16 maio 2024

Famílias atingidas por enchente no RS terão auxílio de até R$ 7,6 mil; governo anuncia ações para habitação no estado

'100% terão suas casas garantidas de volta', disse Ruy Castro, ministro da Casa Civil

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomeou Paulo Pimenta para a Secretaria Extraordinária Para Reconstrução do Rio Grande do Sul - Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luis Inácio Lula da Silva assinou nesta quarta-feira (15), na Universidade do Vale do Rio dos Sinos, em São Leopoldo (RS), a Medida Provisória (MP) que cria a Secretaria Extraordinária da Presidência da República para reconstrução do Rio Grande do Sul. O órgão, de nível ministerial, terá Paulo Pimenta como secretário.

Durante a solenidade, ministros anunciaram uma série de medidas para apoiar a população gaúcha na atual situação emergencial e na reconstrução da vida no estado.

Entre os destaques está a criação do Vale Reconstrução, no valor de R$ 5,1 mil, a ser pago a todas as famílias cujas casas foram afetadas pela catástrofe. O pagamento do valor será operacionalizado pela Caixa Econômica Federal por meio do Pix.

Eduardo Leite, governador do RS, por sua vez, anunciou o pagamento de R$ 2,5 mil a famílias cadastradas no programa Volta Por Cima, criado em 2023 para auxiliar vítimas de eventos climáticos adversos.

Segundo o governador, para familias que não estão no programa mas ficaram desabrigadas, o pagamento será de R$ 2 mil. Os valores pagos pelo estado serão somados ao Vale Reconstrução pago pela administração federal. 

"Uma ajuda para pessoas que perderam sua geladeira, fogão, televisão, seus móveis, seu colchão", resumiu o ministro da Casa Civil Ruy Costa durante o anúncio. Caberá a Defesa Civil nacional, em parceria com Defesa Civil estadual, municipais ou secretarias de Assistência Social, informar áreas atingidas para que as pessoas possam receber o benefício", explicou.

Segundo Costa, a Caixa já foi acionada para buscar dados das empresas de energia, água e telefonia, assim como todos os cadastros do governo federal e estadual, para fazer a conferência dos endereços autodeclarados por quem buscar o vale.

O valor a ser gasto com o benefício do governo federal está estimado em R$ 1,2 bilhão, a ser acessado por mais de 200 mil famílias.

Estratégia para entregar novas habitações

O ministro Ruy Costa falou também sobre uma série de medidas para facilitar o acesso de moradias às pessoas que perderam suas residências. "100% terão suas casas garantidas de volta", disse.

A primeira ação será a busca pela compra assistida de imóveis que se enquadrem nas faixas 1 e 2 do programa Minha Casa, Minha Vida. "Quem está em abrigo, já pode procurar na sua cidade um imóvel à venda dentro deste padrão", disse o ministro.

Ainda nesta estratégia, Ruy Costa afirmou que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sugeriu criar um chamamento público para que imobiliárias e construtoras informem imóveis a venda dentro do perfil do programa.

Imóveis inadimplentes que iriam a leilão pela Caixa ou pelo Banco do Brasil nos municípios atingidos terão suas dívidas quitadas pelo governo federal e também serão encaminhados à população gaúcha.

Segundo Ruy Costa, "600 casas que iam a leilão já foram retiradas e já estão prontas a serem oferecidas". Os imóveis estão localizados onde prefeitos já informaram déficit de moradias ao Ministério das Cidades.

O governo planeja ainda adquirir imóveis que se adequem ao programa de moradia e estão em construção ou já concluídos por construtoras. Segundo o ministro, há 14 mil domicílios já identificados nas cidades atingidas que atendem o requisito, das quais 600 já estão prontas para serem entregues a novos moradores.

Em uma terceira estratégia para suprir a demanda por moradia, poderão ser aproveitadas propostas enviadas para o Minha Casa, Minha Vida em 2023 e que não foram selecionadas devido a cota estadual do programa.

Em último caso, um novo chamamento do programa poderá ser realizado nos municípios em que a demanda não for atendida pelas táticas anteriores.

O Minha Casa, Minha Vida tem ainda uma linha ainda de reformar prédios inutilizados, como antigos hospitais e escolas, para torná-los residenciais. O ministro Ruy Costa estimulou prefeitos a identificarem esses espaços e informar ao governo federal.

