Em novembro de 1976 surge a OSI, atual corrente O Trabalho do PT
Por Júlio Turra*
Em 1976 o Brasil estava sob ditadura militar. Nesse tempo de
repressão, ocorreu a unificação de
grupos trotskistas em nosso país, sob
impulso do Comitê de Organização
pela Reconstrução da 4ª Internacional (CORQUI, criado em 1972).
No início do ano, o Grupo Outubro, a Fração Bolchevique Trotskista
(FBT) e a Organização de Mobilização Operária (OMO), fundiram-se
na Organização Marxista Brasileira
(OMB). Em novembro, numa conferência clandestina na Praia Grande
(SP), a OMB unificou-se com a Organização Comunista 1º de Maio,
criando a Organização Socialista
Internacionalista (OSI). Meses antes,
em julho, as suas tendências estudantis haviam se somado na “Liberdade e Luta”, que marcou época na
luta por “Abaixo a Ditadura”.
No terreno sindical, os militantes
da OSI animavam grupos de oposição ao peleguismo, defendendo sindicatos livres e uma central sindical
independente. O jornal “O Trabalho” aparece em 1º de Maio de 1978,
coincidindo com a onda de greves
iniciada no ABC e que se espalharia
pelo país, abalando a ditadura.
“Por um Partido Operário”
Nas eleições de 1978, a OSI, junto
com outras forças políticas e sindicais, fez campanha por “Nem Arena,
nem MDB, voto nulo por um Partido
Operário”. Os anos seguintes foram
de campanhas pela liberdade dos
presos políticos, pela Anistia, pela
libertação de Lula e demais sindicalistas presos. O apoio à revolução
na Nicarágua e à luta do “Solidarnosc” contra a burocracia stalinista
da Polônia dava então a dimensão
internacional do nosso combate.
Diante das iniciativas para formar um Partido dos Trabalhadores
(1980-81), a OSI decidiu engajar-se
no mesmo, defendendo um caráter independente (“partido sem
patrões”) para o PT. Seus militantes
jogaram também um papel relevante
na fundação da CUT em 1983.
A entrada da OSI no PT levou à sua
mudança de nome, primeiro para
Fração 4ª Internacional e depois
para Corrente O Trabalho (OT).
Como OT, fomos à luta por Diretas
Já (1984), participamos de greves
gerais, da luta por uma Constituinte
Soberana em 1986 - frustrada pela
manobra de dar poderes constituintes ao Congresso - das vitórias eleitorais do PT, de Lula – declinando
o convite a integrar o seu primeiro
governo, dadas diferenças que tínhamos com seu programa – e de Dilma.
Um fio condutor
Não se trata aqui de resumir
uma trajetória política de 45 anos,
mas sim de destacar o seu fio condutor: independência de classe e
internacionalismo.
A luta contra o sistema imperialista
que leva a humanidade ao abismo,
exige a solidariedade ativa com os
trabalhadores e povos de todo o
mundo. O que, por sua vez, pede um
quadro internacional. A OSI nasceu
do combate pela reconstrução da 4ª
Internacional e hoje OT é a sua seção
brasileira.
Mas, não somos a direção “autoproclamada” da revolução. A 4ª
Internacional e suas seções se lançam
à tarefa de, em pé de igualdade com
forças de origens diversas, estabelecer quadros amplos de discussão e
ação contra o imperialismo num terreno de classe. É assim com o Acordo
Internacional dos Trabalhadores e Povos (Barcelona 1991) e o Comitê
Internacional de Ligação e Intercâmbio (Argel 2017). No Brasil, nossos
militantes constroem o Diálogo e
Ação Petista [DAP], lado a lado com petistas de distintas origens que querem
“agir como o PT agia”.
Os desafios permanecem
Sim, pois o sistema imperialista -
como mostra a pandemia e seus efeitos sobre a humanidade, ou a crise
climática que decorre da ganância
pelo lucro - só é capaz de sobreviver
atacando os direitos e conquistas dos
trabalhadores e povos.
Ao mesmo tempo, esse sistema
falido busca atrelar organizações
políticas e sindicais dos explorados
a um “consenso” que preserve a
propriedade e os privilégios de uma
minoria capitalista. Desafios que têm
tradução em cada país e também no
Brasil. Questões abordadas na edição 109 da revista A Verdade (órgão
teórico da 4ª Internacional - ver
abaixo).
Nós, militantes da corrente O Trabalho do PT, orgulhosos de sua trajetória de luta e dos ensinamentos
que ela nos deu, estaremos sempre
ao lado dos explorados e oprimidos
na luta para terminar com a exploração capitalista e a opressão. Viva
os 45 anos da seção brasileira da 4ª
Internacional! A luta continua!
...
A Verdade 109 traz dossiê sobre a ecologia
O “Dossiê: Bens comuns, transição ecológica e energética
e ‘economia verde’’’ é o principal
conjunto de textos da revista A Verdade 109 que acaba de ser publicada em português e já está à venda
com os militantes da corrente O
Trabalho.
A Verdade é a revista teórica da 4ª
Internacional, que analisa e debate
os problemas da luta de classes
mundial, sendo uma ferramenta
indispensável para armar os que se
batem para libertar a humanidade
do sistema de exploração no qual
vivemos.
O dossiê se inicia com textos
teóricos de décadas atrás, de Trotsky e do camarada Gerard Bloch,
sobre a relação entre marxismo e
ciência. Em seguida, outros seis
textos analisam a política do
imperialismo hoje em relação
à devastação do meio ambiente
provocada pelo capitalismo, sob
diferentes prismas: a estreiteza do
mercado mundial, a ação do capital financeiro, a atuação das multinacionais, o desenvolvimento da
esfera digital, a questão da energia
eólica e os interesses em jogo no
desmatamento da Amazônia e do
Pantanal Matogrossense.
O que se ressalta é a sanha destruidora do sistema capitalista em
relação à natureza, sua incapacidade
inata de mudar esse cenário e suas
tentativas permanentes de associar
as organizações políticas e sindicais
do movimento operário com iniciativas de ilusórias uniões de interesses, como forma de tentar barrar a
via da revolução.
A revista traz ainda as Notas do
Secretariado Internacional da 4ª
Internacional de análise da situação
A Verdade 109 traz dossiê sobre a ecologia
mundial, com destaque para o
cenário de pandemia e a resposta
de “união nacional” dada pelo
imperialismo em todo canto, e um
importante artigo sobre a unidade
da luta do povo palestino, tanto
na Cisjordânia e na Faixa de Gaza,
quanto no interior do Estado de
Israel.
Com o tema central, o dossiê
sobre ecologia, a Corrente O Trabalho vai organizar a discussão desta
edição 109 na retomada do ano.
Adquira seu exemplar: R$ 25,00.
Um tema que interessa a todos,
mas em particular à juventude, que
se preocupa com o mundo e o planeta que lhes oferece como “futuro”
o sistema capitalista, e vive em condições cada vez mais precárias, para
aqueles que não possam pagar o
valor de capa, a revista será vendida
a R$ 10,00.
...
*Júlio Turra foi militante estudantil (Liberdade e Luta...), militante sindical e um dos fundadores do PT e da CUT. Atualmente é Assessor Político da Direção Executiva da CUT Nacional, da corrente O Trabalho do PT e do Diálogo e Ação Petista - DAP (Articulação supra tendencial do PT).
-Fonte: Jornal O Trabalho - Edição final e grifos deste Editor.