31 março 2020

Mentirosos, militares divulgam fake news sobre golpe de 64




Por Kennedy Alencar*
O ministro da Defesa, Fernando Azevedo, mentiu ao divulgar nota dizendo que o golpe de 1964 “é um marco para a democracia brasileira”. A nota também foi assinada pelos comandantes das três forças.
É fake news dizer para as atuais gerações que um golpe que fechou o Congresso, cassou mandatos, matou gente e a democracia tenha sido um marco justamente na defesa da democracia. É uma tentativa canhestra de reescrever a História.
Trata-se de um crime contra a memória do Brasil e das vítimas da ditadura. Serve à divisão do país, deseduca o povo e infla conflitos.
Para piorar, o também general da reserva Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército, publicou em rede social mais uma manifestação golpista. Villas Bôas falou que “ações extremadas podem acarretar consequências imprevisíveis”, referindo-se ao desgoverno Bolsonaro e ao covid-19. “Pode-se discordar do presidente, mas a postura revela coragem e perseverança nas próprias convicções”, escreveu.
Apesar de não surpreender, a fala é abjeta. Não se trata de ter coragem tampouco de perseverar “nas próprias convicções”, mas de se comportar de forma irresponsável colocando em risco a saúde dos brasileiros. Bolsonaro tem causado dano à saúde pública.
Twitter, Facebook e Google apagaram posts do presidente da República, dada a sua falta de seriedade no que publica na internet. Quem merece reprimenda é Bolsonaro. Quem toma atitudes contra a saúde pública é Bolsonaro.
Com frequência, há relatos na imprensa brasileira sobre as alas ideológica e militar do governo, como se a segunda tivesse bom senso. Piada.
As manifestações do ministro da Defesa e do ex-comandante do Exército são puro terraplanismo político-militar. Esses generais são iguais a Bolsonaro e não ficam devendo nada para figuras da sombra como Olavo de Carvalho.
Nas redes sociais, o vice-presidente Hamilton Mourão também mentiu a respeito de 64. Que papelão. Embrulha o estômago ver isso em 2020.
*Jornalista - via Blog do Kennedy
(Edição final deste Blog)

56 anos do golpe de 1964: Ditadura Nunca Mais!

30 março 2020

CORONAVÍRUS - Contra crise, entidades defendem tributação de ricos e preveem arrecadar R$ 272 bi

Mudanças no sistema nacional, com foco na tributação de rendas e patrimônio; estados e municípios receberiam R$ 100 bi


Por Erick Gimenes* Entidades que lutam por justiça fiscal se uniram para apresentar propostas tributárias que possam amenizar a crise econômica brasileira em meio à pandemia do coronavírus
Em uma carta aberta a ser apresentada ao Congresso e ao governo federal, o grupo elencou uma série de medidas para tributar ricos e bancos e, com isso, arrecadar fundos que ajudem na contenção de danos causados pela Covid-19.
Assinam o documento Auditores Fiscais pela Democracia (AFD), Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (ANFIP), Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital (Fenafisco) e Instituto Justiça Fiscal (IJF).
A ideia, em resumo, é fazer mudanças no Fisco para que se tribute mais patrimônio e renda em vez de consumo – atualmente, os dois itens representam 23% da arrecadação total com tributos no Brasil. Na Dinamarca, por exemplo, o percentual é de 67%; nos Estados Unidos, de 60%.
“Nós temos que aproveitar o momento para fazer, em caráter emergencial, uma reforma tributária que tribute os super-ricos. Não estamos inventando a roda. Nós estamos olhando o exemplo da Inglaterra, da Alemanha, dos Estados Unidos, da Dinamarca, da Suécia. Não tem nenhum país bolivariano. São os países capitalistas centrais que adotam uma tributação sobre renda e patrimônio como a espinha dorsal do seu sistema tributário”, explica Eduardo Fagnani, professor do Instituto de Economia da Unicamp e um dos autores da proposta.
Para o professor, aprovar apenas a tributação de grandes fortunas, como defendem vários congressistas, é insuficiente. Hoje, quatro propostas com esse teor tramitam no Senado Federal. “Imposto sobre grandes fortunas é importante, é necessário, mas é insuficiente”, afirma.
“É importante propor o imposto sobre grandes fortunas, neste momento, para escancarar realmente a extrema concentração de riqueza que tem no Brasil e o potencial que essa concentração de riqueza agora nos dá para resolver o problema emergencial da crise. Mas não é uma solução de longo prazo. A solução de longo prazo é tributar de forma mais justa as altas rendas”, concorda o auditor fiscal Dão Real, Diretor de Relações Institucionais do Instituto Justiça Fiscal e membro do coletivo Auditores Fiscais pela Democracia.

