31 março 2019

A história da estudante santiaguense Sônia Angel, trucidada pela ditadura aos 27 anos




Sônia Maria Lopes de Moraes Angel Jones nasceu em 9 de novembro de 1946, em Santiago do Boqueirão, Estado do Rio Grande do Sul, filha de João Luiz Moraes e Cléa Lopes de Moraes.

Foi morta aos 27 anos em 1973, em São Paulo. Estudou no colégio de Aplicação da antiga Faculdade Nacional de Filosofia e, posteriormente, na Faculdade de Economia e Administração da UFRJ, mas não chegou a se formar, sendo desligada pelo Decreto nº477, de 24 de setembro de 1969.

No Rio, trabalhava como professora de Português no Curso Goiás.

Casou-se, em 18 de agosto de 1968, com Stuart Edgar Angel Jones, militante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8).

Em 1° de Maio de 1969, foi presa por ocasião das manifestações de rua na Praça Tiradentes/RJ com mais três estudantes, levada para o DOPS e, posteriormente, para o Presídio Feminino São Judas Tadeu. Somente foi libertada em 6 de agosto de 1969, quando foi julgada e absolvida por unanimidade pelo Superior Tribunal Militar. Passou a viver na clandestinidade.

Em maio de 1970 exilou-se na França, onde se matriculou na Universidade de Vincennes e, para se sustentar, trabalhou na Escola de Línguas Berlitz, em Paris, onde lecionava Português.

Com a prisão e desaparecimento de Stuart pelos órgãos brasileiros de repressão política, Sônia decidiu voltar ao Brasil para retomar a luta de resistência. Ingressou na ALN e viajou para o Chile, onde trabalhava como fotógrafa. Posteriormente, em maio de 1973, retornou clandestinamente ao Brasil, indo morar em São Paulo. Em 15 de novembro de 1973 alugou um apartamento em São Vicente, junto com Antônio Carlos Bicalho Lana, com quem se unira. Seu apartamento passou a ser vigiado, sendo presa, juntamente com Antônio Carlos, no mesmo mês, por agentes do DOI-CODI/SP, tendo o II Exército divulgado a notícia de que morrera, após combate, a caminho do hospital (O globo 1º de dezembro de 1973).

Foi assassinada sob torturas no dia 30 de novembro de 1973, juntamente com Antônio Carlos Bicalho Lana. (...)

-Leia a história (de vida e  morte) da lúcida, consciente   e corajosa santiaguense Sônia Maria Lopes de Moraes Angel Jones (postado originalmente no Blog Razão Crítica)  Clicando Aqui   Aqui
***
* Nota do Editor: Tenho certeza de que a maioria dos nossos conterrâneos não tem conhecimento de quem foi a Sônia, essa jovem gaúcha trucidada em São Paulo aos 27 anos pelos torturadores a soldo da  odiosa ditadura militar. Esta postagem pretende auxiliar a recompor a verdade histórica e preencher essa lacuna existente na memória do nosso povo.
 
Santiago e o RS estão devendo (e por isso deveriam redimir-se, ainda que tardiamente) uma justa homenagem à esta sua filha, morta precocemente, e de forma tão infame e covarde. Jovem esta que demonstrou coragem, consciência política, determinação e amor ao seu povo - quando muitos vacilaram, se acovardaram ou mesmo traíram a Nação.  (Júlio Garcia)
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*Postado originalmente neste Blog em 22/01/2011

30 março 2019

De 1964 para cá, muito a esclarecer. O Brasil ainda veste luto

"Ao recomendar a comemoração, ou 'rememoração', do golpe militar de 1º de abril e a revisão histórica do que chama, extemporaneamente, de a 'revolução de 31 de Março', Bolsonaro não coloca somente o País em confronto político. Ele põe o Brasil em perigo e a nossa democracia em risco. Atiça os que sonham com o passado, com a tortura, com as prisões políticas, com a guerra entre um lado e outro", avalia o jornalista Gilvandro Filho, do Jornalistas pela Democracia; "O que aconteceu no Brasil não deve acontecer mais. Até porque muitas barbaridades e muitos crimes não foram esclarecidos. Nesse assunto, a memória brasileira ainda veste luto"

CLIQUE AQUI para ler na íntegra (via 247) 

Ditadura Militar: O que vivi em 28 de maio de 1974, conta Paulo Coelho

O escritor foi sequestrado na ditadura
Conta em detalhes sessões de tortura
Washington Post deu versão em inglês



Por Paulo Coelho* 

28 de maio de 1974: um grupo de homens armados invade meu apartamento. Começam a revirar gavetas e armários –não sei o que estão procurando, sou apenas um compositor de rock. Um deles, mais gentil, pede que os acompanhe “apenas para esclarecer algumas coisas”.

