31 janeiro 2021

Elites tramam novo golpe: suspeição de Moro, com Lula fora das eleições

O plano consiste em aceitar a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro, diante das provas de sua parcialidade, mas não devolver os direitos políticos ao ex-presidente Lula, mantendo o Brasil sem democracia

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert/ Instituto Lula)

247* – A elite brasileira, que articulou o golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016, e a prisão política do ex-presidente Lula, em 2018, para usupar a presidência da República e aplicar um choque neoliberal, retirando direitos dos trabalhadores, liquidando a soberania nacional e ampliando a miséria, tem um novo projeto, que foi explicitado pela coluna política do jornal Estado de S. Paulo. O plano consiste em aceitar a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro, diante das provas de sua parcialidade, mas não devolver os direitos políticos ao ex-presidente Lula, mantendo o Brasil sem democracia.

"Ganha corpo no meio jurídico tese alternativa capaz de cravar a suspeição de Sérgio Moro, porém sem devolver os direitos políticos a Luiz Inácio Lula da Silva. No STF, por exemplo, alguns ministros entendem que, pelo fato de a condenação do ex-presidente no caso do sítio em Atibaia ter sido assinada pela juíza Gabriela Hardt, a eventual suspeição do ex-juiz da Lava Jato não anularia esse veredicto, apesar de Moro ter tocado parte do processo: Lula permaneceria barrado das eleições. O caso deve ser julgado ainda neste semestre no Supremo", aponta o texto.

"A expectativa na Segunda Turma, onde se encontra o caso, é que Kassio Nunes Marques será decisivo. Circulam três hipóteses para o voto dele: 1) acompanharia a tese alternativa; 2) votaria 100% a favor de Lula; 3) pediria vista para ganhar tempo",  diz ainda o colunista.

*Via https://www.brasil247.com/

29 janeiro 2021

Defesa de Lula obtém as provas da parcialidade de Moro e Dallagnol na Lava Jato

Os diálogos obtidos pela defesa comprovam que o ex-juiz Sérgio Moro orientou a acusação, o que é proibido por lei, e que a equipe de Dallagnol manteve conversas clandestinas com autoridades dos Estados Unidos e da Suíça – o que também é ilegal

(Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247 | Reuters)

247* – A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já tem elementos para demonstrar a parcialidade do ex-juiz Sergio Moro e do procurador Deltan Dallagnol na Lava Jato. Os diálogos  que fazem parte da Operação Spoofing comprovam que Moro orientou a acusação, o que é proibido por lei, e que a equipe de Dallagnol manteve conversas clandestinas com autoridades dos Estados Unidos e da Suíça – o que também é ilegal. Trechos das conversas foram publicados, nesta noite, em reportagem da revista Veja.

Segundo a defesa de Lula, “é possível desde já constatar, para além da escancarada ausência de equidistância que deveria haver entre juiz e partes, por exemplo: (i) a efetiva existência de troca de correspondência entre a “Força Tarefa da Lava Jato” e outros países que participaram, direta ou indiretamente, do Acordo de Leniência da Odebrecht, como, por exemplo, autoridades dos Estados Unidos da América e da Suíça; (ii) documentos e informações que configuram quebra da cadeia de custódia relacionados aos sistemas da Odebrecht; e (iii) a busca selvagem e a lavagem de provas pelos órgãos de persecução, com a ciência e anuência do juízo de piso”.

"Em uma das mensagens, trocadas em 16 de fevereiro de 2016 e incluídas pela defesa de Lula na ação, Moro pergunta se os procuradores têm uma 'denúncia sólida o suficiente'. Em seguida, Deltan Dallagnol informa a ele linhas gerais do que os procuradores pretendiam apresentar contra Lula", aponta a reportagem. Moro e Dallagnol também tratam do advogado Tacla Duran, que denunciou a operação, e de encontros secretos com autoridades dos Estados Unidos e da Suíça.

*Via https://www.brasil247.com

28 janeiro 2021

Bolsonaro repete ataques e diz que governo comprou leite condensado “para enfiar no rabo de jornalista”

Nova ofensa ocorre um dia depois do presidente xingar a imprensa por questioná-lo sobre as compras milionárias

Por Luisa Fragão, na Revista Fórum - Um dia depois de xingar a imprensa em almoço com famosos, o presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar jornalistas nesta quinta-feira (28). Sem máscara em meio a uma aglomeração, o mandatário voltou a dizer que as latas de leite condensado adquiridas pelo governo federal são “para enfiar no rabo de jornalista”.

O vídeo com o novo ataque foi compartilhado nas redes sociais por parlamentares da oposição. “É desprezível o comportamento desse corrupto, criminoso e genocida! Enquanto MP e TCU já apontam indício de superfaturamento nos 15 milhões gastos em leite condensado, Bolsonaro segue atacando imprensa”, escreveu a deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS) no Twitter.

Na quarta-feira (27), Bolsonaro afirmou, em encontro com ministros, famosos e deputados: “Lata de leite condensado. Vá pra puta que o pariu. Imprensa de merda. É pra enfiar no rabo de vocês da imprensa essas latas de leite de condensado todas”.