É importante propor o imposto sobre grandes fortunas, neste momento, para escancarar realmente a extrema concentração de riqueza que tem no Brasil e o potencial que essa concentração de riqueza agora nos dá para resolver o problema emergencial da crise. 
R$ 270 bilhões ao ano
A estimativa do grupo é que, com a tributação a ricos e bancos, se arrecade R$ 270 bilhões ao ano – dinheiro que iria exclusivamente para o Fundo Nacional de Emergência. A preferência seria de estados e municípios, que receberiam R$ 100 bilhões do montante.
Dão diz acreditar que a crise é o momento ideal para mudanças no sistema tributário brasileiro. “Eu diria que, se a gente não fizer isso agora, em um momento como esse que temos passando, e no momento que vamos passar ali na frente, com a recessão econômica, não vai conseguir fazer nunca mais. Agora é momento de mobilização”, defende.
O auditor fiscal defende que se pressione o Estado a gastar o que for necessário para conter o coronavírus, vislumbrando a arrecadação que será possível com o reforço na tributação a renda e patrimônio.
“Neste momento, temos que pressionar o Estado a gastar tudo o que seja necessário, mesmo que implique aumento do endividamento agora, e criar novas fontes de receita, para que, passada essa crise, logo ali na frente o Estado que a gente vai ter é um Estado diferente, um Estado recuperado, um Estado de bem-estar, com condições de atender todo mundo”.
*Via Brasil de Fato - Edição: Rodrigo Chagas

29 março 2020

Impeachment pode ser pouco para Bolsonaro



Por Bernardo Mello Franco, em O Globo*
Os desvarios de Jair Bolsonaro não cabem mais na esfera da política. Quando o presidente se torna uma ameaça à saúde pública, sabotando o esforço nacional contra a pandemia, seus atos devem ser submetidos aos tribunais.
Nos últimos dias, a Justiça começou a impor freios ao Capitão Corona. O Supremo derrubou duas canetadas odiosas: o corte de 158 mil benefícios do Bolsa Família e a MP que mutilou a Lei de Acesso à Informação.
Para surpresa de ninguém, Bolsonaro tentou usar a crise para garfar miseráveis e reduzir a transparência do governo. As medidas foram invalidadas pelos ministros Marco Aurélio Mello e Alexandre de Moraes. Em tempo: nenhum deles foi indicado por governos do PT.
Depois das derrotas no Supremo, o presidente passou a apanhar na primeira instância. Na sexta, o juiz Márcio Santoro Rocha suspendeu a autorização para igrejas e casas lotéricas retomarem as atividades normais. Horas depois, a juíza Laura Bastos Carvalho mandou tirar do ar a campanha publicitária que incentivava a população a voltar às ruas.
Nos dois casos, o capitão driblou a lei para agradar a clientela. Na MP do Dízimo, ele subverteu o conceito de atividades essenciais para beneficiar mercadores da fé e empresários do ramo de apostas.
Em outra frente, a Secom planejava bombardear os cidadãos com propaganda contra a quarentena. A campanha “O Brasil não pode parar” torraria R$ 4,8 milhões num momento em que falta dinheiro para ampliar a oferta de leitos e equipar os hospitais.
As quatro decisões ainda podem ser revistas, mas apontam um caminho para frear o presidente pela via judicial. Ao torpedear políticas de isolamento que podem salvar milhares de brasileiros, Bolsonaro extrapola os poderes de chefe de Estado. Age como um líder de seita que tenta conduzir o rebanho ao suicídio coletivo.
Quando a epidemia passar, a abertura de um processo de impeachment pode ser pouco para enquadrar o presidente. Se sua cruzada contra a vida prosperar, ele se candidatará a uma denúncia ao Tribunal Penal Internacional, que julga crimes contra a Humanidade.
*Jornalista - via Blog Tijolaço

