30 setembro 2020

Desemprego é recorde e atinge 13,1 milhões de brasileiros

 



População desalentada também bateu recorde, 5,8 milhões; é a mais alta taxa de desocupação da série histórica desde 2012

A taxa de desemprego de maio a julho de 2020, 13,8%, foi a mais alta da série histórica desde 2012. Os dados são da PNAD Contínua e foram divulgados nesta quarta-feira 30 pelo (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) IBGE.

O índice aumentou 1,2 ponto percentual quando comparado ao trimestre de fevereiro a abril (12,6%) e 2,0 pontos percentuais frente ao trimestre maio a julho de 2019 (11,8%).

A população desocupada (13,1 milhões de pessoas) ficou estável frente ao trimestre móvel anterior (12,8 milhões) e subiu 4,5% (561 mil pessoas a mais) em relação ao mesmo período de 2019 (12,6 milhões).

O País também apresentou o menor contingente de população ocupada da série, 82 milhões. A taxa caiu 8,1% (menos 7,2 milhões pessoas) em relação ao trimestre anterior e 12,3% (menos 11,6 milhões) frente ao mesmo trimestre de 2019. O nível de ocupação (47,1%) também foi o mais baixo da série, caindo 4,5% frente ao trimestre anterior e de 7,6 %. contra o mesmo trimestre de 2019.

A taxa de subutilização da força de trabalho, que engloba os os desocupados, e os subocupados por insuficiência de horas, também foi recorde na série, 30,1%.

A população na força de trabalho (95,2 milhões de pessoas) também foi a menor da série histórica. A taxa caiu 6,8% (menos 6,9 milhões) frente ao trimestre anterior e 10,4% (menos 11,0 milhões de pessoas) em relação ao mesmo trimestre de 2019.

A população fora da força de trabalho (79,0 milhões de pessoas) foi recorde da série, com altas de 11,3% (mais 8,0 milhões de pessoas) em relação ao trimestre anterior e de 21,8% (mais 14,1 milhões de pessoas) frente ao mesmo trimestre de 2019.

A população desalentada também bateu recorde, 5,8 milhões. O percentual de desalentados em relação à população na força de trabalho ou desalentada (5,7%) também foi recorde, crescendo 1% frente ao trimestre anterior e de 1,4% contra o mesmo trimestre de 2019.

O número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (exclusive trabalhadores domésticos), estimado em 29,4 milhões, foi o menor da série, caindo 8,8% (menos 2,8 milhões de pessoas) frente ao trimestre anterior e de 11,3% (menos 3,8 milhões de pessoas) ante o mesmo trimestre de 2019.

*Fonte: Revista Carta Capital 

29 setembro 2020

A OUTRA HISTÓRIA DA TV BRASILEIRA

 

Roberto Marinho com generais Costa e Silva e João Figueiredo, presidentes da ditadura militar no Brasil, Roquette-Pinto, Assis Chateaubriand e a fachada do TV Excelsior-canal 9, à rua Nestor Pestana, em São Paulo

Por Ângela Carrato*, especial para o Viomundo

Uma história pode ser contada de diversas maneiras.

Até o momento, os 70 anos da televisão no Brasil, completados neste mês de setembro, têm sido relembrados pelas emissoras exclusivamente pela ótica dos interesses de seus proprietários e anunciantes.

Ao longo de décadas, esses senhores foram criando uma história cor de rosa, em que pioneirismo e improvisação dão o tom inicial e criatividade e competência complementam a saga.

A TV brasileira, essa “jovem senhora” estaria assim mais do que nunca preparada para enfrentar, se adaptar e seguir em frente, apesar dos desafios colocados pela era digital.

Nada mais distante da realidade.

Tão ou mais importante quanto o desafio tecnológico é a mudança de hábito das pessoas para se informar e ter lazer e a crescente perda de credibilidade dessas emissoras.

A guerra travada entre a Globo e a Record, em que uma acusa a outra de corrupção, é o maior exemplo disso.

A TV brasileira tem também uma longa história de defesa dos interesses das elites nacionais e internacionais, de combate aos avanços sociais e de compactuar com governos ditatoriais e autoritários.

Isso sem falar na criação de “factóides”, os precursores nativos das fake news.

