30 novembro 2019

Paludo, procurador da Lava Jato que teria recebido propina de doleiro, debochou de Lula na morte de Marisa e do irmão


Januário Paludo, um brucutu, tem muitos filhos
O “doleiro dos doleiros” Dario Messer relatou em mensagens trocadas com sua namorada, Myra Athayde, que pagou um mensalinho ao procurador da República Januário Paludo, da Lava Jato.
Os pagamentos estariam ligados a uma proteção em investigações a respeito de suas atividades ilegais, conta o UOL.
Os diálogos ocorreram em agosto de 2018 e foram obtidos pela PF do Rio de Janeiro na operação Patrón.
Messer diz a Myra que uma das testemunhas de acusação contra ele teria uma reunião com Paludo.
“Sendo que esse Paludo é destinatário de pelo menos parte da propina paga pelos meninos todo mês”, ela responde.
Os “meninos” citados por Messer são Claudio Fernando Barbosa de Souza, o Tony, e Vinicius Claret Vieira Barreto, o Juca, que confessaram ter desembolsado US$ 50 mil por mês ao advogado Antonio Figueiredo Basto em troca de blindagem a Messer.
Paludo é um dos integrantes mais antigos e, digamos, emblemáticos da “força tarefa”.
Um dos grupos do Telegram que a Vaza Jato revelou se chamava “Filhos de Januário”.
Ele é parça de Dallagnol e amigo de Moro.
Segundo Deltan, “um dos pais fundadores do uso da colaboração premiada como técnica de investigação no Brasil”.
“Pais fundadores” é uma referência aos “founding fathers” dos EUA. Eis o grau de megalomania.
No dia 24 de janeiro de 2017, Marisa Letícia sofreu um AVC e foi internada no Sírio Libanês, em São Paulo.
“Um amigo de um amigo de uma prima disse que Marisa chegou ao atendimento sem resposta, como vegetal”, escreveu Deltan Dallagnol.
“Estão eliminando testemunhas”, devolveu Paludo.
Dois anos depois, quando Lula não foi autorizado a sair da prisão para velar o irmão Vavá, o mesmo sujeito observou: “o safado só queria viajar”.
Vai ter coercitiva? Vai ter coletiva-show? A conja fará um post enigmático? Haverá delação premiada?
É a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar.
*Publicado por Kiko Nogueira, no DCM

29 novembro 2019

RS: Passeata iluminada reúne milhares em defesa da educação pública



Da Redação do Sul21*

Educadores, funcionários de escolas, estudantes, pais e mães participaram na noite desta quinta-feira (28), em várias cidades do Estado de uma passeata iluminada em defesa da educação pública. Em Porto Alegre, a concentração para a passeata começou por volta das 18 horas, em frente ao Instituto de Educação General Flores da Cunha. Depois, os manifestantes, com velas acesas, saíram em caminhada até o Largo Zumbi dos Palmares.

Em sua página no Facebook, o CPERS publicou vídeos de algumas das cidades onde ocorreram passeatas iluminadas, municípios como São Leopoldo, Rio Grande, Tapes, Dom Pedrito, Soledade, Caçapava do Sul, Esteio, São Francisco de Paula, Tapejara, Livramento, Guaporé, Bento Gonçalves, São Gabriel, São Luiz Gonzaga, Candelária, Nova Prata, Gravataí, Santo Ângelo, Capão da Canoa, Morro Redondo, Dom Feliciano, Liberato Salzano, Ajuricaba, Cristal, Porto Xavier, Marau, Estação, São Sepé, Frederico Westphalen, Condor, Panambi, Independência, Santa Vitória do Palmar, Santo Antônio, Canguçu, Santiago, Três Cachoeiras, Estrela, Teutônia, Taquari, Alvorada, Rondinha, Maurício Cardoso, Pelotas, Camaquã, Taquara, Três de Maio, Mariana Morro, Carazinho, Pantano Grande, Horizontina. (...)

-Veja a íntegra da postagem, com mais fotos, clicando *AQUI

-'Passeata Iluminada' em Santiago/RS: Clique Aqui e Aqui para ver como foi.

VÍDEO: Autora de “Só de Sacanagem” diz que poema, citado por desembargador no TRF-4, não é para “favorecer fascistas”

A era da estupidez



A terra ficou plana, Jesus esqueceu o Monte das Oliveiras e preferiu as goiabeiras, nossa diplomacia fala grego, tupi e latim e, em todas línguas do mundo, só asneiras.

Nossos peixes, inteligentes que só, desviam do óleo, nossos irmãos negros deviam dar graças pela escravidão, nossos estudantes plantam maconha e sintetizam anfetaminas nos laboratórios de química, para garantir a produção de balbúrdia sem depender de importação e vamos permitir que todos andem armados, pois assim, com o excludente de ilicitude, poderão ser baleados sem o incômodo de um processo.
Ah, sim, o presidente da República e a polícia dizem que são os ambientalistas que ateiam fogo à floresta e um ministro insinua que também lançam óleo ao mar. Fritar hambúrguer passou a ser currículo para representar o país nos EUA e o Twitter passou a ser a Voz do Brasil, diário extraoficial, mas não muito, do Governo.
Tem mais, claro: golden shower, faz-se ofensas à mulher do Presidente da França, invoca-se o AI-5 para proteger a democracia, o porteiro comete crime contra a segurança nacional e protege-se o Queiroz como essencial à segurança nacional e um desbocado charlatão vira Guru da República.
Falta alguma coisa?
Pois eu digo que não falta nada que mais falta faça que Sérgio Porto, o Stanislau Ponte Preta que recolha, com humor esta tragédia.
Só isso, pois até o dedo-duro, personagem principal entre os imbecis pró-ditadura voltaram, agora sob o nome pomposo de delatores premiados.
(Por Fernando Brito, jornalista, no - excelente - Tijolaço, do qual é Editor)

