17 junho 2024

Oligarquias asfixiam Lula e já constroem opção fascista para 2026

 


Por Jeferson Miola*

Com a derrubada da presidente Dilma através do impeachment fraudulento em 2016, as oligarquias dominantes rasgaram a Constituição de 1988 e instituíram um regime feroz de predação da renda e da riqueza nacional.

O objetivo central foi turbinar o processo de saqueio e pilhagem do Brasil por meio de retrocessos profundos, sistematizados na “ponte para o futuro”, do usurpador Michel Temer, que foi continuado e aprofundado com radicalidade durante o governo militar com Bolsonaro.

Mudanças trabalhistas e previdenciárias e ataques à organização sindical, ao lado da precarização do trabalho e da desproteção do trabalhador, recompuseram as taxas de exploração e lucro do capital.

O Teto de Gastos, equivocadamente substituído pela armadilha do Novo Arcabouço Fiscal no atual governo, comprimiu o orçamento social e inibiu investimentos para garantir a apropriação dum patamar apetitoso do orçamento público via juros da dívida e realocações orçamentárias.

As regras ambientais foram flexibilizadas e a institucionalidade de proteção sócio-ambiental desmontada para propiciar a expansão da exploração devastadora e de outras formas capitalistas criminosas, como garimpo ilegal, desmatamento e pastagem, grilagem de terras, comércio ilegal de armas, minérios e animais silvestres, biopirataria etc.

O mecanismo Preço de Paridade Internacional [PPI] da Petrobrás foi um duto por onde Temer e Bolsonaro escoaram em média R$ 100 bilhões por ano na forma de dividendos para grupos privados, em sua grande maioria estrangeiros que se tornaram acionistas depois da privatização de ativos estruturais da empresa.

Com a independência do Banco Central as finanças sequestraram a soberania monetária do governo eleito e continuaram no comando da instituição, desde onde sabotam o governo Lula, ao mesmo tempo em que asseguram o padrão pretendido de rapinagem.

Com a rédea da política monetária nas mãos, o capital financeiro age livremente para arbitrar a parcela que pretende abocanhar do Tesouro Nacional via taxas de juros obscenas, que fazem do Brasil o paraíso mundial do rentismo e da especulação protegida.

A privatização da Eletrobrás foi lesiva, e propiciou o roubo despudorado da renda do setor elétrico nacional.

Ao lado disso tudo, houve uma mudança paradigmática do Congresso com a usurpação da prerrogativa do Poder Executivo de executar o orçamento nacional. Vigora o sistema corrupto de chantagem, extorsão e achaque comandando por Arthur Lira.

Esses retrocessos todos, juntos e combinados, permitem a concretização do maior esquema de rapinagem da história. A pilhagem ocorrida a partir de 2016, depois do golpe contra Dilma, é de uma magnitude que provavelmente só tem equivalência com o processo continuado de saqueio e roubo do Brasil ocorrido desde a invasão portuguesa até o final do século passado.

As cúpulas partidarizadas das Forças Armadas, que mandavam de fato no governo militar com Bolsonaro/Mourão, atuaram como força de ocupação para combater o “inimigo interno” e garantir este processo brutal de espoliação. Os militares só não avançaram o golpe de Estado para continuarem no poder porque seus patronos do norte, os EUA, não os autorizaram.

Em pânico com os riscos que o horror bolsonarista poderia representar para seus interesses, setores oligárquicos aceitaram a candidatura Lula/Alckmin na eleição de 2022. Porém, desde que para continuarem o processo de apropriação da renda e da riqueza nacional e de aprofundamento da barbárie neoliberal. Mas não permitem, contudo, que o governo execute o programa escolhido pelo povo brasileiro em 30 de outubro de 2022.

O governo Lula está garroteado por forças hegemônicas que querem asfixiá-lo e inviabilizá-lo programaticamente para, assim, derrotá-lo em 2026.

Estas forças desestabilizadoras são o Banco Central, a maioria direitista, ultradireitista e fascista no Congresso, mercado, finanças e grupos hegemônicos de mídia, em especial a Rede Globo. E, claro, os EUA, cuja condição da segunda metade do mandato do Lula se agravará caso Donald Trump seja eleito.

Isso tudo indica, portanto, que pode ter acabado a utilidade e a conveniência conjuntural do Lula para o establishment.

