*Via YouTube
Os lançamentos de candidaturas apoiadas no documento Virar à Esquerda – Diálogo e Ação Petista vêm ganhando expressão e simpatia. Na última semana, uma série de lançamentos aconteceram. Os apoiadores da Chapa 210 nos Estados também estão acompanhando os lançamentos da candidatura do deputado federal Rui Falcão 130 para presidente nacional do PT que está percorrendo vários Estados. (...)
Em Porto Alegre (RS), juntos com a tendência interna do PT, Quilombo Socialista, os membros da chapa nacional Virar à Esquerda lançaram a candidatura para presidente estadual de Marcelo Carlini 310, hoje suplente do Diretório Estadual e membro da direção da CUT. (...)
*CLIQUE AQUI para ler a íntegra da postagem do DAP Nacional.
“A omissão dos machos com poder permite que uma ministra seja atacada, como se pudesse se defender sozinha”, escreve o colunista Moisés Mendes
Marina Silva (Foto: Rogério Cassimiro / MMA)
Por Moisés Mendes*
Marina Silva foi cercada pela alcateia bolsonarista no Senado por ter entrado na fila de espancamento da extrema direita. Foi desrespeitada e teve de se levantar e ir embora porque toda situação com tensão política, envolvendo mulheres e fascistas, terá desfechos semelhantes.
Se as comadres da GloboNews se sentiram à vontade para depreciar as falas de Janja e pautar os colegas machos, e até mesmo parte das esquerdas, a extrema direita está mais do que autorizada a cercar Marina. Como fez na sessão desta terça-feira na Comissão de Infraestrutura do Senado.
São previsíveis os ataques, a valentia de Marina e a covardia do entorno hétero. Como aconteceu mais de uma vez nos duelos da deputada Maria do Rosário com o então deputado Bolsonaro no plenário e no salão verde da Câmara.
Machos olham de longe, no ambiente que é deles, no espaço corporativo de homens que fazem concessões às mulheres, mas não se metem nas falas machistas dos colegas de Congresso. Marina ouviu algumas manifestações de espanto, na base do que é isso, peraí, epa, por favor, e não ouviria mais nada.
Mulheres são alvo preferencial do fascismo, ao lado de negros, indígenas, gays e todos os diferentes. Em ambientes públicos, como aconteceu no Senado, com a imposição de quem fala grosso e mais alto, o ataque é orientado pela busca do corte, do trecho no vídeo que irá bombar depois.
Não importa o contexto, o conjunto de uma sessão pretende ser esclarecedora sobre a exploração de petróleo na Margem Equatorial. Importam os 20 segundos que irão sintetizar um ataque.
E foi o que aconteceu quando Marcos Rogério (PL-RO) ergueu sua voz de homem com imunidades e ordenou: "Me respeite, ministra, se ponha no seu lugar". E quando Plínio Valério (PSDB-AM) esclareceu, dirigindo-se a Marina: “A mulher merece respeito, a ministra, não".
No mundo das normalidades, que talvez tenha existido, com suas imperfeições, até pouco mais de uma década atrás, Rogério e Valério seriam desqualificados como políticos e até como dupla sertaneja.
Hoje, não. Hoje o machismo é cantado, e as falas dos senadores devem estar sendo compartilhadas e exaltadas nas suas bases virtuais como a afirmação do macho diante de uma ministra que tem a petulância de dizer que não é mulher submissa. Disse, duelou mais um pouco e foi embora.
O que teremos depois da cena no Senado? Teremos as comadres da GloboNews, com seu feminismo de jardinagem, escandalizadas com o que aconteceu. Notas de entidades diversas e de políticos e políticas. Editorial no Estadão e homenagens à bravura de Marina.
Mas ali, na hora, naquele momento, não aconteceu, como nunca ocorre, o que deveria acontecer. Ali, quando Marina era cercada pelas hienas da extrema direita, alguém tinha de tentar imitar o que Alexandre de Moraes vem fazendo nas sessões do STF que ouve advogados e testemunhas do golpismo: parou. Era o momento de dar um tranco.
