20 maio 2024

As afinidades e dívidas de Eduardo Leite com a extrema direita

 


Por Moisés Mendes*

Eduardo Leite é um avatar produzido como imitação de Aécio Neves por um programa experimental de inteligência artificial da direita. Mas Leite não deu certo.

O tucano nunca é o que parece ser. Às vezes insiste que é um social-democrata, mas age afinado com a extrema direita. E os fascistas não o aceitam mais como um deles.

Esse dilema do ser ou não ser o atrapalha em situações banais. Em duas oportunidades, em meio à cheias que destroem o Rio Grande do Sul, Leite teve a chance de expressar grandeza e agradecimento e citar o nome de Lula.

Mas se encolheu dentro do colete laranja da Defesa Civil, usado como fantasia desde o começo da catástrofe. Primeiro, negou-se a citar Lula ao ser entrevistado por cinco minutos por William Bonner no Jornal Nacional. Não citou Lula e referiu-se de forma protocolar ao “presidente da República”.

Depois, na última sexta-feira, ao lançar seu programa de reconstrução do Estado, novamente não conseguiu citar Lula. E quem o denunciou desta vez, por não dizer o nome de Lula, foi a Folha de São Paulo.

Poderiam alegar que Leite não fala o nome do presidente por enfrentar agora a concorrência do que seria o governo paralelo comandado pelo ministro Paulo Pimenta. Mas o governador esnobou Lula muito antes de se saber que Pimenta seria o gestor federal no Estado.

Leite não cita o nome de Lula por um motivo aparentemente encoberto, mas óbvio demais: ele teme que, ao citar Lula, acione a ira da extrema direita gaúcha.

Leite sempre teve, desde 2018, quando se declarou eleitor de Bolsonaro, o fascismo como parte da sua base política. Seu primeiro governo foi sustentado e compartilhado com líderes bolsonaristas.

Na tentativa de reeleição de 2022, ele quase ficou de fora do segundo turno, no enfrentamento com Onyx Lorenzoni, o candidato do PL e de Bolsonaro, e Edegar Pretto, candidato do PT.

Venceu Onyx no segundo turno, no dia 30 de outubro, com apoio maciço dos eleitores do PT e das esquerdas. No dia 5 de novembro, viajou a São Paulo e participou do 7º Congresso Nacional do MBL, ao lado de Kim Kataguiri, Danilo Gentili e Mamãe Falei.

Disse no evento que não iria “passar pano” para o governo Lula. Foi aplaudido como uma das estrelas do encontro e principal aliado dos kataguiristas no Rio Grande do Sul. Acomodava-se, uma semana depois de eleito com os votos das esquerdas, no colo da extrema direita.

Foram ingênuos os que achavam que alegaria um imprevisto e não iria ao congresso de Kataguiri. Leite quer o MBL, mesmo que esse esteja em duelo com os bolsonaristas, e quer fidelizar parte da base do espólio do inelegível.

Esse é Eduardo Leite. Quando estava em desespero, sabendo que só venceria Onyx com o voto declarado de petistas históricos, procurou Tarso Genro. O próprio Genro já contou que Leite pediu socorro. Outros líderes de esquerda, entre os quais Olívio Dutra e Manuela D’Ávila, pediram publicamente o voto para Leite.

Leite não é Onyx, mas tem parte da índole da extrema direita disfarçada nesse avatar que não deu certo. No começo da pandemia da Covid, quando Bolsonaro remeteu cargas de cloroquina para os Estados, foi um dos primeiros governadores a aceitar o remédio milagroso do negacionismo.

Distribuiu cloroquina com o suporte de prefeitos bolsonaristas, incluindo Sebastião Melo, de Porto Alegre. O site da Secretaria da Saúde do Estado informava, em abril de 2020, que os kits com cloroquina estavam à disposição dos municípios. Referindo-se ao que chamava de “tratamento”, o site afirmava que “os resultados preliminares são promissores”. Essa informação está lá no mesmo site até hoje.

Leite foi bolsonarista, cloroquinista e emebelista. E só se desplugou formalmente da extrema direita quando, depois da eleição de 2022, não conseguiu consertar as sequelas da disputa com Onyx.