Sou levado para o DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), fichado e fotografado. Pergunto o que fiz, ele diz que ali quem pergunta são eles. Um tenente me faz umas perguntas tolas, e me deixa ir embora.

Oficialmente já não sou mais preso: o governo não é mais responsável por mim. Quando saio, o homem que me levara ao DOPS sugere que tomemos um café juntos. Em seguida, escolhe um táxi e abre gentilmente a porta. Entro e peço para que vá até a casa de meus pais –espero que não saibam o que aconteceu.

No caminho, o táxi é fechado por dois carros; de dentro de um deles sai um homem com uma arma na mão e me puxa para fora. Caio no chão, sinto o cano da arma na minha nuca. Olho um hotel diante de mim e penso: “não posso morrer tão cedo.”

Entro em uma espécie de catatonia: não sinto medo, não sinto nada. Conheço as histórias de outros amigos que desapareceram; sou um desaparecido, e minha última visão será a de um hotel. Ele me levanta, me coloca no chão do seu carro, e pede que eu coloque um capuz.

O carro roda por talvez meia hora. Devem estar escolhendo um lugar para me executarem –mas continuo sem sentir nada, estou conformado com meu destino. O carro para.

Sou retirado e espancado enquanto ando por aquilo que parece ser um corredor. Grito, mas sei que ninguém está ouvindo, porque eles também estão gritando. Terrorista, dizem. Merece morrer. Está lutando contra seu país. Vai morrer devagar, mas antes vai sofrer muito. Paradoxalmente, meu instinto de sobrevivência começa a retornar aos poucos.

Sou levado para a sala de torturas, com uma soleira. Tropeço na soleira porque não consigo ver nada: peço que não me empurrem, mas recebo um soco pelas costas e caio. Mandam que tire a roupa.

Começa o interrogatório com perguntas que não sei responder. Pedem para que delate gente de quem nunca ouvi falar. Dizem que não quero cooperar, jogam água no chão e colocam algo no meus pés, e posso ver por debaixo do capuz que é uma máquina com eletrodos que são fixados nos meus genitais.

Entendo que, além das pancadas que não sei de onde vêm (e portanto não posso nem sequer contrair o corpo para amortecer o impacto), vou começar a levar choques. Eu digo que não precisam fazer isso, confesso o que quiser, assino onde mandarem. Mas eles não se contentam.

Então, desesperado, começo a arranhar minha pele, tirar pedaços de mim mesmo. Os torturadores devem ter se assustado quando me veem coberto de sangue; pouco depois me deixam em paz.

Dizem que posso tirar o capuz quando escutar a porta bater. Tiro o capuz e vejo que estou em uma sala a prova de som, com marcas de tiros nas paredes. Por isso a soleira.

No dia seguinte, outra sessão de tortura, com as mesmas perguntas. Repito que assino o que desejarem, confesso o que quiserem, apenas me digam o que devo confessar. Eles ignoram meus pedidos.

Depois de não sei quanto tempo e quantas sessões (o tempo no inferno não se conta em horas), batem na porta e pedem para que coloque o capuz. O sujeito me pega pelo braço e diz, constrangido: não é minha culpa.

Sou levado para uma sala pequena, toda pintada de negro, com um ar-condicionado fortíssimo. Apagam a luz. Só escuridão, frio, e uma sirene que toca sem parar. Começo a enlouquecer, a ter visões de cavalos. Bato na porta da “geladeira” (descobri mais tarde que esse era o nome), mas ninguém abre. Desmaio. Acordo e desmaio várias vezes, e em uma delas penso: melhor apanhar do que ficar aqui dentro.

Quando acordo estou de novo na sala. Luz sempre acesa, sem poder contar dias e noites. Fico ali o que parece uma eternidade. Anos depois, minha irmã me conta que meus pais não dormiam mais; minha mãe chorava o tempo todo, meu pai se trancou em um mutismo e não falava.