Além dos custos do leite condensado, foram gastos R$ 16,5 milhões com batata frita embalada, R$ 13,4 milhões com barras de cereais, R$ 21,4 milhões em iogurte natural, R$ 8 milhões em bombons, R$ 2 milhões em chicletes, entre outros.à

Em meio ao escândalo pelo gasto milionário, o Ministério da Defesa, principal beneficiado pelas compras, publicou um comunicado na quarta defendendo o leite condensado como produto importante na composição da dieta militar, devido ao “seu potencial energético”.

27 janeiro 2021

URGENTE: Empresário nega ter vendido R$ 15 milhões em leite condensado ao governo Bolsonaro


Jair Bolsonaro. (crédito: Sérgio Lima/AFP)

Do DCM - Azenate Abreu, dono da Saúde & Vida Alimentos Comercial, nega que tenha vendido R$ 15 milhões em leite condensado ao governo Bolsonaro.

Ele informou que vendeu apenas 2 caixas com 27 unidades e que vai esclarecer tudo nesta tarde de quarta, 27, inclusive com apresentação de Notas Fiscais.

A informação é da jornalista Daniela Abade, que contatou o dono da loja.

22 janeiro 2021

Aprovação de Bolsonaro despenca 11% e até grupos de direita aderem a impeachment

Trata-se da maior queda semanal desde o início do governo: de 37% para 26%, voltando ao nível de junho de 2020

A queda nas pesquisas coincide com a crise de Manaus e as incertezas sobre a vacina contra a covid-19 - Agência Brasil

Por Eduardo Maretti, da Rede Brasil Atual* -Não é mais apenas entre movimentos sociais progressistas que o apelo pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro vem crescendo.

Representantes da direita, como o Movimento Brasil Livre (MBL), assim como Vem Pra Rua e o ex-candidato a presidente da República em 2018 João Amoêdo (Novo), lançaram na quinta-feira (21) um abaixo-assinado pela abertura de processo de impeachment contra Jair Bolsonaro. O documento contava com cerca de 85 mil adesões às 15h desta sexta.

A pressão de aliados de Bolsonaro de primeira hora reflete o crescimento do descontentamento geral com o chefe do Executivo. De acordo com pesquisa revista Exame/Instituto Ideia divulgada nesta sexta-feira (22), a aprovação da atuação de Bolsonaro como presidente despencou de 37% para 26% em apenas uma semana. Trata-se da maior queda semanal desde o início do governo, voltando ao nível de junho de 2020, auge da pandemia de coronavírus.

A desaprovação ao presidente subiu de 37% para 45%. A avaliação do governo é quase idêntica: o percentual dos que o desaprovam subiu de 34% para 45%. A queda coincide com a crise de Manaus e as incertezas sobre a vacina contra a covid-19. O estudo foi realizado por telefone, em todas as regiões do país, entre 18 e 21 de janeiro.

Ainda de acordo com o Congresso em Foco, um deputado filiado “a um partido do centrão”, que não quis se identificar, afirmou que o impeachment está se disseminando em mensagens trocadas por parlamentares da direita à esquerda.

“Antes era uma abstração”, disse o deputado.  “Agora entrou no plano concreto das cogitações. Estou em grupos de colegas de todos os espectros ideológicos. Comenta-se impeachment agora sem constrangimento.”

Leia também: Atos pró-impeachment de Jair Bolsonaro se espalham; 15 capitais terão carreatas

No abaixo-assinado pelo impeachment, os movimentos direitistas afirmam que o país está “diante de uma situação inaceitável, onde o presidente da República desrespeita a Constituição, comete crimes de responsabilidade, coloca em risco o Estado Democrático de Direito e, infelizmente, a vida de milhares de brasileiros”.

O documento acrescenta: “Mas existe um remédio para esse quadro e está previsto em Lei. É o impeachment do presidente da República”. As condições jurídicas “foram fornecidas pelas ações irresponsáveis do presidente Jair Bolsonaro”, avaliam MBL e aliados.

*Via RBA

21 janeiro 2021

Lula confirma que teve covid-19, mas já está recuperado

 

Lula e o jornalista Fernando Morais testaram positivo durante a viagem à Cuba | Foto: Divulgação

Da Redação do Sul21*

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou nesta quinta-feira (21) que testou positivo para a covid-19 no mês de dezembro, mas que já está recuperado da doença. Lula estava em Cuba desde o mês passado e retornou ao Brasil na quarta-feira (20).

Nota divulgada no site do ex-presidente informa que ele estava em Cuba desde 21 de dezembro para gravar um documentário sobre a América Latina, produzido e dirigido pelo cineasta norte-americano Oliver Stone, e que realizou dois testes RT-PCR, um na chegada ao país e outro dia no 26, testando positivo. Também testaram positivo sete integrantes de sua comitiva, incluindo a sua mulher Rosângela Silva, a Janja. A investigação epidemiológica realizada na ilha confirmou que os casos eram importados.