28 novembro 2019

'PASSEATAS ILUMINADAS' CONTRA O OBSCURANTISMO - HOJE, NO RS



TRF-4




*Charge do Aroeira

TRF-4 jogou lenha na fogueira e STF prepara troco



Por Helena Chagas, no blog Os Divergentes e para o Jornalistas pela Democracia* - O trecho do julgamento do TRF 4 que mais agastou integrantes do Supremo Tribunal Federal foi a afirmação do relator João Pedro Gebran Neto de que a suprema corte “cria uma norma processual não escrita, fazendo com que todos os juízes do Brasil tivessem que adivinhar que, em determinado momento, seria aplicada uma nova norma”. A frase pegou mal — e, entre interlocutores de ministros do Supremo, a aposta é de que haverá troco.
Com base numa brecha jurídica aberta pelo próprio STF ao não concluir o julgamento, o TRF 4 recusou a anulação da sentença de primeira instância e ainda aumentou a pena do ex-presidente Lula no caso de Atibaia. Rejeitou entendimento expresso pelo STF, por 7 x 3, de que os réus delatados têm direito a apresentar alegações finais depois dos delatores. Com isso, segundo esses observadores, desmoralizou o próprio Supremo.
Sua primeira reação, prevista internamente para ocorrer ainda este ano, poderá ser fazer o dever de casa e concluir o julgamento da ordem da apresentação das considerações finais de delatores e delatados. Falta estabelecer parâmetros para sua aplicação nos casos já julgados para a decisão valer.
Apesar das divergências internas, a tendência é estabelecer limites, decidindo, por exemplo, que só cabe a anulação das sentenças de primeiro grau nos casos em que o réu delatado pediu, na época, para ser ouvido depois dos delatores. Esse é, por exemplo, o caso de Lula no processo de Atibaia. É possível ainda que se estabeleça que o réu mostre ter sofrido prejuízos, ainda que esta seja uma avaliação subjetiva.
A partir disso, a defesa de Lula e de outros réus poderão recorrer. No caso do ex-presidente, poderá ser ajuizado um habeas corpus junto ao próprio Supremo. Esse recurso poderia até ser apresentado de imediato, com pedido de liminar, e serviria mais para uma vitória simbólica, já que Lula não está preso e nem deverá sê-lo enquanto vigorar o entendimento, também do STF, contrário à execução da pena após a condenação em segunda instância.
A defesa de Lula pode também ajuizar recurso no STJ, onde há um precedente, no caso do triplex do Guarujá, em que foi revista sentença anterior do TRF 4 que aumentara a pena do ex-presidente de oito para 12 anos.
Nessa virada do ano, com a proximidade do recesso do Judiciário, a situação jurídica do ex-presidente tende a se congelar, já que ficou para o próximo ano o julgamento do habeas corpus impetrado por Lula na Segunda Turma questionando a imparcialidade do ex-juiz Sérgio Moro. Já havia, segundo observadores do STF, chances razoáveis de anulação ou suspensão da primeira condenação de Lula com base na divulgação do material obtido pelo site The Intercept. Agora, de acordo com essa avaliação, essas chances podem ter aumentado com o grau de politização alcançado pela decisão de ontem. O TRF 4 jogou lenha na fogueira.
*Helena Chagas é jornalista, foi ministra da Secom e integra o Jornalistas pela Democracia - Via Brasil 247

27 novembro 2019

Nunca foi tão claro o medo que eles têm de Lula livre

Nota do PT: TRF-4 organizou pelotão de fuzilamento contra Lula! -Enquanto prevalecerem os julgamentos de exceção e as condenações políticas, como vimos nessa tarde, o Judiciário brasileiro carregará a mancha do descrédito.
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Nota oficial do Partido dos Trabalhadores (PT) - A 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª. Região (TRF-4) atuou hoje (27) não como corte de Justiça, mas como um pelotão de fuzilamento contra o ex-presidente Lula. Além de ignorar as nulidades do processo do Sitio de Atibaia e de mais uma vez combinar previamente o aumento da sentença injusta, a Turma desacatou abertamente o Supremo Tribunal Federal, num verdadeiro motim contra a hierarquia do Poder Judiciário e contra a ordem constitucional democrática do país.
A 8ª. Turma fez pior do que desobedecer a decisão do STF sobre a ordem das alegações finais, que garante ao réu o direito de falar por último, sob pena de nulidade do processo. O relator Gebran Neto simplesmente julgou e condenou o STF, alegando que a Corte Suprema teria criado indevidamente nova norma jurídica. E ainda ousou normatizar a decisão do STF, decidindo que só valerá para o futuro, em clara invasão de competência.
O julgamento desta tarde confirma o total descrédito em que o sistema judicial brasileiro foi lançado pela Lava Jato e seus principais operadores: Sérgio Moro e os procuradores de Curitiba, os membros da 8ª. Turma e o Ministério Público da 4ª. Região. Para julgar Lula, apenas 19 dias depois de ele ter saído da prisão, atropelaram 1.941 outros recursos semelhantes que estavam na frente. Sem amparo dos fatos, da lei ou do Direito, recorreram à manipulação de argumentos políticos, sem qualquer disfarce, ao invés de enfrentar o debate jurídico.
O objetivo sempre esteve claro desde o início dessa farsa judicial: é impedir o ex-presidente Lula de exercer a liberdade e seu direito de participar do processo político brasileiro. É mandar Lula de volta à prisão, sem crime, sem culpa, sem provas. É impor pela força a supremacia da Lava Jato sobre a ordem jurídica, sobre as instituições da República. É submeter o país ao arbítrio de um grupo político-ideológico que despreza o estado democrático de direito.
O julgamento atende ao inconformismo do governo de extrema-direita, de setores da mídia e do sistema judicial, pelo reconhecimento, pelo STF, do direito de Lula recorrer em liberdade da sentença injusta e ilegal do tríplex. Está em sintonia com as pressões para que o Congresso altere cláusula pétrea da Constituição. A partir de hoje não há mais como esconder que o projeto legislativo de prisão em segunda instância é, de fato, o projeto da prisão política de Lula.
Nunca foi tão claro o medo que eles têm de Lula livre, falando ao povo brasileiro como sempre fez. Por isso rejeitaram as gritantes nulidades da sentença que condenou o ex-presidente: a falta de juiz natural, o copia-e-cola da juíza Gabriela Hardt, o cerceamento da defesa, as provas de inocência. Por isso dobraram a aposta na mentira, chegando ao cinismo de responsabilizar Lula pela eleição de Bolsonaro e pela ascensão do terraplanismo.
Enquanto prevalecerem os julgamentos de exceção e as condenações políticas, como vimos nessa tarde, o Judiciário brasileiro carregará a mancha do descrédito. Esse é o preço que o Brasil paga pelo sentimento de ódio e vingança dos que perseguem o ex-presidente Lula.
O Partido dos Trabalhadores lutará sem tréguas para que a verdadeira justiça seja feita e para que o país reencontre a plenitude do estado democrático de direito.
Gleisi Hoffmann, presidenta do Diretório Nacional do PT
Paulo Pimenta, líder do PT na Câmara dos Deputados
Humberto Costa, Líder do PT no Senado Federal
Brasília, 27 de novembro de 1019.

