30 setembro 2019

“Cabe ao STF corrigir os erros de Moro e dos procuradores”, diz Lula em carta ao povo brasileiro

A íntegra da carta de Lula sobre o pedido de progressão de regime feito pelo MPF.



*Via DCM

Após realização de seu Encontro, o Partido dos Trabalhadores - PT de Santiago/RS discute sua organização e tática eleitoral para as Eleições de 2020




Da Redação do Portal O Boqueirão Online*

O Partido dos Trabalhadores - PT, dando sequência ao cronograma político aprovado anteriormente por sua Direção Nacional, realizou dia 8/09, na Câmara de Vereadores, a Etapa Municipal do seu VII Congresso Nacional, realizando seu Encontro Municipal (PED). Na oportunidade, foram votadas as Teses das Chapas que concorrem para as direções Estadual e Nacional do partido. Para o Diretório Municipal não houve disputa, pois foi construída uma plataforma programática comum e lançada uma chapa unitária. Da mesma forma, houve consenso na escolha para a presidência do PT local, que será exercida por Rômulo Vargas, que hoje exerce a função de vice-presidente do PT de Santiago (que tem atualmente como presidente a advogada e ex-vereadora Iara Castiel). A nova Direção Municipal do Partido dos Trabalhadores tomará posse em janeiro do ano que vem.

Após a realização do Encontro, na primeira reunião de sua Direção Executiva Municipal (ampliada), realizada na última semana, dentre outros assuntos, foram discutidas a organização e o fortalecimento do PT local, atividades de Formação Política, a intensificação da campanha por "Lula Livre" (uma vez que o ex-presidente foi julgado e condenado sem provas, portanto injustamente, num complô jurídico/midiático realizado para tirá-lo das eleições presidenciais  que venceria facilmente já no primeiro turno, como já está mais que sabido).

A Direção petista também discutiu a tática e a estratégia que o PT adotará nas de Eleições 2020.  Segundo seus dirigentes, há consenso de que o partido deverá lançar prioritariamente uma forte nominata de pré-candidatos à vereança, buscando retomar as cadeiras que já teve no Legislativo Municipal. Para o Executivo Municipal, o PT está avaliando se lançará candidatura própria ou se buscará articular uma Frente Popular e Democrática, com partidos - e/ou setores que dela participarem - que estejam em oposição ao continuísmo clientelista não só do PP local, mas também em relação aos governos de extrema-direita de Bolsonaro (PSL) e neoliberal de Eduardo Leite (PSDB/RS) e seus aliados. No caso de prosperar a construção de uma frente oposicionista, o PT pode inclusive abrir mão da cabeça de chapa, numa clara demonstração de ‘boa vontade’ para viabilizar a unidade da oposição, informam seus dirigentes.  

Segundo suas principais lideranças, o PT santiaguense tem vários nomes qualificados para concorrer ao Executivo (sendo que alguns até já foram sondados e, inclusive, citados por setores da mídia local). Contudo, não existe ainda nada decidido, uma vez que o partido priorizará, primeiramente, além da nominata de candidatos para a Câmara, a discussão com a oposição sobre a viabilização da Frente e a confecção de um Programa de Governo Democrático e Popular, que inverta prioridades, para, só após, realizar – preferencialmente em conjunto com os demais setores oposicionistas autênticos - a definição dos nomes que concorrerão à Prefeitura Municipal de Santiago em 2020.

Sentença sem defesa



Por Janio de Freitas, na Folha de SP* 


Mais uma vez, o Supremo Tribunal Federal mostra uma combinação de temor a reações da opinião pública, inclinações políticas e argumentos artificiosos no trato de questão essencial para o regime democrático. 

É o que existe sob o louvado reconhecimento, já feito, de que às defesas cabe o último pronunciamento antes da sentença, para responder a denúncias novas ou a pendências remanescentes --direito desrespeitado em julgamentos na Lava Jato. 