Mas esse tucano fraco, de voos curtos, que não consegue dizer o nome de Lula, ainda tenta de todas as formas manter-se próximo do bolsonarismo, por ter percebido o que todos os outros pretendentes a 2026 já sabem. Sim, ele pretende ser um nome de ‘centro’ para 2026.

Ele, Tarcísio de Freitas, Romeu Zema e Ronaldo Caiado sabem que precisam herdar a base de Bolsonaro em disputa com Michelle. Leite não diz o nome de Lula para não se indispor com essa base.

O avatar de Aécio é essa figura que fala sempre no mesmo tom, no mesmo ritmo e sem passar emoção e empatia. Que tentou passar a perna em João Doria nas prévias tucanas para escolha do candidato em 2022. E que depois ajudou a destruir o PSDB na presidência do partido.

Leite é o pernóstico da direita, que privatiza, destrói leis ambientais e joga para a torcida do agro pop. Foi atacado esses dias por uma mulher religiosa que gravou um vídeo em que o acusa, por ser gay, de ter provocado “a ira do Senhor” e ser o causador da tragédia gaúcha.

Leite conhece bem, por ter convivido e compartilhado o poder com líderes do fascismo homófobo, muitos dos inspiradores desse tipo de gente.

*Jornalista gaúcho, Editor do Blog do Moisés Mendes (Fonte desta postagem).

18 maio 2024

Se (If)

 


Se és capaz de manter a tua calma quando
Todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para esses no entanto achar uma desculpa;


Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;


Se és capaz de pensar –sem que a isso só te atires,
De sonhar –sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;


Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;


Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;


De forçar coração, nervos, músculos, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exaustos, contudo
Resta a vontade em ti que ainda ordena: “Persiste!”;


Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade,


E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao minuto fatal todo o valor e brilho,
Tua é a terra com tudo o que existe no mundo
E o que mais –tu serás um homem, ó meu filho!

                                         Rudyard Kipling

17 maio 2024

Tragédia no RS reforça que ‘agronegócio terá que olhar para o meio ambiente’, diz Paulo Paim (JUCA KFOURI ENTREVISTA)

Senador do Rio Grande do Sul fala na TVT sobre a perspectiva de mudança no Congresso para barrar projetos que agravam as mudanças climáticas, brecando inclusive interesses da bancada ruralista  

Senador convocou uma audiência para debater o tema no próximo dia 27. A ministra do Meio Ambiente e das Mudanças Climáticas, Marina Silva, também estará presente

São Paulo* – O senador Paulo Paim (PT-RS) diz acreditar que haverá mudanças no Congresso contra projetos de afrouxamento das leis de proteção ambiental diante da tragédia no Rio Grande do Sul. Apesar de concordar que esta não é a hora de procurar culpados pela destruição no estado, o parlamentar ressaltou que também não é o momento de esconder responsabilidades e deixar de rebater o negacionismo, enquanto desastres como os que já ocorreram na região serrana do Rio de Janeiro e no litoral de São Paulo continuam se repetindo e fazendo milhares de vítimas.

As análises foram compartilhadas no programa Juca Kfouri Entrevista exibido nesta quinta-feira (16) n TVT. Entre as mudanças, Paim cobrou responsabilidade da bancada ruralista no Congresso. “Eu não quero fazer aqui uma acusação, mas o agronegócio mais do que nunca terá que olhar isso porque eles também serão muito prejudicados se continuarem com essa linha de que não importa as consequências dos agrotóxicos e de tudo aquilo que eles forem depredando”, afirmou.

Nesta semana, a bancada do PT no Senado se reuniu com um grupo de cerca de 30 ambientalistas, que fizeram diversos alertas sobre a tramitação de propostas de desmonte ambiental. Alguns projetos puderam ser retirados da pauta e outros foram arquivados, segundo o senador. Um levantamento do site Amazônia Real mostrou que em resposta à maior tragédia ambiental do sul do Brasil, parlamentares ruralistas e conservadores fizeram avançar o chamado “Pacote da Destruição”. Na surdina, 8 de 25 projetos antiambientais tramitaram no Congresso nos dias em que o Brasil, atônito, via o Rio Grande do Sul ser devorado pelas águas.