Julgamento de Lula no TRF-4 resume as irregularidades da Lava Jato




Por Fernando Brito*
A ver o que prevalecerá hoje: as sucessivas manifestações de parcialidade dos desembargadores do Tribunal Federal Regional da 4ª Região ou as sucessivas evidências de que a sentença imposta a Lula é, além de injusta, também inepta.
Motivos não faltam, como já não faltavam na primeira condenação.
O processo, se houvesse razão para movê-lo, não deveria estar na 13ª Vara Federal de Curitiba. Esteve por uma única razão: seu titular, Sérgio Moro.
Nem ele, na primeira sentença, nem sua copista Gabriela Hardt, subscritora da sentença, receberam, ao longo das ações, qualquer prova de que eventuais favores a Lula teriam origem em contratos da Petrobras ou que o ex-presidente os tenha recebido por interferências que tivesse feito para que fossem adjudicados à estatal, firmados com ela ou superfaturado em razão disso.
Bastaria isso para desqualificar Curitiba como foro natural. Mas qualquer pessoa equilibrada sabe que não há qualquer ligação objetiva entre o caso triplex e o caso sítio, não bastasse o primeiro também não devesse estar lá, tanto que os demais denunciados no casso Bancoop, que o originou, terem sido julgados em São Paulo, resultando em absolvição dos réus.
Mas, em Curitiba, o processo seguiu com toda a parcialidade do Ministério Público e de Moro, como também já evidenciaram as reportagens do The Intercept, que tomariam dúzias de parágrafos para serem descritas aqui.
Necessário apenas dizer que o que andou de forma torta desde o início terminou com uma sentença disforme, onde o ânimo de condenar a qualquer custo e á maneira do que Sergio Moro faria, se traduz em tudo, desde o sítio ser chamado de apartamento e Aldemário e Leo Pinheiro serem tratados como dois personagens, quando são a mesma pessoa.
Deslizes do “copia e cola” desídia preguiçosa da juíza já praticada em outros casos – e casos anulados, em parte, por isso.
Em condições normais, a sentença seria anulada, restando saber apenas se pela anulação do processo por competência desviada para Curitiba ou pelas várias irregularidades posteriores. Ou, no mínimo, pela questão recém-decidida pelo STF quanto à ordem das alegações finais.
É evidente que não se tomará uma decisão saneadora desde a origem, pois não se a tomou no início do caso, quando vigia o papel de “carimbador” do TRF-4, algo que parece persistir.
Qualquer decisão que não essa, claro, tomará o caminho dos tribunais superiores, pois o ferimento ao Código de Processo Penal quanto à competência e a suspeição do Juízo são violações de lei federal, passíveis de recurso a eles.
Não sejamos ingênuos: ao decidir pela anulações de sentenças onde não se observou a ordem processual de defesa, o Supremo mandou um recado direto aos desembargadores: não mandem para cá esta aberração.
Mandarão, creio eu. A decisão de hoje apenas é se será já ou daqui a pouco.
*Jornalista - via Tijolaço

26 novembro 2019

Assembleia do Cpers termina em repressão da BM; presidente é agredida na cabeça



Por Luís Eduardo Gomes*
A assembleia do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande (Cpers), realizada na Praça da Matriz nesta terça-feira (26), terminou em repressão pela tropa de choque da Brigada Militar. O incidente ocorreu após os educadores aprovarem a continuidade do calendário de mobilização da greve iniciada no dia 18 e quando o comando de greve da categoria aguardava para ser recebido pelo secretário-chefe da Casa Civil, Otomar Vivian (PP).
A assembleia começou por volta das 13h30, reunindo milhares de pessoas nos arredores do Palácio Piratini e da Praça da Matriz — segundo a direção do sindicato, entre 15 e 20 mil pessoas participaram. Tudo transcorreu normalmente, com a aprovação de uma série de atividades de mobilização para dar continuidade à greve da categoria, inclusive com a decisão de entregar um documento ao governo do Estado pedindo a retomada do diálogo e a retirada do pacote de reforma administrativa que faz mudanças no plano de carreira dos professores.
O problema ocorreu quando o governo se recusou a receber o documento dentro do Piratini, aceitando recebê-lo apenas na calçada. Neste momento, um grupo de pessoas que estava atrás do cordão de isolamento que separava o palácio da assembleia aparentemente ficou revoltado com a decisão e forçou a derrubada dos gradis e a entrada dentro da sede do governo. Rapidamente, policiais militares que estavam dentro do Piratini utilizaram spray de pimenta e distribuíram golpes de cassetete para conter o avanço. Entre os agredidos, estava a presidente do Cpers, Helenir Aguiar Schürer.
Ela subiu no caminhão de som e fez um breve pronunciamento relatando o episódio, pedindo calma aos educadores e que não dessem “motivos” para a repressão e para o governo encerrar o diálogo com a categoria. A presidente do Cpers exibia um galo na cabeça em decorrência do golpe. Logo em seguida, conversou brevemente com a reportagem. “Eu não sei [o que aconteceu]. Quando eu estava cumprimentando o chefe da Casa Civil [Otomar Vivian], eu vi que começou uma correria. Me empurraram e daí o choque me deu com o cassetete na cabeça”, disse a presidente após o episódio, acrescentando que iria para o Hospital de Pronto Socorro (HPS) para avaliar o ferimento. Ela ainda lamentou o episódio. “Alguém disse que deve ser alguém infiltrado, eu não sei o que aconteceu”.
Diversos educadores ficaram feridos pelos golpes e pelo gás de pimenta. O professor Rafael Quadros, de Porto Alegre e membro do comando de greve do Cpers, exibia dois cortes na cabeça e muito sangramento no rosto. “A gente estava para ser recebido, para entregar um documento. Nós estamos aqui em 15 mil pessoas, num ato gigantesco e queríamos ser recebidos de uma forma digna pelo governo. O chefe de gabinete falou que ia receber o comando na porta do Piratini, e a gente dialogou que queria ser recebido dentro de uma forma digna. Nesse momento, a gente tentou entrar e fomos recebidos a pauladas. Eu recebi uma coronhada na cabeça, sangrou bastante. Outras professores do comando também foram agredidas. Enfim, apanhamos como marginais quando a gente só queria ser recebidos de uma forma digna por esse governo autoritário, que passa a ideia de que é democrático e não é, não quer dialogar, não dialogou em nenhum momento sobre esse projeto. Hoje fez sangrar trabalhadores, pessoas que dão a vida pela educação pública, e fomos recebidos de uma forma cretina. A gente queria dialogar, porque ele fala tanto que é aberto ao diálogo, quando ele tem a oportunidade de dialogar num ato que mostra a força da categoria, ele nos trata como se fôssemos bandidos”, disse. (...)
CLIQUE AQUI para continuar lendo (*via Sul21).