Na verdade, porém, o valor desse reconhecimento depende de uma definição que está ameaçada pelo próprio Supremo. 

Ainda faltando os votos dos ministros Marco Aurélio Mello e Dias Toffoli, que apenas antecipou sua opinião, a meio da semana ficava reafirmada, por 6 votos 3, a tese que levou à anulação da pena imposta por Sergio Moro a Aldemir Bendine, ex-presidente da Petrobras. 

Resultado que agora se estendia ao ex-gerente da empresa Márcio Ferreira. Mas a forçosa decisão incomodou vários ministros, dada a possibilidade de anular numerosas condenações da Lava Jato. Não tardou a aparecer o que foi chamado de "modulação" no reconhecimento do direito dos réus. Melhor diriam, no entanto, mutilação. 

Luís Roberto Barroso, terceiro a votar, propôs que, se confirmada para o réu a última palavra, assim seja apenas daqui por diante. Logo, caso o Supremo declarasse incorretos os métodos condenatórios, a seu ver o incorreto deveria permanecer intocado. Nem ao menos era caso de regra nova e não retroativa. Azar o de quem não teve a defesa final e está na cadeia. 

É interessante a virada de Barroso, que se mostrava de fino rigor legalista até que se viu sob críticas, por comprometer-se com a tese da prisão antes de concluídos os recursos de defesa. Sua reconhecida vaidade se teria magoado, e passou a responder com uma virada para a linha Fux. 

Por falar nele, nunca surpreendente, Luiz Fux adotou a proposta de Barroso. E, como toque pessoal, considerou mera "benesse processual" a ordenação dos pronunciamentos finais que leva, só ela, aos "assegurados contraditório e ampla defesa" citados no artigo 5º da Constituição. 

Se, em casos da Lava Jato, entre a acusação por um delator e a sentença não houve tempo para a defesa, ficaram impossibilitados o contraditório e a ampla defesa. Para isso, o método de Moro consistia em dar o mesmo prazo para as "razões finais" da acusação e da defesa.  Benesse, só para a ânsia condenatória de Moro. 

Cármen Lúcia fez um voto peculiar: sim, a defesa tem direito ao prazo para responder à última acusação, mas a sua falta só deve invalidar a condenação se o réu provar que foi prejudicado. Assim o voto da ministra ignora que a incorreção a ser anulada não está no réu, está no processo. 

O réu teve um direito negado, e não tem que provar nada para vê-lo respeitado. O truque para não repetir o julgamento de condenados da Lava Jato não está à altura da Carmén Lúcia original, serve apenas à dos últimos tempos. 

Relator do caso, Edson Fachin foi espantoso. A seu ver, não tem sentido o prazo maior para a defesa porque a legislação não diferencia delatores e delatados. Ao que o decano Celso de Mello respondeu: se há tal lacuna, "deve ser suprida pelo princípio da ampla defesa". Com a Constituição, pois. Tese também de Rosa Weber e Ricardo Lewandowski. 

Alexandre de Moraes, a propósito, foi simples e certeiro: "Não custa ao Estado respeitar o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa. Nenhum culpado, nenhum corrupto, nenhum criminoso deixará de ser condenado, se houver provas, se o Estado respeitar esses princípios constitucionais". 

Ainda assim, e com a adesão de Dias Toffoli, que anunciou outra "proposta de modulação", os propensos a mutilar o direito constitucional à "ampla defesa" têm possibilidade de fazer maioria. Situação ameaçadora, porque, como disse Gilmar Mendes, "a questão não é Lava Jato, é todo um sistema de Justiça penal". 

Ou é o perigo de Justiça bolsonara. 