27 março 2020

Resolução da CUT faz defesa intransigente da vida, exige direitos e respeito ao povo

Resolução da CUT
A defesa intransigente da vida, a exigência de que o Congresso Nacional elabore rapidamente propostas em defesa do povo, a crítica contundente à Medida Provisória (MP) 927, a MP da Morte, são os itens ressaltados na Resolução da Executiva Nacional da CUT, divulgada nesta sexta-feira (27).
A resolução da CUT, que tem uma série de orientações sobre como seus sindicatos, federações e confederações devem enfrentar a emergência sanitária provocada pelo novo coronavírus (Covid-19) e as inevitáveis consequências econômicas e sociais, termina com as propostas da CUT para o enfrentamento à pandemia, entre elas, estabilidade no emprego, mais recursos para saúde, a produção e distribuição de Equipamentos de Proteção Individual – EPIs para todos que atuam em serviços essenciais, inclusive imprensa, revogação da PEC dos gastos e renda mínima para informais e desempregados.
Na resolução, a CUT critica duramente a irresponsabilidade de Jair Bolsonaro que tentou impedir a quarentena nos estados porque, em sua opinião, a volta dos trabalhadores aos seus postos de trabalho, mesmo com o risco de contrair o Covid-19, contribui para melhorar a economia.
A CUT diz que Bolsonaro não lidera as medidas de proteção ao povo, ele sabota medidas de proteção ao povo brasileiro,
“Todas as iniciativas urgentes devem ser orientadas por esse princípio [de defesa da vida]. Não podemos aceitar que os interesses econômicos sejam colocados à frente da proteção à vida dos cidadãos brasileiros”, diz trecho da resolução.
Para a CUT, derrotar o governo Bolsonaro para salvar o Brasil do caos é uma “questão urgente e imediata”. E por isso, afirma em trecho da resolução que “a CUT soma a sua voz a de milhões de brasileiros que em “janelaços” e outras formas de manifestações possíveis nas condições atuais e necessárias de confinamento, clamam por “Fora, Bolsonaro!”.
Confira a íntegra da Resolução:
Resolução da Direção Executiva Nacional da CUT
A Direção Executiva Nacional da Central Única dos Trabalhadores se reuniu no dia 25 de março de 2020, por meio de videoconferência, para deliberar sobre a posição e as medidas para proteção à classe trabalhadora e toda a população brasileira propostas pela Central para o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
Diante da gravidade da situação e da necessidade de manter isolamento para conter a propagação do vírus, a direção da CUT se manterá permanentemente mobilizada, realizando reuniões virtuais periódicas para acompanhar o desenrolar da crise de saúde pública e suas consequências econômicas e sociais. 
Durante todo o período, iremos reforçar e ampliar os canais de comunicação direta com as entidades para que possamos enviar e buscar informações rapidamente. Manteremos nossos veículos de comunicação, especialmente o PortalCUT e as redes sociais, sempre atualizadas, buscando dialogar com a base da CUT e, a partir dela, com toda a sociedade.
A CUT, como protagonista das iniciativas em defesa da classe, assume sua responsabilidade de formular propostas e articulações com os movimentos  populares, as frentes Brasil Popular e Povo sem Medo e o Fórum das Centrais com objetivo de desenvolver ações conjuntas de defesa dos trabalhadores e trabalhadoras e de toda a população mais pobre e também para desenvolver ações efetivas de solidariedade de classe.
A CUT, cumprindo seu papel como central sindical, pressionará para que existam espaços de negociação com governos e entidades patronais para defender as reivindicações e exigências da classe trabalhadora diante da pandemia que agrava a crise econômica. Combateremos todas as medidas que ataquem os salários, os empregos e os direitos trabalhistas e reivindicamos ações efetivas de proteção da saúde e da renda da classe trabalhadora e do povo pobre.
A CUT, independente que é de governos e patrões, não participará de organismos governamentais de gestão da crise, ficando assim sem qualquer tipo de amarra para cobrar em todos os níveis a ação do Estado e medidas de emergência no controle da pandemia e na proteção da população.
Exigimos do Congresso Nacional uma postura firme em defesa do povo brasileiro devolvendo ao Executivo a Medida Provisória (MP) nº 927, que condena a classe trabalhadora a uma sentença de morte. A MP preserva apenas os interesses do capital, atacando nossos direitos, elimina os sindicatos de negociações com as empresas, para individualizá-las, submetendo trabalhadores e trabalhadoras à chantagem patronal. 
