência das notas dos atuais comandantes das forças militares do Estado brasileiro sobre o processo eleitoral, coordenadas pelo ainda ministro da defesa, soma-se recente carta de antigo comandante do exército, missivista do golpismo desde sua agressão à autonomia do STF.  De qualquer forma é estranho que, privado da fala e dos movimentos, possa ditar e escrever uma declaração pública em que estimula a insurreição contra a soberania do voto e trata como patriota uma escória que vai à porta dos quartéis pedir mais um novo golpe.

A questão republicana mais urgente – sem dúvida o desafio político-institucional de maior relevo – é a erradicação do militarismo a que tanto deve a tragédia nacional. Não se trata, tão-só, da efetiva subordinação do soldado ao poder civil. Trata-se de seu rigoroso enquadramento disciplinar. Ou seja, da repressão à sua permanente insubordinação, tanto mais repugnante quanto se opera mediante o uso ilegal da força contra pessoas e instituições desarmadas.

É chegada a hora de colocar o guizo no gato. Este, o desafio republicano.

***
Um medalhão na Big Apple – Com uma fala abjeta proferida num convescote empresarial em Nova York, aonde ministros do STF (irregularmente sobre-remunerados por empresa privada especializada em lobby) foram flanar e falar de temas brasileiros, Dias Toffoli, exemplarmente medíocre como advogado e juiz, conseguiu ofender a memória de dois países ao mesmo tempo: a Argentina e o Brasil – a cuja Constituição, democrática, deve respeito e obediência funcionais. Como dizia o inesquecível Barão de Itararé, “de onde menos se espera, daí é que não sai nada, mesmo”. Ou sai porcaria.
...
*Roberto Amaral é Cientista político e ex-ministro da Ciência e Tecnologia entre 2003 e 2004

-Fonte: Brasil247

17 novembro 2022

O Brasil voltou: Lula na COP27 retoma o protagonismo do Brasil na governança global

Fórum ouviu especialistas em relações internacionais e meio ambiente sobre a participação de Lula na Conferência Climática e a avaliação é unânime: Brasil se livra do obscurantismo diplomático deixado por Bolsonaro e deve voltar a ter papel de destaque no mundo


Considerado "exuberante" pelo jornal The New York Times, o discurso feito pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Clima, a COP 27, realizada no Egito, foi marcado, principalmente, pela frase "O Brasil está de volta".

"Quero dizer que o Brasil está de volta. Está de volta para reatar os laços com o mundo e ajudar novamente a combater a fome (...)  Voltamos para ajudar a construir uma ordem mundial pacífica, assentada no diálogo, no multilateralismo e na multipolaridade. Voltamos para propor uma nova governança global", declarou o ex-líder sindical que se prepara para governar o Brasil pela terceira vez a partir de janeiro de 2023. 

Em sua fala, Lula se comprometeu a não medir esforços para zerar o desmatamento no Brasil até 2030 e fez questão de dizer, por mais de uma vez, que a luta contra o aquecimento global e as mudanças climáticas está diretamente associada ao combate à pobreza e à fome. O presidente eleito ainda foi além, ultrapassando a questão ambiental e propondo uma reforma no Conselho de Segurança da ONU para a construção de uma nova "governança pacífica global". (...)

CLIQUE AQUI para continuar lendo a postagem do jornalista Ivan Longo na Revista Fórum.

11 novembro 2022

Responsáveis por novo comunicado da Defesa deveriam ser processados por prevaricação e atentado à democracia

Novo comunicado da Defesa é apenas irresponsável e vai na direção contrária à própria missão constitucional das Forças Armadas, que é de promover a paz


Ministro Paulo Sérgio Nogueira (Defesa) (Foto: Divulgação 14ª Brigada de Infantaria Motorizada | Marcos Corrêa/PR)

Por Miguel do Rosário*

O ministério da Defesa publicou hoje, nervosamente, uma série de postagens para “explicar melhor” o relatório divulgado ontem, no qual não apontava nenhuma fraude ou irregularidade nas eleições presidenciais.

Não poderia ser mais ridículo. Mas também não poderia ser mais claro. A Defesa cumpre ordens do presidente Jair Bolsonaro, que deve ter ficado furioso com o teor vazio do documento, e sobretudo com o sentimento de mal estar e frustração com que foi recebido pelas vivandeiras acampadas diante dos quarteis.