28 setembro 2019

Lellê abre Rock in Rio 2019 com fala de Marielle Franco (vídeo)




A cantora Lellê abriu seu show no Rock in Rio 2019, nesta sexta-feira (27), no palco Sunset, com fala da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), assassinada em 2018 no Rio de Janeiro, exibida no telão. (com o 247)

Gleisi: semiaberto é golpe de Dallagnol. “Lula tem direito à liberdade”

"O STF deve julgar suspeição de Moro e anular o processo soltando Lula imediatamente, sem regime de prisão", afirma presidenta do PT. Defesa se reúne com Lula na segunda

Defesa reafirma que Lula foi condenado em "processo ilegítimo e corrompido por flagrantes nulidades"             

São Paulo – A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), criticou a decisão da equipe da Operação Lava Jato de pedir à Justiça mudar do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para prisão em regime semiaberto de prisão. “Lula tem direito à liberdade plena, seu processo foi viciado, fraudado, c/ foco político, conforme revelações da #VazaJato. O STF deve julgar suspeição de Moro e anular o processo soltando Lula imediatamente, sem regime de prisão. Isso é golpe do Dallagnol“, afirma Gleisi, em rede social.

Os procuradores Deltan Dallagnol, Roberto Pozzobon e Laura Tessler assinaram o pedido, feito nesta sexta-feira (27), em meio à grande repercussão da importante derrota sofrida pela Lava Jato ontem (26) no Supremo Tribunal Federal. Segundo informa a jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, existe possibilidade de que Lula, caso aceite a progressão de regime, cumpra a pena em casa.
A defesa do ex-presidente reiterou que Lula deve ter sua “liberdade plena restabelecida porque não praticou qualquer crime e foi condenado por meio de um processo ilegítimo e corrompido por flagrantes nulidades”. Em nota, o advogado Cristiano Zanin Martins anunciou para segunda-feira (30) uma reunião com Lula, e que será dele a decisão sobre o assunto.
De acordo com os procuradores, “o cumprimento da pena privativa de liberdade tem como pressuposto a sua execução de forma progressiva”. Lula já teria cumprido um sexto dela, e portanto já poderia cumprir a condenação em regime semiaberto.

27 setembro 2019

Janot toca fogo no circo para vender livro. Agora sabemos que era um assassino e suicida em potencial


