Escrevo antes do voto de Gilmar Mendes consumando a absolvição de Michel Temer e antes do próximo escândalo a surgir, ainda no forno de vazamentos do Partido do Judiciário.
O que ouço agora, ao escrever, é a baboseira moralista da Sra. Rosa Weber, cujo primarismo , se tivesse boa oratória, uma boa comentarista de programa de rádio matinal.
Por inevitáveis, eles só mais alimentam a sensação do mal que está sendo feito a nosso país pelo aventureirismo judicial que o inconformismo do conservadorismo derrotado – recordem-se que a ação foi impetrada, nas palavras de Aécio Neves, para “encher o saco do PT” – que transformou o Poder Judiciário e seus satélites, o MP e a PF, em ferramentas de um projeto político.
Este processo levou à derrubada de Dilma Rousseff, mas a personalidade da mulher que era deposta ainda nos permitiu conservar valores e perceber que se perdia ali um pedaço da democracia.
Agora, diante de situações imensamente mais condenáveis do ponto de vista moral e, além disso, praticada da forma mais rasteira, vemos a sujeição dos poderes – Judiciário e Legislativo – ao micróbio que chefia, emporcalhado, o Executivo.
Tão sórdido que é difícil conter em nossas almas o desejo de que, por essa via do TSE, ele venha a ser retirado da Presidência.
Não o será, e talvez isso nos ajude a perceber que o Poder Judiciário, como expressão da elite dominante brasileira, é ferramenta não da moralidade, mas do controle do poder e da manutenção do status quo.
Michel Temer é tão pequeno que está acima da lei.
Ou você acha que, como se diz no sul, Sérgio Moro correu a mostrar as canjicas a Michel Temer, ou tagarelar, às risadas com Aécio Neves ou ainda trocar afagos com João Dória naquelas picaretagens empresariais do Grupo Lide.
Um país não se salva com tribunais, salva-se com seu povo.
Não alcança estabilidade, num país do tamanho do nosso, apoiado apenas nas elites, ainda que sejam esclarecidas – e as nossas estão a anos-luz de o serem.
Um cone só se equilibra pela base, jamais pelo seu vértice.
“A história de toda a sociedade
até aqui é a história de lutas de classes. Homem livre e escravo, patrício e
plebeu, barão e servo, burgueses de corporação e oficiais, em suma, opressores
e oprimidos, estiveram em constante oposição uns aos outros, travaram uma luta
ininterrupta, ora oculta ora aberta, uma luta que de cada vez acabou por uma
reconfiguração revolucionária de toda a sociedade ou pelo declínio comum das
classes em luta.
Nas anteriores épocas da história
encontramos quase por toda a parte uma articulação completa da sociedade em
diversos estados [ou ordens sociais], uma múltipla gradação das posições
sociais.
Na Roma antiga temos patrícios,
cavaleiros, plebeus, escravos; na Idade Média: senhores feudais, vassalos,
burgueses de corporação, oficiais, servos, e ainda por cima, quase em cada uma
destas classes, de novo gradações particulares.
A moderna sociedade burguesa,
saída do declínio da sociedade feudal, não aboliu as oposições de classes.
Apenas pôs novas classes, novas condições de opressão, novas configurações de
luta, no lugar das antigas.
A nossa época, a época da
burguesia, distingue-se, contudo, por ter simplificado as oposições de classes.
A sociedade toda cinde-se, cada vez mais, em dois grandes campos inimigos, em
duas grandes classes que diretamente se enfrentam: burguesia e proletariado.” (Karl
Marx, Manifesto do Partido Comunista)
***
*Professor, trabalha na
Secretaria de Educação do Distrito Federal. Foi Coordenador-Geral de
Instâncias e Mecanismos de Participação Social da Presidência da República. É
filiado ao Partido dos Trabalhadores.
**Nota do Editor do
Blog: O companheiro Marcelo Pires Mendonça(foto),
com suas qualificadíssimas - e sempre oportunas - 'tiras'' denominadas "Café com Marx" (Engels, Lenin, Rosa,
Kollontai e outras/os) que posta regularmente em seu face e demais redes
sociais, é o mais novo colaborador deste Blog, o que muito nos
honra.