Já não sou mais interrogado. Prisão solitária. Um belo dia, alguém joga minhas roupas no chão e pede que eu me vista. Me visto e coloco o capuz. Sou levado até um carro e posto na mala. Giram por um tempo que parece infinito, até que param – vou morrer agora? Mandam-me tirar o capuz e sair da mala. Estou em uma praça com crianças, não sei em que parte do Rio.

Vou para a casa de meus pais. Minha mãe envelheceu, meu pai diz que não devo mais sair na rua. Procuro os amigos, procuro o cantor, e ninguém responde ao meus telefonemas. Estou só: se fui preso devo ter alguma culpa, devem pensar.

É arriscado ser visto ao lado de um preso. Saí da prisão mas ela me acompanha. A redenção vem quando duas pessoas que sequer eram próximas de mim me oferecem emprego. Meus pais nunca se recuperaram.

Décadas depois, os arquivos da ditadura são abertos e meu biógrafo consegue todo o material. Pergunto por que fui preso: uma denúncia, ele diz. Quer saber quem o denunciou? Não quero. Não vai mudar o passado.

E são essas décadas de chumbo que o Presidente Jair Bolsonaro –depois de mencionar no Congresso um dos piores torturadores como seu ídolo– quer festejar nesse dia 31 de março.

*Via https://www.poder360.com.br

Marca de cerveja dispensa consumidor que comemorar golpe de 64 e viraliza nas redes...



A marca de cervejas artesanais Rio Carioca resolveu se manifestar contra a orientação do presidente Jair Bolsonaro para os militares comemorarem o golpe de 64.

Em uma campanha nas redes sociais, a marca dispensa os consumidores simpatizantes da ditadura militar. 

“Se for para comemorar o golpe de 64, por favor, não compre Rio Carioca”, diz a peça publicitária. 

#cervejariocarioca #riocarioca #onzevinteum 

*Com https://catracalivre.com.br

Juíza proíbe Bolsonaro de celebrar o Golpe de 1964 - Afronta à memória e à verdade!

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De Fábio Fabrini, na Fel-lha:

Juíza proíbe governo Bolsonaro de comemorar golpe de 1964


A juíza Ivani Silva da Luz, da 6ª Vara da Justiça Federal em Brasília, proibiu nesta sexta (29) o governo de Jair Bolsonaro de comemorar o aniversário de 55 anos do golpe de 1964 no próximo domingo (31). 

Ela atendeu a um pedido de liminar apresentado pela Defensoria Pública da União, que alegou risco de afronta à memória e à verdade, além do emprego irregular de recursos públicos nos eventos.

“Defiro o pedido de tutela de urgência para determinar à União que se abstenha da ordem do dia alusiva ao 31 de março de 1964, prevista pelo ministro da Defesa e comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica”, decidiu a magistrada.

Ela determinou que a Defesa seja intimada da ordem. No início da semana, Bolsonaro havia determinado à pasta que o golpe fosse comemorado nos quartéis.

Na prática, várias unidades militares anteciparam as celebrações ao movimento golpista para esta sexta (29), já que o aniversário cairá no domingo.

*Via Conversa Afiada

27 março 2019

“Festejar a ditadura merece repúdio social e político: ditadores brasileiros cometeram crimes contra a humanidade”

Deborah Duprat, Procuradora Federal dos Direitos do Cidadão, e Domingos Sávio Dresch da Silveira, Procurador Federal dos Direitos do Cidadão Substituto. (Foto: Joana Berwanger/Sul21)

Da Redação (*)

A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão e o Ministério Público Federal condenaram nesta terça-feira (26) a intenção do governo Jair Bolsonaro de “comemorar” o aniversário de 55 anos do golpe de Estado de 1964 que derrubou o governo constitucional de João Goulart e instalou uma ditadura no país. Em nota, a PFDC  e o MPF afirmam que é “incompatível com o Estado Democrático de Direito festejar um golpe de Estado e um regime que adotou políticas de violações sistemáticas aos direitos humanos e cometeu crimes internacionais”.

A nota é assinada por Deborah Duprat, Procuradora Federal dos Direitos do Cidadão, Domingos Sávio Dresch da Silveira, Procurador Federal dos Direitos do Cidadão Substituto, Marlon Weichert, Procurador Federal dos Direitos do Cidadão Adjunto, Eugênia Augusta Gonzaga Procuradora Federal dos Direitos do Cidadão Adjunta.