Dilma reconduz Janot ao cargo. José Cruz/Agência Brasil

Da Redação do Viomundo*
O ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, está lançando um livro.
No modelo de autoridades dos Estados Unidos que deixam o poder, ele quer ganhar dinheiro com as atividades que deixou para trás.
Provavelmente vai se tornar comentarista de assuntos jurídicos na TV. GloboNews, talvez CNN Brasil.
Janot foi indicado por Dilma Rousseff, quando os governos do PT indicavam o mais votado na lista tríplice.
Ele já foi descrito pelo jornalista Luís Nassif como “débil e especialista apenas em questões corporativas”.
Acabou nas mãos de procuradores mais jovens, escolados pelos contatos com o Departamento de Justiça (DOJ) e o Departamento de Homeland Security (DHS) dos Estados Unidos — formais ou não — ao longo da Operação Lava Jato, sempre na descrição de Nassif.
O ex-procurador e futuro ministro da Justica de Dilma, Eugênio Aragão, foi padrinho da indicação de Janot, ao lado de Sigmaringa Seixas e do ex-presidente do PT José Genoino.
Advogado e ex-deputado, Sigmaringa foi influente no PT. Ajudou a indicar ministros do STF.
Era tido como um gênio nos meandros dos bastidores de Brasília.
Lula e Dilma indicaram seis ministros do STF.
Lula indicou Cármen Lúcia e Dias Tóffoli.
Detalhe, Tóffoli foi advogado do Partido dos Trabalhadores, contou com apoio do ideólogo mor José Dirceu.
Dilma indicou: Luiz Fux, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso e Luiz Edson Fachin.
Detalhe, Fachin teve o apoio do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, o MST!
Mais tarde, em carta-aberta, Eugênio Aragão revelou ressentimento com o ex-amigo Janot, pelo qual fez campanha:
O Senhor preferiu formar uma dupla com seu chefe de gabinete, Eduardo Pelella, que tudo sabia e em tudo se metia e, por isso, chamado carinhosamente de “Posto Ipiranga”. Era seu direito e, também por isso, jamais o questionei a respeito, ainda que me lembrasse das conversas ante-officium de que sempre nos consultaríamos sobre o que era estratégico para a casa.
Os colegas frequentavam a casa um de outro e Aragão diz ter alertado Janot sobre a Operação Lava Jato:
Compartilhei meus receios sobre os desastrosos efeitos da Lava Jato sobre a economia do País e sobre a destruição inevitável de setores estratégicos que detinham insubstituível ativo tecnológico para o desenvolvimento do Brasil. Da última vez que o abordei sobre esse assunto, em sua casa, o Senhor desqualificou qualquer esforço para salvar a indústria da construção civil, sugerindo-me que não deveria me meter nisso, porque a Lava Jato era “muito maior” do que nós.
De acordo com Aragão, quando ele foi indicado ministro da Justiça por Dilma Rousseff, Janot fez pouco caso do amigo.
Imagino que o Senhor não ficou muito feliz e até recomendou à Doutora Ela Wiecko a não comparecer a minha posse. Aliás, não colocou nenhum esquema do cerimonial de seu gabinete para apoiar os colegas que quisessem participar do ato. Os poucos (e sinceros amigos) que vieram tiveram que se misturar à multidão.
Aqui, um parênteses: Dilma Rousseff teve a oportunidade de substituir Rodrigo Janot por Ela Wiecko (ambos estavam na lista tríplice dos procuradores quando o primeiro mandato de Janot venceu), mas Dilma optou por não fazê-lo.
Como as mensagens da Vaza Jato entre o então juiz Sergio Moro e os procuradores da Lava Jato, disseminadas pelo Intercept Brasil, revelaram, o interlocutor da operação com Janot era justamente seu chefe de gabinete, Eduardo Pellela.
Numa mensagem de 27 de julho de 2016, Deltan Dallagnol escreve a Pellela, especulando que o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, seria sócio de um primo em um hotel no interior de São Paulo.
No dia seguinte, voltou à carga:
Queria refletir em dados de inteligência para eventualmente alimentar Vcs. Sei que o competente é o PGR rs, mas talvez possa contribuir com Vcs com alguma informação, acessando umas fontes.
E prosseguiu:
Vc conseguiria por favor descobrir o endereço do apartamento do apto do Toffoli que foi reformado?
Pellela respondeu que havia sido uma casa.
A suspeita é de que Toffoli tenha tido sua casa reformada pela OAS, de acordo com delação do empreiteiro Léo Pinheiro.
A Lava Jato e a PGR, a essa altura, pareciam tramar clandestinamente contra possíveis decisões contrárias do STF.
Os negócios das esposa de Toffoli e do ministro Gilmar Mendes, as advogadas Roberta Rangel e Guiomar Mendes, também eram alvo de interesse de procuradores da Lava Jato.
Eles suspeitavam que as esposas tiravam proveito da posição dos maridos ou serviam como biombo para enriquecimento de Toffoli e Gilmar.
Gilmar e a esposa têm uma fortuna estimada em R$ 20 milhões.
Gilmar é dono de uma empresa de ensino à distância que tem contratos com governos e emprega, na condição de professores, desembargadores e juízes de instâncias inferiores, estabelecendo uma rede informal de compadrio político-econômico.