Mais medidas econômicas para a população

O governo federal já havia anunciado a antecipação do pagamento antecipado do Bolsa Família, que agora ganhou data: a próxima sexta-feira (17).

Durante a solenidade, Ruy Costa disse ainda que o ministro Wellington Dias, da pasta do Desenvolvimento Social, promoveu uma ronda pelos abrigos e incorporou  21 mil famílias ao Bolsa Família, para que possam ter renda imediata.

Já o pagamento antecipado da restituição do Imposto de Renda dos gaúchos foi marcado para o dia 31 de maio. Excepcionalmente, será paga restituição de parte da população antes que se encerre o prazo para envio da declaração.

Também foi anunciada a antecipação do Calendário de pagamento do Abono Salarial 2024 para maio.

Para atender a classe média, o governo já havia anunciado uma série de medidas de facilitação do acesso ao crédito, direcionadas inclusive aos pequenos produtores rurais e às micro e pequenas empresas.

Pessoas de municípios atingidos, seja em estado de calamidade ou de emergência pública, poderão sacar antecipadamente até R$ 6,2 mil dos seus Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Foi extinta a obrigatoriedade de um intervalo de 12 meses entre os saques de emergência, para facilitar o acesso ao benefício por quem já foi vítima da tragédia climática  no Vale do Taquari.

Contas públicas

Ruy Costa anunciou que, por determinação do presidente, serão zerados os juros da dívida total do Rio Grande do Sul. Anteriormente, o governo já havia demonstrado interesse em suspender a cobrança da dívida.

O ministro lembrou que o estado apresentada uma das maiores dificuldades de investimento na federação – trata-se do 4º mais endividado do país.

"O presidente lula devolve a capacidade de investimento do RS", disse Costa. "O Rio Grande do Sul sai dos últimos lugares e poderá nos próximos três anos estar entre os oito ou nove com mais capacidade de investir."

Eduardo Leite, no entanto, se manifestou sobre a necessidade também de alocação de recursos para repor perdas de arrecadação. "Pedimos para colocar no radar da Fazenda e do presidente Lula", disse. "Necessitaremos recursos que ajudem a compensar perdas arrecadatórias."

Em relação aos municípios, o secretário Paulo Pimenta lembrou que o governo está liberando recursos emergenciais para auxiliar na construção de abrigos e no pronto atendimento à população.

Para acessar os valores, os municípios devem apenas apresentar um ofício ao governo. O montante é estabelecido conforme o tamanho da população: R$ 200 mil para cidades com mais de 50 mil habitantes; R$ 300 mil para mais de 100 mil habitantes e R$ 500 mil para população superior a 500 mil. 

Segundo Pimenta, mais de R$ 100 milhões já foram distribuídos para ações emergenciais em 75 cidades que se manifestaram ao governo.

Ruy Castro falou também sobre a reconstrução das cidades após o período de chuvas, e destacou que todas as prefeituras já podem organizar a lista de equipamentos públicos perdidos. "Não iremos esperar o último prefeito, na medida em que forem enviadas [as solicitações], as soluções serão encaminhadas", disse.

O responsável pela Casa Civil destacou ainda a importância de que os planos de reconstrução abranjam medidas para prevenir novos desastres. Segundo o ministro, o governo está reunindo todo plano de "construção de barragens, diques, sistemas de bomba, canais de drenagem" para avaliar sua viabilidade, impacto e possibilidade de implementação.

Saúde

A ministra Nísia Trindade anunciou que foram enviadas ao estado 1,2 milhão de vacinas para doenças associadas a enchentes, como hepatites, raiva e sarampo. Também foram destinados kits de emergência, com insumos como gazes e esparadrapos.

O valor destinado para ações emergenciais de saúde informado pela ministra é de R$ 63 milhões. "Mas há um volume muito maior que envolve a mobilidade da força nacional do SUS [Sistema Unificado de Saúde]", disse.

Serão destinados ainda R$ 816 milhões para reformas e construções de Unidades Básicas de Saúde (UBS) e hospitais. A ministra informou que já foram registradas 346 propostas dos municípios neste sentido.

O número de UBS destruídas aproxima-se de 300, segundo a ministra. A reconstrução terá apoio do  Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Trindade lembrou que há três hospitais de campanha montados para apoiar o estado, além de hospitais montados pelo exército e do atendimento realizado por profissionais nos abrigos.