Agora as oligarquias planejam impor uma derrota histórica e estratégica a ele; investem na destruição semiótica da biografia dele. Não querem repetir os erros que cometeram tanto na prisão ilegal do Lula, como no golpe contra Dilma, que custaram a perda de legitimidade da “ordem golpista emergente”.

Por isso impõem a Lula a pauta do austericídio e do torniquete fiscal, ao mesmo tempo em que aumentam os desvios de R$ 80 bilhões por ano do Tesouro Nacional para pagar cada 1% da taxa de juros; dinheirama que falta para o SUS, para a educação e investimentos em geral.

O governo pode cortar despesas, sim, mas não de investimentos e áreas sociais, e sim as despesas financeiras, ou seja, as onerações ao Tesouro impostas pelo Banco Central para bancar o apetite ganancioso das finanças, de ao redor de R$ 800 bilhões por ano dos impostos arrecadados pela União, que vão para as mãos de um punhado de credores, em sua maioria estrangeiros, enquanto as políticas sociais beneficiam dezenas de milhões de brasileiros.

Os reveses impostos por Arthur Lira ao governo na última semana integram uma paisagem mais ampla que a sucessão na Câmara. Há uma convergência estratégica do establishment para sabotar o governo, produzir crise política e instaurar o caos.

O plano consiste em sangrar, debilitar e emparedar Lula e construir, desde logo, a candidatura anti-Lula do Tarcísio de Freitas para 2026, um troglodita fascista de aparência menos grotesca. Só de aparência.

A mesma oligarquia antipetista que em 2022 estava em pânico com Bolsonaro e suplicou o embarque na “arca de Lula” para não deixar o país afundar mais no precipício fascista, agora retorna ao berço bolsonarista. Fala mais alto o sentimento de ódio de classe a Lula, ao PT e aos pobres.

No íntimo, as elites sabem que Tarcísio representa a continuidade da barbárie reacionária e ultraliberal por outros meios, mas mesmo assim apostam suas fichas nele, que garante o porto seguro da apropriação e concentração pornográfica de riqueza em detrimento do povo.

Para as classes dominantes, a democracia é algo meramente instrumental e circunstancial, não é um valor essencial e permanente. Não importa que o fascismo avance às custas de uma derrota de Lula e do PT para em seguida destruir a democracia, porque o que importa para essa elite é manter seus privilégios indecentes.

A classe dominante está viciada; é dependente do padrão de espoliação alcançado com o golpe de 2016, já não consegue viver sem este padrão obsceno, mesmo que para isso precise se enganchar no fascismo.

*Fonte: Blog do Jeferson Miola

14 junho 2024

PARTIDO DA IMPRENSA GOPISTA - Globo, Folha e Estadão aderem a novo golpe em editoriais com ameaças a Lula

Porta-vozes do neoliberalismo, famílias Marinho, Frias e Mesquita "sangram" o presidente, enquanto articulam terceira via com Tarcísio. Em editoriais, pedem cortes no salário-mínimo, educação e saúde.

Francisco Mesquita Neto com Bolsonaro, Luis Frias e os irmãos José Roberto, Roberto Irineu e João Roberto Marinho. Créditos: Marcos Corrêa PR / Reprodução Youtube / Divulgação Globo

Financiados pelo sistema financeiro internacional como porta-vozes do neoliberalismo, os principais veículos da mídia liberal,   capitaneados pelas famílias Marinho, Frias e Mesquita, aderiram a um novo golpe em editoriais uníssonos, com ameaças diretas a Lula.

O motivo, obviamente, é a política econômica, que busca uma melhor distribuição de renda, com aumentos reais do salário-mínimo e os investimentos em saúde e educação públicas.

O motim, no entanto, se formou em torno da decisão do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de devolver trechos da Medida Provisória 1227/24, que impunha restrições à compensação de créditos das contribuições ao Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins).

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo não tem Plano B para compensar a arrecadação e denunciou a preocupação do governo "porque identificamos fraudes nas compensações de PIS/Cofins. Então, vamos ter de construir também uma alternativa para o combate às fraudes".

Estratégia do governo para aumentar a arrecadação - e cumprir o chamado arcabouço fiscal, imposto pelo sistema financeiro - a devolução da MP causou alvoroço na burguesia.

Nesta quinta-feira (13), Globo, Folha e Estadão se uniram ao coro golpista que parte da Faria Lima, de ruralistas e de seus representantes no Congresso Nacional, o centrão, capitaneados por Arthur Lira (PP-AL) em estreita relação com Jair Bolsonaro (PL) - leia artigo de Mauro Lopes sobre o tema.