De acordo com as mensagens da Vaza Jato, alguns procuradores da Força Tarefa em Curitiba demonstraram a mesma sede de poder.
Deltan Dallagnol planejou concorrer ao cargo de senador em 2018 e mesmo em 2022, quando teria de atropelar um aliado, o senador Álvado Dias, do Podemos, feroz apoiador da Lava Jato.
Deltan articulou a formação de um fundo que daria à Lava Jato acesso a bilhões de reais para, dentre outras coisas, para promover ações de combate à corrupção através de entidades aliadas.
Clandestinamente, Deltan trabalhou pelo impeachment de Gilmar Mendes com um advogado que tinha interesses financeiros diretos em ações contra a Petrobras, Modesto Carvalhosa.
Já o juiz federal Sérgio Moro escancarou sua ambição quando, ainda na campanha eleitoral de 2018, aceitou ser ministro da Justiça de Jair Bolsonaro — depois de ter alijado da disputa o principal adversário do candidato da extrema-direita, o ex-presidente Lula.
Se ainda não é um circo, providenciem uma lona!
O jornalista Luís Nassif acredita que o Ministério Público, conforme concebido pela Constituição de 1988, está morto:
O que esses tolos deslumbrados da Lava Jato, comandados por um PGR pusilânime, Rodrigo Janot, conseguiram foi a desmoralização de toda a instituição. Alertamos várias vezes que, fosse quem fosse o próximo governo, até um governo apoiado pela Lava Jato, como Bolsonaro, seu primeiro passo seria o enquadramento do MPF. É impossível, em qualquer regime democrático, a convivência com um poder de Estado capaz de derrubar presidentes da República. […]
Esses tolos, ignorantes, provincianos da Lava Jato, não se deram conta de que jamais seriam um poder originário, como insinuado por sua megalomania delirante. Tinham o exemplo da Mãos Limpas, na qual se espelharam. A operação acabou pelos abusos cometidos, e pelo profundo sentimento de cansaço gerado por suas arbitrariedades. Aqui, os gênios de Curitiba encontraram a saída: a aprovação das 10 Medidas, que elevariam o arbítrio a níveis jamais experimentados. Pior que isso, envolveram toda a corporação nessa maluquice, com a própria PGR financiando campanhas pelo Brasil afora.
A confissão de Janot, de que pretendia assassinar Gilmar Mendes, feita à revista Veja, é apenas um fim melancólico, tétrico, para uma verdadeira ópera-bufa.
De acordo com a revista Veja, Gilmar chama Janot de “bêbado e irresponsável”. Este se refere ao ministro como “perverso e dissimulado”.
Em maio de 2017, Janot tentou impedir Gilmar de atuar num processo envolvendo o empresário Eike Batista.
Alegação: Guiomar, a esposa de Gilmar, trabalha no escritório de Sergio Bermudes, advogado de Eike em outras ações.
Leticia Ladeira Monteiro de Barros, filha de Janot, advogada, por sua vez teria participado de causas ligadas à OAS — Janot diz que Gilmar fez a fofoca.
Janot afirmou à revista Veja:
Fui armado para o Supremo. Ia dar um tiro na cara dele e depois me suicidaria. Estava movido pela ira. Não havia escrito carta de despedida, não conseguia pensar em mais nada. Também não disse a ninguém o que eu pretendia fazer. Esse ministro costuma chegar atrasado às sessões. Quando cheguei à antessala do plenário, para minha surpresa, ele já estava lá. Não pensei duas vezes. Tirei a minha pistola da cintura, engatilhei, mantive-a encostada à perna e fui para cima dele. Mas algo estranho aconteceu. Quando procurei o gatilho, meu dedo indicador ficou paralisado. Eu sou destro. Mudei de mão. Tentei posicionar a pistola na mão esquerda, mas meu dedo paralisou de novo. Nesse momento, eu estava a menos de 2 metros dele. Não erro um tiro nessa distância. Pensei: ‘Isso é um sinal’. Acho que ele nem percebeu que esteve perto da morte. Depois disso, chamei meu secretário executivo, disse que não estava passando bem e fui embora. Não sei o que aconteceria se tivesse matado esse porta-­voz da iniquidade. Apenas sei que, na sequência, me mataria.
No livro, Janot acusa Lula de ser corrupto, diz que Aécio e Michel Temer tentaram “cooptá-lo” e afirma que Palocci pretendia entregar cincos ministro do STF, dentre eles Rosa Weber, Edson Fachin e Luiz Fux.
Com tanto escândalo assim, certamente o livro vai vender e vai fermentar a crise política pró-Lava Jato.
O STF deve se fechar em copas.
Falta checar se Janot conta o episódio-chave do impeachment de Dilma Rousseff: a não aceitação da primeira delação do empresário Leo Pinheiro, aquela que ainda não comprometia o ex-presidente Lula mas acertava em cheio os tucanos Aloysio Nunes Ferreira e José Serra, artífices do impeachment de Dilma Rousseff.
Se a delação tivesse sido aceita, é possível que o golpe de 2016 perdesse força no Congresso. (...)
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POR JUSTIÇA: Lula é inocente e Judiciário deve decidir sem amarras midiáticas, diz Garzón