Paulo Paim convoca debate no Senado

Mesmo assim, Paim avalia que haverá mudanças. “A pergunta que nos fizeram foi essa: ‘esse movimento, infelizmente, de reação da natureza pela agressão do homem ajudará um pouco no Congresso?'”, recordou. “E eu acredito que sim”, acrescentou. Há um apelo na Casa para que se evite qualquer projeto contrário à preservação ambiental. O senador também é autor de um pedido de sessão no Plenário para debater a questão do clima e do meio ambiente com foco no que acontecerá com seu estado.

Cerca de 30 convidados, de todo o país, já foram confirmados. A ministra do Meio Ambiente e das Mudanças Climáticas, Marina Silva, também estará presente. A sessão ocorrerá no próximo dia 27. “Por mais avarentos que são alguns (parlamentares), não tem como eles não verem a realidade. O que fizeram com as águas, com os rios, as florestas, as terras onde a plantação deveria ser equilibrada e foram só cortando florestas e florestas, e plantando o que para eles entendem que daria mais lucro”, lamentou o senador.

COP 30 em Belém

Durante a entrevista, Paim também ressaltou a importância Conferência do Clima sobre Mudanças Climáticas (COP30) marcada para ocorrer em novembro de 2025 em Belém. Para o senador, o megaevento acontecerá “no lugar e na hora certas”.

“Que bom que a Conferência do Clima será no Brasil. Não terá como negar (as mudanças climáticas), será mostrado o que acontece no Brasil e no mundo. Eu espero que essa conferência dê uma chacoalhada na mente e no coração das pessoas. Falar do meio ambiente é defender a vida no seu ecossistema mais amplo, imaginável e possível”, defendeu Paulo Paim.

Assista a entrevista completa:





16 maio 2024

Famílias atingidas por enchente no RS terão auxílio de até R$ 7,6 mil; governo anuncia ações para habitação no estado

'100% terão suas casas garantidas de volta', disse Ruy Castro, ministro da Casa Civil

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomeou Paulo Pimenta para a Secretaria Extraordinária Para Reconstrução do Rio Grande do Sul - Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luis Inácio Lula da Silva assinou nesta quarta-feira (15), na Universidade do Vale do Rio dos Sinos, em São Leopoldo (RS), a Medida Provisória (MP) que cria a Secretaria Extraordinária da Presidência da República para reconstrução do Rio Grande do Sul. O órgão, de nível ministerial, terá Paulo Pimenta como secretário.

Durante a solenidade, ministros anunciaram uma série de medidas para apoiar a população gaúcha na atual situação emergencial e na reconstrução da vida no estado.

Entre os destaques está a criação do Vale Reconstrução, no valor de R$ 5,1 mil, a ser pago a todas as famílias cujas casas foram afetadas pela catástrofe. O pagamento do valor será operacionalizado pela Caixa Econômica Federal por meio do Pix.

Eduardo Leite, governador do RS, por sua vez, anunciou o pagamento de R$ 2,5 mil a famílias cadastradas no programa Volta Por Cima, criado em 2023 para auxiliar vítimas de eventos climáticos adversos.

Segundo o governador, para familias que não estão no programa mas ficaram desabrigadas, o pagamento será de R$ 2 mil. Os valores pagos pelo estado serão somados ao Vale Reconstrução pago pela administração federal. 

"Uma ajuda para pessoas que perderam sua geladeira, fogão, televisão, seus móveis, seu colchão", resumiu o ministro da Casa Civil Ruy Costa durante o anúncio. Caberá a Defesa Civil nacional, em parceria com Defesa Civil estadual, municipais ou secretarias de Assistência Social, informar áreas atingidas para que as pessoas possam receber o benefício", explicou.

Segundo Costa, a Caixa já foi acionada para buscar dados das empresas de energia, água e telefonia, assim como todos os cadastros do governo federal e estadual, para fazer a conferência dos endereços autodeclarados por quem buscar o vale.

O valor a ser gasto com o benefício do governo federal está estimado em R$ 1,2 bilhão, a ser acessado por mais de 200 mil famílias.

Estratégia para entregar novas habitações

O ministro Ruy Costa falou também sobre uma série de medidas para facilitar o acesso de moradias às pessoas que perderam suas residências. "100% terão suas casas garantidas de volta", disse.