Servidores públicos estaduais iniciam greve por tempo indeterminado no RS


Servidores de diferentes setores lotaram o salão de eventos do Hotel Everest. (Foto: Marco Weissheimer/Sul21)

Por Marco Weissheimer*
Centenas de servidores públicos, integrantes de diversas carreiras do Estado, lotaram o salão de eventos do Hotel Everest, no centro de Porto Alegre, em uma assembleia convocada para organizar a greve iniciada nesta terça-feira (26) contra o atraso, parcelamento de salários e retirada de direitos pelo governo Eduardo Leite (PSDB). A mobilização extravasou os limites do salão de eventos. A calçada e o saguão do hotel também ficaram tomados por servidores de diversos setores do serviço público, que decidiram cruzar os braços para protestar contra as políticas do atual governo. Os relatos falaram de um clima de mobilização e indignação inédito no Estado.
“Estamos construindo a maior greve que esse Estado já teve. Há uma mobilização nunca vista antes neste Estado e um sentimento de indignação muito forte. Os frigoríficos já estão parando no interior por conta da paralisação dos fiscais. Vai faltar o galeto, a carne e o leite, vai faltar tudo”, exemplificou Antonio Augusto Medeiros, da Associação dos Fiscais Agropecuários do Rio Grande do Sul (Afagro). “Estamos reivindicando um direito básico, que é receber o nosso salário. Nós já perdemos tudo, então nada irá nos intimidar neste momento”, disse ainda Medeiros. Entre os serviços que serão impactados pela greve dos fiscais estaduais agropecuários está a fiscalização dos abates nos frigoríficos, o lançamento e o controle dos dados da vacinação contra febre aftosa e a fiscalização da deriva do agrotóxico 2,4 D.
O presidente do Sindicaixa, Érico Corrêa, reconheceu que será uma dura batalha, mas também destacou que os servidores estão com muita disposição de derrotarem o “pacote da morte” enviado por Eduardo Leite à Assembleia Legislativa. “O governador sabe que a população nos apoia, a sociedade conhece as mentiras do governo e está vendo a situação de desespero que os servidores estão vivendo”, afirmou. Ao falar da solidariedade da população com os servidores, Érico Corrêa citou as 180 moções de apoio à mobilização que já foram aprovadas em Câmaras de Vereadores no interior do Estado. A partir desta terça-feira começaram a ser constituídos comandos de greve em cada local de trabalho do serviço público no Estado. (...)
CLIQUE AQUI para continuar lendo (via Sul21)

25 novembro 2019

Discurso de Lula na abertura do 7º Congresso Nacional do PT




*Para ler -  na íntegra - o discurso do ex-Presidente Lula no 7º Congresso Nacional do PT, realizado no último final de semana em São Paulo, clique AQUI

Reeleita presidente do PT, Gleisi dispara: queremos a prisão de Moro

"Lula foi liberado mas não é a liberdade plena que nós queríamos. Nós queremos a anulação da sentença de Moro. Aliás, queremos a prisão de Sergio Moro pelas barbaridades ele que praticou. Portanto, o lula de Lula Livre continua", disse a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), que estará à frente do PT por mais quatro anos



247 – Reeleita presidente do PT na noite de ontem, a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) disse que o partido irá lutar para colocar o ex-presidente Lula novamente na presidência da República e o ministro Sergio Moro na prisão. "Lula foi liberado mas não é a liberdade plena que nós queríamos. Nós queremos a anulação da sentença de Moro. Aliás, queremos a prisão de Sergio Moro pelas barbaridades ele que praticou. Portanto, o lula de Lula Livre continua", disse ela.
Gleisi afirmou que os comitês Lula Livre serão mantidos. "Essa bandeira continua como prioridade. Queremos Lula percorrendo o Brasil. Queremos Lula presidente da República novamente", afirmou. Ela também previu que as manifestações que tomam conta de países como o Chile e a Bolívia vão chegar ao Brasil. "E o PT precisa estar preparado para ajudar a conduzi-las", afirmou.
*Via Brasil247

24 novembro 2019

COMPANHEIRO CLOVIS INGENFRITZ DA SILVA: #PRESENTE!!!!



Clóvis Ingelfritz da Silva em palestra em Plenária do CAU/BR (Divulgação)


Morre, aos 80 anos, Clovis Ilgenfritz. Velório será na Câmara de Vereadores de Porto Alegre


Da Redação do Sul21(*)
Faleceu, no final da noite deste sábado (23), o arquiteto Clóvis Ingelfritz da Silva. A informação foi dada, nas redes sociais, pelo seu filho Tiago Holzmann da Silva, presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/RS). O velório acontecerá neste domingo, a partir das 11h, na Câmara de Vereadores de Porto Alegre.