Reafirmamos nossa posição em defesa intransigente da vida. Todas as iniciativas urgentes devem ser orientadas por esse princípio. Não podemos aceitar que os interesses econômicos sejam colocados à frente da proteção à vida dos cidadãos brasileiros.
Neste sentido, exigimos responsabilidade do Estado, em todos os níveis, federal, estadual e municipal, na implementação urgente de medidas para resguardar a saúde da população, garantir a estabilidade no emprego, oferta de equipamentos para todos os trabalhadores da saúde que estão à frente do atendimento das pessoas contaminadas e àquelas que fazem parte do grupo de risco. É obrigação do Estado prover os recursos necessários para suprir as necessidades da população.
Os grandes empresários, especuladores e banqueiros, parte do 1% da população que concentra uma renda igual a de mais de 100 milhões de brasileiros, têm de assumir o ônus da crise, cuja dimensão só foi possível, no Brasil e no mundo, pela existência de um sistema econômico que beneficia o lucro privado em detrimento dos sistemas públicos de proteção social que vieram sendo desmantelados nos últimos anos, como no caso da contrarreforma da Previdência e do sucateamento do SUS em nosso país.
Reivindicamos a suspensão imediata de todas as atividades que não forem essenciais e a ampliação das atividades à distância. É essencial garantir a estabilidade e a renda dos trabalhadores que estão em isolamento e todas as condições e recursos sanitários para aqueles que não podem suspender suas atividades e continuam expostos ao risco de contaminação.
Num momento em que o governo federal se tornou um fator de agravamento da crise sanitária, ao contrário de liderar a nação no combate à pandemia, o presidente da República, atua abertamente para sabotar medidas de proteção ao povo brasileiro, torna-se uma questão urgente e imediata lutar pelo fim do governo Bolsonaro para salvar o Brasil do caos.  Neste sentido, a CUT soma a sua voz a de milhões de brasileiros que em “janelaços” e outras formas de manifestações possíveis nas condições atuais e necessárias de confinamento, clamam por “Fora, Bolsonaro!”.
Não é mais possível manter um governo sem responsabilidade e compromisso com o enfrentamento da pandemia e com a defesa do povo brasileiro. Não é mais possível manter um governo que submete a vida aos lucros empresariais, chegando ao cúmulo de convocar os brasileiros e brasileiras a sair do isolamento, na contramão das medidas pedidas pela OMS e aplicadas na maioria dos países em todos os continentes.
A CUT está consciente que a luta da classe trabalhadora, nas condições excepcionais que vivemos, se dará fundamentalmente nos locais de trabalho e moradia. Tal como na Itália e na Espanha, onde os trabalhadores, apoiados em seus sindicatos ou de forma espontânea, impuseram com mobilizações e greves o fechamento de empresas que produzem bens não essenciais para defender-se do contágio.
A executiva da CUT aponta como exemplar a ação de sindicatos, federações e confederações que exigiram e negociaram a interrupção da produção, das aulas e dos serviços não essenciais neste momento emergencial para preservar a vida dos trabalhadores e trabalhadoras, bem como as pressões e negociações que estabeleceram e conquistaram condições trabalho adequadas neste período de pandemia.
A atenção dos sindicatos e ramos da CUT deve também concentrar-se, num momento que impede aglomerações e ações de massa, que acompanhem o que ocorre nos locais de trabalho que seguem funcionando, dando suporte aos trabalhadores e trabalhadoras que estão expostos ao contágio diante da ganância de lucro dos empresários e da irresponsabilidade de gestores públicos.
A situação dos trabalhadores e trabalhadoras do campo também deve ser objeto de preocupação e atenção das nossas instâncias. A agricultura familiar que é responsável por 70% do que vai para a mesa da população também deve ser protegida dos efeitos da crise através de medidas que garantam não apenas a sua sobrevivência mas também a produção para que o restante do país possa se alimentar, antes e depois dessa pandemia global. A CUT vai apoiar as propostas, iniciativas e ações das entidades do campo que já apresentaram um conjunto de propostas para o governo federal.