A ministra dedicou ainda parte da sua fala a desmentir notícias falsas divulgadas recentemente sobre a saúde no estado. "Não está faltando medicamentos na nossa relação com secretarias estadual e municipais. Também não estão em falta vacinas", disse. "Infelizmente, somos vítimas de desinformação criminosa levando pânico à sociedade."

Na conclusão de seu discurso, Trindade direcionou um recado à gestão anterior da pasta. "O ministério da saúde volta a fazer o que sempre deveria ter feito e não fez durante a pandemia, que é coordenar todo o esforço nacional para salvar vidas e construir um futuro de saúde para todos."

Medidas do Conselho Nacional de Justiça

Presidente do Supremo Tribunal Federal do Brasil (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Luís Roberto Barroso comunicou o direcionamento pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) ao Rio Grande do Sul de R$ 123 milhões de valores depositados em juízo e que tinham destinação discricionária.

Também comunicou o envio de policia judicial ao estado e a criação de um comitê de monitoramento composto por três juízes gaúchos para observar as necessidades locais.

Desinformação e mudanças no clima

A ministra Nísia não foi a única a mencionar a desinformação durante seu discurso. "Impossível não condenar a abominável onda de desinformação, notícias falsas e fake news a propósito do que está acontecendo e o que está sendo feito", disse o ministro Barroso.

Lula louvou a capacidade do povo brasileiro de se manter solidário mesmo diante das campanhas de notícias falsas. "É possível, apesar da nojeira da fake news, dos vândalos que não fazem política, que não discutem política, que só querem destratar."

Barroso falou ainda sobre a necessidade de encaminhar soluções para as mudanças climáticas. "A natureza tragicamente escolheu aqui para dar esse imenso sinal de alerta de que a mudança climática não é mais um problema abstrato. É um problema real que nós precisamos enfrentar."

O prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi também falou sobre a crise do clima. "Esse fenômeno climático não se repete apenas no Rio Grande do Sul e é fruto do descaso que a humanidade e a sociedade teve com a questão ambiental", afirmou.

Lula falou ainda sobre a necessidade de construir mecanismos de prevenção contra novas catástrofes climáticas. "O prejuízo é o dobro do que custaria a gente ter resolvido esse problema definitivamente", disse.

Para isso, Lula convocou uma união dos Poderes, instâncias e partidos. "Embora sejamos Poderes autônomos, a gente tem que funcionar como uma orquestra", disse. "Porque o exercício da democracia é justamente a arte de conviver com os contrários."

*Por Matheus Alves de Almeida - Edição: Thalita Pires - Via BrasildeFato

Emergência e fake news

 


*Via BdF

14 maio 2024

Banco do Brics vai destinar R$ 5,7 bilhões para reconstrução do RS

O anúncio foi feito nesta terça-feira (14) pela presidente do NDB, Dilma Rousseff, nas redes sociais.

   Dilma Rousseff. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil


Da Agência Brasil*

O Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), também conhecido como Banco do Brics, vai destinar US$ 1,115 bilhão, cerca de R$ 5,750 bilhões, para o Rio Grande do Sul. O anúncio foi feito nesta terça-feira (14) pela presidente do NDB, Dilma Rousseff, nas redes sociais. Desde o fim de abril, o estado vem sendo fortemente atingido por temporais, enchentes e alagamentos.

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Em seu perfil na rede social X, Dilma classificou o momento vivido pelo estado brasileiro como difícil e doloroso e citou um cenário de calamidade pública. “Sei que têm sido semanas de muita dor e tristeza. Conversei com o presidente Lula e com o governador [do Rio Grande do Sul] Eduardo Leite para tratarmos dessa situação dramática e definirmos como poderíamos prestar ajuda financeira”.

“O Banco do Brics tem um compromisso e vai atuar na reconstrução e na recuperação da infraestrutura do estado. Queremos ajudar as pessoas a reconstruir suas vidas. Vamos destinar, da maneira mais rápida possível, recursos para o estado. Será US$ 1,115 bilhão. Isso significa R$ 5,750 bilhões”, escreveu Dilma Rousseff.

Segundo Dilma, o montante será liberado em parcerias com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Banco do Brasil e o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE).