Clovis Ilgenfritz foi presidente e fundador da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), entre 1983 e 1986, e do Sindicato dos Arquitetos no Estado do Rio Grande do Sul (Saergs), em suas primeiras três diretorias (1974 a 1983). Também foi vice-presidente do CAU/RS. Em outubro passado,  Clóvis Ilgenfritz da Silva foi homenageado no 21º Congresso Brasileiro de Arquitetos (CBA), realizado em Porto Alegre, com o Colar de Ouro, comenda criada pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB) como reconhecimento máximo aos arquitetos pela sua obra e atuação profissional.
Formado em 1965 pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), o arquiteto dedicou boa parte de sua trajetória profissional a trabalhos de habitação popular e planejamento urbano, dividindo-a com a atuação em entidades representativas dos arquitetos. Ele foi pioneiro na defesa da Assistência Técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de habitações de interesse social, que considerava “como um SUS da habitação”, fundamental para melhorar as moradias e atingir um segmento da população sempre desassistido.
No currículo de Clóvis está também uma extensa atuação ligada ao Partido dos Trabalhadores (PT), tendo sido um dos fundadores do partido (1980) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), [1983]. Foi vereador em Porto Alegre por três vezes na década de 1990 e deputado federal.
“A trajetória de Clóvis Ilgenfritz da Silva se confunde com a criação dos sindicatos de arquitetos e da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas, há 40 anos.”, disse Cicero Alvarez, presidente da FNA. ” Clóvis foi um grande profissional, colega e amigo de todos que passaram pela organização dos trabalhadores e luta sindical, merecendo nossas homenagens. O legado de Clóvis será sempre lembrado na luta por um mundo mais justo. Clóvis Ilgenfritz da Silva: Presente!”.

-Nota do Editor do BlogEstivemos juntos em praticamente todas as campanhas - e nas lutas! - do PT no RS, desde o seu início.... Na postagem  que fiz (01/10/2014) num dos blogues que edito - o Blog do Júlio Garcia - , singelo registro do grande comício que participamos - juntamente com outros valorosos e históricos companheiros(as) - em Porto Alegre, na campanha de 2014, foto abaixo. (Dentre outrxs, aparece em primeiro plano este Editor, então candidato a Deputado Estadual (de camisa vermelha), os companheiros e amigos Clovis Ilgenfritz da Silva, Flávio Koutzii, os deputados Villaverde, Raul Pont e Maria do Rosário Nunes.)

-Meus sinceros sentimentos aos familiares, amigos e companheirxs. O Clóvis, além de grande companheiro, era meu amigo. Também trabalhamos juntos durante alguns anos na CGTEE, em Porto Alegre, no Governo Lula. -Grande perda! #Luto!

(*) Com o Sul21

23 novembro 2019

Problema do MEC é Bolsonaro, não Weintraub



Por Josias de Souza*
Em novo ataque às universidades brasileiras, Abram Weintraub insinuou numa entrevista que a autonomia universitária virou um biombo para o tráfico de drogas. Há "plantações extensivas de maconha" nas universidades federais, acusou o ministro da Educação. Laboratórios de química das universidades desenvolvem "drogas sintéticas", ele acrescentou, assim, em timbre genérico..
Ao fazer esse tipo de declaração numa entrevista sem exibir um ofício de comunicação do fato ao Ministério Público, Weintraub confessa a prática de um crime. Gestor público que deixa de tomar providências quando submetido a ilegalidades tão gritantes incorre no crime de prevaricação. Pena de três meses a um ano de cadeia, mais multa.
Há incontáveis razões para criticar Abram Weintraub. Mas não fica bem falar mal do ministro e usar luvas de renda para analisar o desempenho de Jair Bolsonaro no desastre gerencial em que se transformou o MEC. O que é pior, um ministro inepto ou um presidente que nomeia ministros incapazes? Um súdito de Olavo de Carvalho no MEC ou um seguidor de Olavo de Carvalho na Presidência da República?
Muitos pacientes se salvariam da morte se fosse obrigatório identificar o médico ao lado do nome do morto no atestado de óbito. Do mesmo modo, o presidente da República talvez selecionasse melhor os seus ministros se soubesse de antemão que suas culpas seriam mencionadas no obituário dos maus gestores que nomeou. Bolsonaro é reincidente no MEC. Antes Weintraub, nomeara outro olavista: Vélez Rodrigues, uma piada colombiana. Portanto, deve-se realçar, para que não reste dúvida: o bunker ideológico que se instalou no MEC tem as digitais de Jair Bolsonaro.
*Com o  Blog do Josias