Dentre as medidas emergenciais que a CUT propõe, estão:
- Revogação do teto de gastos (EC 95), suspensão da Lei de Responsabilidade Fiscal e do pagamento da dívida pública a fim de garantir os investimentos públicos necessários para fortalecer os serviços públicos, especialmente a saúde e a proteção social;
- Ampliar os recursos para a saúde, atendendo todas as necessidades para o funcionamento do Sistema Único de Saúde – SUS com plena capacidade operacional e com garantia de segurança aos seus trabalhadores;
- Garantir a produção e distribuição de Equipamentos de Proteção Individual – EPIs para todos os trabalhadores da saúde, da imprensa e de todas as atividades que não possam ser suspensas (alimentação, transportes etc), consideradas ou não essenciais;
- Garantir a estabilidade no emprego, salários integrais e direitos dos trabalhadores formais, inclusive daqueles afastados por quarentena ou contágio, bem como garantir a renda dos que estão na informalidade, enquanto durar a crise;
- Garantir uma renda mínima emergencial de um Salário Mínimo para todos os trabalhadores desempregados, informais, por conta própria e de aplicativos;
- Suspender o pagamento de contas e dos cortes de serviços públicos (água e esgoto, energia, telefone e internet) e a obrigação de pagamento de outras despesas como aluguéis, planos de saúde, transporte público, empréstimos e financiamentos, etc., pelo período que durar a crise;
- Apoio a agricultura familiar através da criação de crédito emergencial, prorrogação dos vencimentos dos financiamentos, liberação de recursos para construção de cisternas, reativar as compras da agricultura familiar pelo MAPA, suspensão da inscrição dos débitos na Dívida Ativa da União, dentre outras propostas;
- Assegurar equipes de Atenção Básica de Saúde nos assentamentos da agrária e demais comunidades rurais, inclusive de povos e comunidades tradicionais, para orientar e prevenir a contaminação por covid19 e garantir o atendimento das ocorrências nas Unidades Básicas de Saúde para a população de todos municípios com até 50.000 habitantes;
- Criar um Fundo de Emergência com dinheiro do Estado, do setor privado e da taxação dos super ricos para prover as medidas acima apresentadas. Não é possível que o custo para garantir a sobrevivência da população saia do bolso da classe trabalhadora, sejam os salários, sejam os recursos do FAT e do FGTS. A classe trabalhadora já foi esfolada nos últimos anos e agora não vai pagar pela crise amplificada por um sistema econômico injusto e excludente.
Companheiras e companheiros
A direção da CUT também discutiu e aprovou que, nesse momento é fundamental organizarmos ações efetivas de solidariedade junto aos trabalhadores e trabalhadoras e nas comunidades mais pobres do nosso país. A solidariedade é um valor e uma tradição que remonta aos primórdios da organização da classe e nós devemos exercitá-la com todas nossas energias para reforçar e reafirmar esse sentimento em nossas bases.  
Devemos articular com os movimentos sociais ações criativas como: arrecadação e doação de produtos de higiene, alimentos, recursos financeiros e que possam amenizar o sofrimento da população mais vulnerável e carente. O resgate desses valores humanistas, que o neoliberalismo destruiu na sociedade atual, será importante para a retomada das nossas lutas após passada essa tormenta.
Vivemos uma virada histórica de consequências imprevisíveis para o futuro da humanidade. A crise é mundial e assume contornos ainda mais perversos no Brasil, onde se combina com uma crise política e institucional provocada pela existência do governo Bolsonaro.
Nem a CUT, nem ninguém, tem a receita mágica para superar essa situação, mas uma coisa é certa: é vital a defesa da existência física da classe trabalhadora para que, uma vez passada a tormenta, possamos reconstruir tudo, na via de superação do atual sistema capitalista predador e promotor das desigualdades sociais.
Só a classe que produz todas as riquezas e é explorada pelos parasitas capitalistas – a classe trabalhadora – tem a capacidade de salvar a humanidade do caos e da barbárie. A CUT tem confiança na classe trabalhadora e fará tudo para organizar a resistência neste momento crítico com o empenho de todas e todas sindicalistas CUTistas na aplicação das orientações desta Resolução. 
Executiva Nacional da CUT 
*Fonte: CUT Brasil - via http://cutrs.org.br/

