30 junho 2021

Resposta ao senador Heinze (Artigo)

Longe de ser um intelectual, não espanta que as percepções do senador sobre a UFSM sejam tão obtusas e restritas

"Dogmatismo, negacionismo e anticientificismo têm caracterizado, à exaustão, a conduta de tal senador" - Waldemir Barreto/Agência Senado

Por Fabrício Silveira*

Para começar, um esclarecimento que seria desnecessário caso a confusão política em que hoje vivemos não fosse tão dramática e tão arquitetonicamente moldada para truncar (conforme é conveniente) qualquer debate sério: o senador Luis Carlos Heinze (PP/RS) está longe de ser um estudioso ou um intelectual, está longe de ser alguém que conheça (ou que admire, ao menos) o mundo da universidade. Quem o acompanha na CPI da Covid sabe do que estou falando: dogmatismo, negacionismo e anticientificismo têm caracterizado, à exaustão, a conduta de tal senador.

Sem ser, portanto, um ilustrado, quase voluntariamente alheio à complexidade e à pluralidade do mundo, em pleno século XXI, o senador Heinze não me causa mais surpresas. Não me espanta que idealize o período em que se graduou (nos anos 1970). Não me espanta que suas percepções sobre a UFSM – manifestadas num artigo que publicou recentemente – sejam tão obtusas, feitas sob prismas tão restritos, induzindo a conclusões tão simplórias e enviesadas.

Como político alçado momentaneamente à proximidade do poder, o compromisso de Luis Carlos Heinze não é com a verdade, com a justiça ou com o esclarecimento público. Seu compromisso fundamental é com os dividendos de suas próprias falas, é com o acúmulo de capitais e favorecimentos políticos que lhe interessam.

E a política, como bem sabemos – tal como vem sendo praticada na órbita imediata do poder, principalmente –, tem muito mais a ver com a produção e o manejo das ilusões sociais do que com o equilíbrio analítico, a técnica interpretativa, o olhar abrangente e detalhado.

Os depoimentos do senador, caso fossem extraídos do simplório jogo de polarizações em que são lidos (e ao qual alimentam), não acrescentam absolutamente nada. São insignificantes. Nos servem muito pouco. O texto, publicado na última sexta-feira (25), no Diário de Santa Maria, só repercute porque estimula o empobrecido dispositivo ideológico que trouxe seu autor ao poder e que o mantém aí, transitória e circunstancialmente.

...

De resto, para além de sua ausência de fundamentos e de relevância, o senador repete os padrões argumentativos que vêm caracterizando a suposta “nova política” representada por Jair Bolsonaro e seus cúmplices, há quase três cansativos anos.

A primeira dessas estratégias – dentro do quadro geral de uma “retórica de fachada”, que permite apresentar como “novo” algo que, de fato, não tem nada de novidade – é a modulação da fala: é a prática de atenuar ou desdizer o que antes disse. Isso se dá, muitas vezes – e aqui não é o caso, cabe reconhecer –, com o auxílio providencial de um terceiro implicado, um outro ator envolvido na mesma rede de comandos, que salta em socorro, se for necessário, minimizando incêndios ou estragos ainda maiores.

Esse não é um expediente de correção de rumo ou mera mudança de ideias. Não se trata do genuíno reconhecimento de um erro. É muito mais cínico do que isso. Antes de reconhecer um erro e desculpar-se, verdadeiramente, trata-se de insinuar a incapacidade de entendimento do interlocutor. Cria-se também, fazendo assim, a oportunidade para reafirmar, logo à frente, o mesmo dito, avançando portanto, através de sua replicação num futuro próximo, na promoção dos efeitos sociais que o dito produz e na forçosa familiarização do interlocutor às ideias ou às práticas que os ditos antecipam. É um truque bastante baixo, para resumir.

Outro argumento nesse mesmo nível é o argumento moral. É até engraçado: sempre que vejo um guardião da moralidade argumentar (imponente, como se estivesse chocado, como se fosse uma criança digna de proteção ou um puritano ofendido) sinto cheiro de hipocrisia. É tiro e queda. Quase nunca falha. O senador saiu em defesa da ex-presidente Dilma Rousseff por ocasião das montagens pornográficas transformadas em adesivos para automóveis no episódio do aumento do litro da gasolina (para cerca de R$ 4,00, se não me engano), em 2015?