22 novembro 2019

Três estelionatos de informação e uma guerra particular



Por Ângela Carrato*, especial para o Viomundo**
Por dever de ofício, acompanho diariamente o noticiário nacional e internacional através dos principais jornais, emissoras de rádio, televisão, sites e blogs brasileiros.
As últimas duas semanas, desde a saída do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva da prisão, por decisão do STF, têm sido particularmente interessantes para quem se debruça sobre a mídia a fim de compreender os processos através dos quais ela atua e não apenas, como tradicionalmente se faz, para estar informado.
Esse mergulho no noticiário – incluindo colunas de opinião – possibilitou que chegasse a conclusões que podem contribuir para esclarecer o que se passa e se passou no país recentemente.
Antes que alguém se arvore em dizer que duas semanas não é tempo suficiente, lembro que a célebre pesquisa sobre jornalismo comparado, “Uma semana no mundo”, realizada com o apoio da Unesco em meados dos anos 1970, cobriu apenas sete dias.
E ainda hoje é citada como referência em quase todos os cursos de Jornalismo/Comunicação do Brasil e do exterior.
A pesquisa apoiada pela Unesco trouxe como resultado a distorção existente no noticiário internacional.
Distorção que acabou dando origem a uma atuação maior da Unesco, que foi a decisão de convocar a elaboração de um amplo diagnóstico sobre a mídia no mundo.
Esse diagnóstico, que recebeu o nome de Relatório MacBride, também conhecido como “Um Mundo e Muitas Vozes”, foi publicado por uma comissão presidida pelo irlandês Séan MacBride, vencedor do prêmio Nobel da Paz.
Relatório que está publicado no Brasil, pela editora da Fundação Getúlio Vargas e cuja leitura aconselho a todos que se interessam por temas ligados à mídia e ao seu funcionamento.
Mas voltemos ao nosso assunto. Ao observar os fatos noticiados – e também os silenciados – nas duas últimas semanas e seguindo metodologia semelhante é possível afirmar que a maior parte da mídia brasileira cometeu estelionato de informação.
Os estelionatos podem ser agrupados em três assuntos: 1. Economia, 2. Bolívia, 3. Caso Marielle.
Já a guerra particular, se refere à perseguição da TV Globo, de propriedade da família Marinho, ao ex-presidente Lula.
Vamos aos fatos.
PRIMEIRO ESTELIONATO DE INFORMAÇÃO
Um dos motivos para o golpe, travestido de impeachment em 2016, contra a presidente Dilma Rousseff, foi a divulgação maciça, pela mídia, de que a economia brasileira ia mal.
Diariamente a mídia insistia nessa tecla, apontando a alta do dólar, então em R$2,70, o desemprego, em torno de 6,% e o “baixíssimo” crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), em 3,0%, o chamado “pibinho”, como indicadores disso.
Uma vez consumado o golpe, a mídia brasileira, com as exceções de praxe, saldou o governo Temer como aquele que teria condição de “restabelecer a confiança na economia” e possibilitar “o ingresso de capitais internacionais”.
Em síntese, como essa mídia dizia, fazer o Brasil “voltar a crescer”.
Dois anos de governo Temer se passaram e o primeiro ano do governo Bolsonaro já está chegando ao fim e nada de retomada do crescimento.
Ao contrário. A economia brasileira afunda a uma velocidade que apavora a quem tem um mínimo de discernimento. E o que noticia a mídia? Nada. Absolutamente nada.
Temas econômicos sumiram dos jornais e dos noticiários de rádio e de televisão.
A mídia impressa não publicou nenhuma manchete dando conta que o dólar bateu todos os recordes de alta, chegando a R$ 4,20 no meio da semana e se mantém nesse patamar.
Não noticia que a fuga de capitais também está batendo recorde, o que indica que os investidores internacionais não se sentem seguros para apostar no Brasil.
Some-se a isso que essa mesma mídia cita, apenas en passant, os altíssimos índices de desemprego, na casa dos 12% da população e não faz nenhuma relação entre isso e o crescimento pífio do PIB brasileiro nos últimos três anos: menos de 1%.
Desapareceram dos noticiários da televisão brasileira pessoas indignadas com a alta do dólar e com a elevação do preço da gasolina e do gás.
É importante lembrar que nos tempos do governo Dilma, o dólar estava em E$ 2,70, o litro de gasolina em R$ 2,30 e o bujão de gás em R$ 35,00.
Quatro anos depois, o bujão de gás custa R$ 85,00 e o litro de gasolina encosta em R$ 5,00.
A tentativa de livrar a cara dos governos Temer e Bolsonaro é tamanha que, na segunda-feira, dia 18/11, em sua coluna no jornal da rádio CBN, Primeira Edição, o comentarista de Economia, Carlos Alberto Sardenberg, chegou a provocar até ironia entre seus colegas, ao afirmar que o dólar tinha tido uma ligeira baixa: de R$ 4,20 para R$ 4,18.
Como se isso não bastasse, tentando minimizar a gravidade da situação, garantiu, para os seus respeitáveis ouvintes, que não há risco de insolvência para a economia brasileira, porque ela possui uma âncora forte: as reservas cambiais.
Reservas que, segundo ele, foram acumuladas no tempo em que Henrique Meirelles era o presidente do Banco Central.
Detalhe: a informação omitida do respeitável público é que o presidente do Brasil na época era Lula.
Vale dizer: se o Brasil não quebrou ainda, deve-se a Lula.
SEGUNDO ESTELIONATO DE INFORMAÇÃO
O golpe cívico-militar-evangélico que derrubou o presidente Evo Morales, na Bolívia, está sendo coberto pela mídia brasileira como se tivesse acontecido do outro lado do planeta e não guardasse qualquer relação com o Brasil e com a atual política externa brasileira, de submissão aos Estados Unidos.
Com exceção de blogs, sites e portais progressistas, o que está sendo divulgado sobre a Bolívia mais confunde do que esclarece sobre o que realmente aconteceu lá.
E ao confundir, evita que se estabeleçam naturais comparações entre o perfil do golpe lá e o acontecido aqui.
Comparações que saltam aos olhos quando se pensa na ausência de crime eleitoral por parte de Evo Morales, na participação direta dos setores de inteligência dos Estados Unidos na sua deposição, inclusive comprando militares, na presença de fake news e na atuação de religiões neopentecostais.
Nesse sentido, vale a pena a leitura de um livro do início dos anos 1980, do jornalista Delcio Monteiro de Lima, “Os Demônios descem do Norte”.
Nele, o autor analisa e quase profetiza sobre o papel das seitas fundamentalistas, que atuavam não só em áreas indígenas, mas também em comunidades carentes no Brasil e na América Latina.
