29 fevereiro 2020

O jornalismo neoliberal é o vírus mais perigoso para a democracia

Os jornalões e jornalistas neoliberais continuam na mesma toada de sempre: a culpa é do Lula, se Lula não existisse todos os problemas da terra estariam resolvidos

Charge de Laerte Coutinho bastante didática para os dias atuais.

Por Maria Frô*

Jornalismo tem em sua origem uma função social que deve ter como agenda o interesse público. Vivemos uma inversão sem precedentes em relação ao que é de interesse público, com a transformação das empresas de comunicação em corporações financeiras.

No Brasil, como nos Estados Unidos, as corporações midiáticas cultuam o deus mercado. Em nome dele a agenda é sempre a do mercado. Foi assim quando todas as TVs, rádios, jornais e revistas agiram como um partido político fazendo oposição cerrada à entrada do Brasil, com 70 anos de atraso, na era do bem-estar social durante os anos dos governos Lula e Dilma.
Qualquer sinal de combate à desigualdade e à concentração do grande capital, mesmo inofensiva como o Bolsa Família, programa de combate à fome, foi rechaçado pela imprensa. Além disso, os políticos e governos que ousaram mexer na estrutura de origem escravagista se tornaram alvo.
Lula, infelizmente, jamais foi radical, quem dera tivesse colocado a Constituição em prática e acabado com o monopólio midiático no Brasil. Talvez estivéssemos em outro patamar. Mesmo sendo o grande conciliador que é, foi e é tratado como um político igual a Bolsonaro. Lula nunca cerceou a imprensa, ao contrário, a financiou. Lula nunca estimulou a população contra o Congresso ou STF. Lula nunca ameaçou a ordem democrática.
Quem não tem cão caça com gato
Com Lula preso, resultado da forte campanha do Partido da Imprensa Golpista – PIG, aliado da Lava Jato, o tucano Alckmin, candidato do PIG não conseguiu emplacar. Bolsonaro foi o candidato do Mercado e o PIG teve de engolir Bolsonaro nu e cru para abraçar Paulo Guedes.
O cinismo deliberado da mídia neoliberal, ao criar falsas simetrias entre Lula e Bolsonaro, Haddad e Bolsonaro, causa essa loucura que vivemos nos tempos atuais: vários jornalistas que repudiam a esquerda são denominados pelos fascistas de Bolsonaro como “esquerdistas” e se tornam alvo da barbárie. Mas nem a experiência de viver concretamente o fascismo tem provocado neles qualquer espécie de autocrítica.
Ao contrário, os jornalões e jornalistas neoliberais continuam na mesma toada de sempre: a culpa é do Lula, se Lula não existisse todos os problemas da terra estariam resolvidos.
O vírus do lacerdismo tucano na mídia brasileira
Carlos Lacerda e o tucanato atual dentro do PSDB e das redações massas cheirosas são inimigos mortais dos governos trabalhistas. E, como Carlos Lacerda, seguem sendo linha de frente para minar a democracia. O golpista Lacerda atacou noite e dia o trabalhismo de Getúlio, ajudou a dar o golpe e depois se tornou alvo dele.
O discurso contra o comunismo que nunca existiu e do qual Getúlio nunca se aproximou é o mesmo utilizado por Serra, FHC, Aécio Neves, Alckmin e seus correligionários nas redações, as mesmas falsas equivalências são usadas cotidianamente.
Como pode um jornal, mesmo de filiação conservadora como o Estadão, criar equivalência entre um partido de tradição histórica de lutas sociais e democráticas como o PT, com a malta adepta de milicianos que hoje tem um presidente da República que estimula o ataque ao Congresso, que ameaça a sociedade civil, que ameaça o STF, que ameaça e desrespeita a liberdade de imprensa, que trata a oposição política como inimigo a ser eliminado, dizendo com todas as letras em plena campanha eleitoral: “vamos metralhar a petralhada?”.
Miriam Leitão, hoje alvo do fascismo bolsonarista, assim como Vera Magalhães, nunca esconderam sua filiação neoliberal. Vera chegou a tratar Boulos como bandido, quando ele se tornou colunista da Folha. Para ela, o líder que luta pelo direito constitucional à moradia é “bandido”, vocábulo da extrema direita para atacar as lutas dos movimentos sociais no campo ou na cidade.
Todos silenciaram sobre a greve dos petroleiros, todos apoiaram a reforma trabalhista e o fim da seguridade social no país. Todos, noite e dia, abraçam a desastrosa política ultraneoliberal de Paulo Guedes, que destrói o Estado brasileiro e a economia. Mas não querem ser alvo da truculência daqueles que esta mesma mídia, durante décadas, educou para que fossem antidemocráticos, fascistas.
Nos EUA temos as Mírians, Veras, Globo, Estadão, Folha dispostos a destruírem Sanders com o mesmo argumento
Na última sexta (28/02) Folha, Veja e Estadão atacaram Sanders seguindo a linha do Deus Mercado. A Folha publica “Sanders é o Bolsonaro da esquerda americana, diz professora dos EUA“. Impressiona como usam e abusam da falsa simetria de modo irresponsável e inconsequente.
Como é possível fazer coro a esse absurdo e igualar o fascismo ao socialismo de Sanders?
Coronavírus é uma gripe, seu índice de mortalidade é muito menor que o genocídio da juventude negra, a homofobia e o feminicídio no Brasil, índices que cresceram com a vitória de Bolsonaro, em 2018, assim como o assassinato de indígenas e trabalhadores sem-terra.
O ódio escravagista aos pobres, aos trabalhadores com consciência de classe de nossa elite escravocrata e antinacional, não se importa com o fim da soberania do Brasil e contribui, a passos largos, para a efetivação de mais um período de nossa história de governos autoritários e de fim de conquistas de direitos básicos da Constituição de 88.
Nosso pior vírus, o mais mortal para a democracia, é o jornalismo que cultua o deus Mercado sem se importar com as consequências nefastas do neofascismo que o endossa.