Veja abaixo a íntegra da nota

A Presidência da República recomendou ao Ministério da Defesa que o aniversário de 55 anos do golpe de Estado de 1964 seja comemorado. Embora o verbo comemorar tenha como um significado possível o fato de se trazer à memória a lembrança de um acontecimento, inclusive para criticá-lo, manifestações anteriores do atual presidente da República indicam que o sentido da comemoração pretendida refere-se à ideia de festejar a derrubada do governo de João Goulart em 1º de abril de 1964 e a instauração de uma ditadura militar.

Em se confirmando essa interpretação, o ato se reveste de enorme gravidade constitucional, pois representa a defesa do desrespeito ao Estado Democrático de Direito. É preciso lembrar que, em 1964, vigorava a Constituição de 1946, a qual previa eleições diretas para presidente da República. O mandato do então presidente João Goulart seguia seu curso normal, após a renúncia de Jânio Quadros e a decisão popular, via plebiscito, de não dar seguimento à experiência parlamentarista.

Ainda que sujeito a contestações e imerso em crises, não tão raras na dinâmica política brasileira e em outros Estados Democráticos de Direito, tratava-se de um governo legítimo constitucionalmente.

O golpe de Estado de 1964, sem nenhuma possibilidade de dúvida ou de revisionismo histórico, foi um rompimento violento e antidemocrático da ordem constitucional. Se repetida nos tempos atuais, a conduta das forças militares e civis que promoveram o golpe seria caracterizada como o crime inafiançável e imprescritível de atentado contra a ordem constitucional e o Estado Democrático previsto no artigo 5°, inciso XLIV, da Constituição de 1988. O apoio de um presidente da República ou altas autoridades seria, também, crime de responsabilidade (artigo 85 da Constituição, e Lei n° 1.079, de 1950). As alegadas motivações do golpe – de acirrada disputa narrativa – são absolutamente irrelevantes para justificar o movimento de derrubada inconstitucional de um governo democrático, em qualquer hipótese e contexto.

Não bastasse a derrubada inconstitucional, violenta e antidemocrática de um governo, o golpe de Estado de 1964 deu origem a um regime de restrição a direitos fundamentais e de repressão violenta e sistemática à dissidência política, a movimentos sociais e a diversos segmentos, tais como povos indígenas e camponeses.

Transcorridos 34 anos do fim da ditadura, diversas investigações e pesquisas sobre o período foram realizadas. A mais importante de todas foi a conduzida pela Comissão Nacional da Verdade – CNV, que funcionou no período de 2012 a 2014. A CNV foi instituída por lei e seu relatório representa a versão oficial do Estado brasileiro sobre os acontecimentos. Juridicamente, nenhuma autoridade pública, sem fundamentos sólidos e transparentes, pode investir contra as conclusões da CNV, dado o seu caráter oficial.

A CNV confirmou que o Estado ditatorial brasileiro praticou graves violações aos direitos humanos que se qualificam como crimes contra a humanidade. A igual conclusão chegou a Corte Interamericana de Direitos Humanos, ao julgar o caso Vladimir Herzog, em 2018. Também a Procuradoria Geral da República assim entende, conforme manifestação na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental n° 320 e outros procedimentos em trâmite no Supremo Tribunal Federal.

De fato, os órgãos de repressão da ditadura assassinaram ou desapareceram com 434 suspeitos de dissidência política e com mais de 8 mil indígenas. Estima-se que entre 30 e 50 mil pessoas foram presas ilicitamente e torturadas. Esses crimes bárbaros (execução sumária, desaparecimento forçado de pessoas, extermínio de povos indígenas, torturas e violações sexuais) foram perpetrados de modo sistemático e como meio de perseguição social. Não foram excessos ou abusos cometidos por alguns insubordinados, mas sim uma política de governo, decidida nos mais altos escalões militares, inclusive com a participação dos presidentes da República.

A gravidade desses fatos é de clareza solar. Mais uma vez, é importante enfatizar que, se fossem cometidos atualmente, receberiam grave reprimenda judicial, inclusive por parte do Tribunal Penal Internacional, criado pelo Estatuto de Roma em 1998 e ratificado pelo Brasil em 2002. Também à luz do direito penal internacional, os ditadores brasileiros cometeram crimes contra a humanidade.

Essa Corte, porém, não pode julgar as autoridades brasileiras pelos crimes da ditadura, porque sua competência é para fatos posteriores à sua criação.