Em editorial com o título "não dá mais para cumprir meta fiscal ampliando receitas", O Globo, da família Marinho, faz uma ameaça direta a Lula ao mandar o presidente "conter gastos e buscar eficiência no setor público".

"A decisão final cabe a Lula. Se tiver bom senso, aceitará as sugestões para controle de despesas", diz o jornalão carioca. (...)

*CLIQUE AQUI para continuar lendo a postagem assinada pelo jornalista Plinio Teodoro, na Revista Fórum.

'BANCADA DO ESTUPRO' - Criança não é mãe: web reage à proposta da Câmara que equipara aborto a homicídio

Em São Paulo e em outras cinco capitais, mulheres também saem às ruas contra projeto fundamentalista que equipara o aborto após a 22ª semana de gestação ao crime de homicídio

Comissão Arns pede mobilização contra "escalada obscurantista" que restringe o aborto legal

Em reação ao Projeto de Lei 1904/2024, que equipara o aborto após a 22ª semana de gestação ao crime de homicídio, a hashtag #CriancaNãoÉMãe é o termo mais comentado do X (ex-Twitter) nesta quinta-feira (13), somando mais de 167 mil menções. Ontem em votação relâmpago que durou cerca de 24 segundos, a Câmara dos Deputados aprovou o regime de urgência para apreciação da proposta. Desse modo, poderá entrar em votação no plenário, sem passar pelas comissões específicas.

A iniciativa é de autoria do deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), ex-líder da bancada evangélica, e tem o apoio de radicais religiosos, conservadores e bolsonaristas. A proposta aumenta de dez para 20 anos a pena máxima para quem realizar aborto após o prazo determinado. Mesmo nos casos previstos em lei, como gestação resultante de estupro, o aborto será criminalizado. Nesse sentido, inclusive vítimas menores de idade poderão pegar até 12 anos de prisão.

Assim, diante do retrocesso, as redes apelidaram de “bancada do estupro” os apoiadores da proposta, acumulando mais de 30 mil citações. Já a hashtag #PLdoEstupradorNão reuniu mais de 15 mil mensagens contrárias. A proposta é tão absurda que a pena da vítima que abortar seria maior do que a do próprio estuprador, que tem pena máxima de dez anos. (...)

*CLIQUE AQUI para continuar lendo a postagem de Tiago Pereira na RBA.

13 junho 2024

Françoise Hardy "Tous les garçons et les filles"


*Françoise Hardy: Presente!

Morreu [nesta terça-feira, 11] a cantora e compositora francesa Françoise Hardy, aos 80 anos. A informação foi noticiada por Thomas Dutronc, filho da artista, nas redes sociais. 

Françoise ganhou destaque na década de 1960, com "Tous les garçons et les filles" [vídeo acima]. Também fez sucesso com músicas como "Comment te dire adieu", "Partir quand même", "Tant de belles choses". 

A artista, que chegou a se apresentar no Brasil, gravou em francês "Sabiá", de Tom Jobim e Chico Buarque — versão que chama "A quoi ça sert". Ela também gravou o disco "La Question" com a presença da violonista brasileira Tuca. 

Françoise tratava um câncer na faringe desde 2021. A causa de sua morte não foi revelada. 

No ano passado, ela entrou para a lista dos "200 melhores cantores de todos os tempos" da revista americana "Rolling Stone". (Informações via G1)

12 junho 2024

OUÇA E ASSISTA 'Europa vive crise existencial e extrema direita vende falsas soluções para o continente', diz Jamil Chade

No BdF Entrevista, jornalista fala sobre eleições na UE e constelação perfeita com possível eleição de Trump

"Você vê um desmoronamento daquele estado de bem estar social, uma grande desilusão em relação aos partidos tradicionais", afirma Chade - UN Photo/Jean Marc Ferré

A onda de extrema direita que tomou o Parlamento Europeu após as eleições do último fim de semana (8 e 9 de junho) é um reflexo de uma "crise existencial" que assombra o continente desde a derrocada financeira de 2008, que atingiu todo o sistema econômico global. É o que explica o jornalista Jamil Chade, correspondente brasileiro em Genebra, na Suíça.

"Nesse contexto de crise existencial, de perda de produtividade, de perda, inclusive, de protagonismo no mundo, o que vem acontecendo é que justamente vendedores de ilusão, charlatões, mentirosos vendem projetos que basicamente não trazem soluções, vendem ilusões", completa o jornalista.  (...)