Tais investidas morais, vale acrescentar, visam causar comoção e medo, sobretudo pânico moral, a partir dos quais é mais fácil mobilizar os seguidores mais impressionáveis e induzir à irracionalidade. É outra estratégia bastante baixa, sem dúvida.

A terceira, também muito evidente, consiste em acusar no outro aquilo que eu mesmo pratico, como num espelhamento. Por exemplo: acusa-se na direção da Universidade o emprego de “manobras políticas”. É justo reconhecer, em contraponto, que o governo representado pelo senador também desenvolve, em níveis de assimetria e prevalência que beiram a covardia, seus próprios estratagemas para atropelar processos e driblar a vontade expressa da comunidade universitária. Temos acompanhado os casos de exigência de alinhamento (para não utilizarmos a palavra “intervenção”, que pode soar forte demais aos ouvidos mais sensíveis) dentro das sucessões das reitorias nas universidades federais, país afora.

Recorro aqui, para ser mais didático, ao velho ditado: para os meus amigos, tudo – tudo se resolve –; para os meus adversários, a severidade da lei. Ou seja: o senador acusa como ruim, nas universidades, aquilo que ele próprio pratica, direta ou indiretamente, de forma muito mais lesiva, dentro do senado federal, como sócio (ou, como ouvi alguém dizer, como “capanga” e “capacho”) de Jair Bolsonaro, na “tropa de choque” do atual governo.

Por fim, entender a universidade como instrumento de “catequização”, definir, nesse viés, o valor, a diversidade e a complexidade do que se faz no campus da Universidade Federal de Santa Maria só é possível para alguém que desconhece as universidades. Só acredita nisso – além dos paranóicos – aquele que pretende fazer desse discurso (falso, estereotipado, redutor e preconceituoso) justamente um instrumento da “catequização”, insumo à polarização política que o beneficia. Se as universidades fossem um instrumento tão poderoso de “catequização”, como se alega, não existiriam tantos bolsonaristas como Luis Carlos Heinze, um senhor com ótimo senso de oportunidade e curso superior.

É impossível finalizar sem remeter e saudar à memória do professor José Mariano da Rocha Filho. O senador Heinze não tem o direito de sequestrá-la ou instrumentalizá-la para seus propósitos partidários, para embasar ações que visam, no extremo, quando bem-sucedidas, tolher e enfraquecer a importância das universidades públicas na construção de um Brasil democrático, justo e republicano.

...

Haveria muito mais o que analisar. Por exemplo: a discrepância entre os motivos para se ter orgulho da Universidade Federal de Santa Maria, variados e grandiosos demais, e os motivos apontados para se ter vergonha, motivos que se reduzem à estatura política, à viseira ideológica e ao peso histórico do próprio senador.

Como alguém com acesso direto ao poder – caberia ainda lembrar –, o senador Heinze, bem como qualquer outro cidadão que se preze, deveria ter a dignidade de lutar incondicionalmente pela universidade pública que o acolheu e o formou. Seria ótimo se soubesse fazer política sem difamá-la.

* Fabrício Silveira é formado em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Maria.

** Este é um artigo de opinião. A visão dos autores não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Marcelo Ferreira - *Via Brasil de Fato

26 junho 2021

Lula lamenta morte de Bisol, vice em sua chapa em 1989

O ex-presidente Lula (PT) publicou uma nota de pesar pelo falecimento de José Paulo Bisol, “um brasileiro que não poderá jamais ser esquecido”

        Bisol e Lula (Foto: Roberto Parizotti)

247* - O ex-presidente Lula (PT) publicou uma nota de pesar pelo falecimento de José Paulo Bisol, vice em sua chapa presidencial nas eleições de 1989. “José Paulo Bisol foi um grande amigo e companheiro. Foi deputado estadual, advogado, professor, desembargador, escritor, senador na Constituinte, e secretário de segurança do Rio Grande do Sul, sempre atuando como defensor dos direitos humanos, da democracia e homem público ético”, destacou Lula.