“Em parceria com o BNDES, vamos liberar US$ 500 milhões, sendo US$ 250 milhões previstos para pequenas e médias empresas, US$ 250 milhões para obras de proteção ambiental, infraestrutura, água, tratamento de esgoto e prevenção de desastres. Em parceria com o Banco do Brasil, o NDB vai destinar US$ 100 milhões para infraestrutura agrícola, projetos de armazenagem e infraestrutura logística. Em parceria com o BRDE, vamos destinar US$ 20 milhões para projetos de desenvolvimento e mobilidade urbana e recursos hídricos.”

No curto prazo, serão destinados ainda, de acordo com Dilma, US$ 295 milhões previstos em um segundo contrato com o BRDE, em processo de aprovação final. “Destinaremos os recursos para obras de desenvolvimento urbano e rural, saneamento básico e infraestrutura social. US$ 200 milhões serão disponíveis para serem financiados diretamente pelo NDB, podendo contemplar obras de infraestrutura, vias urbanas, pontes e estradas”.

“Vale apontar que a gestão desses recursos, no valor de R$ 5,750 bilhões, é flexível. A destinação dessa verba é passível de direcionamento, de acordo com as urgências, prioridades e necessidades do estado do Rio Grande do Sul”, disse.

“Tenho certeza de que, pela força do povo gaúcho, a solidariedade do povo brasileiro e da comunidade internacional, essa crise será superada. Devemos tomar todas as medidas para que ela não mais se repita”, concluiu.

Em seu perfil no X, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou a liberação de recursos pelo Banco do Brics ao Rio Grande do Sul. “Importante anúncio para o Rio Grande do Sul da presidenta do Banco do Brics, Dilma Rousseff”.

Banco do Brics

Criado em dezembro de 2014 para ampliar o financiamento para projetos de infraestrutura e de desenvolvimento sustentável no Brics e em outras economias emergentes, o NDB, até o início de 2023, tinha cerca de US$ 32 bilhões em projetos aprovados. Desse total, cerca de US$ 4 bilhões estavam investidos no Brasil, principalmente em projetos de rodovias e portos. Em 2021, o Banco do Brics teve a adesão dos seguintes países: Bangladesh, Egito, Emirados Árabes Unidos e Uruguai.

A ex-presidente Dilma Rousseff foi eleita presidente do NDB em março do ano passado. Ela substitui Marcos Troyjo, ex-secretário especial do antigo Ministério da Economia, que ocupou o posto desde julho de 2020. Dilma presidirá o Banco do Brics até julho de 2025, quando acaba o mandato do Brasil no comando da instituição financeira, com sede em Xangai, na China. Cada país do Brics – bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – preside o banco por mandatos rotativos de 5 anos.

Outras iniciativas

O Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF) também anunciou nesta terça-feira um pacote de medidas com potencial para chegar a US$ 746 milhões (R$ 3,8 bilhões) em recursos financeiros para apoiar a reconstrução do Rio Grande do Sul.

“Manifestamos nossa absoluta solidariedade ao país e nos colocamos à disposição para apoiar os trabalhos imediatos de socorro às vítimas e de reconstrução da infraestrutura do estado, de forma coordenada com as diretrizes dos governos federal, estadual e municipais”, declarou o presidente do CAF, Sergio Díaz-Granados, em nota.

De imediato, o banco disponibilizou uma doação de US$ 250 mil (R$ 1,25 milhão) para apoio aos trabalhos de emergência e US$ 1 milhão (R$ 5 milhões) em cooperações não reembolsáveis já disponíveis ao Ministério do Planejamento e Orçamento, a serem utilizados em medidas de mitigação das ações climáticas.

O restante do montante anunciado será distribuído da seguinte forma:

– US$ 60 milhões (R$ 306 milhões) em linha de crédito ao Banco de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), com juros reduzidos e prazos mais longos, para reconstrução de moradias, auxílio a micro e pequenas empresas, melhoria do ambiente e reconstrução da infraestrutura.

– US$ 75 milhões (R$ 382 milhões) que poderão ser aportados ao Programa de Reconstrução e Resiliência Climática, por meio de um empréstimo ao governo federal, destinados a financiar obras e ações prioritárias do governo.

– Empréstimo soberano de até US$ 80 milhões (R$ 408 milhões) para Porto Alegre, por meio do Programa de Inovação Social para Transformação Territorial, aprovado pela Comissão de Financiamentos Externos, órgão do Ministério do Planejamento e Orçamento, em setembro de 2023.