*CLIQUE AQUI para ver (e ouvir) a entrevista realizada pelo jornalista José Eduardo Bernardes (na íntegra) no site Brasil de Fato.

10 junho 2024

MTST ocupa prédio público em Porto Alegre em defesa de famílias desabrigadas pela enchente

Ocupação foi batizada com o nome da economista Maria da Conceição Tavares falecida sábado (8) aos 94 anos

Foto: MTST-RS/Instagram/Divulgação

Sul21* - O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) ocupou, sábado (8) o antigo prédio do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), localizado na avenida Borges de Medeiros, 530, no Centro Histórico de Porto Alegre. Segundo a coordenação do movimento, a ocupação foi batizada com o nome da economista Maria da Conceição Tavares, falecida neste sábado (8), e cobra do poder público uma solução emergencial digna para as vítimas das enchentes, que estão sendo despejadas dos alojamentos montados em escolas por conta do retorno às aulas.

O MTST cita levantamento da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) indicando que mais de 160 mil pessoas foram afetadas na Capital, com maior destaque para os bairros Sarandi, Farrapos, Cidade Baixa, Ponta Grossa, Lami e São Geraldo. O último boletim da Defesa Civil do RS revela que 2.392.686 foram impactadas pelas enchentes em todo o estado, 572.781 estão desalojadas e 30.442 estão em abrigos. Para o movimento, esses dados demonstram a questão da moradia digna como tema central para a discussão das ações de reconstrução.

“O MTST ocupou para mostrar que a adaptação desses imóveis para moradia popular é possível. Assim como as demais organizações políticas da classe trabalhadora, o nosso movimento provou potencial de organização coletiva que foi fundamental para as ações de resgate, alimentação e acolhimento de diferentes demandas da população em tempos de eventos climáticos extremos. Queremos juntos construir um futuro digno e com garantia de direitos para toda a sociedade gaúcha”, diz a coordenadora nacional do MTST Cláudia Ávila.

Para MTST, cidades temporárias não são a solução

Na última semana, foi anunciada pelo governo estadual a criação de “Cidades Temporárias” nos municípios de Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo e Guaíba. A proposta indica que as famílias desabrigadas viverão em barracas até que suas moradias definitivas fiquem prontas.

Na avaliação do MTST, embora consideradas como solução por representantes do governo municipal e estadual, as Cidades Temporárias são locais inadequados para as famílias viverem por um grande período de tempo, pois violam direitos básicos. “Esses espaços não dão acesso ao transporte público e aos equipamentos de saúde, assistência social e educação, além de romper vínculos comunitários e com os profissionais que vinham fazendo o acompanhamento dessas famílias.”

Outra preocupação é o alto risco sanitário que existe em reunir muitas pessoas nessas condições precárias durante o inverno gaúcho. “As famílias desabrigadas foram vítimas do poder público quando tiveram suas casas e seus bens destruídos por uma catástrofe que já era prevista, mas foi mal gerenciada pelos governantes. Foram revitimizadas ao serem acomodadas de forma precária em alojamentos improvisados organizados sem a infraestrutura que o Estado tem o dever de prover”, alerta Ávila.

Ainda segundo a dirigente do MTST, agora, ainda recebem a notícia que precisam deixar esses espaços e, mais uma vez, “são vítimas de um governo que não as envolve no processo de reconstrução do estado, não escuta suas necessidades e não abre espaço para a participação popular na construção de alternativas eficazes e tomadas de decisão”.

O MTST chama a atenção que a questão dos alagamentos em Porto Alegre e na região Metropolitana é antiga e recorrente. “Os bairros que alagaram nos primeiros dias de chuva são os mesmos que alagam todos os anos. A catástrofe apenas escancarou a necessidade de repensar a cidade, de prepará-la para eventos climáticos similares, que serão cada vez mais comuns, e de colocar a população acima dos interesses do mercado e da especulação imobiliária.”

O movimento defende que as propostas de intervenção emergencial ofertadas pelo poder público, precisam incluir nessa construção as vítimas da catástrofe, os movimentos sociais e as associações comunitárias que lutam diariamente pelo direito à moradia digna.

“É preciso que as soluções temporárias possam garantir a preservação dos laços comunitários, a permanência dos cuidados em saúde, o acompanhamento das famílias em situação de vulnerabilidade social e a manutenção do acesso ao trabalho e renda. Defendemos a adaptação para moradia popular dos imóveis públicos que não cumprem sua função social, e a destinação destes para famílias desabrigadas através do Minha Casa, Minha Vida Entidades. Só em Porto Alegre foram 154 imóveis disponibilizados para alienação pela prefeitura e 20 desocupados pela União, conforme levantamento realizado pela Faculdade de Arquitetura da UFRGS.”

