Os dois fizeram uma interpretação arrebatadora de “Cálice”, canção composta por eles em plena ditadura militar, marcada como um grito contra a censura e a repressão
Um dos momentos mais memoráveis da música brasileira se reencenou na noite deste domingo (1º), no Rio de Janeiro. Durante apresentação da turnê Tempo Rei, Gilberto Gil surpreendeu o público ao receber Chico Buarque no palco da Marina da Glória para uma interpretação arrebatadora de “Cálice” — canção composta nos anos 1970, em plena ditadura militar, e marcada como um grito contra a censura e a repressão.
A aparição de Chico não estava anunciada, o que intensificou a emoção da plateia ao vê-lo surgir para dividir os vocais com Gil em um dos mais emblemáticos hinos da resistência cultural do país. A performance, carregada de significado histórico, foi também um reencontro de duas figuras centrais da música popular brasileira.
A noite de domingo deu continuidade à sequência de encontros especiais que vêm marcando a nova turnê de Gil. No sábado (31), foi a vez de Djavan se juntar ao anfitrião no palco. Juntos, eles interpretaram “Estrela”, balada lançada por Gil em 1997 e que ganhou nova vida na voz de dois mestres da MPB.
Turnê celebra legado e promove encontros inéditos
A Tempo Rei é mais do que uma celebração da obra de Gilberto Gil: é um tributo vivo à música brasileira. Com apresentações iniciadas em Salvador e já realizadas também em São Paulo e no Rio de Janeiro, a turnê segue agora para Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Belém, Porto Alegre, Fortaleza e Recife.
Um dos principais atrativos da série de shows tem sido justamente a presença de convidados surpresa. Nomes como Sandy, Marisa Monte e Arnaldo Antunes já subiram ao palco ao lado de Gil, proporcionando ao público experiências únicas em cada cidade.
Aos 82 anos, Gil segue renovando sua conexão com o público e com outros artistas, relembrando canções históricas e reafirmando a força da música como expressão política, cultural e afetiva. A apresentação ao lado de Chico Buarque, neste domingo, foi mais uma prova disso: um momento raro e potente em que memória e arte caminham juntas no presente.
*Por Julinho Bittencourt na Fórum
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