27 fevereiro 2020

Jessé: "sem reação, Bolsonaro e sua quadrilha vão destruir o Brasil"

Ele joga sua cartada final
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(Foto 1: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil - Foto 2: Reprodução/Amazon)
Opinião do sociólogo Jessé Souza, autor do best-seller "A Elite do Atraso - da escravidão a Bolsonaro", sobre as mais recentes ameaças à democracia feitas pelo presidente da suposta República:
O presidente miliciano joga sua cartada final. Seus crimes são tantos que não podem continuar escondidos sem um golpe de estado miliciano/evangélico e militar. Sem reação firme ele e sua quadrilha, como descrevi no meu livro “a guerra contra o Brasil”, vão destruir o Brasil.
— Jessé Souza (@JesseSouzaecht) February 26, 2020

*Via Conversa Afiada 

26 fevereiro 2020

Em Nota Oficial, PT convoca o povo às ruas em 8, 14 e 18 de março


"É assim que enfrentaremos Bolsonaro e a extrema direita"

A Direção Municipal do Partido dos Trabalhadores - PT de Santiago/RS, face a mais uma das tantas declarações irresponsáveis e golpistas do Sr. Jair Bolsonaro contra a Democracia, a Constituição e o Estado de Direito vem, por sua Secretaria de Comunicação, divulgar - para conhecimento, reflexão e mobilização geral dos militantes, filiados, dos trabalhadores, da juventude  e do conjunto da cidadania democrática - a Nota Oficial publicada pelo PT Nacional nesta quarta-feira, 26/II. Leia abaixo:

"O novo ataque de Jair Bolsonaro à democracia e às instituições, na noite da terça-feira de carnaval, é mais uma etapa da escalada que passou pelo golpe do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, em 2016, e pela prisão ilegal e cassação da candidatura do presidente Lula, em 2018.

Foram episódios decisivos para levar ao governo um presidente de extrema-direita com uma trajetória assumidamente antidemocrática, para implantar uma agenda de destruição do país, da soberania, dos direitos e das liberdades. Um governo que cria desemprego, pobreza e fome, que agride a Constituição todos os dias.

A nova ameaça bolsonarista começou com um ataque despudorado do general Augusto Heleno ao Congresso Nacional, que tem a obrigação de reagir com firmeza por meio dos presidentes da Câmara e do Senado.

O Partido dos Trabalhadores, que já fez requerimento para convocar o general Heleno ao plenário do Senado, reitera que os presidentes do Legislativo devem se juntar às diversas vozes que repudiam os ataques à democracia por parte de Bolsonaro e de seus cúmplices civis e militares.

O PT está articulado com os partidos de oposição, com as centrais sindicais e com organizações da sociedade para deter esta ameaça, que atinge em primeiro lugar os interesses do povo, dos trabalhadores e dos desprotegidos, que precisam garantir o direito à liberdade, ao trabalho, à renda, uma vida digna que só pela democracia se conquista.

Quem pode realmente garantir a democracia no Brasil é o povo nas ruas. Por isso o PT fortalecerá a mobilização para os atos públicos convocados nacionalmente, nos dias 8, 14 e 18 de março, e vai articular com amplos setores da sociedade atos em defesa da democracia e dos direitos do povo. É assim que mostraremos nossa indignação com a situação do país, enfrentando Bolsonaro e seu governo neoliberal de extrema-direita.