-Seja muito bem-vindo,
companheiro Marcelo! (Júlio Garcia)
Nosso Pacto de Moncloa foi rasgado: sem recuos, levantemos outro Pacto mais democrático, popular e nacionalista
por Roberto Requião*
Quando as ditaduras em Portugal, Espanha, Grécia desmoronaram e, na sequência, começaram a ruir também as ditaduras latino-americanas, uma das referências para o restabelecimento das relações sociais e políticas nos países emergentes do arbítrio foi o Pacto de Moncloa, na Espanha.
No Brasil, o nosso pacto de retorno às instituições democráticas foi a Constituição de 88. A Constituição Cidadã buscou firmar um contrato de convivência democrática, civilizada, introduzindo na Carta direitos e garantias sociais que fossem esteios para a construção de um país menos impiedoso, menos inclemente e menos insensível para com o seu povo.
É claro, não criamos o melhor dos mundos, mas já era alguma coisa em um país campeão de desigualdades sociais.
As classes dominantes, tendo o tal do “Centrão” como o seu braço, fizeram de tudo para restringir o contrato.
Ainda que os avanços tenham sido modestos, logo a seguir, inicia-se o lento e implacável trabalho de sabotagem para frustrar toda iniciativa para a regulamentação de inúmeros artigos da Constituição.
Por exemplo, um dos direitos de que tratou a Constituição de 88, foi o direito à informação, o acesso democrático aos meios de comunicação.
Para exercê-lo, seria indispensável que se garantisse o direito de resposta, o direito do cidadão de repor a verdade dos fatos quando distorcida, manipulada.
Pois bem, apenas 28 anos depois este Congresso regulamenta este artigo da Constituição.
Essa persistente devastação, esse assolamento aplicado do nosso pacto pós-ditadura, acelera-se e completa-se hoje com as ditas reformas, a trabalhista e a previdenciária. E intensifica-se com o desmonte do SUS, o maior sistema público de saúde das Américas; exacerba-se com as desastrosas intervenções na área educacional pública, intervenções orientadas por preconceitos ideológicos; e precipita-se com as medidas que atentam contra a soberania nacional sobre os mares, os ares, as terras, as florestas, o subsolo.
Enfim, em todas as frentes, o retrocesso. É a pá de cal sobre uma tentativa de conciliação dos interesses de classe e das contradições entre as classes.
Desfaz-se, assim, o acordo, a composição para a proteção social dos trabalhadores urbanos e rurais, dos pobres, dos mais idosos, das crianças e das mulheres.
As classes dominantes triunfaram, o Pacto da Constituição de 1988 liquefez-se, derreteu. No andar das coisas, não há como salvar dedos ou anéis.
Pacto desfeito, vamos urdir um novo pacto.
Primeiro, devemos dizer adeus, dispensar as ilusões.
É um devaneio e um logro achar que é possível qualquer trato sério, com as classes dominantes, isto é, com o grande capital nacional e transnacional, e com o mercado financeiro e seus aliados, especialmente a mídia comercial e monopolista.
Identificado o adversário, vamos reunir os nossos.
Os nossos são as classes e os setores de classe desvinculados dos interesses da globalização financeira e da financeirização das atividades econômicas nacionais. Os nossos são o capital produtivo e o trabalho. Os nossos são os valores nacionais, populares e democráticos.
Do lado de cá, estão os operários, os agricultores, a classe média baixa, os extratos intermediários da classe média, os funcionários públicos, os professores, os bancários, os empregados no comércio e nos escritórios, os profissionais liberais, os estudantes, os religiosos.
Enfim, os nossos são todos aqueles desvinculados do grande capital, da financeirização que esteriliza a produção, mata os empregos, faz murchar a demanda, arrefece o ânimo e estiola a iniciativa dos empresários.
A batalha que hoje empreendemos contra as reformas, o desmonte do Estado Social, a desnacionalização em regra e a entrega sem limites da Pátria, sua soberania e suas riquezas, talvez seja uma batalha em vão, neste momento.
O rolo compressor do governo, suas artimanhas e falta de pudor para negociar e comprar o apoio parlamentar necessário, torna-o imbatível.
Não estou propondo que se abandone a luta e sim que procedamos dialeticamente; isto é, enquanto entoamos o officium defunctorum para o velho sistema, tratemos de fazer brotar o novo sistema.