Sobre o golpe na Bolívia é importante destacar ainda que a mídia brasileira “passou pano” para o lamentável papel do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), nesse episódio.
Luis Almagro, ex-chanceler de José Mujica no Uruguai e agora expulso do partido de Mujica por ligações com a CIA, estava encarregado de fazer um relatório sobre possíveis irregularidades no pleito que deu a quarta vitória eleitoral a Evo.
Almagro fez um relatório preliminar marcado por falsidades e, antes de submetê-lo à apreciação do plenário da OEA, o divulgou.
Até o momento, a OEA se mantém calada sobre o assunto, especialmente depois que o Center for Economic and Policy Research, com sede em Washington, provou que, estatisticamente, o relatório de Almagro está errado.
Do relatório de Almagro partiu a “munição” que os golpistas bolivianos precisavam para confundir a opinião pública e exigir a renúncia de Evo.
Renúncia que não foi reconhecida até agora pelo Congresso Nacional Boliviano, onde o MAS, partido de Evo, tem maioria nas duas Casas.
O próprio Evo tem relatado, a partir do México, onde está exilado, que sua renúncia na realidade foi uma imposição, pois estava ameaçado de morte e tinha a cabeça a prêmio.
Não seria o caso da mídia brasileira enviar jornalistas à Bolívia para acompanhar, in loco, o que se passa no país vizinho?
Não seria o caso da mídia brasileira investigar a possível participação de integrantes do governo brasileiro nesse golpe?
Aliás, um dos golpistas, o líder de extrema-direita Luiz Fernando Camacho, “El Macho”, foi recebido, semanas antes, no Itamaraty, pelo chanceler Ernesto Araújo.
Os laços do Brasil com o golpismo na Bolívia ficam mais destacados ainda, não na imprensa brasileira, mas no jornal boliviano El Periódico.
O que a mídia brasileira tem feito, aliás, é em sentido oposto.
Trata os golpistas bolivianos com quase reverência, como se já fossem o governo, não mostra que o país está em guerra civil, com quase 30 mortos e milhares de feridos, especialmente entre a população indígena e os mais pobres.
A mídia brasileira, sempre que possível, criminaliza os apoiadores de Evo Morales pelo “bloqueio de rodovias e pela falta de alimentos que começa a acontecer nas principais cidades”.
Onde há guerra civil é sinal de que há resistência, mas isso não é dito. Sequer insinuado.
Pior ainda: a mídia brasileira tenta amenizar a situação com falas da senadora golpista, Jeanine Añez, que assumiu o poder dizendo que “em breve” serão convocadas eleições, enquanto na prática, recrudesce a repressão contra a população – e não apenas contra os partidários de Evo Morales.
Em momento algum a mídia brasileira destacou o fato de a deposição de Evo acontecer num momento em que a economia boliviana estava indo extremamente bem.
Era a que mais crescia na América do Sul, em torno de 5% ao ano.
A mídia brasileira também não faz menção aos interesses estrangeiros por trás do golpe: a cobiça sobre o lítio e o gás bolivianos, assuntos, aliás, que povoam a mídia internacional nos últimos dias, a começar pelo jornal inglês The Guardian.
Mas o supremo ridículo aconteceu na edição do Jornal Hoje, da quarta-feira, dia 20/11 e depois, à noite, no Jornal Nacional, ambos da TV Globo.
Na hora do almoço, o Jornal Hoje reuniu em um mesmo bloco de notícias a situação na Bolívia, em Hong Kong e os nos conflitos de Israel com a Palestina.
Além de situações muito diferentes, a impressão que passa para o respeitável público é aquela de que “o Brasil é uma ilha de paz em meio a um mundo revolto”.
Isso faz o caro leitor se lembrar de alguma coisa? Era também como “uma ilha de paz” que o então ditador Emílio Garrastazu Médici (1969-1974) se referia ao Brasil naqueles tempos.
Só que naqueles tempos estava acontecendo, em meio a toda “aquela paz”, as piores torturas de que se tem notícia nos porões da repressão.
Quanto ao Jornal Nacional, ao invés de se aprofundar minimamente nos acontecimentos da Bolívia, preferiu criar um “momento fofo”, em que um sorridente Wiliam Bonner dá notícias do estado de saúde de um coala que havia sido resgatado de um incêndio florestal na Austrália e que agora se recupera num hospital.
Nunca vi de perto um coala, mas considero esse bichinho muito simpático e, claro, jamais deveria ter sido queimado.
Mas não seria o caso do JN também contar as história dramáticas dos bolivianos e das bolivianas que estão sendo mortos pelos golpistas a pauladas, com tiros na nuca e demais requintes de crueldade?
TERCEIRO ESTELIONATO DE INFORMAÇÃO
Há 618 dias, as investigações envolvendo o assassinato da vereadora do PSOL do Rio de Janeiro, Marielle Franco, e de seu motorista, Anderson Gomes, andam a passos de tartaruga.
Duas pessoas foram presas por serem apontadas como executores do crime.
Mas a principal pergunta – quem mandou matar Marielle – continua sem resposta.
O ex- ministro da Segurança Pública do governo Temer, Raul Jungmann, disse e confirmou, em recente entrevista ao site de notícias estadunidense HuffPost e para podcast da Folha de S. Paulo, que as investigações não evoluíam por envolver “gente muito poderosa”.
Não seria o caso de a mídia brasileira lançar-se nessa linha de investigação?
Marielle tinha adversários e inimigos políticos?
O que pode ter motivado sua execução?
A título de exemplo, sabe-se que ela iria disputar o Senado pelo Rio de Janeiro nas eleições de 2018 e que sua candidatura liderava todas as pesquisas de intenção de voto.
Na última quarta-feira, (20/11), enquanto o JN voltava a “passar pano” para o presidente Jair Bolsonaro, ao frisar que o porteiro do condomínio na Barra da Tijuca, onde tem residência, voltou atrás e disse ter se confundido no depoimento anterior, quando se referiu à “casa número 58” e ao “seu Jair”, o comentarista da rádio CBN, também do Grupo Globo, Kennedy Alencar, informava aos ouvintes que a Politica Civil do Rio de Janeiro trabalha com a tese de participação de um dos filhos do presidente, Carlos Bolsonaro, na morte de Marielle.
Por que o Jornal Nacional não reuniu as duas informações? Tempo hábil para tanto havia, pois o comentário de Kennedy aconteceu em torno das 18h30.
Esse episódio lembra outro, acontecido nos idos de 1954, que entrou para a história política brasileira como “mar de lama”.
Só que em 1954, a mídia brasileira não cruzou os braços como agora. Ela foi fundo na investigação do suposto elo entre a tentativa de assassinato do jornalista Carlos Lacerda, adversário político e desafeto declarado do então presidente Getúlio Vargas.