Juiz espanhol, que esteve em Curitiba para visitar ex-presidente, ao lado dos ex-ministros Tarso Genro e Paulo Vannuchi

Tarso Genro (esq.) e Baltasar Garzón: "Em jogo a credibilidade do Estado de direito. Se fracassa, se abre o abismo"
São Paulo – RBA* - “Baltasar é o juiz que em uma tarde de outubro de 1988 determinou a prisão em Londres do sanguinário ditador chileno Augusto Pinochet.” Assim foi apresentado o ex-juiz espanhol Baltasar Garzón, pelo ex-ministro dos Direitos Humanos Paulo Vannuchi. Eles estiveram, ao lado do ex-governador do Rio Grande do Sul e ex-ministro da Justiça Tarso Genro, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na tarde de hoje (26), em Curitiba. Lula está preso na capital paranaense desde 7 de abril do ano passado.
Após a visita, o grupo se reuniu aos ativistas da Vigília Lula Livre para uma breve conversa. Baltasar, como jurista renomado, fez uma análise do processo que condenou Lula, no âmbito da Operação Lava Jato. “Não há provas diretas nem indiretas contra Lula. Apelo ao Judiciário brasileiro que estudem em profundidade, que pensem sem amarras midiáticas, jurídicas e econômicas. O que está em jogo é a credibilidade do Estado de direito. Se fracassa, está aberto o abismo”, avaliou.
Ao revelar sua convicção na inocência de Lula, o ex-juiz fez a previsão de que Lula deve deixar a prisão o quanto antes. “Confirmamos e estamos convencidos que o processo que corre contra Lula é injusto. Creio e afirmo que antes isso vai ficar evidenciado”, disse. “É grave o que digo sendo juiz. Mas estou absolutamente convencido. Estamos na plataforma de apoio a Lula. Lula livre, lawfare e vamos seguir denunciando essa situação. Faremos tudo o possível para que se prove o que já sabemos, que é a inocência de Lula.”, completou.
Para Vannuchi, o engajamento de um jurista tão relevante evidencia, ainda mais, o caráter político da prisão de Lula. “A força de Baltasar em todo ambiente jurídico do mundo é muito importante. Ele transmitiu a convicção da consciência jurídica honesta de que Lula é alvo de uma perseguição para impedi-lo de ser presidente”, disse.

Preocupação de Lula

Pessoalmente, Lula está mais receoso com a conjuntura política do que com seu próprio processo, de acordo com Genro. “Menos preocupado com sua situação e mais preocupado com a destruição do Brasil. Destruição da educação, da soberania nacional, das instituições políticas e jurídicas do Estado por um governo que não respeita pluralidade, diversidade, os excluídos, os trabalhadores e o destino nacional generoso que sempre esteve nas metas de Lula.”
O ex-governador lembrou do escândalo da Vaza Jato, que evidenciou uma articulação ideológica e promíscua no Judiciário para privilegiar o grupo político que chegou no poder com Jair Bolsonaro (PSL). “Foi uma conspiração política com objetivo de aparelhar o Estado pela extrema-direita. Em segundo lugar, impedir Lula de ser presidente. Essa conspiração está provada pelas publicações do The Intercept Brasil.”
*Via Rede Brasil Atual - RBA