O petista destacou que Bisol é “um brasileiro que não poderá jamais ser esquecido”. “A campanha de 1989 foi a primeira da Nova República e de uma geração de brasileiros que podiam finalmente escolher seu presidente, e foi certamente a mais emocionante da minha vida. E Bisol foi o melhor companheiro que eu poderia ter naquela jornada”, afirmou.

Leia a nota na íntegra:

José Paulo Bisol foi um grande amigo e companheiro. Foi deputado estadual, advogado, professor, desembargador, escritor, senador na Constituinte, e secretário de segurança do Rio Grande do Sul, sempre atuando como defensor dos direitos humanos, da democracia e homem público ético. Um brasileiro que não poderá jamais ser esquecido.

Fomos companheiros de chapa, eu no PT, ele no PSB de Miguel Arraes, em 1989. A campanha de 1989 foi a primeira da Nova República e de uma geração de brasileiros que podiam finalmente escolher seu presidente, e foi certamente a mais emocionante da minha vida. E Bisol foi o melhor companheiro que eu poderia ter naquela jornada.

Bisol amou nosso país, pensou e lutou por um Brasil melhor. Minha solidariedade e meus sentimentos aos familiares, filhos, netos e bisnetos, amigos e admiradores de José Paulo Bisol.

*Via https://www.brasil247.com/

25 junho 2021

Lula venceria no primeiro turno se eleições fossem hoje, aponta pesquisa Ipec

Lula aparece à frente de Bolsonaro em pesquisa para eleição presidencial. O líder petista tem 49% das intenções de voto, 26 pontos percentuais à frente de Jair Bolsonaro, que tem 23%

Lula dispara nas pesquisas e ganharia no primeiro turno se eleição fosse hoje (Foto: Ricardo Stuckert)

247* - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera a corrida para a sucessão presidencial do ano que vem, com 49% das intenções de voto, 26 pontos percentuais à frente de Jair Bolsonaro, que tem apenas 23%, aponta o Ipec em sua primeira pesquisa.

Lula tem 11 pontos percentuais a mais do que a soma de seus possíveis adversários, e venceria o pleito em primeiro turno, caso as eleições fossem hoje. 

O pedetista Ciro Gomes (PDT) tem 7%, empatado tecnicamente com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), com 5%. Luiz Henrique Mandetta (DEM), ex-ministro da Saúde do governo Bolsonaro, aparece com 3%. Brancos e nulos somam 10%, e eleitores que não sabem ou não respondem, 3%. A margem de erro é de dois pontos.

No Nordeste, Lula ganha disparado com um elevado índice de intenção de voto (63%), contra 15% de Bolsonaro. 

O ex-presidente ganha entre os mais jovens (53% a 17%); entre os que têm ensino fundamental II (59% a 19%); entre os que se autodeclaram pretos ou pardos (54% a 21%) e entre os que são de outras religiões que não a católica e a evangélica (54% a 19%). 

A pesquisa foi realizada pelo Ipec, instituto fundado neste ano por ex-executivos do Ibope Inteligência, que encerrou as atividades, informa O Globo.

*Via https://www.brasil247.com/

21 junho 2021

Protestos contra Bolsonaro reúnem 750 mil pessoas em 427 atos no Brasil e exterior; na Avenida Paulista, 100 mil; fotos e vídeos


Da Redação, com RBA e redes sociais* - Segundo as frentes  Brasil Popular e Povo Sem Medo, as manifestações do #19JForaBolsonaro reuniram neste sábado (19/06) mais de 750 mil pessoas em 427 atos no Brasil e em 17 países no exterior. 

Ou seja, superaram em 300 mil os protestos do 29 de maio.

Em São Paulo, mais de 100 mil participaram do “Fora, Bolsonaro!”, na Avenida Paulista.

A concentração foi no vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp).

No início, pelo menos, quatro quarteirões da avenida foram tomados pelos manifestantes.