Ao surgir pelas mãos do empresário e “entreguista” de primeira hora, Assis Chateaubriand, a TV Tupi se tornou a primeira, mas não a única, adversária da criação de emissoras não comerciais no Brasil.

Se você não sabe o que é uma TV não comercial (conhecida como TV Pública), a responsabilidade também é do tipo de emissora que tomou conta do Brasil.

A influência da TV comercial foi e continua sendo tão avassaladora que seus proprietários, de Chateaubriand à família Marinho, nunca tiveram dúvidas sobre quem manda no país. (...)

*CLIQUE AQUI para ler na íntegra.

26 setembro 2020

Coluna Crítica & Autocrítica - nº 198 (por Júlio Garcia)



Por Júlio Garcia* - Sobre as últimas inverdades e delírios proferidos por Bolsonaro (sem partido) na Assembleia Geral da ONU: “Os grandes jornais fazem uma ginástica vernacular para dizer que Jair Bolsonaro, em seu discurso na ONU, “distorceu”, “fantasiou” e “delirou”, para ficar no que escreveram Estadão, Folha e O Globo. Foge-se do verbo óbvio: mentiu”, escreveu o jornalista Fernando Brito em seu Blog. Tenho absoluta concordância.

*A manchete da postagem do conceituado jornalista [no ‘Tijolaço’] já diz tudo: “Por que fugir da palavra ‘mentiu’ para o que fez Bolsonaro?” Ele, literalmente, ‘vai na mosca’: “Ana Carolina Amaral, na Folha [de S.Paulo], em texto sóbrio feito sobre os dados do Inpe e do Cadastro Rural mostra como é mentira o que disse o presidente, diante de toda a comunidade internacional, ao dizer que “uma parte considerável das pessoas que desmatam e tocam fogo é indígena, caboclo”. Assentamentos rurais e terras indígenas tiveram, respectivamente, 11% e 12% dos focos de calor registrados pelos satélites no primeiro semestre de 2020 e nem isso quer dizer que eles foram responsáveis por eles, porque em ambos, além de ocorrências acidentais, é possível que desmatamentos feitos por invasores podem ter gerado queimadas.

Em comparação, 50% dos incêndios ocorreram em grandes e médias propriedades rurais na Amazônia Legal, que inclui mais áreas já ocupadas pelo agronegócio. Considerada apenas as quatro áreas mais atingidas da Floresta Amazônica, este índice sobe para 72%, quase três quartos do total. No Pantanal, nove grandes fazendas foram responsáveis pela carbonização de 1.417,73 km², uma área maior que a de todo o município do Rio de Janeiro. Não é, em hipótese alguma, a prática tradicional da coivara, técnica ancestral da agricultura de subsistência, que tem séculos e jamais provocou desastres semelhantes. Mas “indígenas e caboclo” servem de cortina de fumaça para algo que devora a terra com mais força que as labaredas: o dinheiro”.

***

*Pré-Candidato a Vereador em Santiago/RS – Conforme já tinha registrado nesta Coluna, atendendo apelos de vários companheiros e companheiras, dirigentes, amigos(as), militantes do PT e dos movimentos sociais para que eu reconsiderasse a decisão de não concorrer à vereança neste pleito, decidi atender ao ‘apelo’ dos(as) amigos(as) e companheiros(as) e colocar meu nome na relação dos pré-candidatos à vereança pelo Partido dos Trabalhadores. Buscarei, desta forma, contribuir (mais uma vez!) com o ‘bom debate’, através de intervenções, propostas e projetos viáveis mas, sobretudo, na fiscalização dos atos do Executivo e, por conseguinte, com o fortalecimento da legenda estrelada e da luta organizada do nosso povo. Então, como no próximo domingo (27) inicia oficialmente a ‘campanha’, farei um ‘intervalo’ como ‘colaborador’ [que sou] deste conceituado jornal, devendo retornar com esta ‘Coluna’ assim que forem encerradas as Eleições Municipais deste ano.

*Para concluir: “Sou um combatente provisório/ de uma causa quase eterna no homem/ acredito ter como bandeira/ senão o sonho perfeito/ a melhor utopia possível”. (Trecho do Poema ‘Inventário de Cicatrizes’, do valoroso companheiro Alex Polari de Alverga,poeta, combatente e preso político durante os ‘anos de chumbo’ da [nada saudosa] ditadura militar). –Até breve! #Alutasegue!