Apesar de o inquérito sobre o assunto ser dos mais truncados, tendo ficado a cargo da Aeronáutica, dando origem ao termo “República do Galeão”, a mídia daquela época não chegou a nenhum indício de participação de familiares de Getúlio ou mesmo dele, mas um membro da guarda-presidencial, Gregório Fortunato, foi processado e preso como responsável pelo crime.
O incidente acabou contribuindo para o suicídio de Getúlio em 1954.
Naquela época, a mídia brasileira tinha um objetivo e não abria mão dele: derrubar o governo nacionalista e progressista de Vargas.
Ao que tudo indica, a mídia brasileira hoje tem outro objetivo (que será tratado no próximo item), mas o morde e assopra da TV Globo em relação a Bolsonaro possui endereço certo: negociação.
Afinal, não foi Bolsonaro e depois, seu ministro da Educação, Abraham Weintraub, que disseram que a concessão da TV Globo não será renovada e que a emissora “já era”?
Nada melhor do que pressionar para viabilizar uma possível negociação.
UMA GUERRA PARTICULAR
Mesmo tendo sido a emissora de televisão que mais publicidade oficial recebeu nos governos Lula e jamais merecido comentário minimamente semelhante ao que fez Bolsonaro sobre a TV Globo, a família Marinho não gosta do ex-presidente.
Na realidade nunca gostou, como atesta o noticiário enviesado que sempre praticou em relação ao PT e ao seu candidato, nas diversas eleições presidenciais que Lula disputou e perdeu, até ser vitorioso em 2002.
O exemplo que já se tornou clássico é a edição do último debate entre os então candidatos Fernando Collor de Mello e Lula, em 1989, na primeira eleição direta depois de 21 anos de ditadura.
A TV Globo levou ao ar, editado, os melhores momentos de Collor e os piores de Lula, o que contribuiu em muito para a derrota do petista.
A cobertura igualmente enviesada que a Globo fez do Mensalão Petista, ao mesmo tempo em que abafava o Mensalão Tucano, anterior e muito mais grave, indica que, já nos primeiros anos de governo Lula, a família Marinho não media esforços para inviabilizar a sua administração.
Apesar do tsunami político que foi o Mensalão, Lula sobreviveu e ainda conseguiu se reeleger em 2006.
Fato jamais engolido pela família Marinho, que passou a desconstruir os programas sociais e a política externa brasileira, dois pilares do governo Lula.
Os alvos eram a expansão de programas como Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada e os ligados à Agricultura Familiar.
Sobre eles, os Marinho se insurgiram com fúria só comparada a que devotaram contra a política externa independente, a criação da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) e a participação do Brasil nos BRICS.
Absurdo maior ainda, aos olhos da família Marinho, a julgar pela cobertura que a primeira campanha de Dilma mereceu, foi Lula indicar uma candidata sem atuação política para a sua sucessão. E elegê-la.
Em 2014, a família Marinho também tinha candidato. Era o ex-governador de Minas Gerais, Aécio Neves, e, dessa vez, não estava disposta a perder. O desenrolar da história é conhecido.
O que chama atenção nos últimos dois anos é que a família Marinho elevou Lula, da condição de adversário à de inimigo.
Como já foi demonstrado em outros artigos publicados pelo Viomundo, o Jornal Nacional funcionou como uma espécie de porta-voz da Operação Lava Jato, cujo objetivo maior, o grande troféu, foi a condenação, sem provas, e a prisão de Lula, tirando-o das eleições de 2018 e abrindo espaço para a vitória de Bolsonaro.
Os veículos do grupo Globo, como de resto toda a imprensa corporativa brasileira – exceção para o jornal Folha de S. Paulo – nunca se interessaram em entrevistar Lula durante os seus 580 dias de cativeiro.
Isso, ao contrário da mídia internacional, que fazia fila para ouvir o ex-presidente e rapidamente passou a se referir a ele como “preso político”.
Depois de todo tipo de protelamento e de law fair explícito denunciado não só pelos advogados de Lula, mas por juristas dos mais diversos países, inclusive centenas de brasileiros, o STF finalmente julgou a constitucionalidade da prisão em Segunda Instância e concluiu pelo óbvio: ela é inconstitucional e deve prevalecer a presunção de inocência até que todos os recursos sejam esgotados.
Essa presunção, aliás, é uma das cláusulas pétreas da Constituição brasileira.
Lula finalmente está solto e pode aguardar o resultado dos recursos que sua defesa impetrou em liberdade.
Mas a família Marinho não aceita a decisão do STF e, há duas semanas, tem jogado todo o seu peso numa espécie de emparedamento à Corte Suprema.
Os veículos do Grupo Globo desencadearam uma verdadeira campanha para que o Congresso Nacional aprove, o mais rápido possível, qualquer mecanismo que possibilite, mesmo que em flagrante desrespeito à Constituição, recolocar Lula na cadeia.
A título de coerência, os parlamentares que estão – de boa ou má fé – embarcando nessa campanha, poderiam dar o nome de “Lula Preso” a esses projetos, porque o alvo é um só.
Não é papel da mídia soltar ou prender quem quer que seja.
Não é igualmente papel da mídia, especialmente rádio e televisão, que são concessões públicas, silenciar quem quer que seja, como a Globo fez com Lula durante o período em que esteve preso. E continua fazendo com ele solto.
Daí Lula, com razão, ter elegido a Globo e a família Marinho como alvos a serem combatidos na luta em prol da retomada da democracia no Brasil.
Detalhe: Lula, nos discursos que fez em São Bernardo e depois em, Recife, não criticou a mídia brasileira como um todo, mas a TV Globo.
E ele tem razão. Numa eventual regulação democrática da mídia brasileira, a exemplo da que existe nos Estados Unidos, na Europa, no Japão e até na Argentina – que mais cedo ou mais tarde acontecerá também aqui – quem vai ter que se adequar às novas regras é apenas o Grupo Globo e a TV Globo, da família Marinho, por constituir-se em um monopólio de audiência e em função de propriedade cruzada.
As demais empresas não enfrentarão problema nesse aspecto.
Lula mirou na família Marinho e ela acusou a pancada.
Essa guerra está longe de acabar e dependerá muito da independência que o STF conseguir manter.
Caso contrário, a TV Globo, de uma concessão pública, vai se transformar em espaço para a defesa de interesses de seus proprietários.
Em suma, a consolidação de um estado dentro do Estado.
*Ângela Carrato é jornalista e professora do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
**Via Viomundo