Segundo a nota, todos permaneceram em isolamento sob vigilância sanitária, respeitando os protocolos do sistema de saúde cubano. O único membro da comitiva que apresentou complicações foi o jornalista Fernando Morais, que passou 14 dias internado por problemas pulmonares. Lula apresentou lesões pulmonares compatíveis com broncopneumonia associada à covid19, mas não precisou ser hospitalizado e esteve em contato permanente com o médico infectologista, ex-ministro da Saúde e deputado federal Alexandre Padilha.

“Eu e toda minha equipe somos agradecidos à dedicação dos profissionais de saúde e do sistema de saúde pública cubano que estiveram conosco no cuidado diário. Agradeço ao governo de Cuba e a todos que estiveram conosco, de coração. Jamais esqueceremos a solidariedade cubana e o compromisso com a ciência de seus profissionais. Sentimos na pele a importância de um sistema público de saúde que adota um protocolo unificado, inspirado na ciência e nas diretrizes da OMS. E quero estender as minhas saudações a todos os profissionais de saúde que se esforçam para fazer o mesmo aqui no Brasil, apesar da irresponsabilidade do presidente da República e do ministro da Saúde”, disse o ex-presidente.

Segundo a nota, Lula decidiu comunicar que contraiu a doença apenas ao chegar no Brasil para preservar sua família e dos demais infectados.

Ele também disse que pretende se vacinar. “Estou preparado pra tomar a vacina, assim que tivermos vacina para todos. Sigo esperando minha vez na fila, com o braço à disposição para tomar assim que puder. E enquanto todos não se vacinam, vou continuar com máscara, evitando aglomerações e passando muito álcool gel”, afirmou.

*Fonte:  https://www.sul21.com.br/

18 janeiro 2021

Carta branca para a morte

 


Por Janio de Freitas*

O ser imoral que atende por Jair Bolsonaro forçou o jornalismo a deseducar e endurecer a linguagem em referências ao governo e, ainda mais incisiva, sobre o intitulado mas não presidente de fato.

Com os assassinatos por asfixia cometidos pela incúria e o deboche no Amazonas; mais de 200 mil mortos no país entregue à pandemia e à sabotagem, e a patifaria contra a vacinação vital, mesmo a grosseria realista é insuficiente.

Nem a liberação dos chamados palavrões, feita pela Folha e O Globo há algum tempo, soluciona o impasse. Muitos as consideramos aquém do jornalismo e os demais ficariam expostos a inconvenientes legais.

A asfixia é reconhecida como uma das mais penosas formas de morte, acréscimo ao nosso horror com as mortes em campos de concentração nazistas, nas câmaras de gás para condenações passadas nos Estados Unidos, como nas perversões criminosas. Hoje, é aqui que essa morte terrível ocorre, vitimando doentes que tiveram a infelicidade preliminar de nascer no Brasil.

Bebês, 60 bebês, parturientes, operados, cancerosos, infartados, vítimas da pandemia, às centenas, milhares, desesperados pelo ar que os envolve e no entanto lhes falta. Todos diante da morte terrível, não pelo que os internou, mas de asfixia —por quê?

Guardião de 62 pedidos de impeachment de Bolsonaro, Rodrigo Maia enfim dá sua explicação para o não encaminhamento da questão ao exame das comissões específicas: “O processo do impeachment é o resultado da organização da sociedade. Como se organizou contra os presidentes Collor e Dilma”.

Não houve uma pressão “que transbordasse para dentro do parlamento. Não foi avaliar ou deixar de avaliar impeachment, e sim compreender que a pandemia é a prioridade para todos nós”.

O fácil e esperado. Mas os casos de Collor e Dilma nasceram no Congresso, não na sociedade. Foi a mobilização, lá, de parlamentares que gerou e fez transbordar para a sociedade a exigência do impeachment de Collor.

A “pedalada” contábil do governo Dilma nunca passou pela cabeça de ninguém, na sociedade e no Congresso. Foi o pretexto criado já a meio da conspiração lá urdida por Aécio Neves e Eduardo Cunha, símbolos da pior corrupção, a que corrói a democracia pela política. A mídia (sic) levou para a sociedade o golpismo transbordante no Congresso.

Se a prioridade fosse a pandemia, o governo não continuaria entregue aos que a negam e como governo sabotam, à vista de todo o país, tudo o que possa combatê-la. Para isso recorrendo, sem receio, a ações e omissões criminosas. Uma sucessão delas, incessante até hoje.

​Se nas mais de 200 mil mortes houvesse apenas uma induzida pelas pregações e sabotagens de Bolsonaro, já seria bastante para ser considerado criminoso homicida. Mas são muitos os interesses financeiros e políticos a protegê-lo. Na verdade, mais que isso, porque é carta branca que lhe tem sido assegurada, sobre 212 milhões de brasileiros, como sobre o presente e o futuro do país.​

*Jornalista - postado originalmente no jornal Folha de S. Paulo - via Tijolaço

15 janeiro 2021

Rede, PSB, PT, PCdoB e PDT apresentarão pedido de impeachment de Bolsonaro pelo caos em Manaus

As legendas afirmam que Bolsonaro deve ser responsabilizado pela falta de cilindros de oxigênio em hospitais na região, bem como por falar contra o distanciamento social e uso de máscara, além de disseminar informações falsas. "O Brasil está morrendo sufocado por este presidente. Basta!