Festejar a ditadura é, portanto, festejar um regime inconstitucional e responsável por graves crimes de violação aos direitos humanos. Essa iniciativa soa como apologia à prática de atrocidades massivas e, portanto, merece repúdio social e político, sem prejuízo das repercussões jurídicas.

Aliás, utilizar a estrutura pública para defender e celebrar crimes constitucionais e internacionais atenta contra os mais básicos princípios da administração pública, o que pode caracterizar ato de improbidade administrativa, nos termos do artigo 11 da Lei n° 8.429, de 1992.

A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão – PFDC, órgão do Ministério Público Federal, confia que as Forças Armadas e demais autoridades militares e civis seguirão firmes no cumprimento de seu papéis constitucionais e com o compromisso de reforçar o Estado Democrático de Direito no Brasil, o que seria incompatível com a celebração de um golpe de Estado e de um regime marcado por gravíssimas violações aos direitos humanos.

*Via Sul21

25 março 2019

Celebrar golpe de 1964 é ato de desespero de Bolsonaro





Por Leandro Fortes*, para o Jornalistas pela Democracia 

Ao incentivar os quartéis a celebrarem o golpe militar de 1964, Bozo não está apenas dando vazão à sua patologia mais conhecida. Protagonista de um desastre político-administrativo, tratado (e reconhecido) como um imbecil, em todo o planeta, ele precisa urgentemente de um front para acolher os herdeiros da linha dura militar.

A convocação é, em si, um ato de desespero e conta, no nascedouro, com poucos e tímidos apoios, mesmo na caserna - noves fora os dementes bolsonaristas das redes sociais.

É o tipo de coisa que só interessa a fanáticos e idiotas de plantão. Só irá servir para recrudescer o repúdio do mundo a um passado de nossa história repleto de sangue, arbítrio, torturas e assassinados.

Com mais esse ato irresponsável, Bozo busca compensar sua completa inaptidão para governar açulando a malta de fascistas que ele e os filhos alimentam, diuturnamente, com rações de ódio, mentira e insensatez, nas redes sociais.

Seria uma bora hora de as Forças Armadas dizerem não a esse lunático.

*Jornalista - via 247

Eleitores populares de Bolsonaro começam a pular do barco



Queda em avaliação é mais acentuada entre quem ganha de 2 a 5 salários mínimos

Por André Singer, na Folha de S. Paulo*

Aspecto pouco notado na queda de aprovação do governo, registrada pelo Ibope nesta semana, é a sua distribuição pela renda. Foram os eleitores populares que começaram a pular do barco bolsonariano. Possivelmente os mesmos que, no final do primeiro turno de 2018, sobretudo no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, produziram a incrível onda de extrema direita que varreu o país.

A perda de 15 pontos percentuais na avaliação positiva de Bolsonaro foi mais acentuada entre os eleitores que ganham de 2 a 5 salários mínimos (SM) de renda familiar mensal, chegando ali a um recuo de 18 pontos. Hoje apenas 35% desse segmento apoia o mandato em curso, índice que cai para 29% daqueles cujo ingresso familiar restringe-se a um SM.

Já quando a família recebe acima de cinco salários mínimos, 49% dos entrevistados gostam da administração do capitão reformado. Aqui a perda foi de apenas oito pontos em relação à posse (tinha 57% de ótimo e bom em janeiro).

Na mesma linha, o instituto de pesquisa nota o aumento da rejeição entre os moradores “que residem nas cidades das periferias brasileiras”.

Nesse segmento o índice dos que consideram ruim ou péssimo o desempenho presidencial subiu nada menos que 21 pontos no período. O Nordeste, por sua vez, abriga apenas 31% que se mostram satisfeitos.

A persistência de melhor humor no Sul, onde 41% ainda apreciam o mandato em curso, ilustra a divisão social que permeia a conjuntura, pois a região concentra os menores indicadores de pobreza.

Se a economia comandar os rumos do eleitorado, como parece provável, uma recuperação no curto prazo é difícil.

Vale lembrar que o primeiro governo Lula, por exemplo, em que pese ter demorado para produzir aquecimento do PIB, conseguiu estancar de imediato o ciclo inflacionário que herdara da etapa anterior.

Bolsonaro já pegou o leme com inflação irrelevante. Se não conseguir criar postos de trabalho e oferecer renda, continuará em baixa.

Tal contexto daria à oposição a chance de apresentar alternativas ao modelo ultraneoliberal. As eleições de 2020, sobretudo nas capitais, seriam o teste de tal embate.