GLEISI HOFFMANN, presidenta nacional do PT
ENIO VERRI, líder do PT na Câmara dos Deputados
ROGÉRIO CARVALHO, líder do PT no Senado Federal"
...

-Com os sites do PT/Nacional e  Conversa Afiada -  - Via Portal O Boqueirão Online 

Convocação para o dia 15 tem cara de “Marcha de Itararé”


Embora a história real não seja bem assim, a Batalha de Itararé, na Revolução de 30, ficou conhecida como “a batalha que não houve”.
A tal marcha bolsonarista do dia 15 tem toda a pinta de que, a seu modo, será a “Marcha de Itararé”, a que não houve.
Mesmo os alucinados, como o general Augusto Heleno e o próprio presidente sabem que não têm condições, senão no mundo os factóides e virtualidades, de produzir multidões nas ruas e que ralas concentrações – e com os apelos alucinados e golpistas que certamente ostentariam – só iriam produzir mais evidências sobre o caráter autoritário e fascista do apoio ao ex-capitão.
Que, aliás, colocou o “Vovô Chilique” convenientemente à frente de si, mostrando quem mesmo é que pratica a chantagem e o “foda-se”, inclusive o institucional em relação à própria corporação militar.
Vai aproveitar o resto da semana carnavalesca para, com isso, dominar a polêmica e dar um assunto que encubra o caos no mercado que tem data e hora para começar: hoje, às 13 horas, quando abrir a bolsa de valores.
Depois, alegam os perigos coronavírus e cancelam o que seria um fiasco anunciado com uma “nobre” justificativa, mantendo a dúvida e o medo do que seriam multidões selvagens nas ruas.
odiovírus do bolsonarismo ainda é forte e perigoso, mas perdeu o seu pico e tende a circunscrever-se em guetos, se o campo democrático largar de frescura e entender que não é mais a hora de ficar com rancores – muitos, verdade, justificados – e bloquear o caminho golpista de um governo que entrou no campo da agonia e dele não sairá por conta da crise que chegou e chegou forte.
*Por Fernando Brito - jornalista, Editor do Blog Tijolaço, fonte desta postagem.

Decano do STF, Celso de Mello aponta crime de responsabilidade de Bolsonaro

O decano do Supremo Tribunal Federal, ministro Celso de Mello, divulgou nota na manhã desta quarta-feira falando em "face sombria" de Bolsonaro e indicando enquadramento em crime de responsabilidade

(Foto: STF | Reuters)

247* - Leia a Nota do decano do STF, ministro Celso de Mello da manhã desta quarta-feira (26) a respeito da convocação de manifestações pelo fechamento do Congresso Nacional feita por Jair Bolsonaro na terça:
“Essa gravíssima conclamação, se realmente confirmada, revela a face sombria de um presidente da República que desconhece o valor da ordem constitucional, que ignora o sentido fundamental da separação de poderes, que demonstra uma visão indigna de quem não está à altura do altíssimo cargo que exerce e cujo ato, de inequívoca hostilidade aos demais Poderes da República, traduz gesto de ominoso desapreço e de inaceitável degradação do princípio democrático!!! O presidente da República, qualquer que ele seja, embora possa muito, não pode tudo, pois lhe é vedado, sob pena de incidir em crime de responsabilidade, transgredir a supremacia político-jurídica da Constituição e das leis da República!”
...
-Leia também: Surge uma frente ampla contra o golpe de Bolsonaro

24 fevereiro 2020

“Estamos vivendo um processo de deterioração política acelerado e gravíssimo” (Deputado Federal Paulo Pimenta)


“Nós não estamos numa disputa política tradicional. Estamos tratando com bandidos”. (Foto: Luiza Castro/Sul21)
Porto Alegre/RS - Do RS Urgente* - Assassinatos de parlamentares e lideranças sociais, ameaças e agressões verbais e físicas contra jornalistas, parlamentares, militantes e artistas. Morte de suspeitos de envolvimento em crimes que incomodam altas autoridades da República. Uso do aparato do Estado para intimidar adversários políticos. A lista de eventos desta natureza é longa e não para de crescer. O assassinato do ex-capitão do BOPE do Rio de Janeiro, Adriano Magalhães da Nóbrega, foi um dos últimos capítulos dessa escalada de violência no país. “O capitão Adriano era o elo de ligação entre as duas principais investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro hoje: o assassinato da Marielle e o esquema de corrupção envolvendo o Flavio Bolsonaro e o Queiroz”, diz o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), que alerta para um grave e crescente processo de deterioração política e social no país. “Nós não estamos numa disputa política tradicional. Estamos tratando com bandidos. Estou participando da CPI das Fake News e é possível perceber os traços da presença do crime organizado em todo esse processo”, acrescenta o parlamentar.
Em entrevista ao Sul21, Paulo Pimenta, que assumiu a presidência estadual do PT no Rio Grande do Sul fala do cenário político nacional, do aniversário de 40 anos do PT e dos planos do partido no Estado. As metas são ambiciosas: “Queremos o PT organizado nos 497 municípios do Estado. Estamos lançando uma campanha cujo lema será ‘Nenhuma cidade sem o PT’. Vamos trabalhar também para que, em todas as cidades, o PT tenha pelo menos um vereador ou uma vereadora. Queremos que todos os municípios tenham uma representação do PT”, anuncia. (Leia aqui a íntegra da entrevista)