O novo comunicado não traz nada de novo. Busca apenas enfatizar que o relatório divulgado ontem (respire fundo): “embora não tenha apontado, também não excluiu a possibilidade da existência de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral de 2022”.

É a mesma coisa que afirmar que ainda não foi encontrada vida extraterrestre em nossa galáxia, mas nada garante que não poderia haver.

O país tem uma instituição que cuida desse tipo de coisa, o tribunal superior eleitoral. A ela cabe, constitucionalmente, cuidar do processo eleitoral, assim como cabe à polícia militar cuidar da segurança pública nos estados, e aos militares cuidar da nossa defesa contra inimigos externos.

Esse novo comunicado da Defesa, portanto, é apenas irresponsável, e vai na direção contrária à própria missão constitucional das Forças Armadas, que é de promover a paz. É um apito de cachorro para atiçar a matilha fascista. É, portanto, uma ação tresloucada, que deveria ser alvo de investigação da Procuradoria Geral da República, pelo Supremo Tribunal Militar, e autoridades competentes; os autores desse comunicado deveriam ser processados por crime de prevaricação e atentado à ordem democrática.

Até quando a sociedade brasileira ficará refém dessa palhaçada?

Se um dia o Brasil for atacado por outro país, certamente os militares não pedirão ajuda aos ministros do TSE. Da mesma maneira, em se tratando de eleição, os militares não tem que se meter. Não é de sua alçada.

Uma nova manchete desse comunicado poderia bem ser: “Ministério da Defesa reitera que não encontrou fraude nas eleições”.

Só que dessa vez, o objetivo, em linguagem quase infantil, para que seja melhor assimilado pelas pessoas com graves problemas cognitivos que ainda não aceitaram o resultado das urnas, é justamente insinuar o oposto, a saber, é lançar suspeitas.

Com isso, agora sabemos de onde veio o “código malicioso” mencionado no relatório. Não está nas urnas, nem no TSE. Veio diretamente das dependências onde um presidente ocioso, vagabundo e golpista, que ainda tenta, de alguma maneira, tumultuar a democracia.

O resultado, todavia, é melancólico. Não é função do Ministério da Defesa fazer qualquer tipo de reparo ao processo eleitoral. Não é sua competência constitucional. Não é sua responsabilidade. Nem possui legitimidade para isso. O Ministério da Defesa é uma instituição vinculada à parte que perdeu as eleições, portanto não tem sequer a imparcialidade necessária para ter esse tipo de posição.

Bolsonaro vai terminando seu governo da pior maneira possível. Depois de ter cometido todos os tipos de crimes eleitorais, especialmente abuso de poder econômico e político, volta a usar a máquina pública com fim espúrio de desestabilizar o processo democrático.

O presidente poderia ser lembrado de que ainda é o responsável pela economia brasileira, e que a inflação voltou a subir fortemente, de maneira que, ao invés de insuflar bloqueios de estradas e manifestações golpistas, poderia aproveitar seus últimos dias no Planalto para vivenciar uma experiência que ainda não teve: trabalhar um pouco.

*Jornalista, Editor do Blog O Cafezinho.

**Via https://www.brasil247.com/

09 novembro 2022

Morre Gal Costa, a musa do tropicalismo e uma das mais belas vozes do mundo

Impossível imaginar o mundo sem Gal Costa, tampouco o Brasil. Desde menina, na década de 60, a cantora nos mostra o que é a beleza, ousadia e criatividade


Por Julinho Bittencourt*

Morreu a cantora Gal Costa na manhã desta quarta-feira (9), aos 77 anos. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da artista e a causa da morte é desconhecida.

Impossível imaginar o mundo sem Gal Costa, tampouco o Brasil. Desde menina a cantora nos mostra o que é a beleza, ousadia e criatividade.

Gal era a musa dos anos 70, a musa do movimento tropicalista, uma das vozes mais lindas do mundo. Ela nos encantou desde o início com seus discos que misturavam rock and roll, blues, João Gilberto e Janis Joplin.

A cantora seria uma das atrações do festival Primavera Sound, que aconteceu em São Paulo no último fim de semana, mas teve sua participação cancelada de última hora. De acordo com a equipe da própria Gal Costa, ela precisava se recuperar após a retirada de um nódulo na fossa nasal direita e ficaria fora dos palcos até o final de novembro, seguindo recomendações médicas.