Dirão que não há no Congresso, em situações como a dessa terça-feira, alguém com posição hierárquica acima dos demais colegas, que carregue a prerrogativa da intervenção sumária e contenha os ataques.
Claro que há. O senador Marcos Rogério, que presidia a comissão, é quem tinha esse poder, mas é exatamente ele quem, ao invés de exercer a moderação, inicia os ataques a Marina.
Dirão também que Marina tem histórico de luta e sabe se defender sozinha. Sempre usam essa desculpa quando da agressão a mulheres por gente com foro privilegiado. E dirão que assim é o Congresso.
Mas nunca vão dizer, nem nas internas, que falta quase sempre a reação forte de um macho no momento em que muitos deles testemunham agressões de extremistas misóginos.
*Jornalista - via Brasil247
Ministra do Meio Ambiente deixou a sessão após ocorrido; mulheres do governo reagem com indignação
A ministra de Estado do Meio Ambiente e Mudança do Clima e o senador Marcos Rogério (PL) discutem durante Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) nesta terça-feira (27) - Geraldo Magela/Agência Senado
“Ponha-se no seu lugar”, disse o senador Marcos Rogério (PL) à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que compareceu, como convidada, à Comissão de Infraestrutura do Senado Federal, nesta terça-feira (27). O motivo do convite foi a prestação de informações sobre estudos para criar a maior unidade de conservação marinha do país, na Margem Equatorial, no litoral Norte do Amapá. Essa também é a região onde a Petrobras pretende realizar estudos para a produção de petróleo.
Mas a discussão começou sobre outro tema polêmico: a construção da BR-319 que corta a Amazônia, ligando Manaus (AM) a Porto Velho (RO) e é defendida pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A obra passa por 13 municípios, 28 unidades de conservação e 69 comunidades indígenas, sendo uma delas uma comunidade isolada, e depende de licenciamento ambiental.
Visivelmente exaltado, o senador Omar Aziz (PSD-AM) esbravejou, batendo no peito e apontando o dedo para a ministra. “A gente quer, sim, a BR-319 ministra para passear, como a senhora disse. Queremos sim. Nós temos o direito de passear na 319. E não é a senhora que não vai permitir que a gente passe na 319. Nós, amazonenses, queremos ter o direito de passear na 319. A senhora passeia na avenida Paulista, hoje nós queremos passear na 319”, disse o senador, que interrompeu a ministra diversas vezes durante sua tentativa de resposta.
“Eu peço para poder falar somente um minuto. Eu estou aqui como convidada”, disse a ministra, que chegou a ter o áudio do microfone cortado pelo presidente da sessão, senador Marcos Rogério (PL-GO). “A senhora está atrapalhando o desenvolvimento do nosso país, eu lhe digo com a maior naturalidade do mundo. Tem mais de 5 mil obras paradas por causa dessa conversinha de governança, nhen, nhen, nhen, bla, bla, bla.”
Nesse momento, o presidente da sessão decidiu seguir com o debate, sem permitir que a ministra respondesse, no tempo regimental, às afirmações de Aziz. “Os questionamentos são respondidos, os comentários, não”, disse Rogério. (...)
*CLIQUE AQUI para continuar lendo (e assistindo) a postagem de Leonardo Fernandes no site Brasil de Fato (via Blog O Boqueirão Online)
O ex-presidente do Uruguai, José Alberto “Pepe” Mujica Cordano, morreu nesta terça-feira (13) aos 89 anos. A informação foi confirmada pelo presidente uruguaio Yamandú Orsi. O ex-mandatário deixou um legado na política uruguaia por ser protagonista na transformação da Frente Ampla, hoje a principal coalizão de esquerda do país.
Segundo sua esposa, a ex-vice-presidente Lucía Topolansky, Pepe estava “em situação terminal” e passava por cuidados paliativos. Mujica foi diagnosticado com câncer em abril de 2024 e passou por radioterapia até 16 de junho do ano passado, quando interrompeu o tratamento. Ele não participou das últimas eleições regionais, disputadas no último domingo (11).