A primeira ação será a busca pela compra assistida de imóveis que se enquadrem nas faixas 1 e 2 do programa Minha Casa, Minha Vida. "Quem está em abrigo, já pode procurar na sua cidade um imóvel à venda dentro deste padrão", disse o ministro.

Ainda nesta estratégia, Ruy Costa afirmou que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sugeriu criar um chamamento público para que imobiliárias e construtoras informem imóveis a venda dentro do perfil do programa.

Imóveis inadimplentes que iriam a leilão pela Caixa ou pelo Banco do Brasil nos municípios atingidos terão suas dívidas quitadas pelo governo federal e também serão encaminhados à população gaúcha.

Segundo Ruy Costa, "600 casas que iam a leilão já foram retiradas e já estão prontas a serem oferecidas". Os imóveis estão localizados onde prefeitos já informaram déficit de moradias ao Ministério das Cidades.

O governo planeja ainda adquirir imóveis que se adequem ao programa de moradia e estão em construção ou já concluídos por construtoras. Segundo o ministro, há 14 mil domicílios já identificados nas cidades atingidas que atendem o requisito, das quais 600 já estão prontas para serem entregues a novos moradores.

Em uma terceira estratégia para suprir a demanda por moradia, poderão ser aproveitadas propostas enviadas para o Minha Casa, Minha Vida em 2023 e que não foram selecionadas devido a cota estadual do programa.

Em último caso, um novo chamamento do programa poderá ser realizado nos municípios em que a demanda não for atendida pelas táticas anteriores.

O Minha Casa, Minha Vida tem ainda uma linha ainda de reformar prédios inutilizados, como antigos hospitais e escolas, para torná-los residenciais. O ministro Ruy Costa estimulou prefeitos a identificarem esses espaços e informar ao governo federal.

Mais medidas econômicas para a população

O governo federal já havia anunciado a antecipação do pagamento antecipado do Bolsa Família, que agora ganhou data: a próxima sexta-feira (17).

Durante a solenidade, Ruy Costa disse ainda que o ministro Wellington Dias, da pasta do Desenvolvimento Social, promoveu uma ronda pelos abrigos e incorporou  21 mil famílias ao Bolsa Família, para que possam ter renda imediata.

Já o pagamento antecipado da restituição do Imposto de Renda dos gaúchos foi marcado para o dia 31 de maio. Excepcionalmente, será paga restituição de parte da população antes que se encerre o prazo para envio da declaração.

Também foi anunciada a antecipação do Calendário de pagamento do Abono Salarial 2024 para maio.

Para atender a classe média, o governo já havia anunciado uma série de medidas de facilitação do acesso ao crédito, direcionadas inclusive aos pequenos produtores rurais e às micro e pequenas empresas.

Pessoas de municípios atingidos, seja em estado de calamidade ou de emergência pública, poderão sacar antecipadamente até R$ 6,2 mil dos seus Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Foi extinta a obrigatoriedade de um intervalo de 12 meses entre os saques de emergência, para facilitar o acesso ao benefício por quem já foi vítima da tragédia climática  no Vale do Taquari.

Contas públicas

Ruy Costa anunciou que, por determinação do presidente, serão zerados os juros da dívida total do Rio Grande do Sul. Anteriormente, o governo já havia demonstrado interesse em suspender a cobrança da dívida.

O ministro lembrou que o estado apresentada uma das maiores dificuldades de investimento na federação – trata-se do 4º mais endividado do país.

"O presidente lula devolve a capacidade de investimento do RS", disse Costa. "O Rio Grande do Sul sai dos últimos lugares e poderá nos próximos três anos estar entre os oito ou nove com mais capacidade de investir."

Eduardo Leite, no entanto, se manifestou sobre a necessidade também de alocação de recursos para repor perdas de arrecadação. "Pedimos para colocar no radar da Fazenda e do presidente Lula", disse. "Necessitaremos recursos que ajudem a compensar perdas arrecadatórias."

Em relação aos municípios, o secretário Paulo Pimenta lembrou que o governo está liberando recursos emergenciais para auxiliar na construção de abrigos e no pronto atendimento à população.