Um grupo de ciclistas realizou uma bicicletada em homenagem às 500 mil vítimas da pandemia e em defesa da democracia.

Foto: Mídia Ninja

Os manifestantes pediram “mais máscara e menos cloroquina”.

Eles atribuem à negligência do governo federal o agravamento dos impactos econômicos da pandemia.

“Seu comércio está falindo porque Bolsonaro não comprou vacina”, dizia o cartaz carregado por uma mulher.

“A culpa é dele!”, registrava outra participante.

Além das faixas e cartazes de protesto, manifestantes também carregarram bandeiras de partidos políticos, como PT, Psol, PCdoB e UP.

Foto: Mídia Ninja

Movimentos sociais, centrais sindicais e integrantes da União Nacional dos Estudantes (UNE) marcaram presença.


O presidente Jair Bolsonaro, o vice Mourão, os ex-ministros Eduardo Pazuello (Saúde) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e o ministro Paulo Guedes (Economia) foram criticados pela demora na compra das vacinas.

De Guedes cobraram ainda o auxílio emergencial de R$ 600 enquanto durar a pandemia.

Os filhos de Bolsonaro também viraram alvo dos protestos. Foto: Mídia Ninja

‘Bolsonaro matou meu irmão’

Dona Neuza portava um cartaz com a foto do seu irmão. Ela sugeriu que todos trouxessem retratos dos familiares vítimas da pandemia, “para mostrar o quanto as pessoas estão sentidas”.

BOLSONARO MATOU MEU IRMÃO – Confira depoimento de manifestante direto do ato Fora Bolsonaro em São Paulo

📽️Guilherme Gandolfi @guifrodu / inédita pic.twitter.com/6ZfnMhZZ9d

— Rede Brasil Atual (@redebrasilatual) June 19, 2021


“Ele tomou todas as precauções, mas morreu de covid. Porque não foi vacinado. Bolsonaro rejeitou em agosto lotes de imunizantes que já poderiam ter sido aplicados em milhões de brasileiros. Bolsonaro não é brasileiro”, protestou.

Assim como ela, vários manifestantes lembraram dos familiares que estavam mais presentes.


Geração 68 Carlos Alberto foi torturado e ficou preso por 10 anos, Romildo teve o irmão assassinado pelo regime e Alberto foi torturado e ficou preso 10 anos. Todos (agora vacinados) ainda lutam por democracia e justiça social.

São Paulo gigante neste #19J!

Foto: MídiaNINJA#19JForaBolsonaro #19JPovoNaRua pic.twitter.com/9z6AXC9e98

— Mídia NINJA (@MidiaNINJA) June 19, 2021

“Perdi a pessoa mais importante da minha vida”. São Paulo, Brasil. 500 mil mortes! Foto: Midia NINJA #19JForaBolsonaro #19J

Fotos: Mídia Ninja

*Via Viomundo

16 junho 2021

TODXS NO 19J!!!

 


PT SANTIAGUENSE CONVIDA: TODOS NO ATO DO DIA 19 DE JUNHO!

 

O Partido dos Trabalhadores – PT, por sua Direção Municipal, convida seus filiados e simpatizantes, bem como os partidos democráticos, entidades e movimentos populares, a cidadania consciente e solidária para participarem das atividades que serão realizadas no próximo sábado, dia 19 de Junho (19J) em todo o pais. Em Santiago será realizado um Ato Público na praça Moisés Viana (‘Esquina Democrática), a partir das 10,30h, centro de Santiago/RS.  A chamada principal do Ato Público é Fora Bolsonaro e Vacina para todos, Já!

 

Na parte da tarde, será realizada a segunda etapa da Campanha PT Solidário, que consiste na distribuição pelo partido de ‘cestas básicas’ (alimentos e produtos de higiene) às famílias já cadastradas que se encontram em condições de vulnerabilidade – passando fome e necessidades, na verdade.

É hora de resistir e lutar! Lembramos que foram os governos do Partido dos Trabalhadores (Presidente Lula e Presidenta Dilma) que tiraram o Brasil do ‘mapa da fome’ e nesse momento nos solidarizamos com as pessoas que têm sido vítimas da incompetência e maldade desse atual des-governo que ameaça a nossa soberania, a democracia, fragiliza a saúde, acaba com empregos, aumenta a desigualdade social e empurra mais de 30 milhões de pessoas para a extrema pobreza.