***

**Júlio César Schmitt Garcia é Advogado, Pós-Graduado em Direito do Estado, Consultor, dirigente político (PT) e Midioativista. Foi um dos fundadores do PT e da CUT. - Publicado originalmente no Jornal A Folha (do qual é Colunista) em 25/09/2020.

*Via Blog O Boqueirão Online

Detonautas - Micheque (Lyric Video)

23 setembro 2020

Na ONU, Bolsonaro foi Bolsonaro

 


Por Jeferson Miola*

No discurso na Assembléia Geral da ONU, Bolsonaro não surpreendeu; Bolsonaro foi genuinamente Bolsonaro.

Ele foi autêntico e transparente, não disse nada diferente daquilo que estamos acostumados a ouvir e a acompanhar todo dia. E não transpareceu ser alguém menos torpe, tosco e vomitável que de fato é.

A diferença, talvez, é que no discurso preparado para a ONU Bolsonaro concatenou entre si as peças da lógica destrutiva, mentirosa e perversa representada por ele. E, talvez por isso, visto no seu conjunto, o discurso pareceu mais infame, delirante e distópico que todo caos cotidiano que ele vem produzindo abertamente desde a eleição de 2018.

Bolsonaro é um mentiroso contumaz. Isso tampouco é novidade; é algo sabido desde sempre. Não é crível, por isso, alguém se surpreender ao vê-lo mentir, aos olhos do mundo inteiro, que concedeu auxílio emergencial de mil dólares a 65 milhões de pessoas; ou, então, alucinar que a floresta não é devastada pelos latifundiários cupinchas do seu governo, mas pelo “caboclo e o índio [que] queimam seus roçados em busca de sua sobrevivência, em áreas já desmatadas”.

Não faltou desfaçatez no discurso. Bolsonaro chegou a dizer que no Pantanal “os focos criminosos são combatidos com rigor e determinação”, e que mantém “política de tolerância zero com o crime ambiental” [sic].

Não foi menos que patética a menção de que seu governo está “ampliando e aperfeiçoando o emprego de tecnologias e aprimorando as operações […], inclusive, com a participação das Forças Armadas”, em alusão à fracassada coordenação do general e vice-presidente Mourão numa Amazônia que arde em chamas e vê seus povos originários dizimados.

Um delirante como Bolsonaro, que morre jurando que a terra é plana, não hesitou em mentir que seu governo, que extermina povos indígenas, atendeu “mais de 200 mil famílias indígenas com produtos alimentícios e prevenção à covid”; e, também, que seu governo, negacionista e anti-ciência, “estimulou, ouvindo profissionais de saúde, o tratamento precoce da doença”.

Mentir assim, descaradamente, sem remorso e sem vergonha, não é para amador; é coisa de sociopata!

Bolsonaro também afirmou a opção pelo arcaísmo e medievalismo no papel do Brasil como produtor rural do mundo, alheio à industrialização e ao desenvolvimento tecnológico de ponta.

O ignorante se jactou de que “o Brasil contribuiu para que o mundo continuasse alimentado” durante a pandemia. “Nossos caminhoneiros, marítimos, portuários e aeroviários mantiveram ativo todo o fluxo logístico para distribuição interna e exportação”, ele discursou.

Do ponto de vista geopolítico, Bolsonaro deixou claro que é um vassalo de Donald Trump e da sua política criminosa no Oriente Médio. Aliás, Trump foi o único presidente citado por Bolsonaro no discurso – nem é preciso grande aprofundamento na obra do Freud para entender o caso.

Num gesto de fidelidade canina e de subserviência a Trump, Bolsonaro fustigou a Venezuela, acusando-a de causar um “criminoso derramamento de óleo” na costa brasileira em 2019.

Bolsonaro também renovou o papel do governo militar como servo do capital internacional. No discurso, ele tranquilizou que está fazendo as reformas para aumentar a transferência de grande parte do orçamento nacional ao sistema financeiro, e garantiu que em breve entregará os setores de saneamento, petróleo e gás natural aos urubus nacionais e estrangeiros.

Bolsonaro ainda fez um curioso “apelo a toda a comunidade internacional pela liberdade religiosa e pelo combate à cristofobia”. Isso mesmo: um apelo pelo combate à cristofobia!