247* - Os partidos Rede, PSB, PT, PCdoB e PDT anunciaram em nota nesta sexta-feira (15) que apresentarão um novo pedido de impeachment contra Jair Bolsonaro, desta vez em razão do colapso no sistema de saúde de Manaus, capital do Amazonas. Nesta sexta-feira, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi cobrado por não pautar nenhum dos mais de 60 pedidos de impedimento.

Os casos de coronavírus na região estão em alta e pacientes com Covid-19 e outras enfermidades, até mesmo bebês, ficaram na iminência de não ter cilindros de oxigênio para auxiliar na respiração. Alguns foram a óbito.

As legendas argumentam que Bolsonaro deve ser responsabilizado por deixar a capital sem oxigênio, por falar contra o distanciamento social e o uso de máscaras e também por disseminar informações falsas.

"Considerando a prática de crimes de responsabilidade em série, que resultaram na dor asfixiante do Amazonas e de milhares de famílias brasileiras, nossos partidos - Rede, PSB, PT, PCdoB e PDT - decidiram apresentar novo pedido de impeachment do presidente Jair Bolsonaro. O presidente da República deve ser política e criminalmente responsabilizado por deixar sem oxigênio o Amazonas, por sabotar pesquisas e campanhas de vacinação, por desincentivar o uso de máscaras e incentivar o uso de medicamentos ineficazes, por difundir desinformação, além de violar o pacto constitucional entre União, Estados e Municípios", diz trecho do texto.

Eles pedem ainda a volta imediata do funcionamento do Congresso Nacional, que está de recesso. "O Brasil está morrendo sufocado por este presidente. Basta! Já passou da hora de o Congresso Nacional, representando a nação, reagir. Defendemos, também, que o Congresso volte a funcionar imediatamente, para aprovar medidas que possam colaborar decisivamente para sanar os graves problemas que vitimam a população do Amazonas e de todo o Brasil".

*Via https://www.brasil247.com/

14 janeiro 2021

Crise no BB não é por emprego, é por eleição da Câmara

 

Por Fernando Brito*

Há muita hipocrisia nesta história de que Jair Bolsonaro tenha decidido demitir o presidente do Banco do Brasil pelo anúncio de que o banco lançaria um Programa de Demissão Voluntária para 5 mil de seus empregados e fecharia 112 agências, 7 escritórios e 242 Postos de Atendimento da instituição.

Bolsonaro não pensou o mesmo quando o BB fechou, só em 2019, 409 agências e reduziu seu quadro de funcionários em 3.699 trabalhadores.

É claro que a forma e o momento do anúncio das demissões em massa não podiam ser piores, justo num momento de alto desemprego e de agudização da crise na economia.

Os motivos de Jair Bolsonaro são outros, porém: segundo o Estadão, só no dia seguinte ao anúncio do “enxugamento”, ele teria recebido reclamações de oito deputados contra o fechamento de agências do BB em pequenas cidades.

É claro que a preocupação do presidente é a de perder votos para seu candidato à presidência da Câmara, Artur Lira, mas há razão para reclamarem, sim, porque embora os bancos estejam em intenso processo de digitalização e atendimento remoto, em muitas cidades o banco é a única agência de fomento econômico disponível e para o atendimento da população.

Além disso, internamente a decisão foi vista como um passo na preparação de uma possível privatização de parte do Banco, o que gera muita reação e contraria o próprio discurso presidencial de que o BB estaria de fora do processo de liquidação do patrimônio público.

Em 2019, uma portaria fixou em 105,7 mil o limite de funcionários do banco, em março passado reduziu-o para 102 mil e, em novembro, Paulo Guedes cortou o quantitativo para 100 mil. Só que, no final de 2019, o Banco tinha 93.140 e, com demissões (que foram incentivadas) e aposentadorias, é provável que esteja abaixo de 90 mil, agora. Bem menos que uma instituição de porte semelhante, o Itaú, tinha ao final de 2018: 100,3 mil.

É evidente que a automação dos serviços bancários é algo do qual não se pode fugir, mas a bancarização da população brasileira – o pagamento do auxílio emergencial mostrou o quanto, apesar dos avanços das últimas décadas, a exclusão ainda é imensa -permite que a expansão dos serviços bancários compense a utilização menos intensiva de pessoal.

Há 10 anos, o Banco seguia esta estratégia e inaugurou agências em áreas abandonadas pelos serviços bancários em comunidades como a Rocinha, Paraisópolis, no Complexo do Alemão e na Cidade de Deus.

De lá para cá, cortou mais de 20% das mais de 5 mil agências que chegou a ter.

A queda de 4.83% das ações do banco, ontem, na Bolsa, certamente deram muitíssimo mais prejuízo que qualquer realocação de pessoal.