Direção Municipal do Partido dos Trabalhadores de Santiago/RS

14 junho 2021

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12 junho 2021

O avião, as motos e o jegue

 

Por Fernando Brito*

Jair Bolsonaro, “nem aí” para governar, está como se estivesse em reta final de campanha eleitoral.

Aproveita enquanto pode usar, e usa, a máquina pública para promover seu turismo eleitoral, provocativo e agressivo.

Confia em que haverá, além das falanges fascistóides e orgulhosas de de sua ignorância, uma maioria que adira, outra vez, por manipulação e preconceito, ao “candidato do jegue”, como se referiu ontem a Lula, ao invadir um avião em Vitória para produzir alvoroço e, pelo que se viu nos vídeos, até uma briga dentro da aeronave (artigo 261 do Código Penal: “expor a perigo embarcação ou aeronave, própria ou alheia, ou praticar qualquer ato tendente a impedir ou dificultar navegação marítima, fluvial ou aérea”).

O ‘teste de popularidade’, claro, não funcionou bem, ao contrário do desfile de motos que ele protagoniza agora, em São Paulo, com um público mais adequado, o de “selvagens das motocicletas”, o jegue dos ricos, que usam para afirmar sua masculinidade decadente, que vive de exibições, como é própria nas gangues.

Animado pelo sucesso de sua motociata e apertado pelas revelações da CPI, mostrando inequívoca desídia (pelo menos) na compra de vacinas, gastos na desinformação da população com o tal “tratamento precoce” e o temor que as quebras de sigilo bancário, fiscal e telemático de ex-ministros e dirigentes do governo, Bolsonaro deve subir mais alguns pontos a sua já temerária escala de agressividade.

Conta com a intimidação geral com suas ameaças de golpe, o medo da pandemia e com o acanalhamento geral das instituições para seguir fazendo isso enquanto o país se estiola na doença, no desemprego, na inflação e na fome.

Sim, aquele país dos jegues, dos pobres que pararam de viajar de avião, para rever a família que deixaram para trás nas décadas de migração.

Alguém deveria lembrar ao presidente que o valente animal sobreviveu a secas, a desgraças, ao jejum e ainda é, pelos fundões do Brasil, o melhor amigo dos humildes.

Metáforas, porém, não são o forte do ex-capitão.

*Jornalista e blogueiro - via Tijolaço

11 junho 2021

Freixo anuncia saída do PSOL e filiação ao PSB para concorrer ao governo do Rio

Freixo estava no PSOL desde a sua fundação, há 16 anos; mudança de partido mira candidatura para o governo do Rio

Na última quinta-feira (10), encontro no Rio reuniu lideranças do campo progressista para falar sobre a situação do estado - Foto: Reprodução

Da Redação do Brasil de Fato*

O deputado federal Marcelo Freixo anunciou na manhã desta sexta-feira (11) pelo Twitter a sua saída do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) após 16 anos. O parlamentar, que estava no PSOL desde a sua fundação, irá se filiar ao Partido Socialista Brasileiro (PSB) mirando o governo do estado do Rio de Janeiro nas eleições de 2022.

“Hoje, encerro esse ciclo com a certeza de que apesar de não estarmos juntos daqui para a frente no mesmo partido seguiremos na mesma trincheira de defesa da vida, da democracia e dos direitos do povo brasileiro”, escreveu. 

O anúncio ocorre um dia depois do encontro no Rio de Janeiro que reuniu nomes como Lula (PT), os deputados federais Jandira Feghali (PCdoB -RJ) e Alessandro Molon  (PSB-RJ),  o deputado estadual André Ceciliano (PT), além da presidente do Partido dos Trabalhadores e deputada federal Gleise Hoffmann (PT-PR).