As 2 últimas frases dele antes do agradecimento final do discurso, foram: “O Brasil é um país cristão e conservador e tem na família sua base. Deus abençoe a todos!”.

Como se vê, Bolsonaro não surpreendeu com seu discurso na Assembléia Geral da ONU. Ele foi o mesmo ser abjeto, nojento e vomitável que já se conhece.

Na ONU, portanto, Bolsonaro foi Bolsonaro.

A partir da abordagem conservadora e reacionária de questões complexas e sensíveis – como política, família e religião, por exemplo – Bolsonaro cumpriu uma função-chave no processo de articulação da extrema-direita internacional e desta retórica fascista.

Além de fortalecer a “internacional do ódio”, Bolsonaro discursou para fidelizar seu público doméstico – um esgoto adubado por valores retrógrados, autoritários e fascistas.

Esta é a nossa tragédia. E, também, a tragédia mundial. Na ONU, Bolsonaro confirmou ao mundo o monstro que é.

*Via Blog do Autor: https://jefersonmiola.wordpress.com/

21 setembro 2020

PT lança Plano Nacional com participação de partidos e movimentos progressistas

Partido apresentou, nesta segunda-feira (21), propostas para superar a crise econômica e construir um novo país

Marcelo Freixo [ao lado de Lula] e integrantes de vários partidos de esquerda endossaram a importância do Plano - Instituto Lula

O Partido dos Trabalhadores (PT) lançou, nesta segunda-feira (21), o Plano Nacional de Reconstrução e Transformação do Brasil, em parceria com a Fundação Perseu Abramo (FPA) e a participação de alguns dos principais atores do campo progressista, sejam movimentos e centrais de trabalhadores como  CUT, MST, UGT, Força Sindical ou representantes de partidos como Psol, PDT, PSB e PCdoB.

Nas palavras do ex-presidente Lula, “este não é um plano de um partido, é um plano de nação, para as pessoas que não aguentam mais viver do jeito que estão vivendo”.

A ex-presidenta Dilma Rousseff, também presente na live desta segunda, disse que a iniciativa “abre um processo de unidade qualificada”.  

Para o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) o Plano é "importante e robusto como tem de ser". Ele reconheceu ser "importante o papel que o PT assume nesse momento de chamar a sociedade para falar: temos que ter um projeto de país, temos que ter um projeto de desenvolvimento, temos que reunir todos nós, porque o que a gente tem em comum é muito maior do que o que a gente tem de qualquer ponto de diferença". 

"Não é um debate programático que possa nos afastar, mas a ausência de um debate programático pode nos afastar. Então, esse passo dado pelo PT e pela Fundação tem uma importância muito grande que talvez não caiba só nessas páginas, mas nas intenções, ações e simbolismo".

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) elogiou várias propostas do Plano e o fato de o documento ser um "chamado à ação", um instrumento de debate nas eleições municipais, com alcance para além "dos convertidos". O ex-senador Roberto Requião (MDB-PR) disse concordar com a análise do cenário global feita pelo Plano e cobrou ousadia para a reversão das privatizações de empresas públicas. 

João Paulo Rodrigues, secretário-geral do MST, afirmou que o Plano pode servir de norte na luta por uma sociedade mais justa, representada pelo socialismo. "O socialismo que defendemos é ter a melhoria das condições de vida da população, é acabar com o latifúndio no campo e na cidade, e acabar com a exploração.”

Já o presidente da CUT, Sérgio Nobre, contribuiu para o diagnóstico atual afirmando que  o ministro da Economia, Paulo Guedes "tem cinco ministérios, e não toca nenhum”, se referindo às pastas extintas pelo governo Bolsonaro, Trabalho, Previdência, Planejamento e Indústria e Comércio. 

O que é o Plano?

O documento, em linhas gerais, propõe saídas para a crise econômica, intensificada pela pandemia de covid-19, sinalizando propostas para retomada do desenvolvimento social. Segundo Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT, dentro do Plano figuram “a recuperação de direitos dos trabalhadores e a retomada da soberania nacional e da nossa democracia apontam os primeiros passos de um caminho para reconstruir e transformar o Brasil”.

Dividido em três partes, o Plano começa apresentando um diagnóstico da conjuntura brasileira para além da pandemia do novo coronavírus. O partido defende a "transformação estrutural" do Brasil, com base nos seguintes pilares: soberania nacional, radicalização da democracia, refundação do Estado de Direito, transição ecológica e novos ditames para a política externa. 