Do sítio em que vive, na zona rural da capital Montevidéu, Mujica já havia falado sobre seu estado de saúde em entrevista publicada pelo jornal estadunidense The New York Times. Em uma espécie de despedida, ele disse à época: “está na hora de partir”.
“Fiz tratamento radiológico. Segundo os médicos, correu tudo bem, mas estou arrasado. A vida é bela. Com todas as suas reviravoltas, eu amo a vida. E estou perdendo-a porque estou na hora de partir”, afirmou na ocasião.
Ele ainda votou no final do ano passado nas eleições presidenciais. Deu apoio ao candidato da Frente Ampla, Yamandú Orsi, que venceu o pleito e se tornou presidente do Uruguai.
Em janeiro deste ano, Mujica anunciou que estava com metástase hepática e não se submeteria a nenhum outro tratamento. Nesse período, com dificuldade de comer, foi submetido a uma cirurgia para colocar um stent no esôfago para se alimentar. Há algumas semanas, a situação piorou e o ex-presidente não conseguiu mais fazer atividades básicas.
Mujica havia deixado a internação para ficar em casa. Segundo a família, o espaço era mais “confortável” para o ex-presidente. Ele recebeu visitas de familiares e pessoas próximas. Uma dessas visitas foi de Alejandro Pacha Sánchez, secretário do presidente Yamandú Orsi, que disse: “Mujica sempre havia dito que queria chegar aos 90 anos”. O uruguaio faria aniversário em 20 de maio.
Nos últimos dias, milhares de uruguaios manifestaram solidariedade ao ex-presidente. Mujica foi presidente do Uruguai de 2010 a 2015 e ficou conhecido por ter tido uma política progressista. As principais medidas aprovadas em sua gestão foram a legalização da maconha e a permissão do casamento homoafetivo.
Essa política fez com que Mujica se tornasse uma figura popular não só dentro como fora do Uruguai. O ex-presidente integrou o Movimento de Participação Popular (MPP) de 1994 até 2025. O seu grupo político publicou uma mensagem em apoio a Mujica.
“Caro Pepe! Você sempre nos disse que faria campanha até o seu último dia. Você cumpriu sua promessa e sabemos que continuará a cumpri-la. Este grupo o apoiará até o fim”, diz o texto.
A construção política de Mujica está muito ligada à sua infância. Mujica nasceu em 20 de maio de 1935 em Paso de la Arena, uma zona rural na região metropolitana de Montevidéu. Seu pai, Demetrio Mujica, era um pequeno agricultor e morreu quando Mujica tinha 4 anos. Sua mãe, Lucy Cordano, ficou responsável por cuidar de 2 filhos.
Estudou em uma escola pública desde pequeno, mas teve que conciliar com o trabalho a partir dos 6 anos, já que ajudava a mãe nos trabalhos de cultivo e venda de flores. A família tinha um terreno de 14 mil metros quadrados para a produção. Sua mãe tinha aprendido a cultivar flores com vizinhos japoneses que migraram fugindo da Segunda Guerra e viviam em uma colônia vizinha.
Mujica começou a estudar Direito no Instituto Alfredo Vásquez Acevedo (Iava), mas não concluiu os estudos e passou a focar na militância política. Integrou, a partir de 1956, o Partido Nacional, sigla tradicional da direita uruguaia. Nos anos 1960, Mujica radicaliza seu pensamento político e passa a fazer parte do Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros (MLN-T), em um momento em que trabalhadores passaram a reivindicar cada vez mais direitos e criticavam o modelo econômico baseado na exportação.
O grupo era uma guerrilha de tendência socialista que lutou contra a ditadura militar uruguaia, que durou de 1973 a 1985. Enquanto atuou pelo Tupamaros, Mujica foi preso três vezes. A primeira, em 1969, aconteceu logo depois de Mujica passar para a clandestinidade. Ele ajudou a organizar a tomada nos principais pontos da cidade de Pando. Neste movimento, ele foi preso e fugiu duas vezes do centro penal de Punta Carretas. A segunda em 1971.