– Linha de crédito ao BNDES no valor de até US$ 500 milhões (R$ 2,5 bilhões) aprovada em 2023 e em processo de formalização, sujeita à demanda pelo BNDES.

– Linha de crédito a ser encaminhada por meio da agência de desenvolvimento Badesul, órgão da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do estado, de até US$ 30 milhões (R$ 153 milhões).

*Fonte: Sul21

13 maio 2024

Candidatos(as) às prefeituras apoiados(as) por Lula terão vantagem nas eleições municipais*

Pesquisa Quaest aponta o presidente como o melhor cabo eleitoral


Presidente Lula na Bahia (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o preferido em relação a Bolsonaro nas eleições municipais, conforme aponta pesquisa Quaest divulgada pela jornalista Mônica Bergamo, em sua coluna. O levantamento revela que 33% dos entrevistados optariam por um candidato a prefeito alinhado ao presidente Lula, enquanto 22% indicam preferência por um pretendente ligado a Bolsonaro, em um total de 2.045 entrevistados em todo o país.

A preferência por candidatos associados ao presidente Lula é especialmente marcante no Nordeste, onde 51% dos entrevistados indicam essa inclinação, em contraste com apenas 11% que preferem políticos ligados a Bolsonaro. Por outro lado, na região Sul, Bolsonaro lidera com 31% da preferência, seguido por Lula com 28%. No Sudeste e no Centro-Oeste, a disputa entre os dois candidatos é acirrada, com empate técnico.

Além disso, a análise por gênero mostra que as mulheres tendem mais a preferir candidatos de Lula, com 36% delas indicando essa preferência, em comparação com 19% que preferem candidatos ligados a Bolsonaro. Entre os homens, a diferença é menor, mas ainda há uma inclinação por Lula, com 29% indicando essa preferência e 27% preferindo Bolsonaro.

Outro fator relevante é a preferência de eleitores com renda de até dois salários mínimos, onde 43% indicam preferência por candidatos ligados a Lula, enquanto apenas 14% optariam por candidatos ligados a Bolsonaro.

*Fonte: Brasil247

12 maio 2024

A ação exemplar de Lula no Rio Grande do Sul e o papel vergonhoso da mídia

O governo Lula tem sido exemplar no cuidado às vítimas e no ataque aos efeitos das enchentes no Rio Grande do Sul. Isso preocupa seus inimigos 


Editorial do Brasil247*

A tragédia das enchentes que se abateu sobre a região de Porto Alegre e mais de quatrocentos municípios do Rio Grande do Sul mereceu, como não poderia deixar de ser num governo popular, resposta urgente e extensiva do Executivo federal. 

O presidente Lula deslocou-se por duas vezes ao Estado, para acessar os estragos, e aquilatar a dimensão das providências, inéditas na história do país. 

O governo federal entrou em prontidão permanente. Mobilizaram-se as estruturas de todos os ministérios e órgãos, militares e civis, tanto no socorro imediato às vítimas ilhadas e acampadas como nas complexas tarefas de sustentação da vida nos abrigos em todos os níveis. 

Várias cidades, a começar por grande área de Porto Alegre, uma cidade com 1,5 milhão de habitantes e 5 milhões na megalópole metropolitana submergiram e permanecem sob inundação uma semana depois. 

Ainda no domingo à noite, ministros reuniram-se com mais de 300 prefeitos gaúchos para passar orientações e coordenar os esforços. Menos de 48 horas depois da primeira viagem, o presidente voltou ao Estado trazendo em sua comitiva os presidentes da Câmara e do Senado Federal, além do vice-presidente do Supremo Tribunal Federal, em uma demonstração de renovada unidade institucional, congregando lideranças de diversos partidos e distintas formas de pensar, pelo cuidado com o Rio Grande do Sul. 

Em torno do sentimento de solidariedade ao Estado, forma-se uma união nacional, desejada e ao mesmo tempo temida. 

De imediato, o governo federal anunciou medidas que montam a 51 bilhões de reais de transferências ao Estado. A legislação foi alterada para acelerar a liberação de recursos. 

O governo entrou em plantão permanente para fazer frente a um desafio inimaginável até a semana anterior. O Exército mobilizou suas forças para resgate dos ilhados e ameaçados. Uma central de combate coordena o trabalho de milhares de voluntários. 

Quando a chuva permitir e as águas cederem, começa a tarefa ainda mais complexa: a reconstrução, palavra cujo sentido agora terá que responder às ameaças da catástrofe climática, que assumem como nunca força de realidade. 