Para acessar os valores, os municípios devem apenas apresentar um ofício ao governo. O montante é estabelecido conforme o tamanho da população: R$ 200 mil para cidades com mais de 50 mil habitantes; R$ 300 mil para mais de 100 mil habitantes e R$ 500 mil para população superior a 500 mil. 

Segundo Pimenta, mais de R$ 100 milhões já foram distribuídos para ações emergenciais em 75 cidades que se manifestaram ao governo.

Ruy Castro falou também sobre a reconstrução das cidades após o período de chuvas, e destacou que todas as prefeituras já podem organizar a lista de equipamentos públicos perdidos. "Não iremos esperar o último prefeito, na medida em que forem enviadas [as solicitações], as soluções serão encaminhadas", disse.

O responsável pela Casa Civil destacou ainda a importância de que os planos de reconstrução abranjam medidas para prevenir novos desastres. Segundo o ministro, o governo está reunindo todo plano de "construção de barragens, diques, sistemas de bomba, canais de drenagem" para avaliar sua viabilidade, impacto e possibilidade de implementação.

Saúde

A ministra Nísia Trindade anunciou que foram enviadas ao estado 1,2 milhão de vacinas para doenças associadas a enchentes, como hepatites, raiva e sarampo. Também foram destinados kits de emergência, com insumos como gazes e esparadrapos.

O valor destinado para ações emergenciais de saúde informado pela ministra é de R$ 63 milhões. "Mas há um volume muito maior que envolve a mobilidade da força nacional do SUS [Sistema Unificado de Saúde]", disse.

Serão destinados ainda R$ 816 milhões para reformas e construções de Unidades Básicas de Saúde (UBS) e hospitais. A ministra informou que já foram registradas 346 propostas dos municípios neste sentido.

O número de UBS destruídas aproxima-se de 300, segundo a ministra. A reconstrução terá apoio do  Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Trindade lembrou que há três hospitais de campanha montados para apoiar o estado, além de hospitais montados pelo exército e do atendimento realizado por profissionais nos abrigos.

A ministra dedicou ainda parte da sua fala a desmentir notícias falsas divulgadas recentemente sobre a saúde no estado. "Não está faltando medicamentos na nossa relação com secretarias estadual e municipais. Também não estão em falta vacinas", disse. "Infelizmente, somos vítimas de desinformação criminosa levando pânico à sociedade."

Na conclusão de seu discurso, Trindade direcionou um recado à gestão anterior da pasta. "O ministério da saúde volta a fazer o que sempre deveria ter feito e não fez durante a pandemia, que é coordenar todo o esforço nacional para salvar vidas e construir um futuro de saúde para todos."

Medidas do Conselho Nacional de Justiça

Presidente do Supremo Tribunal Federal do Brasil (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Luís Roberto Barroso comunicou o direcionamento pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) ao Rio Grande do Sul de R$ 123 milhões de valores depositados em juízo e que tinham destinação discricionária.

Também comunicou o envio de policia judicial ao estado e a criação de um comitê de monitoramento composto por três juízes gaúchos para observar as necessidades locais.

Desinformação e mudanças no clima

A ministra Nísia não foi a única a mencionar a desinformação durante seu discurso. "Impossível não condenar a abominável onda de desinformação, notícias falsas e fake news a propósito do que está acontecendo e o que está sendo feito", disse o ministro Barroso.

Lula louvou a capacidade do povo brasileiro de se manter solidário mesmo diante das campanhas de notícias falsas. "É possível, apesar da nojeira da fake news, dos vândalos que não fazem política, que não discutem política, que só querem destratar."

Barroso falou ainda sobre a necessidade de encaminhar soluções para as mudanças climáticas. "A natureza tragicamente escolheu aqui para dar esse imenso sinal de alerta de que a mudança climática não é mais um problema abstrato. É um problema real que nós precisamos enfrentar."

O prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi também falou sobre a crise do clima. "Esse fenômeno climático não se repete apenas no Rio Grande do Sul e é fruto do descaso que a humanidade e a sociedade teve com a questão ambiental", afirmou.

Lula falou ainda sobre a necessidade de construir mecanismos de prevenção contra novas catástrofes climáticas. "O prejuízo é o dobro do que custaria a gente ter resolvido esse problema definitivamente", disse.