Leia mais: RJ: Na Baixada Fluminense, coletivo reúne forças políticas para apoiar Lula em 2022

Em entrevista publicada na Veja, Freixo explica que no PSB terá a possibilidade de construir uma aliança mais ampla para derrotar o bolsonarismo e proteger a democracia. Na avaliação do deputado, o Rio é um local chave para as próximas eleições.

“A disputa no Rio, especialmente, não é da direita contra a esquerda, mas da civilização contra a bárbarie. O PSOL estará conosco, mas, sem dúvida, teria mais dificuldade de fazer uma frente tão abrangente quanto se faz necessária”, disse à revista. 

Para o deputado, nas eleições do próximo ano o que estará em jogo é a Constituição.

"As eleições de 2022 serão um plebiscito nacional sobre a Constituição de 1988, se ela ainda valerá no Brasil. Por isso nós democratas não temos o direito de errar: do outro lado está a barbárie da fome, da morte e da devastação", disse no Twitter.  

Fonte: BdF Rio de Janeiro

*Edição: Jaqueline Deister - Via https://www.brasildefato.com.br/

10 junho 2021

Chefe do Gabinete Paralelo, Osmar Terra usava informações falsas na campanha contra as vacinas


247* - Apontado como organizador do Gabinete Paralelo para uma gestão negacionista da pandemia de Covid-19, o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) afirmava nas redes sociais, em setembro de 2020, que o pico da pandemia já havia passado no Brasil e usava informações falsas na sua campanha contra a vacinação. 

O ex-ministro defendia a retomada de atividades, comparava o coronavírus com a H1N1 e classificava a imprensa como “apocalíptica”. Convocado a depor como testemunha na CPI da Covid, ele também organizou a reunião em que médicos defensores da cloroquina sugeriram a criação de um 'gabinete das sombras'. A informação foi publicada pelo jornal O Globo.

O deputado apareceu ao lado de Bolsonaro na reunião em que um grupo de médicos convencia Bolsonaro sobre a possibilidade de tratar a doença com medicamentos como a cloroquina e o tratamento precoce, em detrimento da compra de vacinas. 

O parlamentar sustentava nas redes sociais que o “isolamento radical pode aumentar a mortalidade”, citando uma pesquisa até então inexistente. “Esse rapaz foi um dos inspiradores do ‘fique em casa’ sem qualquer base científica, exacerbado pela mídia e responsável pela quarentena lockdown mais devastadores e letais da pandemia. Triste!”, publicou Terra para mais de 300 mil seguidores no dia 2 de setembro. 

Dois dias após a reunião em que a criação do “gabinete das sombras” foi sugerida a Bolsonaro, o ex-ministro fazia comparações fora de contexto entre o número de mortes totais em 2019 e 2020 em Porto Alegre (RS). Ele utilizou dados do Portal da Transparência do Registro Civil, da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais, e que não levava em conta números demográficos, como o nascimento de pessoas, e epidemiológicos, como a redução de outras causas de morte durante o isolamento social.

Para combater as medidas de restrição, o deputado afirmou: “descobri que em 2019 morreram mais pessoas do que em 2020 e não se quebrou a economia nem fecharam escolas por isso”.

Em diversas publicações, o ex-ministro atacou o isolamento social ao afirmar que a pandemia seria responsável pela “duplicação de famílias na miséria, o aumento sem precedentes no consumo de álcool e drogas ilícitas e o crescimento vertiginoso da população de rua”. 

*Via https://www.brasil247.com/

09 junho 2021

"SENADOR HEINZE (PP/RS) É A VERGONHA DA CPI!!!"


"As declarações do senador Luís Carlos Heinze [PP/RS] na CPI viraram motivo de piada." Professor Leonardo, no seu canal no Youtube

08 junho 2021

O FASCISMO CHEGOU NA COPA AMÉRICA!