Espalham-se hoje pelo país diferentes organizações de resistência e de luta. Aqui mesmo no Congresso, no sopor da crise, formam-se as mais diversas frentes parlamentares. Ao mesmo tempo, os sindicatos, as entidades profissionais e estudantis mostram-se ativos. Convoca-se para o fim do mês mais uma greve geral.
E há uma convergência quanto ao diagnóstico desta triste quadra da história nacional.
Mas, acredito que tenha chegado a hora de parar de falar, de analisar a conjuntura, de verberar contra o governo, de gritar golpistas, fascistas, entreguistas, canalhas, canalhas, canalhas.
Devemos ir além das palavras.
É hora de reunir todos se opõem aos assaltantes do Planalto e aos que os sustentam e detém o poder real, para urdir um Projeto de Poder, um Projeto Nacional, Popular e Democrático que, por fim, construa o Brasil Nação.
É preciso ter coragem, uma coragem que suplante o partidarismo, que não sucumba ao queremismo e ao sebastianismo, para colocar como prioridade na ordem do dia das manifestações, das reuniões, dos debates, das entrevistas, das assembleias e dos discursos não candidaturas e sim a trama por um Projeto de Poder.
Não queremos o governo!
Já estivemos lá diversos vezes e… ou fomos apeados, golpeados ou governamos sob a coação, sob cerco do grande capital e do sistema financeiro, cujos interesses a mídia monopolista, Rede Globo à frente, vocaliza.
Pior, tivemos que administrar sob o tal presidencialismo de coalizão, um conglomerado de demandas, chantagens, fisiologismo e banditismo explícito que, no momento decisivo, bandeava-se para o abrigo dos detentores do poder.
É isso que queremos, novamente? Ou queremos o poder?
Senhoras e senhores senadores, ouvintes da Rádio Senado, brasileiros que nos seguem pela TV Senado e pelas redes sociais.
A permanência ou não de Temer, eleições diretas ou indiretas, tudo isso somado é menor que a urgência de se tece um Projeto de Poder, um Projeto Nacional, Popular e Democrático, um Projeto de Fundação do Brasil Nação.
Enfim, um Brasil soberano, altivo, desenvolvido, justo e bom para todos.
Pela primeira vez um desembargador reconhece que houve condenação com base exclusiva em delação, o que não está na lei, diz advogado Luiz Flávio D'Urso, sobre voto no tribunal sediado em Porto Alegre
por Eduardo Maretti, da RBA*
MARCELO CAMARGO / ABR
Vaccari: delações como prova e condenação é interpretação restrita à 13ª Vara Federal de Curitiba
São Paulo – Após suspensão do julgamento do recurso de João Vaccari Neto, no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), por pedido de vista do desembargador federal Victor Laus, nesta terça-feira (6), a defesa do ex-tesoureiro do PT está confiante na sua absolvição e vê elementos significativos na atual fase do caso, na corte sediada em Porto Alegre. “O importante e até simbólico nesse momento é que, pela primeira vez, um tribunal superior, ou pelo menos um desembargador, reconhece que houve condenação sem nenhuma prova, com base exclusiva em palavra de delator, o que não é possível pela lei brasileira”, diz o advogado de Vaccari, Luiz Flávio D'Urso. Vaccari encontra-se em prisão temporária em Curitiba desde 15 de abril de 2015.
O voto do revisor do processo no TRF-4, Leandro Paulsen, foi pela absolvição de Vaccari por falta de provas. "Nenhuma sentença condenatória será proferida apenas com base nas declarações de agente colaborador. O fato é que a vinculação de Vaccari não encontra elementos de corroboração. É muito provável que ele tinha conhecimento, mas tenho que decidir com o que está nos autos e não vi elementos suficientes para condenação", disse o magistrado.
O voto pela absolvição foi divergente do proferido pelo desembargador João Pedro Gebran Neto, que acolheu pedido do Ministério Público, aumentando a pena de Vaccari de 15 para 18 anos. Diante da divergência, o desembargador Victor Laus pediu vista. O processo deve voltar a julgamento até o final de junho, segundo o tribunal.
