Do Viomundo*
Depois de ficar atrás por mais de 300 mil votos na Geórgia, o candidato democrata Joe Biden virou o jogo num estado tradicionalmente vencido pelos republicanos.
Era madrugada em Brasília quando os votos enviados pelo correio permitiram a Biden assumir a liderança com pouco mais de 1.000 votos de vantagem.
A vitória de Biden no estado ainda não é garantida. Ele deve terminar com vantagem de pouco mais de 10 mil votos.
Foi por esta vantagem que Donald Trump venceu Hillary Clinton no importante estado de Wisconsin em 2016.
A Geórgia tem até o dia 12 de novembro para certificar o resultado final.
O estado enviou mais de 8.800 cédulas para votos de militares no Exterior, mas ainda não sabe quantos foram enviados de volta.
Além disso, há algumas centenas de cédulas provisórias, que precisam ser confirmadas com eleitores — alguns esqueceram de assinar, por exemplo.
Dependendo da margem, a lei garante o pedido de recontagem do perdedor, mas em geral isso só mexe com algumas centenas de votos.
A virada de Biden na Geórgia, que pode se tornar a primeira vitória de um democrata no estado desde 1992, é atribuída às mudanças demográficas.
Milhares de jovens se mudaram para a área metropolitana de Atlanta nos últimos anos.
Na Geórgia será decidido o futuro do Senado americano. As duas cadeiras que estão em jogo não foram decididas no primeiro turno e haverá uma segunda disputa em 5 de janeiro.
Pelos resultados do momento, democratas e republicanos estão empatados com 49 votos no Senado.
Se o empate persistir depois do segundo turno na Geórgia, o voto de minerva no Senado seria dado pela vice-presidente Kamala Harris, se a vitória de Biden se confirmar.
Com a possível vitória na Geórgia, o presidente Donald Trump não tem mais como chegar a 270 votos no Colégio Eleitoral.
Se Biden confirmar a vitória na Geórgia e Trump vencer todas as disputas ainda indefinidas — Alasca, Carolina do Norte, Nevada, Arizona, Pesilvânia e um distrito do Maine –, haverá empate em 269 votos no Colégio Eleitoral.
Neste caso, a eleição seria decidida na Câmara dos Deputados, com cada delegação estadual tendo direito a um voto.
Na Pensilvânia, a vantagem de Trump caiu de cerca de 600 mil para pouco mais de 18 mil votos. Considerando a margem de Biden nos votos pelo correio e os votos que ainda falta contar, o democrata pode virar no estado ainda hoje e atingir margem confortável de ao menos 40 mil votos de vantagem.
Se vencer na Pensilvânia, Biden atinge 270 votos — se acrescentar Geórgia, Nevada e Arizona, ele atingiria 306 votos, o mesmo número de Trump em 2016.
Mais cedo, o presidente disse que foi vítima de fraude, sem apresentar provas. Prometeu ações legais em todo o país. Um senador republicano disse, na Fox, que mortos e imigrantes ilegais votaram.
As acusações são baseadas em rumores das redes sociais.
O agitador Steve Bannon teve sua conta no Twitter suspensa depois de sugerir que a cabeça do médico Anthony Fauci, um dos cientistas mais respeitados dos Estados Unidos, fosse pendurada numa estaca.
Fauci sofreu ataques de Trump no final da campanha, por contradizer o presidente na estratégia para combater a pandemia de coronavírus.
Ele integra o National Institutes of Health (NIH) e sofreu ameaças de apoiadores de Trump ao longo da campanha por causa de um e-mail simpático que supostamente escreveu no passado para a democrata Hillary Clinton.
Trump e seus apoiadores mais próximos estão atirando gasolina no fogo, o que pode provocar violência nas ruas dos Estados Unidos quando os resultados oficiais forem anunciados.
Os Estados Unidos bateram ontem o recorde de casos de coronavírus — quase 120 mil, com 1.124 mortes.
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