*Tite é comunista! Com esta frase simplista Flávio Bolsonaro, o das rachadinhas, classifica o técnico da Seleção. A Seleção que está se recusando a disputar a Copa América. E que se não jogar será também chamada de comunista.
O fascismo é fácil de ser apreendido pelo simplismo de suas afirmações idiotas. (Bemvindo Sequeira)

07 junho 2021

"Pealo de Sangue" - Daniel Wolff/Raul Ellwanger



Alguns “bastidores” da canção “Pealo de Sangue”

 

Por Raul Ellwanger*


Gravada em meu primeiro vinil de 1979, com o produtor Sepé Tiarajú de los Santos não demos muita importancia a esta música, pois ficou na posição 5 do lado B.  Por sorte Fernando Westfalen e Walmor  Jacques da Agencia MPM pediram autorização para sincroniza-la num vídeo comercial para o Natal, e a canção estourou. Até hoje é a mais conhecida e querida das minhas músicas.


No ano anterior, me aventurei no festival regionalista chamado Califórnia da Canção, na cidade de Uruguaiana. Com Aires Potthoff, Tenison Ramos e Geraldo Flach, fizemos uma linda apresentação no Cine Pampa, muito aplaudida pelo público. Para tomar um refresco de ar, logo saí para o saguão. Ali me abordou um casal bem bonito, muito bem vestidos com aquelas jaquetas de couro uruguaias usuais entre o pessoal pudente da fronteira. O cavalheiro me diz:


“ - Tua música é de longe a mais bonita de todas as apresentadas...mas com essa mensagem da letra, aqui em Uruguaiana, nuuuuunca vais ganhar o concurso”.   Suponho que o trecho maldito era; “...quero só um pedaço de terra...”.


Sabias palavras, às quais não dei muita atenção. Em minha ingenuidade de recém-voltado após 10 anos de exterior, não podia supor que houvesse fatores não artísticos nas escolhas dos jurados de um mero evento musical.  O resultado foi certeiro: o tema nem sequer foi indicado para voltar a ser apresentado na noite das finalistas, nem no disco ficou. Agora em 2021, tem mais de 30 gravações em 4 idiomas, incluindo Mercedes Sosa, Nair Terezinha, Osvaldir & Magrão, Renato Borghetti & Chaloy Jara.


Daniel Wolff armou os arranjos para a versão 2021 deste Pealo (pealar é laçar pelas patas, algo a que não se pode resistir), com diferentes técnicas violonísticas onde expõe seu virtuosismo como instrumentista e como arranjador. Fugindo de certa repetição que impregna as 4 estrofes do tema, ele abre com dois solos em diferentes modos-expressões técnicas; novamente no meio do fonograma, se faz uma variação melódica e harmônica buscando acrescentar interesse e frescor na música. Também os vocais finais trazem novidade e emoção, em simbiose com a letra otimista sobre um futuro sonhado.

...

Copio trecho do livro “Nas Velas do Violão”:  

 

“Tem certo tipo de canção que vai sendo gestada lentamente lá dentro da gente, sem esboço, sem escrita, sem anotação para lembrar depois. Quando brota, sai feita, sai pronta e inteira, pois sua alma vinha germinando com rumo certo. Assim parece que foi com Pealo de Sangue, nascida num repente único, sentado em minha cama às 3 horas da tarde na rua Tito Lívio Zambecari, em 1979. Todinha, todinha, sem vacilo, sem correção, brotou a canção. Quando ainda estava na Argentina, havia feito um tema que se frustrou. Tratava dos meus avós Frida e Jacob, de origem alemã, que haviam emigrado do interior para a capital, com alusões à enxada, à vida na encosta do Cerro do Botucaraí. Talvez ali estivesse a origem da nova canção. No exílio, entendi que o migrante tem uma carga de tristeza que é absoluta, faz parte do ar que ele exala. Na verdade, reflete a perda de si mesmo. Ao construir sua nova vida, ele vive sonhando e refazendo algo que não voltará. Quer abrigo, morada, identidade, pão, que serão sempre outros, distintos daqueles que ele deseja por atavismo. Por isso pergunta quando será este sonho. O mistério de seu coração é sua própria tristeza, é seu proprio sonho, cal e cimento de seu novo dia. Já na primeira estrofe aparecem lado a lado as palavras “colono” e “gaúcho”, o que destoa da temática trivial gauchesca onde não existe colono, assim como nela inexiste a citação ao Guaíba. A partir de uma alusão à “melancolia” açoriana, a canção se espraia num enfoque bem rio-grandense, quem sabe derivando na direção de meus avós Laíla e Antônio, missioneiros que também migraram para a capital. Sendo os quatro avós migrantes por falta de terra, me tocou dizer, talvez pela voz calada deles, “quero só um pedaço de terra”.