A atuação do presidente Lula neste episódio tem sido exemplar, em tudo distinta da negligência que marcou seu antecessor, especialmente na pandemia de Covid-19, quando o negacionismo de Jair Bolsonaro contribuiu, naqueles anos de barbárie, para multiplicar, pelo abandono, o trágico saldo de vítimas. 

Com Lula, o Brasil reaprende a importância de um presidente que nos momentos cruciais cuida do país. De maneira mais ampliada, esta pode ser uma oportunidade para a sociedade encarar a si mesma com maior clareza. O Estado, antes tão difamado, agora, na catástrofe dantesca, surge como a primeira e a última trincheira, a instância final para a qual a nação apela em busca de tudo: ajuda, reação e coordenação. O Brasil dispõe de recursos materiais e de vontade social para vencer desafios dessa dimensão. Desde que haja um estatal à altura. 

O contraste exposto neste momento, pela ação deste governo é evidente a todos os observadores. Não é à toa que diante disso, os adversários agrupados no gabinete do ódio bolsonarista e das editorias da mídia lavajatista ativam sua produção tóxica destinada a impedir que a sociedade tome conhecimento dos esforços do governo. 

O país vê-se então diante de outra inundação. Uma frenética enchente de notícias falsas tenta defraudar a atuação do governo federal.  Ela é criminosa e requer ação repressiva imediata. Ocorre que as notícias falsas não surgem exclusivamente de bolsonaristas franco-atiradores ou robôs aninhados no esgoto sem leis da internet. Nem foram inventadas por eles. 

Elas vêm também da chamada mídia tradicional. Surgiu, por exemplo, da Folha de S.Paulo, a notícia mentirosa de que o governo federal recusara ajuda oferecida pelo Uruguai. A Secretaria de Comunicação da Presidência da República prontamente desmentiu a fraude, mostrando que a ajuda uruguaia não apenas fora aceita como estava sendo utilizada nos socorros à população, onde adequado. 

Em lugar de reconhecer o erro e retificar a informação, a Folha reafirmou a acusação, sem apresentar evidências baseadas nas técnicas jornalísticas. Por que faz isso? A explicação mais palpável é que o jornalismo da mídia hegemônica volta a exercer uma espécie de segunda natureza, a de oposição militante aos governos petistas. 

A Folha assume de novo a característica de veículo ideológico que se anuncia independente e imparcial, mas reincide em práticas passadas, como foi a da invenção do escândalo do "mensalão", a famigerada "operação Lava-Jato" e a produção e publicação falsa ficha criminal imputando crimes à ex-presidenta Dilma Rousseff, pelo que o jornal jamais se retratou. 

No caso da mentira sobre a recusa da ajuda à enchente gaúcha,  o jornal que emprestou seus veículos para os torturadores da ditadura, período histórico a que coerentemente denominou de "ditabranda", será punido por divulgar notícias falsas? Soa portanto incoerente pedir providências apenas contra a rede de mentiras da extrema-direita e deixar à larga as fontes institucionalizadas abrigadas na "grande" mídia e abrigadas por uma espécie de salvo-conduto para mentir. 

A notícia falsa da Folha, publicada e mantida em manchete na quarta-feira,  ganhou farta reprodução nas redes sociais e nas camadas de eco bolsonaristas, sem que ninguém pedisse punição ao jornal. 

Se algo a inundação de mentiras tem de positivo é o sinal de que, em razão de trabalhar para atender os gaúchos em necessidade, Lula e o governo federal podem vir a ser reconhecidos e aprovados pela população. É isso que as falsidades buscam impedir. Apelar para evidentes invenções é uma confissão de fraqueza: denota a falta de provas, evidências e argumentos racionais para demonstrar com fatos os eventuais erros ou omissão do governo federal. As mentiras são recursos muitas vezes toscos, extremos, em desespero, diante da queda de totens ideológicos do neoliberalismo em torno dos quais existe total concordância de ideias entre a  direita e extrema-direita fascista. Cai a ficção do estado mínimo.  Fica demonstrado que o protagonismo estatal é indispensável em todos os momentos, mais ainda na emergência da catástrofe climática. O governo Lula tem sido exemplar no cuidado às vítimas e no ataque aos efeitos das enchentes no Rio Grande do Sul. Isso preocupa seus inimigos. 