26 setembro 2019

MAIORIA DO SUPREMO VOTA PELA TESE QUE PODE ANULAR SENTENÇAS DA LAVA JATO

Decisão pode reparar a farsa que levou à prisão de Lula




Em resumo, são dois placares:

– em relação ao argumento de que réus delatados devem falar por último no processo, são 6 votos a favor e 3 contra. Neste caso, há maioria formada no tribunal.
– em relação ao recurso em discussão, apresentado pelo ex-gerente da Petrobras Márcio de Almeida Ferreira, são 5 votos a favor e 4 contra.
A diferença se deve ao voto da ministra Cármen Lúcia, que concorda que o réu delatado deve se manifestar por último, mas entende que no caso em questão não houve prejuízo ao réu.
(…)
*Via DCM

Eduardo Bolsonaro compartilha montagem falsa para atacar Greta Thunberg


STEPHANIE KEITH / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP

O filho do presidente saiu em defesa de seu pai, criticado por Greta, e utilizou uma foto manipulada para justificar seu argumento

Carta Capital* - O deputado federal e possível futuro embaixador do Brasil nos EUA, Eduardo Bolsonaro, utilizou sua conta no Twitter nesta quarta-feira 25  para atacar a adolescente Greta Thunberg. A sueca, que é ativista ambiental, fez um discurso na Assembleia Geral das Nações unidas sobre as mudanças climáticas que viralizou por todo o mundo.
Greta falou firme com os líderes e disse que países como França, Alemanha, Argentina , Turquia e Brasil não fazem o suficiente para combater o aquecimento global. O discurso foi proferido na última segunda-feira, 23, em Nova York.
Claro que Eduardo, filho 03 do presidente, saiu em defesa de seu pai, que estava entre os criticados por Greta. O problema é que, ao criticar a atitude da ativista, o deputado compartilhou em seus redes uma falsa montagem com a sueca, no qual ela aparece comendo em frente de crianças africanas.

A foto em questão, compartilhada por Eduardo, é uma montagem de uma imagem postada por Greta, no qual a garota come dentro de um trem sentido a Dinamarca. O momento foi divulgado no Instagram da ativista no dia 22 de janeiro de 2019.
Na janela, não aparecem crianças, e sim algumas árvores desfolhadas. Na legenda, está escrito: “Almoço na Dinamarca”.

A outra imagem utilizada na montagem foi tirada em 2007, na República Centro-Africana, pela fotógrafa Stephanie Hancock, da agência Reuters. As crianças retratadas viviam em um campo de refugiados.

George Soros

Além da imagem falsa, Eduardo compartilha uma “matéria” falsa dizendo que Greta é financiada pelo multimilionário George Soros. A informação, que não é verdadeira,  partiu de uma foto manipulada de Greta, em que a cabeça de Soros foi colocada no lugar do rosto de Al Gore, ao lado de quem a jovem realmente pousou. A imagem original data de dezembro de 2018 e foi publicada nas redes sociais pela própria garota, que agradecia Al Gore por ser “um verdadeiro pioneiro” da causa ambiental.
Dias antes, ambos haviam participado da Conferência do Clima da Polônia (COP-24), na qual fizeram discursos para pressionar os governos a adotar medidas ambiciosas de proteção do planeta.
Nos últimos meses, Greta se tornou uma das principais vozes sobre assuntos climáticos ao cobrar que autoridades combatam o aquecimento global. A estudante chamou atenção ao ganhar lugar cativos de assembleias e encontros globais sobre o clima.

25 setembro 2019

Raoni diz a todos, inclusive Bolsonaro: “Em breve você também sentirá medo!”