Para D’Urso, as delações terem se tornado válidas como prova e condenação não é uma interpretação generalizada, mas restrita à 13ª Vara Federal de Curitiba. “Penso que ainda é cedo para dizer isso (que a tese virou regra), uma vez que tem acontecido na vara do juiz Sergio Moro. Ele tem proferido condenações com base em delação. Agora é que os tribunais de recursos começam a examinar essa matéria. Um desembargador do TRF-4 a decidir assim, com isenção e técnica, é um alento para que isso que aconteceu não se torne uma realidade permanente.”
O advogado afirma que sua expectativa é de que, ao ser retomado, o julgamento seja jurídico e técnico. “Se assim for, acredito na absolvição do Vaccari. O que considero importante é que efetivamente no caso do Vaccari não há prova nenhuma que confirme as palavras do delator”, diz D’Urso. “Embora Moro tenha condenado severamente, o tribunal que está revendo teve um olhar isento e técnico, como deve ser. Isso é muito positivo no sentido de trazer o processo penal para os eixos da legislação brasileira, independentemente de preferência, emoção ou partidarismo.”
O julgamento do recurso de Vaccari no TRF-4 é o mesmo do qual consta o ex-diretor de serviços da Petrobras Renato de Souza Duque, os empresários Adir Assad e Sônia Mariza Branco, e o economista Dario Teixeira Alves Júnior, todos condenados por Moro.
Em novembro, Vaccari já havia sido absolvido pela juíza Cristina Ribeiro Balbone Costa, da 5ª Vara Criminal de São Paulo, em ação penal relativa à sua gestão como presidente da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop).
*Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band - The Beatles - 1967 - Álbum completo
1-
Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band. 2- With A Little Help From My Friends.
3- Lucy In The Sky With Diamonds. 4- Getting Better. 5- Fixing A Hole. 6- She's
Leaving Home. 7- Being For The Benefit Of Mr. Kite!. 8- Within You Without
You. 9- When I'm Sixty-Four. 10- Lovely Rita. 11- Good Morning Good
Morning. 12- Sgt. Pepper's Lonely Heart Club Band (reprise). 13- A Day In The
Life
Luiz CarvalhoReunião ocorreu no centro da capital paulista
A CUT e as demais centrais sindicais se reuniram na manhã desta segunda-feira (5) e indicaram 30 de junho como a data da próxima Greve Geral. A data será referendada por categorias em plenárias e assembleias estaduais.
A preparação começa imediatamente e o esquenta, com participação de todos os estados, está marcado para o próximo dia 20, com panfletagem e diálogo com a população pela manhã, e atos durante a tarde.
A expectativa diante do agravamento da crise no governo do ilegítimo Michel Temer (PMDB) é de que o movimento supere a Greve Geral do dia 28 de abril, aponta o secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre.
“Primeiro as categorias devem referendar o dia 30. E o dia 20 será a preparação para o dia da Greve Geral, uma grande mobilização nacional com protestos, ações em todas as capitais, assembleia nas portas de fábrica, paralisação de lojas, bancos, comércios, enfim, uma grande manifestação criando condições para a Greve Geral do dia 30”, afirma.
Foto: Eric PaixãoAlém da luta contra as reformas trabalhista e previdenciária, Nobre ressalta que as mobilizações ganham o 'Fora Temer' como ingrediente importante ao lado da bandeira por Diretas Já. O dirigente indica, contudo, que a agenda pode mudar de acordo com a conjuntura política.
"Se o Congresso Nacional, mesmo com tudo que temos feito, resolver antecipar a votação das reformas, vamos antecipar também as mobilizações. Não vamos permitir que votem contra a vontade do povo brasileiro. A classe trabalhadora irá reagir", sinaliza.
Também presente no encontro, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, disse que a articulação da categoria para integrar os protestos já começa a ser planejada.
"A mobilização dos trabalhadores definirá o rumo do país, se Temer fica e se, caindo, teremos escolha democrática com participação do povo. O clima nas bases é de transformar esse mês de junho num período de resistência. Faremos assembleias nas portas de fábrica e participaremos do ato unificado no dia 20 porque percebemos que o sistema político está tentando operar com ou sem Temer e, por isso, temos de fazer luta pelo Fora Temer, contra as reformas e por Diretas Já que nos permitirão não só resistirmos às reformas, mas também colocarmos o Brasil nos trilhos", afirma.
Leia, abaixo, a nota na íntegra.