“O novo modelo passa pela luta por um meio ambiente equilibrado, a instituição de novas formas de produzir e consumir e a busca do desenvolvimento sustentável. A pandemia alertou o mundo para a correlação entre desequilíbrios ecológicos e pandemias, reforçando a essencialidade da questão ecológica”, defende o partido no documento. 

Para isso, o partido defende romper com o modo de produção que privilegia o agronegócio exportador de commodities, como soja e carne, e investir na industrialização e no mercado interno. Hoje, o Brasil é visto como celeiro exportador de alimento para o mundo, em detrimento da segurança alimentar e nutricional da população e da biodiversidade.

“Tudo depende da soberania. A soberania nada mais é que a liberdade de que o país precisa para tomar suas próprias decisões tendo por base seus autênticos interesses nacionais”, explica o texto.

Para Aloízio Mercadante, presidente da Fundação Perseu Abramo, o Brasil tem “uma supersafra de alimento de 247 milhões de toneladas de grãos, maior a história; a renda do setor do agronegócio está estimada em R$ 500 trilhões. Ainda nós temos carestia, inflação e falta de comida para o povo”.

Para ele, “não tem governo. O Brasil é o segundo maior produtor exportador de alimentos do mundo. A previsão é que em 2024 nós vamos ser o primeiro do mundo. Como é que um país como esse não tem comida para alimentar o seu povo?”.

Na mesma linha, o ex-ministro Fernando Haddad afirmou que os trabalhadores brasileiros estão perdendo direitos desde o golpe de 2016. “De lá para cá, tivemos desemprego, crise sanitária, epidemia, crise de segurança, de infraestrutura e na educação. E não temos um documento para discutir o que queremos e esperamos do Brasil”, disse.

Coronavírus e Teto de Gastos

O PT propõe a construção de uma Política Nacional contra a covid-19 e o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), por meio de medidas como testagem em massa, estabelecimento da fila única e produção e distribuição de fármacos e vacina para prevenção da Covid-19. A sigla também defende o aumento real do salário mínimo, bem como a extensão do auxílio emergencial como uma renda mínima universal. 

Neste ponto, a sigla também propõe a revogação de emendas e reformas: a Emenda Constitucional 95, que estabeleceu o Teto de Gastos, e as reformas trabalhista e previdenciária. O documento também ressalta a necessidade de desmatamento zero na Amazônia, como “condição fundamental e necessária para o processo de transição ecológica, ainda mais considerando que cerca de 90% do desmatamento da região é ilegal”.

Somente em abril deste ano, desmatamento da floresta amazônica aumentou 171% em relação ao mesmo período de 2019, de acordo com dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), que não é ligado ao governo. O desmatamento, o maior em dez anos no País, representa 529 km² de floresta derrubada, o que equivale aproximadamente ao território do município de Porto Alegre. 

A parte três do Plano trata de mudanças para o futuro do Brasil, visando à intensificação da presença do Estado nas esferas da sociedade, como saúde, educação, alimentação e agropecuária. 

Na área da educação, estão a recuperação dos planos Nacional, Estaduais e Municipais de Educação, incremento à manutenção dos programas complementares de alimentação, residência, transporte e saúde e a ampliação de vigência de bolsas de extensão e pesquisa das instituições de ensino superior, profissional e tecnológica, e a revisão das condicionalidades das bolsas e financiamentos concedidos a estudantes de instituições privadas.

Também propõem a Reforma Tributária Justa, Solidária e Sustentável, que prevê, principalmente, a taxação de grandes fortunas e dos rendimentos financeiros, de lucros e dividendos, a fim de “aliviar a carga tributária sobre os mais pobres e as pequenas empresas”. 

De acordo com Hoffmann, “não cabe, para enfrentar a crise nacional, as velhas saídas negociadas por cima. Entre os sócios da iniquidade, como ocorreu em tantos momentos históricos, sempre relegando ao povo o papel de expectador. Ou o povo estará no centro da reconstrução e da transformação do Brasil ou vamos continuar reproduzindo os mecanismos da desigualdade secular em nosso País”.

Brasil de Fato seguirá acompanhando o tema e atualizando este texto ao longo do dia.