A cirurgia ocorreu em setembro, pouco após sua apresentação em outro festival de música em São Paulo, o Coala. De lá para cá, ela não havia voltado a se apresentar, mas já tinha datas de shows da turnê As Várias Pontas de uma Estrela marcadas para dezembro e janeiro.

Primeiro álbum com Caetano

Todos nós, meninas e meninos, fomos namorados de Gal Costa. A imagem dela ao violão, com as pernas abertas e uma flor nos cabelos, nos alumbrou pra toda a vida. Poucos artistas nos deram tanta beleza e juventude, desde o álbum de estreia, o lindo "Domingo", gravado em parceria com Caetano Veloso. Nele, as tintas da Bossa Nova se fazia muito mais presente do que nos álbuns seguintes, quando se mostrou mais roqueira e selvagem.

Seu show que resultou no disco "Gal a Todo o Vapor", segundo o jornalista e humorista Zé Simão, era um programa obrigatório de todos os jovens que estavam no Rio de Janeiro na época. Nele, Gal ia do samba canção, da bossa, até o rock mais visceral, com canções escolhidas a dedo e uma banda refinada e pesada, que contava com os guitarristas Lanny Gordin e o então estreante Pepeu Gomes.

Da Tropicália para o mundo

Gal Costa sempre foi múltipla. Gravou de Jorge Ben a Roberto Carlos, de Caetano e Gilberto Gil a Luis Melodia, foi pop e tradicionalistagravou um álbum só com canções de Tom Jobim, inventou, reinventou, buscou durante toda a sua carreira artistas novos. Sua participação no álbum manifesto "Tropicália ou Panis et Circenses" foi fulminante e definitiva. A canção "Baby", de Caetano, virou sua marca registrada.

Ficou marcada também pelo "Modinha para Gabriela", de Dorival Caymmi, abertura da novela da Globo. Sobre ela, o compositor afirmou um dia que muitas atrizes interpretaram Gabriela, mas a voz da personagem sempre será única, sempre será a de Gal Costa.

Os Doces Bárbaros

Gal Costa atravessou mais de meio século fazendo música brasileira de extrema qualidade e inventividade. Foi ao lado do grupo dos baianos, sintetizado pela banda Os Doces Bárbaros, que ela encontrou sua essência artística e seus melhores momentos. Os companheiros Gilberto Gil, CaetanoMaria Bethânia, além dos poetas Wally Salomão, que produziu vários de seus espetáculos, Torquato Neto, Capinam, entre inúmeros músicos e artistas, ajudaram a moldar toda sua a grandeza.

Enquanto escrevo, logo após receber a notícia, vão voltando inúmeras cenas da minha e das nossas vidas cuja trilha sonora era a voz, o canto de Gal Costa. 

*Via Revista Fórum

07 novembro 2022

PEGADAS - Bebeto Alves



 

*Singela homenagem deste Editor por ocasião do passamento deste grande e engajado artista gaúcho. 

#Bebeto Alves: Presente!!!

NOTA DE PESAR PELO FALECIMENTO DE BEBETO ALVES


A Secretaria de Cultura do PT/RS e toda a militância petista se solidarizam com os familiares e amigos do querido Bebeto Alves, por sua passagem nesta manhã. 

Bebeto Alves foi um ícone da música popular gaúcha e da música brasileira, um multi artista, um formulador de políticas culturais, gestor do Instituto Estadual de Música no governo popular de Olívio Dutra, Secretário de Cultura e Turismo de Uruguaiana e diretor do Centro de Música da Funarte na gestão da ex-Ministra Ana de Hollanda e da Presidenta Dilma. 

Com mais de 30 discos lançados, com músicas gravadas por Ana Carolina, Belchior, Ednardo, Kleiton e Kledir, Tânia Alves, entre outros, Bebeto Alves dedicou-se ao trabalho como artista visual nos últimos anos, compôs trilha sonora para filmes e podcasts, incursionou pela fotografia e fez cinema.

Ao longo de sua carreira, idealizou e participou de centenas de projetos, como a clássica coletânea Paralelo 30 (1978), formada só por artistas gaúchos. 