*Jornalista, Editor do Blog Tijolaço

12 janeiro 2021

Caso Ford alimentou guerra diária contra governo Olívio Dutra: ‘foi um moedor de carne’

 

Caso Ford alimentou bombardeio midiático contra governo Olívio Dutra e contra imagem do governador. Foto: Guilherme Santos/Sul21

No dia 29 de abril de 1999, o jornal Zero Hora, de Porto Alegre, publicou um editorial intitulado “Desfecho melancólico”, tratando da decisão da Ford de instalar-se na Bahia, por não ter aceitas as condições apresentadas ao governo Olívio Dutra para instalar uma montadora da empresa no Rio Grande do Sul. O editorial em questão, entre outras coisas, afirmou: “A sociedade riograndense, que lutou muito e fez grandes sacrifícios para conquistar as montadoras de automóveis, merece compensações à altura das expectativas frustradas.” No dia seguinte, o mesmo jornal acrescentou: “O maior prejuízo que o Rio Grande irá sofrer com a desistência da Ford (…) nunca chegará a ser avaliado inteiramente, tal o seu vulto”.

O episódio envolvendo a decisão da Ford de cancelar a instalação de uma unidade montadora no Rio Grande do Sul, durante o governo Olívio Dutra (1999-2002), transferindo o projeto para Camaçari, na Bahia, foi marcado, entre outras coisas, por uma guerra midiática e simbólica que reverbera até os dias de hoje. A guerra, no caso, foi dirigida contra o governo de Olívio Dutra e contra a figura pessoal do governador e de outras lideranças petistas que tinham frustrado, nas eleições de 1998, os planos de reeleição de Antonio Britto (MDB). A Ford virou carro chefe da direita gaúcha, e também em nível nacional, para atacar governos e candidaturas do PT e de outros partidos de esquerda em períodos eleitorais. Duas décadas depois, o tema seguiu sendo usado em debates eleitorais, como ocorreu contra a candidatura de Manuela D’Ávila (PCdoB) à Prefeitura de Porto Alegre. No dia 11 de janeiro deste ano, porém, uma notícia caiu como uma bomba: a Ford anunciou o fechamento de suas fábricas em todo o Brasil. A memória do governo Olívio Dutra veio imediatamente à tona e, com ela, as lembranças do bombardeio midiático que sofreu.

“Foi um moedor de carne diário. Poucos davam espaço pro contraditório. Acho que foi algo igual, claro que em proporções diferentes, que ocorreria mais tarde contra Lula e Dilma”, assinala o jornalista Guaracy Cunha, que foi secretário de Comunicação do governo Olívio. “Foram momentos duros para todos nós. Só quem passou lembra como foi difícil superar e tocar em frente para fazer um dos melhores governos que o Rio Grande do Sul já teve”, acrescenta. (...)

*CLIQUE AQUI para continuar lendo a postagem do jornalista Marco Weissheimer no Sul21

22 anos após romper contrato com o RS, Ford anuncia fechamento de fábricas no Brasil


                Ford anunciou o fechamento de suas três fábricas no Brasil | Foto: Divulgação

Da Redação do Sul21**

A montadora de automóveis Ford anunciou nesta segunda-feira (11) que irá fechar as três fábricas que possui no Brasil: em Taubaté (SP), em Horizonte (CE) e em Camaçari (BA). A última delas aberta após a montadora romper o contrato que havia sido firmado com o governo do Rio Grande do Sul para a construção de uma fábrica em Guaíba.

Segundo a empresa, as plantas de Camaçari e Taubaté, que produzem carros da montadora, vão ser desativadas imediatamente, enquanto a fábrica de Horizonte, que produz jipes da Troller, será fechada no final do ano.

A ação faz parte de uma reestruturação global da empresa e irá significar a demissão de 5 mil trabalhadores, a maioria deles no Brasil. A Ford manterá a operação na América do Sul em suas fábricas no Uruguai e na Argentina.

Segundo disse o porta-voz da empresa T.R.Reid nesta segunda, o fechamento das fábricas é motivado pela queda de 26% nas vendas do Brasil em 2020 e pela expectativa de que não seria possível retomar o patamar dos negócios de 2019 antes de 2023.

“A Ford está presente há mais de um século na América do Sul e no Brasil e sabemos que essas são ações muito difíceis, mas necessárias, para a criação de um negócio saudável e sustentável. Estamos mudando para um modelo de negócios ágil e enxuto ao encerrar a produção no Brasil, atendendo nossos consumidores com alguns dos produtos mais empolgantes do nosso portfólio global”, disse Jim Farley, presidente e CEO da Ford, em comunicado.

O jornalista Lauro Jardim informou nesta segunda que, de acordo com estimativas da Receita Federal, a Ford recebeu mais de R$ 20 bilhões em incentivos fiscais no Brasil desde 1999.

Relação com o RS

O contrato entre o Estado do Rio Grande do Sul e a Ford do Brasil foi assinado em 21 de março de 1998. Estabelecia benefícios fiscais e de crédito para viabilizar a implantação de uma montadora de automóveis da empresa, em Guaíba.

Havia também um contrato de financiamento do Banrisul, que garantiu emprestar à Ford R$ 210 milhões em cinco parcelas de R$ 42 milhões cada. O total de benefícios superava os R$ 450 milhões. A primeira parcela do empréstimo do Banrisul chegou a ser liberada, ainda no governo Antônio Britto. Na segunda parcela, em março de 1999, já no governo Olívio Dutra, o Banrisul exigiu antes uma prestação de contas, como estabelecia o contrato. A Ford considerou que o atraso na liberação da parcela configurava quebra de contrato.