Edição: Daniel Giovanaz

*Via https://www.brasildefato.com.br/

18 setembro 2020

Bolsonaro vai acabar com o auxílio emergencial e não vai colocar nada no lugar

“O que vai acontecer com os 65 milhões de brasileiros que estão vivendo a maior crise da história do emprego no Brasil e que vão ficar com renda zero?”, pergunta a ex-ministra Tereza Campello em artigo. Bolsonaro se furta a responder, diz ela



Por Tereza Campello*

Bolsonaro fala sobre continuidade do Bolsa Família, mas se cala sobre o real problema do momento: o corte de 50% do valor do auxílio emergencial e seu fim dentro de 3 meses. A questão que ele se furta a responder é o que vai acontecer com os 65 milhões de brasileiros que estão vivendo a maior crise da história do emprego no Brasil e que vão ficar com renda zero?

O Bolsa Família é o maior, melhor e mais bem sucedido programa de transferência de renda do mundo. Acabar com ele seria, de fato, uma irresponsabilidade. O Bolsa Família não só deve ser defendido e mantido, como necessita ser ampliado, estabelecendo como valor médio do benefício R$ 600, com repasse mínimo por criança seja de R$ 300.

O Bolsa Família é um programa estrutural de combate à pobreza, não é uma ação emergencial de enfrentamento às consequências econômicas da gigantesca crise sanitária gerada pela COVID-19, este papel é do Auxílio Emergencial.

O que está por trás da fala de Bolsonaro é a declaração de que NÃO VAI FAZER NADA PARA SALVAR A POPULAÇÃO POBRE e nem a economia, ou seja, curvou-se à banca, vai submeter-se ao teto de gastos e ao austericídio fiscal.

A verdade é uma só, Bolsonaro vai acabar com o Auxílio Emergencial (R$600/R$300) e não vai colocar nada no lugar.

*Economista, ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome nos governos Lula e Dilma - Via Brasil247

15 setembro 2020

Cristina Serra: a volta de Lula faz bem à democracia

 


Do 'Tijolaço'* - Neste Brasil de tristezas, mortes, chamas, ódios e de um deserto de ideias nos jornais – já escrevo sobre a maldade que a folha estampa em sua manchete – ler o texto de Cristina Serra na edição do jornal paulista traz um pouco de volta os versos de Thiago de Mello em seu Estatutos do Homem: “até as terças-feiras mais cinzentas, têm direito a converter-se em manhãs de domingo”.

Conforta, afinal, saber que uma geração de jornalistas consegue escapar do que ela mesmo chama de “trapaça informativa e cognitiva sobre a qual parte relevante da imprensa brasileira precisa fazer autocrítica”.

Menos por uma preferência político partidária – as décadas que a conheço permitem garantir aos que suspeitam de tudo que a jornalista não é lulopetista, como se tornou moda dizer entre profissionais que flutuam no universo do ódio – e mais por uma compreensão de quem, por mais de três décadas, acompanhou a caminhada deste país, para o bem e para o mal, desde a redemocratização.

Cristina escreve o óbvio, mas que muitos teimam em não ver: a exclusão do ex-presidente Lula do processo político é uma deformidade que compromete a democracia brasileira e, pelo conteúdo de policialismo que contém.

Inclusive na mídia, que acata, aceita e comemora qualquer nova ação lavajatista contra ele, não importa que já cinco anos de exeme microscópio de sua vida desacreditem estas novas e ineptas ofensivas.

Antes do texto, um lembre: os textos, sempre honestos e corajosos, da jornalista podem ser todos lidos em seu blog. (*por Fernando Brito) - https://tijolaco.net/

Lula não pode ser “cancelado”

                      Cristina Serra, na Folha [de S. Paulo]

No vídeo que gravou para as redes sociais no dia da Independência, Lula deu a partida para 2022. O ex-presidente percebeu a movimentação do adversário no terreno que lhe é (ou era?) favorável, o Nordeste. E está ciente das agruras do PT em ter candidatos competitivos e/ou estabelecer alianças para as eleições municipais que se aproximam.

É muito difícil saber, hoje, se o petista conseguirá candidatar-se a qualquer cargo que seja, considerando a corrida de obstáculos nos tribunais. Um dos maiores entraves é o julgamento do pedido de suspeição de Sergio Moro, o juiz-acusador que o tirou do jogo na eleição de 2018 e virou ministro da “justiça” da extrema direita violenta que nos governa.