 

Começando duvidoso, com uma pergunta, vai o texto tomando coragem e ficando afirmativo para pedir terra, casa, colheita e chegar a dizer que haverá um novo dia. Alcança a atribuir importância aos sonhos inspirados nas estrelas. Numa alusão à participação política, diz que este futuro dependerá do esforço de cada um, não cairá do céu. A percepção sensorial se destaca com o cheirinho da mata, a luz do luzeiro e o insignificante e importantíssimo cutuco do lambari na perna, figura poética que repetidamente segue sendo comentada pelos meus amigos como o grande achado do texto. Pois agora, o belisco do lambari... Como esta toada tem as quatro estrofes baseadas numa mesma e modesta estrutura preparada para seis versos, sua melodia vai a cada uma das vezes sofrendo pequenas variações que permitem acomodar a letra e lhe agregam novidade e fogem do óbvio. Nem sequer uma parte B esta canção tem. Dá assim para entender como e porque foi feita de uma só sentada, sem muitas reflexões. Seu pontinho de originalidade está nos compassos 11 e 12 de cada estrofe, quando vem harmonizada sobre o sexto grau rebaixado com sexta (Si bemol 6), seguido do segundo grau rebaixado com sexta (Mi bemol 6), e uma brevíssima diminuta de Mi natural para aceder de volta à dominante do tom original. Pedi a meu antigo professor do Centro Livre de Cultura, o violonista Zé Gomes, que escrevesse o arranjo, fugindo da monotonia das estrofes reiterativas. Após uma primeira exposição genérica da canção, assim foi como se fizeram constantes modulações, passando por quatro tonalidades. Se introduziu um corus de vocalize, quase como um solo, ficando o conjunto do fonograma apoiado no quarteto de cordas, nas trompas, no trio vocal, na harmônica e no violão de 12 cordas em busca de uma variedade de timbres. Merece destaque a interpretação vocal de Nana Chaves, dando uma cor toda especial ao tema. Relegada a um final de lado no disco original, Pealo de sangue foi colocada por Fernando “Judeu” Westphalen na propaganda televisiva de uma rede de lojas, com imagens muito sugestivas. Tornou-se conhecida, foi sendo gravada por outros intérpretes, terminou sendo escolhida uma das “dez mais” em concurso da mídia regional.

 

Teve duas gravações de Mercedes Sosa (português e castelhano), tem versões em alemão e italiano, alcança mais de 30 edições fonográficas, inclusive instrumentais e sertanejas, é favorita de corais comunitários. Na época da seleção musical para seu disco e xou Saudades do Brasil, Elis Regina a tinha copiada manuscrita em uma cadernetinha de bolso, ao lado de Moda de sangue, de Ivaldo Roque e Jerônimo Jardim, para incluir no repertório. Por achar que havia demasiado sangue nas duas, seu diretor optou apenas pela Moda.        


A letra diz:  “Que mistérios trago no peito / Que tristezas guardo comigo / Se meu sangue é colono, é gaúcho / Lá no campo é que encontro abrigo / O  cheirinho da chuva na mata  / Me peala me puxa pra lá / Quero só um pedaço de terra / Um ranchinho de santa-fé / Milho verde, feijão, laranjeira / Lambari cutucando no pé / Noite alta o luzeiro alumiando / Um gaúcho sonhando de pé / Quando será / Este meu sonho / Sei que um dia será novo dia / Porém não cairá lá do céu / Quem viver saberá que é possível / Quem lutar ganhará seu quinhão / Velho Rio Grande / Velho Guaíba / Sei que um dia será novo dia / Brotando em teu coração / Quem viver saberá que é possível / Quem lutar ganhará seu quinhão!” 


*Enviado pelo Autor por e-mail para este blogueiro. 

**Vídeo via YouTube