Por muitos anos, nós, os líderes indígenas e os povos da Amazônia, temos avisado vocês, nossos irmãos que causaram tantos danos às nossas florestas.
O que você está fazendo mudará o mundo inteiro e destruirá nossa casa – e destruirá sua casa também.
Temos deixado de lado nossa história dividida para nos unirmos.
Apenas uma geração atrás, muitos de nossos povos estavam lutando entre si, mas agora estamos juntos, lutando juntos contra nosso inimigo comum.
E esse inimigo comum é você, os povos não-indígenas que invadiram nossas terras e agora estão queimando até mesmo aquelas pequenas partes das florestas onde vivemos que você deixou para nós.
O presidente Bolsonaro do Brasil está incentivando os proprietários de fazendas perto de nossas terras a limpar a floresta – e ele não está fazendo nada para impedir que invadam nosso território.
Pedimos que você pare o que está fazendo, pare a destruição, pare o seu ataque aos espíritos da Terra.
Quando você corta as árvores, agride os espíritos de nossos ancestrais.
Quando você procura minerais, empala o coração da Terra.
E quando você derrama venenos na terra e nos rios – produtos químicos da agricultura e mercúrio das minas de ouro* – você enfraquece os espíritos, as plantas, os animais e a própria terra.
Quando você enfraquece a terra assim, ela começa a morrer.
Se a terra morrer, se nossa Terra morrer, nenhum de nós será capaz de viver, e todos nós também morreremos.
Por que você faz isso? Você diz que é para desenvolvimento – mas que tipo de desenvolvimento tira a riqueza da floresta e a substitui por apenas um tipo de planta ou um tipo de animal?
Onde os espíritos nos deram tudo o que precisávamos para uma vida feliz – toda a nossa comida, nossas casas, nossos remédios – agora só há soja ou gado. Para quem é esse desenvolvimento?
Apenas algumas pessoas vivem nas terras agrícolas; eles não podem apoiar muitas pessoas e são estéreis.
Você destrói nossas terras, envenena o planeta e semeia a morte, porque está perdido.
E logo será tarde demais para mudar
Então, por que você faz isso?
Podemos ver que é para que alguns de vocês possam obter uma grande quantia de dinheiro.
Na língua Kayapó, chamamos seu dinheiro de piu caprim, “folhas tristes”, porque é uma coisa morta e inútil, e traz apenas danos e tristeza.
Quando seu dinheiro entra em nossas comunidades, muitas vezes causa grandes problemas, separando nosso pessoal.
E podemos ver que faz o mesmo em suas cidades, onde o que você chama de gente rica vive isolado de todos os outros, com medo de que outras pessoas venham tirar seu piu caprim.
Enquanto isso, outras pessoas passam fome ou vivem na miséria porque não têm dinheiro suficiente para conseguir comida para si e para seus filhos.
Mas essas pessoas ricas vão morrer, como todos nós vamos morrer.
E quando seus espíritos forem separados de seus corpos, seus espíritos ficarão tristes e vão sofrer, porque enquanto vivos fizeram com que muitas outras pessoas sofressem em vez de ajudá-las, em vez de garantir que todos os outros tenham o suficiente para comer, antes de alimentar a si próprio, como é o nosso caminho, o caminho dos Kayapó, o caminho dos povos indígenas.
Você tem que mudar a sua maneira de viver porque está perdido, você se perdeu.
Onde você está indo é apenas o caminho da destruição e da morte.
Para viver, você deve respeitar o mundo, as árvores, as plantas, os animais, os rios e até a própria terra.
Porque todas essas coisas têm espíritos, todas elas são espíritos, e sem os espíritos a Terra morrerá, a chuva irá parar e as plantas alimentares murcharão e morrerão também.
Todos nós respiramos esse ar, todos bebemos a mesma água.
Vivemos neste planeta.
Precisamos proteger a Terra.
Se não o fizermos, os grandes ventos virão e destruirão a floresta.
Então você sentirá o medo que nós sentimos.