PT vai ao STF contra prorrogação das medidas provisórias de Bolsonaro

No pedido, o PT apresentou argumentos contrários ao pedido de prorrogação, tendo em vista que o Congresso Nacional está aberto


O Partido dos Trabalhadores em petição assinada pelo líder da Bancada na Câmara, deputado  Enio Verri (PR), ingressou na noite de ontem (26) no Supremo Tribunal Federal (STF) com pedido para atuar como Amicus Curiae (amigo da Corte) em duas ações que tramitam no STF – uma do presidente da República (ADPF 663) e outra, do Partido Progressista (ADPF 661) – que pedem a prorrogação da vigência das medidas provisórias de Bolsonaro que estão prestes a caducar.
No pedido, o PT apresentou argumentos contrários ao pedido de prorrogação, tendo em vista que o Congresso Nacional está aberto e, enquanto perdurar a normalidade democrática, devem ser respeitadas suas prerrogativas e funções.
A edição de medidas provisórias, enfatiza o líder do PT na petição, é poder excepcional a ser exercido pelo chefe do Poder Executivo, de modo que a suspensão do seu prazo decadencial representaria a usurpação das prerrogativas do Poder Legislativo, ou seja, “medida antidemocrática que viola diretamente a tripartição dos poderes”.
Explica, ainda, que o sistema de votação à distância (SDR) – que já está sendo executado – serve, na verdade, para manutenção das atividades da Câmara e do Senado, nas quais se inclui a apreciação das referidas medidas provisórias.
“As sessões realizadas por meio do SDR servem à apreciação de matéria urgente, bem como que as Medidas Provisórias não apreciadas em quarenta e cinco dias, que passam a tramitar em regime de urgência. Não restará prejudicada no tempo, sendo, mais uma vez, injustificável a medida pleiteada”, reforça.
Em verdade, alerta o PT na ação, “a pretensão autoral no bojo da presente ação representa uma pretensão de instalação de regime não democrático, com a suspensão do rito constitucional adequado para fins de concentração dos poderes no Poder Executivo Federal, fulminando a relação harmônica e independentes entre os Poderes da República”.
“Enquanto o Congresso Nacional estiver funcionando e aberto – o que apenas não foi possibilitado em momentos de regimes ditatoriais –, a integralidade de suas prerrogativas deve ser mantida e, portanto, a necessidade de apreciação das medidas provisórias editadas pelo governo federal para a manutenção de sua vigência, respeitada. Neste sentido, a liminar pleiteada pelo Partido autor deve ser desprovida e o mérito da presente ação julgado improcedente”, defende.

Suspensão do prazo


O presidente da República (ADPF 663) e o Partido Progressista (ADPF 661) solicitaram a suspensão do prazo decadencial de 60 dias das medidas provisórias editadas pelo presidente da República. Para tanto, justificaram que o atual formato de funcionamento do Congresso Nacional, cujas Casas Legislativas passaram a adotar o sistema de deliberação remota (SDR), representaria uma impossibilidade para a apreciação das medidas provisórias dentro do prazo adequado.

Decisão


Nesta sexta-feira (27), o ministro Alexandre de Moraes, relator do pedido de liminar nas ações ADPF 663 e ADPF 661 não suspendeu o prazo de validade das medidas provisórias, mas definiu que durante a emergência em saúde pública de importância nacional e o estado de calamidade pública decorrente da Covid-19 não haverá mais a necessidade de tramitação por comissões mistas de analise de mérito. As MPs serão encaminhadas diretamente para os respectivos plenários, necessitando apenas de parecer de um parlamentar de cada uma das duas casas legislativas.
Leia a integra das ações do PT:

VÍDEO: carreata bolsonarista em Porto Alegre é recebida aos gritos de “safados”, “playboys de merda” e “assassinos”

Publicado por
 Pedro Zambarda de Araujo - via DCM
Carreata bolsonarista em Porto Alegre é recebida aos gritos de “safados”, “playboys de merda” e “assassinos”. Foto: Reprodução/Twitter
Reagiram.