A Ford prestou contas dos gastos feitos de julho de 1997 até março de 1999 e, sem esperar que a Contadoria da Auditoria Geral do Estado (CAGE) aprovasse a documentação (afinal considerada insuficiente), anunciou a decisão de não mais levar adiante seu projeto no Rio Grande do Sul. Deixou o terreno ganho do município de Guaíba e pegou a estrada, para montar a fábrica na Bahia.

No dia 3 de fevereiro de 2000, a Procuradoria Geral do Estado (PGE) ingressou na 5ª Vara da Fazenda Pública com uma ação cível contra a Ford, por quebra unilateral de contrato, reclamando ressarcimento dos valores repassados à empresa.

Em dezembro de 2009, em sentença de primeiro grau, a 5ª Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre reconheceu a quebra de contrato por parte da Ford e determinou o ressarcimento dos valores recebidos para sua instalação no Rio Grande do Sul.

“A Ford — quando notificou o Estado de que estava desocupando a área onde seria implantada a indústria e sustentou, equivocadamente, o descumprimento do contrato pelo Estado que negava-se a repassar a segunda parcela do financiamento, indiscutivelmente tornou-se a responsável pela rescisão contratual. Diz-se equivocadamente, porque estava o Estado amparado nas disposições contratuais quando negou repasse da segunda parcela do financiamento, em face da já mencionada pendência da prestação de contas pela Ford”, disse a juíza Lilian Siman, em sua sentença.

Em novembro de 2016, após um acordo homologado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), o governo do RS recebeu R$ 216 milhões de indenização da Ford pela quebra de contrato firmado.

*Com informações da Agência Reuters.

**Fonte: Sul21

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DECLARAÇÃO DO MINISTÉRIO DE RELAÇÕES EXTERIORES DA REPÚBLICA DE CUBA

Condena firme y absoluta a la fraudulenta calificación de Cuba como Estado patrocinador del terrorismo


El Ministerio de Relaciones Exteriores condena en los términos más firmes y absolutos la fraudulenta calificación de Cuba como Estado patrocinador del terrorismo, anunciada por el gobierno de los Estados Unidos en acto cínico e hipócrita.

Desde hace meses, se viene especulando sobre la posibilidad de incluir a Cuba en la lista unilateral del Departamento de Estado que califica a países, sin mandato o legitimidad alguna, carente de motivación genuina, referida al terrorismo y sus secuelas, y como instrumento de difamación para aplicar medidas económicas coercitivas contra naciones que se resistan a doblegarse a los caprichos del imperialismo estadounidense.

El anuncio formulado por el Secretario de Estado Michael Pompeo constituye un acto soberbio de un gobierno desprestigiado, deshonesto y en bancarrota moral. Se conoce, sin lugar a dudas, que la verdadera motivación de esta acción es imponer obstáculos adicionales a cualquier perspectiva de recuperación en las relaciones bilaterales entre Cuba y los Estados Unidos.

Cuba no es un Estado patrocinador del terrorismo, verdad reconocida por todos. La política oficial y conocida, y la conducta intachable de nuestro país, es el rechazo al terrorismo en todas sus formas y manifestaciones, en particular el terrorismo de Estado, por quienquiera, contra quienquiera y dondequiera que se cometa.

Cuba es un estado víctima del terrorismo y nuestra población lo ha sufrido en carne propia, al precio de 3 478 víctimas mortales y 2 099 personas con discapacidad, por actos cometidos por el gobierno de los Estados Unidos o perpetrados y patrocinados desde territorio de ese país con la tolerancia de las autoridades oficiales. Los cubanos repudiamos con desprecio toda maniobra dirigida a manipular un tema tan sensible, para groseros propósitos de oportunismo político.

La Habana, 11 de enero de 2021

(Tomado de Cubaminrex)

*Via CubaDebate

10 janeiro 2021

Mudanças aumentam as chances de Lula readquirir direitos políticos


Publicado originalmente na Carta Capital*:

Por Ana Flávia Gussen

Pela primeira vez em cinco anos, o entorno político e jurídico do ex-presidente Lula enxerga um cenário favorável na trama judicial que envolve o petista. Aliados falam até em “tempestade perfeita”. Interlocutores e advogados do ex-presidente ouvidos por CartaCapital mapearam cinco fatos jurídicos considerados positivos, além de mudanças no cenário que afetaram o humor daqueles que defendem a anulação dos processos do ex-presidente.

Figuram entre eles a chegada de Kassio Nunes Marques, “ministro de Bolsonaro”, à Segunda Turma do Supremo Tribunal, a derrota colossal de Sergio Moro no mesmo STF no caso Banestado e os sete processos arquivados. Todos compõem o pano de fundo para o julgamento mais importante previsto para 2021, o habeas corpus que trata da suspeição de Moro na sentença do tríplex do Guarujá.