Unidade e luta em defesa dos direitos
As centrais sindicais, (CUT, UGT, Força Sindical, CTB, Nova Central, CGTB, CSP-Conlutas, Intersindical, CSB e A Pública- Central do Servidor), convocam todas as suas bases para o calendário de luta e indicam uma nova GREVE GERAL dia 30 de junho.
As centrais sindicais irão colocar força total na mobilização da greve em defesa dos direitos sociais e trabalhistas, contra as reformas trabalhista e previdenciária, contra a terceirização indiscriminada e pelo #ForaTemer.
Dentro do calendário de luta, as centrais também convocam para o dia 20 de junho – O Esquenta Greve Geral, um dia de mobilização nacional pela convocação da greve geral.
Ficou definido também a produção de jornal unificado para a ampla mobilização da sociedade. E ficou agendada nova reunião para organização da greve geral para o dia 07 de junho de 2017, às 10h na sede do DIEESE.
Agenda
- 06 a 23 de junho: Convocação de plenárias, assembleias e reuniões, em todo o Brasil, para a construção da GREVE GERAL.
- Dia 20 de junho: Esquenta greve geral com atos e panfletagens das centrais sindicais;
- 30 de junho: GREVE GERAL.
CGTB – Central Geral dos Trabalhadores do Brasil CSB – Central dos Sindicatos Brasileiros CSP Conlutas – Central Sindical e Popular CTB – Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil CUT – Central Única dos Trabalhares Força Sindical Intersindical – Central da Classe Trabalhadora NCST – Nova Central Sindical de Trabalhadores Pública - Central do Servidor UGT – União Geral dos Trabalhadores
“Quando o PT era dirigido por homens, o PT era bom. Agora que está assumindo a responsabilidade de ter depois de 37 anos a primeira mulher presidenta do PT, eles vão saber como esse partido vai ser daqui para frente: mais ousado, mais aguerrido, mais organizado, mais combativo, e com a cara muito mais bonita”, afirmou Lula.
Parabenizando a toda militância e ao Partido dos Trabalhadores, Lula afirmou que o 6º Congresso do PT demonstra a força do partido. “Nós não somos aquele partido fisiológico. A gente pensa em cada cidadão brasileiro. A preocupação que eles têm com o PT voltando a governar esse país, o PT sabe como acabar com a fome, como colocar criança pobre na escola, o PT sabe, já fez, e vai voltar a fazer”, disse.
Lula afirmou que o PT se fortalece a cada ataque que recebe. “Muita gente está sempre apostando que amanhã o PT será menor. Que o PT acabou. Nas últimas eleições para prefeitura, muitos colunistas ignorantes que se dizem formadores de opinião diziam que o PT acabou. Esse partido nasce mais forte, quando mais ataques recebe”, afirmou.
Lula parabenizou aos outros candidatos na disputa, José de Oliveira e o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). O ex-presidente também agradeceu a direção executiva nacional, presidida até este sábado por Rui Falcão.
Inverdades
Lula criticou os procuradores da operação Lava-Jato. “O que eu tenho contra as meninices dos procuradores da Lava-Jato, que assumiram o compromisso de ser prestador de informação para Globo, a Globo assumiu o compromisso de transformar as inverdades as em verdades, e agora eles estão sem saída”, afirmou. “Porque como é que vai depois de dois anos e meio dizendo que o Lula é culpado, vai ser delatado, e o máximo que eles estão conseguindo com as delações é um ‘acho que ele sabia’”.
O ex-presidente afirmou, que para sair dessa enrascada, a imprensa deveria, primeiro, pedir desculpa pelas mentiras que contaram, sobre ele e sobre Marisa. “Só depois a gente volta à normalidade, enquanto isso eu vou deixar eles encrencados”, afirmou.
“Em qualquer situação eu quero que vocês saibam eu estarei de corpo e alma. Esse partido com esse bando de homens e mulheres, verdadeiros guerreiros. Eles sabem que vão precisar enfrentar esse exército para enfrentar vocês”, afirmou.
“Parabéns ao Partido dos Trabalhadores”, encerrou.
As alegações finais do MPF mostram que os procuradores insistem em teses inconstitucionais e ilegais e incompatíveis com a realidade para levar adiante o conteúdo do PowerPoint e a obsessão de perseguir Lula e prejudicar sua história e sua atuação política.