23 fevereiro 2020

No Carnaval do repúdio a Bolsonaro, Elza Soares diz que coro contra presidente não leva a nada: “Tem de ir pra rua”; vídeos


Da Redação do Viomundo*:
Apesar da massiva campanha Ele Não, organizada por mulheres em todo o Brasil, Jair Bolsonaro elegeu-se presidente da República.
Ele venceu Fernando Haddad por 63% a 37% entre mulheres que ganhavam acima de dois salários mínimos, justamente aquelas que supostamente estavam preocupadas com questões como o machismo e a misoginia, temas principais do Ele Não.
Bolsonaro venceu por 52% a 48% no conjunto do voto feminino.
Em Recife, depois de ouvir um coro “ei, Bolsonaro, vai tomar ….” em evento do Carnaval, a cantora Elza Soares afirmou:
“Não adianta mandar o cara tomar aqui, tomar ali, gente. O negócio é ir pra rua. É bobagem, a gente não tem que mandar nada, tem que ir para a rua, é na rua que a gente faz a reviravolta, nas ruas”.
A declaração foi feita no segundo dia do Carnaval de Recife, dedicado às mulheres, no Marco Zero.
No dia anterior, Jair Bolsonaro já havia sido alvo de duras críticas de Antonio Nóbrega. A noite foi dedicada a artistas e jornalistas brasileiros.
“Há uma guerra aberta com a área de cultura e ameaça de um retrocesso obscurantista nas prioridades de um governo que ainda não aceitou sequer Copérnico. Para quem não sabe, foi ele quem descobriu há mais de 600 anos que havia movimento de rotação e translação. Se não chegou a Copérnico, muito mal chegou a Darwin”, afirmou Antonio Nóbrega durante o evento.
“Aumentam cortes em gastos sociais, além de cortes em direitos históricos dos trabalhadores. Aumenta a defloração da Amazônia e aumentam as ameaças à imprensa”, ele acrescentou.
Em seguida, Nóbrega cantou sua música em homenagem a Marielle Franco, a vereadora do Psol assassinada com o motorista Anderson em março de 2018, no Rio de Janeiro.
Uma onda de protestos contra o governo Bolsonaro domina o Carnaval 2020.
Em São Paulo, a campeã do Carnaval, Mancha Verde, levou figurantes fantasiadas de empregadas domésticas ao sambódromo, com a carteira de trabalho na mão. (...)
*CLIQUE AQUI para continuar lendo a postagem e assistir aos vídeos.

22 fevereiro 2020

Carnaval do Fora Bolsonaro tem até Moro na cadeia


Uma das principais imagens da festa mais tradicional do Brasil é a de Jair Bolsonaro fazendo sinal de arminha, na Sapucaí pela Acadêmicos de Vigário Geral. Os foliões também protestaram contra o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, que aparece encarcerado em alegoria de bloco de rua

(Foto: Lula Marques | Reprodução)

247* - Festa mais tradicional do Brasil, o Carnaval já leva em seu primeiro dia de festa a política para as ruas em manifestações contra o governo Jair Bolsonaro. No Twitter, a hashtag #CarnavalDoForaBolsonaro ahlcançou um dos principais TTs - Trending Topics, ou Tópicos de Tendências, em português.
Uma das principais imagens é a de Bolsonaro fazendo sinal de arminha, na Sapucaí pela Acadêmicos de Vigário Geral.
Os foliões também protestaram contra o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, que aparece encarcerado em alegoria de bloco de rua.
Em Salvador (BA) e pelas ruas do Recife (PE), os foliões entoaram o já tradicional “eih, Bolsonaro, vai tomar no c*”.
Também foram vistas fantasias, como a das “barbies fascistas”, que circularam pelas ruas do Rio de Janeiro.
Ano passado, Bolsonaro criticou o Carnaval e causou polêmica ao publicar um vídeo obsceno na internet, com o golden shower, que, na tradução literal, significa "chuveiro dourado", que é o ato de urinar no parceiro durante o sexo. O vídeo repercutiu no mundo. Depois, Bolsonaro perguntou o que era golden shower.