Olhando o assunto do ângulo político, a prisão de Michel Temer ainda é uma incógnita.

Foi a Lava Jato que o levou ao poder, uma vez que decisiva para o impeachment de Dilma Rousseff. Depois, com a gravação de Joesley, afundou o regime emedebista e ajudou a ascensão de Bolsonaro.

Agora, com a detenção do ex-presidente, atrapalha a reforma previdenciária de Paulo Guedes e aprofunda a divisão das hostes bolsonaristas. Terá fôlego para empurrar Sergio Moro rampa acima?

*André Singer é professor de ciência política da USP, ex-secretário de Imprensa da Presidência (2003-2007). É autor de “O Lulismo em Crise”. - Via Viomundo

24 março 2019

Ajude a construir o Festival #LULA LIVRE!!!


No dia 7 de abril, em Porto Alegre, acontece a segunda edição do Festival Cultural Lula Livre, que reunirá a classe artística, movimentos sociais, populares e entidades sindicais. O evento acontece na Orla, na área externa do Memorial Prestes, a partir das 16h. Para ajudar no financiamento das atividades, os organizadores criaram um financiamento coletivo.

Para ajudar:
A contribuição pode ser de qualquer valor em cartão de crédito ou boleto bancário. O link para a contribuição é https://www.vakinha.com.br/vaquinha/festival-lulalivre-2019-porto-alegre

23 março 2019

Aroeira e a fisionomia bastante familiar de Moro

 


Membro do Jornalistas pela Democracia, o chargista Aroeira destrincha a prisão de Michel Temer, por ordem do juiz Marcelo Bretas, mas sob a sombra de uma fisionomia bastante familiar ao ex-vice-decorativo. "Conhecer-nos-íamos por ventura de Alhures?", pergunta o emedebista.

"A prisão do Temer é mais um crime da operação Lava Jato, mais um abuso, mais uma operação política. A prisão do Temer não tem qualquer justificativa legal, faz parte do espetáculo da Lava Jato depois de ter sofrido derrotas importantes na última semana", diz Breno Altman sobre a decisão do STF que transfere para a Justiça Eleitoral as denúncias de caixa dois e a desilusão da Lava Jato que vislumbrava ter Deltan Dallagnol como novo procurador-geral da República.

Altman ressalta que Temer não merece a empatia da população brasileira, porém a prisão do ex-presidente não tem fundamentações jurídicas para ser realizada. É uma ilegalidade explícita, não importam as suspeitas ou as certezas que tenhamos sobre o Temer. Ele é um golpista, deveria estar preso pelo levante inconstitucional, pela intentona que levou à derrubada da presidente Dilma Rousseff, ele tem uma história de suspeitas de corrupção, é um elemento nefasto da oligarquia política do país, nenhuma simpatia pode haver em relação a um sujeito desse naipe. Mas não é isso que está em questão, a questão é deter ou não a Lava Jato, a principal operação de destruição do regime constitucional e do estabelecimento no país de um Estado policial".

Vazamento
Minutos antes de ser preso, Michel Temer ligou para um assessor de sua confiança e perguntou se ele sabia o motivo de ter "tantos jornalistas na porta da minha casa". Ele foi informado, então, que havia um "boato na imprensa" de que um mandado de prisão contra ele havia sido expedido; ou seja, como de costume, a Lava Jato informou a imprensa antecipadamente sobre a operação.

O relato foi feito pela jornalista Daniela Lima, da coluna Painel, da Folha de S.Paulo. Segundo ela, Temer classificou o rumor como "uma brutalidade". Logo em seguida, a ligação foi interrompida e o ex-presidente não voltou mais ao telefone. O episódio mostra que, mais uma vez, a Lava Jato informou a imprensa antecipadamente sobre a operação.

O jornalista Kennedy Alencar também informou que Temer reagiu com a palavra "barbaridade" sobre a prisão, ao atender uma ligação dele. "'Barbaridade.' Assim reagiu o presidente Michel à prisão. Ele atendeu telefonema meu e confirmou que estava a caminho do Aeroporto de Guarulhos, acompanhado por policiais federais que cumpriam mandado de prisão preventiva expedido pelo juiz federal Marcelo Bretas, do Rio". (Via Brasil247)

Juízes manifestam solidariedade a Lula e dão injeção de ânimo na militância; veja vídeo



Participantes das atividades de solidariedade ao ex-presidente Lula, começando pelos três que estão atrás, da esquerda para a direita: André Luiz Machado (juiz titular da 1ª Vara do Trabalho do Cabo de Santo Agostinho/PE), José Augusto Segundo Neto (juiz do Trabalho – TRT 6ª) e José Antonio Correa Francisco (juiz do Trabalho Substituto da 11ª Região).