As 73 testemunhas ouvidas e os documentos juntados ao processo - notadamente os ofícios das empresas de auditoria internacional Price e KPMG - provaram, sem qualquer dúvida, a inocência de Lula. O ex-Presidente não é e jamais foi proprietário do triplex, que pertence a OAS e foi por ela usado para garantir diversas operações financeiras.
Nos próximos dias demonstremos ainda que o MPF e seus delatores informais ocultaram fatos relevantes em relação ao triplex que confirmam a inocência de Lula - atuando de forma desleal e incompatível com o Estado de Direito e com as regras internacionais que orientam a atuação de promotores em ações penais.
Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Martins
Li, com infinita paciência, as alegações finais (aqui, as 341 páginas, em pdf) da “Força Tarefa” no processo do “triplex do Guarujá”.
É o powerpoint versão texto.
Primeiro, faz-se uma dissertação sobre as “provas indiciárias”. Isto é, o indício tomado como prova, sem que se consiga evoluir da suspeita para a comprovação fática.
Valem-se de transcrições da Ministra Rosa Weber, no caso do mensalão, talvez escritas por seu então juiz-auxiliar Sérgio Moro, na época ainda na obscuridade.
Nelas, um trecho chama a atenção, embora não grifado pelos promotores: “também aqui a clareza que inspira o senso comum autoriza a conclusão (presunções, indícios e lógica na interpretação dos fatos)”.
Senso comum, o deles: são as famosas “convicções”.
Os exemplos trazidos para justificar são de uma pobreza atroz. As comparações são com tráfico de drogas: se o sujeito é encontrado com quase dois quilos de cocaína e 20 quilos de maconha é um indício de que ele trafica.
Claro, se tivessem encontrado uma conta milionária de Lula, ou as jóias da Adriana Ancelmo, ou apartamentos em seu nome ou de seus parentes, ou dinheiro em qualquer parte, poderia, daí, ser inferido que ele praticou corrupção. Mas não se encontrou e portanto, é preciso dar o passo seguinte.
Partem para a tristemente famosa “teoria do domínio do fato”.
Dizem que Lula nomeou ministros e dirigentes de empresas indicados por outros partidos para obter maioria no Congresso ( alguém consegue lembra de um presidente ou governador que não tenha feito o mesmo?) e que, por isso, sabia que eles iriam lá para roubar:
Os diretores da Petrobras que roubaram, segundo a denúncia, “agiram na execução de um comando central que objetivava, ilicitamente, enriquecer os envolvidos, alcançar governabilidade criminosa e perpetuar-se no poder, no centro do qual se encontrava o ex-Presidente Lula, tanto enquanto ocupante do maior cargo do Poder Executivo brasileiro, quanto na condição de importante líder partidário com influência no Governo ulterior”.
Powerpoint na veia, nem precisa das setinhas.
Lula “nomeou e manteve em cargos de Direção da Petrobras pessoas que sabia comprometidas com atos de corrupção e que efetivamente se corromperam e se omitiram em seu dever de ofício de impedir o resultado criminoso”.
Ele sabia que diretores com dezenas de anos na empresa eram ladrões. Sabia, como, se não não havia inquérito, processo, sentença, sequer uma anotação funcional que os desabonasse?
Ora, sabia porque tinha de saber, embora ninguém soubesse, além dos próprios corruptos e seus corruptores.
De tal imenso esquema de corrupção, alegam os promotores, teriam sido produzidas vantagens indevidas no “valor de, pelo menos, R$ 87.624.971,26. Destes, sustentam, R$ 2.424.990,83, teriam sido recebidos por Lula “por meio de expedientes de ocultação e dissimulação de propriedade de bens e valores”: o tríplex-pombal do Guarujá e o armazém para guardar os caixotes que foi obrigado a levar quando deixou o governo, com o acervo presidencial.
Não há prova de que o apartamento é ou algum dia foi dele, ou de que, ao avaliar se valeria a pena pagar a diferença do que já tinham de saldo na cooperativa habitacional, alguma vez tenham falado em “ganhar” a diferença. Ou de que tenha pedido para guardar os caixotes senão como um favor, mas para “descontar na propina”.