*Com informações do MTST/RS

09 junho 2024

Para a Liberdade e Luta

 


Me enterrem com os trotskistas
na cova comum dos idealistas
onde jazem aqueles
que o poder não corrompeu

me enterrem com meu coração
na beira do rio
onde o joelho ferido
tocou a pedra da paixão

                  Paulo Leminski 

08 junho 2024

Governo define regras para compra de imóveis para desabrigados no RS

Moradias deverão atender famílias com renda de até R$ 4,4 mil


Agência Brasil* - O Ministério das Cidades publicou no Diário Oficial da União desta sexta-feira (7) a portaria que permite a compra pela União, em caráter excepcional, de imóveis prontos, novos e usados, para atender aos desabrigados pelas enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul desde o fim de abril. A compra pelo governo federal foi anunciada no final de maio.

O governo federal também poderá adquirir unidades habitacionais ainda em obras, mas com a previsão de entrega em até 120 dias, a partir da data do cadastro no site, que ainda será disponibilizado pela Caixa Econômica Federal.

Os imóveis serão destinados para famílias das faixas 1 e 2 do programa Minha Casa, Minha Vida. Na Faixa Urbano 1, a renda bruta familiar mensal é de até R$ 2.640. Enquanto que na Faixa Urbano 2, a renda bruta familiar mensal varia de R$ 2.640,01 a R$ 4.400.

De acordo com o Ministério das Cidades, é a primeira vez que o programa federal fará a aquisição de imóveis prontos, novos ou usados, com o objetivo de agilizar o atendimento às famílias desalojadas. O limite do valor de compra e venda será de até R$ 200 mil por imóvel.

O ministro das Cidades, Jader Filho, adiantou que, em breve, será publicada uma portaria específica sobre as prioridades para que as famílias recebam moradia. “Devem ser priorizadas as famílias com maior número de crianças”, adiantou.

Critérios

Conforme a portaria, para ser adquirida pela União, a unidade habitacional nova ou usada terá que estar em condição de ser habitada; localizada no Rio Grande do Sul em área não condenada pela Defesa Civil municipal; ter registro junto ao Cartório de Registro de Imóveis; estar livre e disponível para alienação e desembaraçada de quaisquer ônus e o imóvel precisa ter situação regular.

O pagamento do valor pela União fica condicionado à apresentação do registro definitivo do título de propriedade, emitido pelo Cartório de Registro de Imóveis.

As unidades habitacionais serão adquiridas com recursos do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), devido à calamidade pública ou estado de emergência no estado.

Oferta e demanda

A oferta de unidades habitacionais novas ou usadas será feita pelo site da Caixa, que será o agente financeiro do Minha Casa, Minha Vida, no período de até 18 meses.

Até o momento, a Caixa Econômica Federal já recebeu a oferta de cerca de 2 mil unidades habitacionais, que serão custeadas integralmente pelo governo federal. No entanto, 91 prefeituras gaúchas apresentaram ao Ministério das Cidades a solicitação de cerca de 40 mil unidades habitacionais, na área urbana, e mais de 1,8 mil, na área rural.

O ministro das Cidades, Jader Filho, declarou, nesta quinta-feira, que a solução para recomeçar a vida das famílias atingidas não será única, mas em diversos formatos.

Para tanto, o ministério planeja publicar um chamamento aos empresários para a construção de habitações na região metropolitana de Porto Alegre a partir de um método de construção mais ágil.

*Por Daniella Almeida  Edição: Fernando Fraga

06 junho 2024

MINISTRO PIMENTA RECEBE CENTRAIS SINDICAIS PARA TRATAR DE MEDIDAS EMERGENCIAIS DIANTE DA CALAMIDADE NO RS

 


Na tarde de ontem (04), o Ministro Paulo Pimenta, juntamente com o diretor de Planejamento do Ministério da Reconstrução do RS, Marco Maia, recebeu a Presidenta do PT-RS, Juçara Dutra Vieira, e representantes das centrais sindicais no estado para discutir medidas emergenciais diante da calamidade que assola o Rio Grande do Sul. 