Ansiosa por bloquear a consolidação de Lula como a referência política que o Rio Grande do Sul e o país demandam neste momento de socorro e reconstrução, seus adversários minimizam as realizações do governo, restringem e politizam qualquer menção elogiosa, mesmo que para isso tenham que inventar notícias falsas e torturar a verdade. 

Nesta hora fica difícil distinguir o fluxo mistificador das redações dos jornalões e os porões onde se produz o veneno fascista.

*Fonte Brasil247

11 maio 2024

Mi triste Santiago (Tributo a Pablo Neruda)

ENCHENTES - Chuvas no Rio Grande do Sul foram intensificadas pelas mudanças climáticas, mostra estudo

Centro de pesquisa europeu afirma que influência do El Niño foi secundária e diz que eventos extremos vão continuar

O Rio Grande do Sul contabiliza até o momento 337.116 pessoas desalojadas, em decorrência das enchentes causadas pela maior crise climática do estado - Carlos Fabal/AFP

Por Murilo Pajolla*

Um estudo do consórcio de cientistas ClimaMeter, divulgado nesta sexta-feira (10), aponta que as chuvas responsáveis pelas inundações devastadoras no Rio Grande do Sul foram intensificadas pelas mudanças climáticas provocadas pela atividade humana.

Os especialistas destacaram que, enquanto fenômenos naturais, como o El Niño, podem ter tido um papel secundário na intensificação das chuvas, o impacto das mudanças climáticas foi significativamente maior. 

Os cientistas do ClimaMeter fizeram uma comparação com chuvas em décadas anteriores e concluíram que as alterações do clima desempenharam um papel crucial na potencialização das tempestades, maior do que influência isolada do El Niño.

ClimaMeter é um projeto de investigação financiado pela União Europeia e pelo Centro Nacional de Investigação Científica (CNRS) da França. O estudo completo está disponível no site oficial. A metodologia utilizada na análise está explicada neste link.

"Os achados do ClimaMeter destacam que as inundações no Rio Grande do Sul foram intensificadas pela queima de combustíveis fósseis, não pelo El Niño”, ressaltou Davide Faranda, pesquisador do Instituto Pierre-Simon Laplace de Ciências do Clima e um dos autores do estudo. 

''Eventos extremos continuarão enquanto usarmos combustíveis fósseis"

Outra autora do estudo, a brasileira Luiza Vargas, formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, declarou que a infraestrutura de proteção contra chuvas extremas foi insuficiente no estado. 

“Há uma clara necessidade de investimentos em infraestrutura e planos de contingência de emergência para mitigação de tais eventos extremos, pois espera-se que aumentem sob as mudanças climáticas", apontou Vargas. 

Também co-autor do relatório, Erika Coppola, do Abdus Salam International Centre for Theoretical Physics, na Itália, afirmou que a intensidade de eventos extremos no Sudeste da América do Sul continuará a aumentar até o cessar de emissão de combustíveis fósseis. 

"A mensagem é clara e nossos resultados nos direcionam para a mesma direção, identificando o componente humano como responsável por isso. Não há tempo para esperar por ações, dada a alta vulnerabilidade da região a eventos climáticos extremos e seus impactos na segurança alimentar, infraestrutura e saúde”, pontuou Coppola. 

Mais de 300 mil desalojados 

O Rio Grande do Sul contabiliza até o momento 337.116 pessoas desalojadas em decorrência das enchentes causadas pela maior crise climática do estado. De acordo com o boletim divulgado pela Defesa Civil do RS às 12h desta sexta-feira (10), 116 pessoas morreram devido a tragédia, 143 estão desaparecidas e 756 feridas.

Dos 497 municípios gaúchos, 435 relatam problemas relacionados a temporais e enchentes, afetando 1.916.070 pessoas. 69.617 pessoas estão em abrigos. Um óbito está sob investigação para saber se a causa foi ocasionada pelas enchentes. Ainda de acordo com a instituição, 9.984 animais foram resgatados.

Conforme orienta a Defesa Civil, as pessoas resgatadas de áreas alagadas, inundadas ou que correm o risco de sofrer deslizamentos de terra não devem retornar para suas residências. A medida deve ser seguida especialmente por pessoas que vivem na Região Metropolitana de Porto Alegre.

*Edição: Matheus Alves de Almeida - Via Brasil de Fato