Mas isso não tem importância alguma na peça onde o Dr. Deltan Dallagnol encabeça a matilha acusatória.
Pedem que Lula seja condenado por lavagem de dinheiro 61 vezes, uma para cada mês de aluguel do espaço do galpão dos caixotes! Que pague os R$ 87 milhões dos quais, dizem eles, foi beneficiado com um quadragésimo deste valor! E que seja condenado por corrupção nos contratos que foram celebrados entre a Petrobras e a OAS, nos quais influiu tanto quanto o presidente de uma empresa influiu no fato de que um gerente ladrão superfaturou uma despesa da filial.
Catão, o Velho, ao observar o renascimento de Cartago após a Segunda Guerra Púnica, fazia questão de encerrar tudo o que dizia, fosse o que fosse, com a frase: “Ceterum censeo, Carthaginem delendam esse“, que virou o “Delenda est Cartago“. Significa, o latim: Entretanto, eu acho que Cartago deve ser destruída.
Os rapazes de Curitiba acham Lula uma Cartago e, a si mesmos, nobres romanos, sob o Imperador Moro, com seu polegar virado para baixo, a dizer: matem-no!
*Jornalista, Editor do Tijolaço (fonte desta postagem).
Em visita recente, o produtor Luiz Carlos Barreto lembrou-me de que o filme “Terra em Transe”, clássico de Glauber Rocha, completa meio século. Não pude deixar de comentar que, novamente, o Brasil está em transe.
A única solução razoável, antes como agora, é uma catarse, uma revolução política, econômica, social e cultural. Não é possível um acordo com quem rasgou o pacto constitucional de 1988 e atropelou a soberania popular.
Os golpistas e seus avalistas, ao derrubarem um governo legal e legítimo no intuito de revogar direitos e conquistas históricas do povo brasileiro, puxaram a faca e cometeram crime de alta traição à democracia.
Romperam o fio da história e colocaram em risco nossa soberania. Querem nos reduzir, de novo, à linha auxiliar do império.
A coalizão golpista deu origem a um governo abarrotado de históricos corruptos. Nada disso, porém, importa aos falsos santarrões que incensam a Operação Lava Jato, desde que os usurpadores fossem úteis para a aplicação de reformas que destruíssem o legado petista, a herança trabalhista e os êxitos do último processo constituinte.
Olhando e revisitando a história de nosso país, sabemos o que está em jogo: o desmonte do recente e precário Estado de bem-estar social, previsto na Constituição de 1988 e implementado durante as administrações de Lula e Dilma Rousseff.
Assalta-se a renda do trabalho para garantir o pagamento de juros exorbitantes, a ampliação da taxa de lucro das grandes corporações e a retomada dos fundos públicos pelas camadas mais ricas.
Os golpistas não hesitaram em sabotar o governo Dilma. Decretaram verdadeiro apagão nos investimentos e créditos, ampliando a recessão, levando pânico aos cidadãos e paralisando o país.
Tratou-se de um vale-tudo para recuperar o comando do Estado e impor uma agenda rejeitada pelos eleitores desde 2002.
Não se vacilou em pisotear as regras democráticas e forjar um arremedo de regime policial, no qual se opera a serviço de objetivos político-ideológicos.
O Brasil precisa de liberdade para decidir seu futuro, com eleições diretas, um novo governo popular e a convocação de Constituinte soberana. É vital romper a camisa de força do rentismo e da concentração de riqueza, reformar os sistemas financeiro e tributário. Só assim viabilizaremos o desenvolvimento econômico, social e cultural.
Essa tarefa é histórica e pressupõe superar os limites comprovados dos governos petistas -apesar dos avanços reformistas, ainda não transformamos as estruturas de nossa sociedade e do poder político.
Não há espaço para conciliação. É necessário, para o bem-estar social do país, dar fim à armadilha de uma falsa harmonia nacional e um ludibrioso salvacionismo contra a corrupção.
O horizonte das forças populares e de esquerda deve ir além das próximas eleições presidenciais, agora ou no próximo ano. Podemos até vencer, mas sem ilusões: sob quaisquer circunstâncias, nosso norte é o avanço no rumo de uma revolução política e social, democrática.
A meta é lutar, resistir e preparar um governo de amplas reformas. Sob a proteção de um novo pacto constitucional, originário das urnas, se a casa-grande voltar ao leito da democracia. Pela força rebelde das ruas, se nossas elites continuarem de costas para a nação.