Durante a reunião, foram apresentadas as principais demandas dos/as trabalhadores/as e empregadores afetados pelas recentes enchentes que devastaram a região. As centrais sindicais reiteraram a urgência de preservar os empregos, considerando inaceitável qualquer demissão neste momento de crise histórica. 

Uma das propostas centrais é a prorrogação das convenções coletivas por 180 dias, garantindo estabilidade aos trabalhadores e empregadores afetados. Além disso, solicitaram a implementação de um decreto federal que assegure uma renda mínima para os trabalhadores e assalariados rurais nas áreas atingidas, tomando como referência o salário-mínimo nacional. 

Diante do exposto, as centrais sindicais apresentaram uma série de medidas para mitigar os impactos da calamidade, incluindo linhas de crédito facilitado para empresas atingidas, desde que estas se comprometam com a manutenção dos postos de trabalho. Também defendem a prorrogação do programa Jovem Aprendiz e a concessão de auxílio emergencial para os trabalhadores da cultura afetados pela suspensão ou adiamento de contratos.

Outras propostas incluem crédito facilitado e apoio financeiro para a reconstrução produtiva da agricultura familiar, bem como a elaboração de um plano de recuperação dos equipamentos públicos, como escolas, hospitais e postos de saúde, fundamentais para a reconstrução das comunidades atingidas pela tragédia. 

O Ministro Pimenta levará as demandas das centrais sindicais ao ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho.

*Foto: Joca Moura/SERS - Fonte: site do PT/RS

04 junho 2024

Deputada Maria do Rosário lança carta “Compromisso com Porto Alegre” e aponta diretrizes para reconstrução da cidade

A deputada federal criticou a atual administração municipal, apontando para a necessidade de uma gestão mais competente e atenta às necessidades da população

Pedro Ruas (PSOL), Maria do Rosário (PT) e Tamyres Filgueira (PSOL) (Foto: Lucas Pitta Klein)


247* - A pré-candidata à prefeitura de Porto Alegre pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Maria do Rosário, e sua vice, Tamyres Filgueira, lançaram hoje a carta "Compromisso com Porto Alegre". O documento, que conta com a assinatura das direções dos partidos que compõem a chapa da pré-candidatura - PT, Partido Verde (PV), Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) - estabelece um compromisso com a cidade e suas demandas a partir da situação dramática enfrentada pela cidade, atingida recentemente pelas enchentes. 

O evento ocorreu na reabertura do Chalé da Praça XV, espaço tradicional que foi recentemente atingido pelas enchentes em Porto Alegre. Durante o evento, que ocorre exatamente um mês após o início da enchente na cidade, Maria do Rosário destacou a importância do documento: “Essa carta é, antes de tudo, um abraço a cada pessoa que vive nessa cidade. Nosso sentimento é que a cidade está triste, abalada e profundamente machucada pelo que acontece a cada dia”, lamentou.  

Maria do Rosário também criticou a atual administração municipal, apontando para a necessidade de uma gestão mais competente e atenta às necessidades da população: “A cidade vive um momento de ausência de gestão. É necessário maior competência, atenção, cuidado, escuta do que a cidade, seus técnicos, universidades, institutos, conselhos profissionais, vereadores e vereadoras, sua comunidade têm a dizer. As comunidades têm muito a dizer e elas precisam ser escutadas”, enfatizou.

Compromisso com Porto Alegre - A carta lançada hoje aponta a falta de manutenção e planejamento como causas principais da tragédia recente e propõe uma administração que escute e atenda as demandas da população, técnicos e especialistas. O documento destaca ainda a importância de restaurar e modernizar o sistema de proteção contra enchentes para prevenir futuras catástrofes, além de sugerir um plano abrangente de reconstrução que inclua ações emergenciais de apoio social, melhorias na infraestrutura de saneamento e drenagem, e a valorização de políticas socioambientais.

“O DMAE é público, o DEP deve ser reconfigurado e nós não permitiremos a continuidade da destruição da coisa pública, da cidade pública e dos direitos da população. Nos comprometemos com uma gestão que valorize os serviços públicos à serviço da população”, acrescentou Maria do Rosário.  

A cerimônia reuniu diversas lideranças políticas e parlamentares, entre elas as deputadas Laura Sito, presidenta do PT Porto Alegre, e a deputada estadual Luciana Genro (PSOL), além dos deputados estaduais Leonel Radde (PT), Sofia Cavedon (PT), Bruna Rodrigues (PCdoB) e Adão Pretto (PT). Também marcaram presença os vereadores Roberto Robaina (PSOL), Abigail Pereira (PCdoB), Pedro Ruas (PSOL), Oliboni (PT), Karen Santos (PSOL), Adeli Sell (PT), Jonas Reis (PT) e Giovani Culau (PCdoB), além da deputada federal Reginete Bispo (PT) e a presidenta do PCdoB da capital Silvana Conti. 