Para isso, Lula convocou uma união dos Poderes, instâncias e partidos. "Embora sejamos Poderes autônomos, a gente tem que funcionar como uma orquestra", disse. "Porque o exercício da democracia é justamente a arte de conviver com os contrários."

*Por Matheus Alves de Almeida - Edição: Thalita Pires - Via BrasildeFato

Emergência e fake news

 


*Via BdF

14 maio 2024

Banco do Brics vai destinar R$ 5,7 bilhões para reconstrução do RS

O anúncio foi feito nesta terça-feira (14) pela presidente do NDB, Dilma Rousseff, nas redes sociais.

   Dilma Rousseff. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil


Da Agência Brasil*

O Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), também conhecido como Banco do Brics, vai destinar US$ 1,115 bilhão, cerca de R$ 5,750 bilhões, para o Rio Grande do Sul. O anúncio foi feito nesta terça-feira (14) pela presidente do NDB, Dilma Rousseff, nas redes sociais. Desde o fim de abril, o estado vem sendo fortemente atingido por temporais, enchentes e alagamentos.

Leia mais:

Em seu perfil na rede social X, Dilma classificou o momento vivido pelo estado brasileiro como difícil e doloroso e citou um cenário de calamidade pública. “Sei que têm sido semanas de muita dor e tristeza. Conversei com o presidente Lula e com o governador [do Rio Grande do Sul] Eduardo Leite para tratarmos dessa situação dramática e definirmos como poderíamos prestar ajuda financeira”.

“O Banco do Brics tem um compromisso e vai atuar na reconstrução e na recuperação da infraestrutura do estado. Queremos ajudar as pessoas a reconstruir suas vidas. Vamos destinar, da maneira mais rápida possível, recursos para o estado. Será US$ 1,115 bilhão. Isso significa R$ 5,750 bilhões”, escreveu Dilma Rousseff.

Segundo Dilma, o montante será liberado em parcerias com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Banco do Brasil e o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE).

“Em parceria com o BNDES, vamos liberar US$ 500 milhões, sendo US$ 250 milhões previstos para pequenas e médias empresas, US$ 250 milhões para obras de proteção ambiental, infraestrutura, água, tratamento de esgoto e prevenção de desastres. Em parceria com o Banco do Brasil, o NDB vai destinar US$ 100 milhões para infraestrutura agrícola, projetos de armazenagem e infraestrutura logística. Em parceria com o BRDE, vamos destinar US$ 20 milhões para projetos de desenvolvimento e mobilidade urbana e recursos hídricos.”

No curto prazo, serão destinados ainda, de acordo com Dilma, US$ 295 milhões previstos em um segundo contrato com o BRDE, em processo de aprovação final. “Destinaremos os recursos para obras de desenvolvimento urbano e rural, saneamento básico e infraestrutura social. US$ 200 milhões serão disponíveis para serem financiados diretamente pelo NDB, podendo contemplar obras de infraestrutura, vias urbanas, pontes e estradas”.

“Vale apontar que a gestão desses recursos, no valor de R$ 5,750 bilhões, é flexível. A destinação dessa verba é passível de direcionamento, de acordo com as urgências, prioridades e necessidades do estado do Rio Grande do Sul”, disse.

“Tenho certeza de que, pela força do povo gaúcho, a solidariedade do povo brasileiro e da comunidade internacional, essa crise será superada. Devemos tomar todas as medidas para que ela não mais se repita”, concluiu.

Em seu perfil no X, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou a liberação de recursos pelo Banco do Brics ao Rio Grande do Sul. “Importante anúncio para o Rio Grande do Sul da presidenta do Banco do Brics, Dilma Rousseff”.

Banco do Brics

Criado em dezembro de 2014 para ampliar o financiamento para projetos de infraestrutura e de desenvolvimento sustentável no Brics e em outras economias emergentes, o NDB, até o início de 2023, tinha cerca de US$ 32 bilhões em projetos aprovados. Desse total, cerca de US$ 4 bilhões estavam investidos no Brasil, principalmente em projetos de rodovias e portos. Em 2021, o Banco do Brics teve a adesão dos seguintes países: Bangladesh, Egito, Emirados Árabes Unidos e Uruguai.