O julgamento sobre a suspeição de Moro na Segunda Turma do STF começou em dezembro de 2018 e empacou no “perdido de vista” feito por Gilmar Mendes. O desfecho afigura-se imprevisível com a aposentadoria do ministro Celso de Mello daqui a mês e meio.

Passados quase dois anos de um governo que afronta a democracia dia sim, outro também, não deixa de surpreender que tenha vindo do ministro Edson Fachin a constatação de que a candidatura de Lula em 2018 teria “feito bem à democracia”. A postulação foi barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral com base na lei da Ficha Limpa porque Lula já havia sido condenado em segunda instância no caso do tríplex.

O PT ganhou quatro das oito eleições para presidente desde a redemocratização e ficou em segundo lugar nas outras quatro. Em 2018, recebeu 47 milhões de votos.

Independentemente das convicções e afinidades políticas de cada um de nós, é preciso reconhecer que um partido com essa representatividade não pode ser excluído do debate público. E Lula não pode ser “cancelado”. A esparrela dos “dois extremos” é uma trapaça informativa e cognitiva sobre a qual parte relevante da imprensa brasileira precisa fazer autocrítica.

Lula está de volta. E isso é uma boa notícia para a democracia.

14 setembro 2020

Ócio produtivo/criativo - Tu sabes o que é isso?

 

 

 


Por Laís Garcia*

 

O sociólogo italiano Domenico de Masi é quem nos traz esse tão importante conceito.

 

Segundo ele, existe um ócio alienante, que nos faz sentir vazios e inúteis, mas existe também outro ócio, que nos faz sentir livres e que é necessário à produção de ideias, assim como as ideias são necessárias ao desenvolvimento da sociedade.

 

Soa até contraditório falar em ócio produtivo numa sociedade capitalista que gira em função do lucro pela produtividade, não é mesmo?

 

Mas é aí que está a importância de nos colocarmos, pensarmos e agirmos mais em direção a isso.

 

Essa lógica de produzir o tempo todo adoece. Ela maltrata e, muitas vezes, nos faz inverter nossos valores, tudo em prol de um retorno financeiro e de uma posição utópica de destaque e perfeição nesse meio em que vivemos. Utópica porque é, a priori, inatingível -- assim como os padrões de beleza também impostos pela nossa sociedade e que, se pararmos pra pensar, também têm tudo a ver com o lucro e o enriquecimento (de quem já é rico, que são os donos das empresas para os quais tanto nos doamos ou de quem consumimos esses produtos e serviços).

 

Entramos numa roda, numa lógica de produzir, trabalhar, de romantizar a correria, não ter tempo para dormir, tomar remédio para acordar, outro para ter sono à noite, outro para dores de cabeça, relaxante muscular em função de toda a tensão, antidepressivos para dar conta de tudo, enfim. Não escutamos mais o nosso próprio corpo, o que as nossas emoções e esse esgotamento querem nos comunicar. Tratamos os sintomas mascarando as suas causas. Mas uma hora a conta chega, não é?

 

Parar um pouco, se permitir ter momentos desse ócio, respeitar os próprios limites e escutar o que o teu sentir tem a te dizer é o maior ato de revolução tendo em vista todo esse cenário.

 

Claro que seguiremos imersos nessa sociedade, [por enquanto] não há muito como escapar. Vamos continuar tendo que trabalhar para ganhar nosso dinheiro, e está tudo bem fazer procedimentos estéticos de forma consciente. Não é um 8 ou 80. Mas que tal buscarmos um pouquinho mais de equilíbrio no meio disso tudo? Te permite ter um tempo só para ti, mesmo que, para isso, seja preciso abrir mão de alguns afazeres. A gente não precisa nem pode dar conta de tudo o tempo todo. Apesar de a sociedade impor que trabalhemos incessantemente como máquinas, nós somos humanos. E que bom!

 

Faz sentido para ti? Que tal mandar para alguém que precisa parar, respirar e se priorizar um pouquinho mais?

 

*Laís de Mattos Garcia (foto) é Psicóloga - @psicologalaisgarcia


-Fonte: Portal O Boqueirão Online