*Via https://www.brasil247.com/

03 junho 2024

Claudia Sheinbaum é eleita a primeira mulher presidenta no México, aponta contagem oficial

Com candidatura de esquerda pelo partido Morena, Sheinbaum deve aprofundar combate às desigualdades iniciado por Obrador

Claudia Sheinbaum vai suceder a Andrés Manuel López Obrador, seu padrinho político - Carla de Souza /AFP

A cientista Claudia Sheinbaum, de 61 anos, será a primeira mulher a se tornar presidenta do México, indica a contagem preliminar oficial dos votos realizada pelo Instituto Nacional Eleitoral (INE). Com quase 70% das urnas apuradas às 7h (horário de Brasília) desta segunda-feira (3), a candidata governista aparece 30 pontos à frente de sua adversária, Xóchitl Gálvez, senadora e empresária de centro-direita e de raízes indígenas.

Momentos depois da divulgação dos primeiros resultados, Sheinbaum falou a apoiadores reunidos na Cidade do México e destacou o simbolismo de ser a primeira mulher eleita para o Executivo em 200 anos de independência. Enquanto o auditório explodia em aplausos e gritos de “presidenta, presidenta!”, ela acrescentou: "Como já disse em outras ocasiões,não chego sozinha, todos nós chegamos. Com nossas heroínas que nos deram nossa pátria, com nossos ancestrais, nossas mães, nossas filhas e nossas netas”.

A presidenta eleita ainda afirmou que seu governo quer "um México plural, diverso e democrático". "Sabemos que a divergência faz parte da democracia e, embora a maioria das pessoas apoie nosso projeto, nosso dever é e sempre será cuidar de todos os mexicanos, sem distinção. Portanto, mesmo que muitos mexicanos não concordem totalmente com nosso projeto, caminharemos em paz e harmonia".

Além da Presidência, das oito eleições provinciais, o partido governista do atual presidente Andrés Manuel López Obrador conseguiu vencer novamente nas cinco que já governava e em duas que eram governadas pela oposição: Yucatán e Jalisco.

Além disso, embora a contagem final ainda demore dias para ser totalmente concluída, o Morena poderia obter uma maioria qualificada no Legislativo. Dessa forma, o governo de Sheinbaum poderia aprovar reformas constitucionais propostas. 

Quem é Cláudia Sheinbaum?

Com 61 anos, a presidenta eleita do México iniciou na sua militância estudantil nos anos 1980, e teve seu primeiro cargo público como secretária do Meio Ambiente da Cidade do México (2000-2006). 

Sheinbaum fez um doutorado em engenharia ambiental na Universidade Nacional do México (Unam), para o qual pesquisou durante quatro anos nos Estados Unidos, e fez parte do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática da ONU (IPCC) que ganhou um Prêmio Nobel da Paz em 2007. 

Suas convicções de esquerda que a tornaram militante do Conselho Estudantil Universitário (CEU), coletivo que freou uma tentativa de privatização da universidade pública e foi terreno fértil para nomes do atual governo de Andrés Manuel López Obrador, seu padrinho político.

"Dra. Claudia Sheinbaum será a primeira mulher presidente não apenas do México, mas dos três países da América do Norte. Esse me parece um dado bastante relevante e algo que me parece muito interessante é que em geral a população a reconhece plenamente por suas habilidades e pelos resultados que obteve como chefe de governo, mas também por uma vida inteira e uma história de congruência e dedicação à causa", disse antes do pleito ao Brasil de Fato Eder Guevara, militante fundador do partido Morena e colaborador do Instituto Nacional de Formação Política (INFP) do partido.

"Os dois vêm de uma luta que construíram juntos e que busca ampliar direitos sociais e das pessoas no nosso país, atender quem historicamente ficou para trás. E um ponto adicional: acabar ou diminuir as desigualdades do nosso país. Essa seria a grande ligação do projeto de ambos", disse ao Brasil de Fato Entrevista Tatiana Clouthier, ex-ministra da Economia do governo Obrador entre 2020 e 2022 e porta-voz da campanha de Sheinbaum.