O ministro Gilmar Mendes afirmou recentemente que pretende pautar em fevereiro a análise do habeas corpus na Segunda Turma do STF. Uma decisão favorável a Lula levaria à anulação da sentença, o recomeço da ação na primeira instância e a devolução dos direitos políticos ao petista, o que o recolocaria no jogo da sucessão presidencial em 2022.

O julgamento na Segunda Turma da corte foi iniciado em 2018 e contabiliza dois votos contrários à suspeição de Moro, os dos ministros Cármen Lúcia e Luiz Edson Fachin. Além de Mendes, faltam votar Ricardo Lewandowski e Kassio Nunes Marques. “Para este ano, o desdobramento mais esperado é este HC. A matéria tem prioridade legal: Lula tem mais de 60 anos, é um caso que teve o julgamento de mérito iniciado e o habeas corpus, por natureza, é ação de rito célere”, enumera Cristiano Zanin Martins, advogado do ex-presidente.

Não bastasse, nos próximos dias, a defesa de Lula terá acesso ao conteúdo completo das mensagens apreendidas pela Operação Spoofing. São sete terabytes de conversas entre procuradores da Lava Jato, Sergio Moro e Deltan Dallagnol que estavam sob tutela da Justiça desde a prisão dos hackers que invadiram o Telegram dos citados. O material, divulgado pelo site The Intercept Brasil, expôs não só a parcialidade da força-tarefa de Curitiba em relação ao petista, mas variados crimes cometidos por quem se dizia combatente da corrupção. Após três ordens do ministro Lewandowski, incluída uma intimação, uma vez que o juiz de plantão se negou a cumprir a ordem do Supremo, o magistrado Gabriel Zago Capanema Vianna de Paiva, da 10ª Vara Federal de Brasília, autorizou o acesso da defesa aos arquivos.

Os diálogos, segundo informações de um advogado que teve acesso a partes das conversas, revelam ainda as relações ilegais do ex-juiz e de procuradores da Lava Jato com autoridades norte-americanas. “Houve ali uma sinergia totalmente fora dos canais oficiais e contra o decreto de cooperação internacional entre os países, o 3.810, que exige que a parceria passe pelo DRCI, órgão do Ministério da Justiça. Não existem registros oficiais desses encontros. Por isso, os processos que utilizaram informações enviadas pelos norte-americanos devem ser anulados, incluindo aqueles contra Lula”, descreve a fonte.

A estratégia da defesa é cruzar esses diálogos com provas, relatos e depoimentos registrados nos processos. Vale lembrar que a Polícia Federal, por meio de uma perícia, atestou a integridade das conversas obtidas pelos hackers.

Curiosamente, outra mudança que teria efeito positivo para o ex-presidente foi a nomeação de Nunes Marques ao STF. Obra de Jair Bolsonaro. Em outubro, o ex-capitão indicou para a vaga de Celso de Mello o então desembargador do Tribunal Regional da Primeira Região. Pesaram as convicções “garantistas” do magistrado. Bolsonaro buscava um nome capaz de aliviar as eventuais análises na corte das acusações contra seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, no escândalo das “rachadinhas”.

Como pau que dá em Chico dá em Francisco, os aliados de Lula esperam do novo ministro uma posição favorável aos reclames da defesa. Não são esperanças vãs. Em 11 de dezembro, Nunes Marques, integrado à Segunda Turma do STF, votou a favor de Lula para excluir a delação do ex-ministro Antonio Palocci de uma ação da Lava Jato. Com o voto do novo integrante, a Segunda Turma concluiu que Moro atuou de forma parcial ao tirar o sigilo da delação e inclui-la no processo seis dias antes da eleição de 2018.

Um advogado que preferiu não se identificar foi enfático: “O ministro teria de dar um cavalo de pau para mudar essa posição garantista e surpreender. Ele chegou na segunda turma alinhado a Gilmar e a maior demonstração disso foi o julgamento do caso da delação do Palocci”.

O julgamento da delação não ficou marcado apenas pelo voto do novo ministro. Cármen Lúcia também surpreendeu a defesa e aliados de Lula ao votar em favor do ex-presidente e manter a exclusão. A “mudança” de postura da ministra teria ligação com o escândalo da Vaza Jato. Não só Cármen Lúcia, mas a maior parte do mundo jurídico nacional e internacional admitiu, pela primeira vez, as provas do lawfare praticado pela força-tarefa de Curitiba e pelo ex-juiz e ex-ministro.

Moro deixou faz tempo de ser herói nacional e sofre as consequências. Além de perder no caso da delação do Palocci duas vezes, em 25 de agosto a Segunda Turma do Supremo anulou sua sentença no caso Banestado por “quebra da imparcialidade”.

O acórdão do julgamento que anulou a decisão condenatória foi publicado na última semana de dezembro e é considerado por juristas como o “principal reconhecimento da parcialidade” do ex-juiz pelo Supremo. “Essa é parte essencial da tempestade perfeita. Depois do julgamento dos casos de Palocci e do Banestado, a Segunda Turma pode ter formado convicção em relação à parcialidade de Moro, com voto de Nunes Marques e Cármen Lúcia”, afirmou Marco Aurélio Carvalho, advogado e coordenador do grupo Prerro­gativas. “Ao longo de cinco anos produzimos provas inequívocas dessa quebra absoluta da imparcialidade. Embora para o julgamento da suspeição seja necessária apenas a existência da dúvida, estamos indo para o campo da certeza absoluta”, acrescenta Zanin Martins.