A terceira vez foi em 1972 depois de um confronto armado. Nesta ocasião, ele ficou 13 anos preso, encarando a maior parte da ditadura militar da prisão. Mujica foi torturado e passou por humilhações em todo esse período. Ele e outros militantes do Tupamaros foram submetidos a condições de maus tratos, isolamentos e foram levados a celas superlotadas em diferentes partes do país. Receberam também ameaças de morte pelos militares se o Tupamaros retomasse as atividades fora dos presídios.
Mujica ficou 12 anos preso sem ser julgado. Anos mais tarde, sua detenção foi considerada pela Justiça uruguaia como uma prisão extrajudicial, o que ficou conhecido pelos militantes de esquerda como um “sequestro do ex-presidente”.
A liberdade para os militantes do Tupamaros foi decretada um ano depois do fim da ditadura, em 1984. Em 8 de março de 1985, Mujica deixou a prisão com a anistia aos presos políticos decretada pela Assembleia Nacional. O então líder de esquerda uruguaia anunciou o fim da luta armada pelo Tupamaros. Seu grupo então chega à conclusão de que o melhor era se somar à Frente Ampla, coalizão de esquerda criada em 1971.
O objetivo de Mujica naquele momento era conseguir um entendimento e uma conciliação com socialistas e comunistas para conseguir aglutinar essas forças dentro da Frente Ampla, mas sem suplantar a coalizão. Ele começou a falar em um socialismo “nacional”, “multipartidário”, “democrático” e “participativo”, em um claro aceno aos social-democratas.
A ideia de Mujica foi dominante naquele momento em uma disputa com antigos integrantes do Tupamaros, que reivindicavam uma postura mais radical, tendo como foco uma reforma agrária, nacionalização dos bancos e aumento imediato dos salários dos trabalhadores. Ao mesmo tempo, ele se mudou para um pequeno lote em Rincon del Cerro com a sua última esposa, para trabalhar como agricultor.
Em 1986, durante o governo de Julio María Sanguinetti, Mujica foi uma das principais vozes da oposição que conseguiu derrubar a Lei de Caducidade das Pretensões Punitivas do Estado, que pretendia dar uma anistia aos militares responsáveis pelos principais crimes cometidos pela ditadura. A lei foi derrotada em referendo em 1989.
Ele então formou o Movimento de Participação Popular (MPP), que se tornou uma ala mais à esquerda da Frente Ampla, unindo o próprio Tupamaros, PST e outros grupos menores: Partido para a Vitória do Povo (PVP, pró-anarquista), o Movimento Revolucionário do Leste (MRO, guevarista) e o Partido Comunista Revolucionário (PCR, marxista-leninista-maoista).
Ele não participou das eleições de 1989 e o MPP ficou apenas como a 4ª sigla mais votada da Frente Ampla. Mujica então passou a focar no Espacio 609, grupo dentro da Frente Ampla para tentar atrair militantes que deixavam os partidos tradicionais.
Em 1994, ele foi eleito pela primeira vez como deputado pelo MPP. Na ocasião, a esquerda uruguaia conseguiu disputar de igual para igual o Congresso e ainda deu o terceiro lugar nas presidenciais ao socialista e prefeito de Montevidéu Tabaré Vázquez Rosas. Ele recebeu 621 mil votos, 35 mil votos a menos que o candidato vencedor, Sanguinetti.
Mujica ganhou projeção como deputado e em 1999 foi eleito senador. A Frente Ampla apresentava naquele momento um forte crescimento não só eleitoral, mas também político entre as bases. Ele e Tabaré Vázquez trabalham para fortalecer ainda mais esse processo interno para conseguir ganhar a presidência em 2004. Neste ano, Mujica foi reeleito senador e Vázquez venceu a disputa presidencial, consolidando a força da Frente Ampla naquele momento.
No governo Vázquez, Mujica foi nomeado ministro da Pecuária, Agricultura e Pesca. Mesmo eleito como senador mais votado do Uruguai, ele deixa o cargo de presidente da Assembleia para assumir o posto no governo. Quem ocupa o seu lugar no Legislativo é justamente sua companheira, Lucía Topolansky.