"É uma mulher que vem lutando desde muito jovem, quando era uma estudante de ensino médio. Buscou que seus companheiros e companheiras tivessem acesso à educação gratuita, como ela teve, porque não havia vagas no sistema educativo e aí ela começa uma luta neste sentido", ressalta Clouthier.

Como prefeita de um distrito da Cidade do México, enfrentou o desmoronamento de um colégio durante o terremoto de 2017 que matou 26 pessoas, incluindo 19 crianças. 

Metodicamente, insistiu que as irregularidades encontradas na construção não eram culpa da prefeitura. Também gerenciou com destreza um dos momentos mais difíceis como prefeita da capital (2018-2023): a pandemia e a queda de uma linha do metrô. 

O uso de métodos científicos e ferramentas tecnológicas refletiu a marca de Sheibaum na gestão da covid, que, no entanto, deixou uma elevada mortalidade.

Após o colapso de uma linha de metrô que deixou 27 mortos e 80 feridos em 2021, defendeu sua equipe e optou por uma polêmica negociação com a construtora da obra - propriedade do magnata Carlos Slim - para indenizar as vítimas e evitar julgamentos. 

Liderança feminina

Durante a campanha, uma câmera a flagrou reclamando com raiva do tratamento injusto do partido enquanto ela disputava a candidatura presidencial com o ex-ministro das Relações Exteriores Marcelo Ebrard, cujos ataques também não conseguiram exasperá-la. Sheinbaum concorreu com cinco homens nas internas do partido Morena e foi escolhida pela militância do partido para suceder López Obrador.

"O ex-chanceler do México ficou em segundo lugar, mas bem atrás da doutora. Também participou Gerardo Fernández Noroña, outro líder de esquerda. Ele estava tão confortável no México que, quando renunciou, era Secretário do Interior, renunciou para assumir essa pré-candidatura. Havia outros dois candidatos de partidos aliados, e perderam por uma margem muito grande para a doutora", aponta Guevara sobre as internas do Morena que chancelaram o nome de Sheibaum para a disputa presidencial.

Chamada de "dama de gelo" por sua principal adversária, Sheibaum nunca olhou ou chamou a centro-direitista Xóchitl Gálvez pelo nome durante três debates nos quais Gálvez a atacou duramente. A campanha também revelou uma Sheinbaum afetuosa e sorridente, formas que ela geralmente reserva para as pessoas mais próximas. Ela distribuiu beijos e abraços entre milhares de apoiadores e colocou graça e humor nos vídeos do TikTok. 

Ela é atenciosa com as mulheres de sua equipe de campanha e apoia a liderança horizontal. “Apesar de ser uma cientista, ela é uma lutadora social, o que faz uma combinação muito boa de mente e coração”, diz Clouthier. 

Desafios

O México vive uma espiral de violência desde o início de uma ofensiva militar em 2006 contra os cartéis, que obtêm lucros milionários com o tráfico de drogas sintéticas para os Estados Unidos, onde se abastecem com armas. Desde então, o país acumulou mais de 450 mil homicídios e mais de 100 mil desaparecimentos, segundo dados oficiais. A violência de gênero também afeta o país: os números do governo registraram 852 feminicídios no ano passado.

Eder Guevara aponta que o governo Andrés Manuel López Obrador fez grandes progressos na pacificação do país. "Os homicídios intencionais foram reduzidos em 40%, o feminicídio em mais de 45% e os crimes de alto impacto, como extorsão e sequestro, foram reduzidos em mais de 70 a 80%. Portanto, Andrés Manuel fez progressos na pacificação do país, mas ainda há muitas células com muito poder armado com muitas armas dentro das comunidades, que ainda é muito difícil erradicar."

Tatiana Clouhtier aponta que a proposta de governo de Sheinbaum na área da segurança é aprofundar a política inciada por Obrador, dando maior poder de investigação para a polícia.

"Ela modificou a lei estadual e quer ampliar para todo o país. Por outro lado, também coloca a questão de ter uma Polícia Federal, vinculada à Presidência, que atue em estradas, algo que hoje é uma lacuna, não existe da maneira que a doutora propõe. E temos a questão da reforma do Poder Judiciário, da qual o presidente López Obrador já falou. Dentro do Poder Judiciário, haveria um órgão responsável pelo funcionamento interno para que problemas de corrupção sejam identificados e não negligenciados como estão hoje."

*Colaborou Gabriel Vera Lopes, enviado especial à Cidade do México

**Edição: Leandro Melito - Fonte: BrasildeFato