A ex-presidente Dilma Rousseff foi eleita presidente do NDB em março do ano passado. Ela substitui Marcos Troyjo, ex-secretário especial do antigo Ministério da Economia, que ocupou o posto desde julho de 2020. Dilma presidirá o Banco do Brics até julho de 2025, quando acaba o mandato do Brasil no comando da instituição financeira, com sede em Xangai, na China. Cada país do Brics – bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – preside o banco por mandatos rotativos de 5 anos.

Outras iniciativas

O Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF) também anunciou nesta terça-feira um pacote de medidas com potencial para chegar a US$ 746 milhões (R$ 3,8 bilhões) em recursos financeiros para apoiar a reconstrução do Rio Grande do Sul.

“Manifestamos nossa absoluta solidariedade ao país e nos colocamos à disposição para apoiar os trabalhos imediatos de socorro às vítimas e de reconstrução da infraestrutura do estado, de forma coordenada com as diretrizes dos governos federal, estadual e municipais”, declarou o presidente do CAF, Sergio Díaz-Granados, em nota.

De imediato, o banco disponibilizou uma doação de US$ 250 mil (R$ 1,25 milhão) para apoio aos trabalhos de emergência e US$ 1 milhão (R$ 5 milhões) em cooperações não reembolsáveis já disponíveis ao Ministério do Planejamento e Orçamento, a serem utilizados em medidas de mitigação das ações climáticas.

O restante do montante anunciado será distribuído da seguinte forma:

– US$ 60 milhões (R$ 306 milhões) em linha de crédito ao Banco de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), com juros reduzidos e prazos mais longos, para reconstrução de moradias, auxílio a micro e pequenas empresas, melhoria do ambiente e reconstrução da infraestrutura.

– US$ 75 milhões (R$ 382 milhões) que poderão ser aportados ao Programa de Reconstrução e Resiliência Climática, por meio de um empréstimo ao governo federal, destinados a financiar obras e ações prioritárias do governo.

– Empréstimo soberano de até US$ 80 milhões (R$ 408 milhões) para Porto Alegre, por meio do Programa de Inovação Social para Transformação Territorial, aprovado pela Comissão de Financiamentos Externos, órgão do Ministério do Planejamento e Orçamento, em setembro de 2023.

– Linha de crédito ao BNDES no valor de até US$ 500 milhões (R$ 2,5 bilhões) aprovada em 2023 e em processo de formalização, sujeita à demanda pelo BNDES.

– Linha de crédito a ser encaminhada por meio da agência de desenvolvimento Badesul, órgão da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do estado, de até US$ 30 milhões (R$ 153 milhões).

*Fonte: Sul21

13 maio 2024

Candidatos(as) às prefeituras apoiados(as) por Lula terão vantagem nas eleições municipais*

Pesquisa Quaest aponta o presidente como o melhor cabo eleitoral


Presidente Lula na Bahia (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o preferido em relação a Bolsonaro nas eleições municipais, conforme aponta pesquisa Quaest divulgada pela jornalista Mônica Bergamo, em sua coluna. O levantamento revela que 33% dos entrevistados optariam por um candidato a prefeito alinhado ao presidente Lula, enquanto 22% indicam preferência por um pretendente ligado a Bolsonaro, em um total de 2.045 entrevistados em todo o país.

A preferência por candidatos associados ao presidente Lula é especialmente marcante no Nordeste, onde 51% dos entrevistados indicam essa inclinação, em contraste com apenas 11% que preferem políticos ligados a Bolsonaro. Por outro lado, na região Sul, Bolsonaro lidera com 31% da preferência, seguido por Lula com 28%. No Sudeste e no Centro-Oeste, a disputa entre os dois candidatos é acirrada, com empate técnico.

Além disso, a análise por gênero mostra que as mulheres tendem mais a preferir candidatos de Lula, com 36% delas indicando essa preferência, em comparação com 19% que preferem candidatos ligados a Bolsonaro. Entre os homens, a diferença é menor, mas ainda há uma inclinação por Lula, com 29% indicando essa preferência e 27% preferindo Bolsonaro.

Outro fator relevante é a preferência de eleitores com renda de até dois salários mínimos, onde 43% indicam preferência por candidatos ligados a Lula, enquanto apenas 14% optariam por candidatos ligados a Bolsonaro.

*Fonte: Brasil247