Nesse momento, o então ministro conseguiu aumentar a exportação de carne uruguaia – um dos produtos mais importantes dentro das exportações uruguaias – em um contexto de maior demanda global por commodities, movimento que ficou conhecido como boom das commodities. O principal mercado naquele momento era o asiático e especialmente o chinês.
Ele também implementa uma política de redução de preços dos cortes mais consumidos pelos uruguaios de carnes bovinas. Essa manobra deu resultado e a medida ficou conhecida como El asado del Pepe. Tudo isso aumentou a popularidade de Mujica, que passava a ser visto cada vez mais como um político “autêntico” e sem amarras estéticas dos políticos tradicionais. O terno e a gravata, por exemplo, nunca fizeram parte do vestuário do então ministro.
Em 2005 ele também se casa com Lucía Topolansky, formalizando uma relação que já havia sido construída. Dois anos mais tarde, ele faz parte da comissão que recebeu o então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, que passou por Montevidéu em viagem pela América do Sul. Mujica negociou acordos para a compra de carne pelos estadunidenses e foi criticado pela militância. Na ocasião, ele respondeu:
“Se eu não fosse ministro, estaria me manifestando, mas negociar não é vender a alma ou mudar de ideia, é chegar a acordos”.
Em março de 2008, Vázquez promove uma reforma ministerial. Mujica deixa o cargo e volta a ocupar sua cadeira no Senado. Ao final daquele ano, Mujica venceu as primárias da Frente Ampla e assumiu o que seria a candidatura para as eleições presidenciais de 2009. O candidato lançou sua candidatura com o lema Um Presidente para Todos.
Seu grupo teve apoio do MPP, PCU, PVP, Compromisso da Frente Ampla (Confa), Corrente de Ação e Liberdade de Pensamento (CAP-L, uma dissidência do MPP) e do Partido pela Seguridade Social (PPSS). Ele enfrentaria como principal oponente Luis Alberto Lacalle do Partido Nacional.
Sua campanha foi focada em investimento e uma tranformação na educação. Ele coloca também como proposta um “modelo agrícola inteligente”, além da criação de um polo regional de alta tecnologia, para atrair investimentos estrangeiros. Na área fiscal, Mujica propõe manter o Imposto de Renda para a Pessoa Física e o Imposto da Previdência Social para os contribuintes. A proposta de Lacalle era acabar com essas ferramentas de arrecadação.
Ele deixou claro durante a campanha que negociaria com os mais diversos setores. Naquele momento, Mujica afirmou que sua referência na região era o então presidente brasileiro Lula e não o venezuelano Hugo Chávez. Essa oposição de ideias também voltou à tona quando se tornou presidente. O uruguaio disse que poderia “admirar” a revolução bolivariana, mas que esse não era “o caminho que ele escolheria”.
Mujica venceu com 47,9% dos votos, mas não evitou o segundo turno com Lacalle, que recebeu 29,1%. Um mês depois, o candidato da Frente Ampla foi eleito com 52,4% dos votos.
*Via Brasil de Fato - Editado por: Lucas Estanislau
Ao atacar o Presidente Lula por participar da celebração da vitória sobre o nazismo, jornais brasileiros relativizam a História e enfraquecem o compromisso democrático
Por Leonardo Attuch*
Nesta sexta-feira, 9 de maio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve em Moscou, onde representou o Brasil nas comemorações dos 80 anos da vitória sobre o nazismo. A data, celebrada como o Dia da Vitória, marca a rendição formal da Alemanha nazista ao Exército Vermelho, que pagou o maior preço humano pela libertação da Europa do terror de Adolf Hitler. Ao participar do evento e prestar homenagem à memória dos que tombaram para que a humanidade pudesse vencer o fascismo, Lula cumpriu seu papel de estadista e reafirmou o compromisso do Brasil com a paz, com os direitos humanos e com a História.