Não foram as únicas vitórias recentes do ex-presidente. Uma decisão proferida em dezembro pela 6ª Vara Federal de São Paulo arquivou a investigação aberta contra o ex-presidente e seu filho, Luís Cláudio Lula da Silva. Trata-se do sétimo processo em que o petista foi absolvido ou o inquérito acabou arquivado. Todas as ações com esse desenlace foram analisadas em tribunais longe da “República de Curitiba”. Segundo Zanin, o mais emblemático é o processo que ficou conhecido como “Quadrilhão do PT”. Após decisão do juiz da 12ª Vara Federal, que concluiu que a ação proposta se tratava de “tentativa de criminalização da política”, o MP desistiu de apelar. Atualmente correm quatro processos contra o ex-presidente. Ele foi condenado em dois: o caso do tríplex e o do sítio de Atibaia.

Para Marco Aurélio de Carvalho, o que está em jogo no julgamento do habeas corpus não é apenas o “caso Lula”, mas a validade ou não do princípio da imparcialidade.

“Se Moro não for declarado parcial, nenhum juiz do Brasil poderá sê-lo. Um magistrado que determinou o vazamento clandestino de conversas entre a presidenta da República e uma figura política, que cerceou pedidos da defesa, que grampeou todos os ramais do escritório de advocacia, dentre tantas outras coisas, é suspeito. Se ele não for considerado parcial com todos os crimes que citei, é como se o STF desse um salvo-conduto à magistratura”, diz Carvalho.

O novo ano, avalia Zanin, pode desfazer as tramoias dos processos contra Lula. “Talvez seja muito importante, para que toda a verdade que mostramos ao longo de mais de cinco anos seja reconhecida judicialmente.” A ver.

*Via DCM

09 janeiro 2021

Despedida

O jornal tem méritos que não desconsidero, mas não vejo como manter uma colaboração permanente com este veículo


Por Fernando Haddad*

Agradeço ao leitor a consideração que me tenha dispensado. Procurei ser o mais zeloso possível ao ocupar este espaço, trazendo à sua consideração um ponto de vista menos paroquial sobre assuntos de interesse nacional.

Quando fui convidado para ser colunista da Folha, relutei em aceitar. Na época, me incomodava o posicionamento do jornal no segundo turno das eleições de 2018.

Pareceu-me uma falsificação inaceitável um órgão de imprensa que apoiou o golpe militar de 1964 equiparar, em editorial, um professor de teoria democrática a uma aberração saída dos porões da ditadura. Àquela altura, a Folha já sabia que a família Bolsonaro era autoritária e corrupta, mas entendia que a agenda econômica neoliberal de Paulo Guedes compensaria o risco. Teria sido mais correto assumir isso publicamente.

Aceitei o convite, no entanto, porque intuía que o governo Bolsonaro traria graves consequências ao país, o que exigia da parte de todos uma disposição ainda maior ao diálogo.

Na semana passada, ocorreu um episódio insólito. Uma jornalista sugeriu, em artigo publicado no Estadão, que o STF mantivesse a condenação de Lula e desconsiderasse as provas de parcialidade de Moro. E por quê? Para evitar que Lula seja candidato em 2022, o que, supostamente, favoreceria a candidatura de Bolsonaro. Reagi, nas redes sociais, afirmando que, diante de tanta infâmia e covardia, restava ao PT reafirmar os argumentos da defesa de Lula e relançá-lo à Presidência.

Em editorial, segunda-feira (4/1), este jornal resolveu me atacar de maneira rebaixada. Incapaz de perceber na minha atitude a defesa do Estado de Direito, interpretou-a como tentativa oportunista de eu próprio obter nova chance de disputar a eleição presidencial, ou seja, que seria um gesto motivado por interesse pessoal mesquinho. Simplesmente desconsiderou que, nos últimos dois anos, em todas as oportunidades, inclusive em entrevista recente ao jornal, defendi sempre a mesma posição, qual seja, a precedência da candidatura de Lula.

Ao me desqualificar mais uma vez, inclusive com expediente discursivo desrespeitoso, ao estilo bolsonarista, esta Folha demonstra pouca compreensão com gestos de aproximação e sacrifica as bases de urbanidade que o pluralismo exige. Infelizmente, constato que, nos momentos decisivos, a Folha, em lugar de discutir ideias, prefere agredir pessoas de forma estúpida.

O jornal tem méritos que não desconsidero, mas não vejo como manter uma colaboração permanente com este veículo.

Por fim, a julgar pelo histórico dos políticos que a Folha veladamente tem apoiado, penso que ela deveria redobrar os cuidados antes de pretender deslegitimar alguém.

*Via Página13

**Efetivamente, como muito bem coloca o companheiro Valter Pomar no Página13, "A Folha é uma fraude. (...) Esse jornal (Folha de S.Paulo) de democrata só tem a pose". Parabéns ao companheiro Haddad pela Coluna - e pela decisão. (Júlio Garcia)