Seu primeiro disco solo, foi lançado em 1981, testemunhando a longevidade da sua vida artística. Um de seus maiores sucessos na música veio com Quando Eu Chegar, lançada em compacto, em 1984. 

Ser humano extraordinário, militante e ativista inquieto, questionador e idealista, nos deixa um legado enorme de feitos artísticos e ações culturais que precisamos ajudar a manter vivos, embora tudo isso tenha já nos trazido uma enorme contribuição para a melhoria da qualidade das ideias e dos pensamentos da nossa sociedade.

Deixa um grande legado inesquecível na história da Cultura do RS. Seguiremos suas pegadas pelas ruas de Porto Alegre. 

Muitas luzes e estrelas para Bebeto Alves! 

*Com o site  https://ptrs.org.br/

05 novembro 2022

"PATRIOTAS" - Com estradas desbloqueadas, manifestações golpistas do bolsonarismo sobrevivem em quartéis

PRF afirma que não há mais rodovias federais com interdição total da passagem de veículos


Por Felipe Mendes, no Brasil de Fato*

Os bloqueios ilegais promovidos por bolsonaristas insatisfeitos com o resultado das eleições iniciados no último domingo (30), enfim, deixaram as estradas. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), desde a noite de quinta-feira (3) não há qualquer rodovia com bloqueio total no país. Entretanto, alguns autoproclamados "patriotas" seguem em vigília junto a quartéis pelo país, protagonizando cenas que vão do ridículo ao criminoso.

Para o historiador e professor aposentado Valério Arcary, autor do livro "Ninguém Disse que Seria Fácil", o movimento atingiu seu ápice na última quarta, feriado de Finados, quando bolsonaristas mobilizaram grande número de pessoas, especialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, para pedir "intervenção federal" – um eufemismo para golpe de Estado. De lá para cá, a mobilização diminuiu. Porém, ele alerta: o bolsonarismo segue tendo força.

"Em geral essas manifestações são de um setor ativista mais radicalizado. O bolsonarismo é uma corrente neofascista, tem hegemonia dentro da extrema-direita brasileira, que é mais ampla. Tem um pé na legalidade e um pé fora. O que assistimos nesta semana vai voltar a ocorrer. Bolsonaro teve uma derrota eleitoral, mas o bolsonarismo no geral está intacto", avalia.

Para Arcary, a sinalização dúbia de Bolsonaro no discurso da última segunda-feira, aliada a outros movimentos, como a postura dos filhos dele, os parlamentares Flávio e Eduardo Bolsonaro, explicitam a forma do bolsonarismo se comunicar. Com isso, a chama golpista permanece acesa no coração dos seguidores mais radicalizados.

"Por exemplo, teve um áudio do Eduardo Bolsonaro convocando abertamente para manifestações nas portas dos quartéis na última quarta, apesar do Jair, no papel de presidente, ter feito a declaração que, na prática, reconhece a derrota eleitoral. Essa ambivalência será permanente. [Jair Bolsonaro] tenta se reposicionar como líder mais importante da oposição [ao governo Lula]", aponta Arcary.

Para o historiador, é preciso que lideranças de esquerda tenham atenção para derrotar o bolsonarismo, que seguirá com robusta representação parlamentar na próxima legislatura.

"Creio que vai se abrir uma polêmica na esquerda sobre a tática de como construir um movimento que seja capaz de derrotar o bolsonarismo. Não podemos normalizar a existência de uma corrente de extrema-direita neofascista no Brasil. É uma das estratégias para transformação do Brasil: derrotar politicamente esta corrente", conclui.

Detenções e multas

De acordo com a PRF, 966 manifestações em estradas tinham sido desfeitas até as 16h desta sexta. Havia ainda 11 protestos em andamento, espalhados por quatro estados (Amazonas, Mato Grosso, Pará e Rondônia), mas em todos as interdições eram parciais.

Ainda segundo informações da corporação, 45 pessoas foram detidas nas ações de desmobilização dos atos. Mais de 5.400 autuações foram realizadas, e o valor das multas somadas chega a R$ 14 milhões.

*Edição: Nicolau Soares - foto: Registros das concentrações de bolsonaristas são compartilhados em redes sociais - Reprodução/Twitter -Via https://www.brasildefato.com.br/