O gesto, no entanto, foi recebido com hostilidade pela imprensa tradicional brasileira. Em editorial, o jornal O Estado de S. Paulo classificou a visita de Lula como “o dia da infâmia da política externa brasileira” — expressão grave e desprovida de qualquer equilíbrio histórico ou moral. A crítica, mais do que desproporcional, é reveladora de um viés ideológico que insiste em atacar Lula mesmo quando ele se posiciona claramente ao lado dos valores universais da civilização. Também O Globo e a Folha de S.Paulo seguiram na mesma linha, reforçando uma postura de alinhamento automático à agenda de Washington — capital que, ironicamente, se vê hoje às voltas com o avanço do fascismo representado por Donald Trump e seus seguidores.
Questiona-se, diante disso, por que setores tão influentes da imprensa brasileira se voltam com tanta agressividade contra um presidente que defende a paz e que, em um momento simbólico da História, relembra a vitória sobre um regime genocida. O que incomoda nesses jornais não é a geopolítica, tampouco a diplomacia — é o fato de que Lula reafirma a soberania do Brasil e atua com independência em um mundo cada vez mais multipolar. A presença do presidente em Moscou ao lado de líderes de outras potências globais simboliza um Brasil que pensa com a própria cabeça, que honra a memória das vítimas da guerra e que compreende os riscos do retorno de ideologias extremistas.
Ao desqualificar esse gesto, os jornais em questão não apenas atacam Lula: atacam também a própria ideia de que a luta contra o fascismo deve ser permanente. O desprezo com que tratam a memória da Segunda Guerra evidencia uma perigosa tolerância com o revisionismo histórico e uma desconexão profunda com os valores democráticos. Lula não foi a Moscou para prestar apoio a este ou aquele governo, mas para reafirmar uma verdade histórica inquestionável: que o mundo deve se manter vigilante diante de ameaças autoritárias, onde quer que elas surjam.
É preciso lembrar que o mesmo setor da imprensa que hoje condena Lula por lembrar o fim do nazismo já apoiou o golpe de 1964, silenciou sobre os crimes da ditadura e aplaudiu a perseguição judicial que levou um inocente à prisão. Sua reação, portanto, não surpreende — apenas confirma uma longa tradição de oposição a projetos populares e soberanos no Brasil.
Ao atacar Lula por seu gesto em Moscou, a velha mídia revela mais sobre si do que sobre o presidente. Expõe sua dificuldade de conviver com a independência, sua resistência ao protagonismo do Sul Global e sua disposição em relativizar até mesmo as conquistas fundamentais da Humanidade, se isso for útil para manter sua narrativa de antagonismo. A História, no entanto, é implacável com os que hesitam diante da barbárie.
É por isso que, mais uma vez, se pode afirmar com precisão: a infame mídia brasileira não perde a chance de ser infame. E, ao fazer isso em uma data como o 9 de maio, se coloca mais uma vez no lado errado da História.
*Via Brasil247
Por Moisés Mendes*
A discussão sobre a possível camiseta vermelha da Seleção ofereceu aos brasileiros a chance de saber se essa ‘instituição’ nacional ainda significa alguma coisa para o país. Mesmo que se saiba, por antecipação, que não significa mais nada com algum valor simbólico de expressão de identidade.
Mas a maioria preferiu o que é mais fácil. E o mais fácil hoje é a infantilização de qualquer tentativa de conversa. As reações contra a camiseta são do primário do que um dia se chamou de educação moral e cívica.
Todos os clichês patriotas foram ressuscitados, à moda do que acontecia na ditadura e se repete agora com as vozes do fascismo. Para gritar que a Seleção é a alma do Brasil. Não é mais nada. Nem a seleção, nem a camiseta, nem o amarelo.
É passadista, é terrivelmente saudosista e é inútil a tentativa de trazer para hoje a cena em que, em 1958, Didi pega a bola na frente da grande área do Brasil, depois do gol da Suécia, e caminha de cabeça erguida em direção ao centro do campo, com Pelé ao seu lado. Os dois combinaram ali: vamos virar esse jogo. E viraram.