*José Dirceufoi presidente nacional do PT, deputado estadual e federal e ministro da Casa Civil no governo Lula.
O editorial de hoje do Estadão revela um posicionamento muito diferente daquele que o jornal vinha assumindo e pode ser sinal de uma mudança de orientação da oligarquia paulista que ele, como ninguém, representa.
Referindo-se à defesa incondicional feita ontem em Portugal por Sérgio Moro, o tradicional jornalão ressalva que faltam, frequentemente, provas para sustentar o que é dito pelos delatores.
(…)as múltiplas acusações feitas pelo Ministério Público contra figurões do mundo político estão baseadas somente, ou principalmente, nas delações, sem que venham acompanhadas de provas materiais suficientes para uma condenação. Quando muito, há provas testemunhais, nem sempre inteiramente dignas de crédito ou confiança. Criou-se um ambiente em que as delações parecem bastar. Se é assim, o objetivo não é fazer justiça, mas uma certa justiça.
Certamente isso não foi escrito para Lula, mas recomendo que os advogados do ex-presidente recortem e colem nas suas alegações finais sobre o processo do “triplex”, porque o encaixe é evidente e completo.
E isso não é tudo, leia só como Dr. Cristiano Zanin, advogado do ex-presidente, não teria escrito melhor:
Há tempos ficou claro que certos membros do Ministério Público têm a pretensão de purgar o mundo político daqueles que consideram nocivos. Para esse fim, basta espalhar por aí, por meio de vazamentos deliberados, que tal ou qual político foi citado nesta ou naquela delação para que o destino do delatado esteja selado, muito antes de qualquer tribunal pronunciar sua sentença.
Meu Deus, o Estadão “lulou”, virou “petralha”, avermelhou-se?
Fique calmo e leia mais uma linha, para entender:
Foi exatamente o que aconteceu no episódio envolvendo o presidente Michel Temer. Em mais um vazamento de material em poder do Ministério Público, chegou ao conhecimento dos brasileiros uma gravação feita pelo empresário Joesley Batista com Temer na qual o presidente, segundo se informou, teria avalizado a compra do silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha. Quando a íntegra da gravação foi finalmente liberada, dias depois, constatou-se que tal exegese era, no mínimo, controvertida. Mas em todo o episódio prevaleceu a interpretação feita pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para quem o diálogo é expressão cabal de uma negociata – e isso bastou para Temer ser visto por muitos como imprestável para permanecer no cargo de presidente.
Ah, sim, não há provas contra Michel Temer, exceto um assessor seu carregando uma mochila de R$ 500 mil, um encontro às escuras com Joesley Batista e um “pode tratar de tudo com ele” do presidente referindo-se ao homem da mala.
No caso de Lula, não havia um centésimo disso, mas o Estadão jamais teve dúvidas em pré-condena-lo e endeusar o agora criticado Moro.
Portanto, não é santa a declaração dos Mesquita de que “agenda nacional, em meio a uma das mais graves crises da história, foi definitivamente contaminada pelo pressuposto de que o Brasil só será salvo se a classe política for desbaratada, como se fosse uma quadrilha.” Leia-se, no lugar de classe política, os políticos “com classe” do PMDB e do PSDB.
Não é santa, mas serve, porque é preciso que quem embalou este Mateus o reduza ao que é: um dissolvedor da ordem democrática, não da corrupção que, como se viu no episódios das malas rochalourdinas e aecianas.
O Estadão, que já chocou a ditadura militar, parece que percebeu que caminhamos para outra, onde será preciso colocar um data venia entre os ingredientes.
Faleceu nesta quinta-feira (1º), em Porto Alegre, o ex-deputado estadual e ex-prefeito da Capital Sereno Chaise, aos 89 anos. Ele estava internado há 30 dias na UTI do Hospital Mãe de Deus e faleceu em decorrência de falência múltipla dos órgãos. As cerimônias fúnebres serão realizadas no Cemitério Jardim da Paz, a partir das 18h, e o sepultamento será amanhã (2), às 11h.
Relembre a seguir a última entrevista de Sereno Chaise ao Sul21, publicada em agosto de 2016, clicando AQUI