26 março 2020

Renúncia de Bolsonaro está sendo preparada e passa pela anistia aos filhos, diz jornalista do Valor

A jornalista Maria Cristina Fernandes, colunista do Valor Econômico, publica nesta quinta-feira artigo sobre a busca de uma saída política para assegurar a renúncia de Jair Bolsonaro da Presidência da República


247* - "A tese do afastamento do presidente viralizou nas instituições. O combate à pandemia já havia unido o país, do plenário virtual do Congresso Nacional ao toque de recolher das favelas. Com o pronunciamento em rede nacional, o presidente conseguiu convencer os recalcitrantes de que hoje é um empecilho para a batalha pela saúde da nação", escreve a jornalista Maria Cristina Fernandes.
A saída de Bolsonaro pela renúncia em vez do impeachment é o tema do momento, segundo Fernandes: "Ainda que Bolsonaro hoje não tenha nem 10% dos votos em plenário, um processo de impeachment ainda é de difícil viabilidade. Motivos não faltariam. Os parlamentares dizem que Bolsonaro, assim como a ex-presidente Dilma Rousseff, já não governa. Se uma caiu sob alegação de que teria infringido a Lei de Responsabilidade Fiscal, o outro teria infrações em série contra uma 'lei de responsabilidade social'. Permanece sem solução, porém, o déficit de legitimidade e um impeachment em plenário virtual.Vem daí a solução que ganha corpo, até nos meios militares, de uma saída do presidente por renúncia. O problema é convencê-lo. A troco de que entregaria um mandato conquistado nas urnas? O bem mais valioso que o presidente tem hoje é a liberdade dos filhos. Esta é a moeda em jogo. Renúncia em troca de anistia à toda tabuada: 01, 02 e 03. Foi assim que Boris Yeltsin, na Rússia, foi convencido a sair, alegam os defensores da solução".
"Ao desafiar a unanimidade nacional, no uniforme de vítima de poderes que não lhe deixam agir para salvar a economia, Bolsonaro já sabia que não teria o endosso das Forças Armadas para uma aventura que extrapole a Constituição. Era o que precisaria fazer para flexibilizar as regras de confinamento adotadas nos Estados. Duas horas antes do pronunciamento presidencial, o Exército colocou em suas redes sociais o vídeo do comandante Edson Leal Pujol mostrando que a farda hoje está a serviço da mobilização nacional contra o coronavírus", afirma  a jornalista.

25 março 2020

Altman: saída é derrubar Bolsonaro e Mourão e convocar eleições!

É a única solução democrática para a crise!

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(Crédito: Marcos Corrêa/PR)
Do jornalista Breno Altman - Nossa consigna de agitação deve ser “Fora Bolsonaro”, como no passado foi “Abaixo a Ditadura”.
Mas às forças populares não interessa o impeachment. Além de demorar meses, representa colocar o centro de decisão nas mãos das forças oligárquicas que controlam o parlamento e o STF, permitindo a troca de Bolsonaro por Mourão e continuando em vigência o mesmo projeto antipopular. Só ajudaria na reorganização da direita.
A esquerda deveria defender a única saída democrática para a crise: derrubar o governo Bolsonaro-Mourão e convocar novas eleições presidenciais, com a anulação das fraudes judiciais que impedem Lula de concorrer.
Isso somente será possível com uma rebelião popular. Do tipo que, em 2001, na Argentina, fez o então presidente Fernando de la Rua fugir de helicóptero da Casa Rosada.
Massas na rua, insubmissas e insurgentes, exigindo que o poder seja depositado nas mãos da soberania popular: essa é a alternativa que muda o jogo, o resto é mais do mesmo.
Ainda não estamos em uma situação desse tipo, mas a crise sanitária, econômica e social provocada pela expansão do coronavírus, da forma como é tratada pelo governo Bolsonaro, poderá nos aproximar rapidamente desse cenário.
Claro que essa evolução não será possível ou aconselhável enquanto a pandemia estiver em seu auge, mas pode ser esse o caminho na etapa seguinte.
A esquerda estará pronta para trocar seus pendores eleitoralistas pelo engajamento em um movimento de ruptura que dê vida a um caminho efetivamente democrático e popular, com a antecipação das eleições presidenciais?