Muitos já disseram que aquela cena começa a reverter nosso vira-latismo. Mas aquilo não se repetirá nunca mais, porque cenas como aquela só continuam existindo porque não podem ser copiadas na grandeza dos seus significados. Não teremos nada parecido.
O debate aparentemente sério sobre a camiseta vermelha conseguiu unir esquerda e extrema direita na ilusão de que defendem uma expressão da pátria amada. Essa pátria de chuteiras se extinguiu muito antes do bolsonarismo, que apenas se apropriou do que ela havia sido.
O fascismo brasileiro é dono da imagem da Seleção, da camiseta da Seleção, das cabeças dos jogadores da Seleção (sim, com as exceções), dos treinadores dos times, dos dirigentes.
É essa ilusão que une Galvão Bueno, Eduardo Girão, Nikolas Ferreira, Carla Zambelli, Casagrande, Flavio Bolsonaro, Randolfe Rodrigues. É o patriotismo na sua forma mais primitiva.
Em tempos de dominação da retórica e das ações políticas da extrema direita, conseguiram juntar o ultraconservadorismo à parte da esquerda temerosa de perder o que não tem mais. Foi-se a identidade. Foi-se o amarelo. Foi-se o sentimento de nação que a Seleção carregava até o fim do século 20.
Por isso o país se infantiliza e leva a sério uma provocação dos fabricantes de marcas e camisetas, que não querem saber de civismos, querem vender seus produtos. No fim, o país adulto foi o que brincou com a novidade e nos divertiu com os memes do ameaçador vermelho da Seleção.
O criador da camiseta amarela, o escritor gaúcho Aldyr Garcia Schlee, acharia tudo muito engraçado. Schlee morreu em 2018, chateado com o sequestro da camiseta pelo bolsonarismo.
Pouco antes da sua morte, conversei com ele, por telefone, e falamos de quase tudo, menos da camiseta. Determinei a mim mesmo, desde o início da conversa, que não iria incomodá-lo com algo que o aborrecia.
Quando a história da camiseta vermelha se espraiou, escrevi numa rede social sobre a necessidade da prevalência do humor nas abordagens sobre a provocação do fabricante.
O jurista Aldyr Rosenthal Schlee, filho do escritor, escreveu num comentário: “O pai estaria rindo disso tudo”. É bom imaginá-lo se divertindo, no mesmo tom da sua literatura, com a possibilidade de ver a camiseta amarela dividir as atenções com uma camiseta vermelha.
O humor é o que nos salva nessa controvérsia tomada pela chatice cívica de direita e esquerda. A Seleção não representa hoje 10% do que Rebeca Andrade significa para o Brasil. Mas Rebeca não vende camisetas.
Originalmente publicado em Blog do Moisés Mendes
*Via DCM
Mordaça sionista busca criminalizar a causa Palestina no Brasil
Por Ualid Rabah*
A serviço do lobby sionista, o deputado federal Pazuello (PL), um dos genocidas da pandemia e pior ministro da saúde da história, apresentou o Projeto de Lei 472/2025, que nada mais é do que uma mordaça sionista para criminalizar a causa palestina no Brasil e silenciar quem ousa combater o genocídio promovido por “israel” na Palestina, sob a cartada inculta e indecente do “antissemitismo”.
Ualid Rabah (@ualidrabah), presidente da FEPAL, explica a iniciativa fascista, totalitária e nazista de Pazuello, o assassino que matou brasileiros sufocados na pandemia e agora empresta seu mandato parlamentar para ajudar os assassinos sionistas a calarem os críticos do Holocausto Palestino promovido por “israel” em Gaza (entrevista completa aqui, a partir de 1:01:26).
Manifeste-se contra essa mordaça sionista no link (aqui)
*Ualid Rabah é presidente da Federação Árabe Paliestina do Brasil – Fepal
-Leia também:
Da Nakba a Gaza: ‘Exterminem todos os selvagens!’
‘Basta! A humanidade precisa parar Israel como parou o nazismo’, clama a Fepal
*Fonte: Viomundo