Na frente, também da esquerda para a direita: Rui Portanova (desembargador no Tribunal de Justiça do RS), Leador Machado ( juiz do Trabalho no TRT 10, Araguaína,TO), Raquel Rodrigues Braga (TRT RJ), Germana de Morelo  (juíza do Trabalho TRT/17, Vitória-ES); Edevaldo de Medeiros, juiz titular da Primeira Vara Federal de Itapeva-SP), Magda Biavaschi, desembargadora aposentada do TRT4), Maurício Brasil (juiz de Família em Salvador-BA) e Mario Sergio M. Pinheiro (desembargador do Trabalho 1ª Região). Foto: Ricardo Stuckert (...) 

CLIQUE AQUI para ler - e ver - na íntegra (via Viomundo)

Haddad sobre crise no MEC: presidente não tem pulso para demitir e ministro não tem vergonha na cara



Fernando Haddad, neste sábado (23), apontou que a maior crise pela qual passa o governo de Jair Bolsonaro é no MEC; com o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, desautorizado a nomear integrantes da sua própria equipe e podendo cair a qualquer momento, o ex-prefeito de São Paulo foi categórico: "o presidente não tem pulso para demitir e o ministro não tem vergonha na cara para demitir-se" (247)

CLIQUE AQUI para ler na íntegra.

Sobre a reunião da Direção do PT/SANTIAGO-RS


 

PT DE SANTIAGO REUNIU SUA DIREÇÃO MUNICIPAL

 

Do Jornal A Folha:

A Direção Municipal do PT/Santiago, reunida na noite desta terça-feira, 19,  deu continuidade às discussões sobre a conjuntura política, as eleições municipais previstas para o ano vindouro, o fortalecimento do partido, da  campanha #LulaLivre e a luta contra as medidas antipovo articuladas pelo governo Bolsonaro (em particular, a famigerada Reforma da Previdência), dentre outros assuntos.  

Ainda sobre a Conjuntura,  a direção municipal do PT analisou a  grave situação vivenciada pelo país sob o atual governo federal - que tenta escamotear sua incompetência para  governar e suas enormes contradições  atacando sistematicamente o PT, os movimentos sociais/sindicais e   a esquerda. Nesse sentido, os dirigentes também estranharam postura provocativa do ex-candidato Ciro Gomes (PDT) que, na mesma linha de Bolsonaro, vem atacando o PT, o ex-presidente Lula  e suas principais lideranças

Devido a isso, foi decidido pelos(as) dirigentes petistas a divulgação da Nota Política do PT/RS, assinada por seu presidente, deputado estadual Pepe Vargas, que traz o seguinte conteúdo:

"O Partido dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul tem orgulho da liderança do presidente Lula e das realizações do seu governo, que promoveu crescimento econômico, reduziu desigualdades sociais e regionais e destacou o Brasil internacionalmente. Apoiamos nossa direção nacional, liderada pela companheira Gleisi Hofmann, na defesa da unidade das forças políticas que se opõe às tentativas de destruição da soberania nacional e à liquidação dos direitos do povo brasileiro pelo governo Bolsonaro e seus aliados, ao mesmo tempo que denuncia a farsa da lava-jato contra o presidente Lula.

São lamentáveis os ataques ao PT, à sua direção e ao Presidente Lula, em entrevista à Rádio Gaúcha nesta terça feira, por parte de Ciro Gomes. Ao fazer coro com os que tentam criminalizar o PT ele auxilia aqueles que atacam os direitos do nosso povo e a nossa soberania. 

O PDT é maior do que Ciro. Seus ataques não diminuirão nossa busca pela unidade das forças populares e democráticas em defesa do Brasil e do nosso povo."
...

*Na foto acima, com o Sr. Cláudio Irion,  Diretor do Jornal A Folha,   a Presidenta Iara Castiel, o Secretário de Comunicação Júlio Garcia e o Vice-presidente Rômulo Vargas, em recente visita à direção e funcionários do jornal. (Grifos deste Portal)

22 março 2019

PAGO SANTO

Fantasia ... e/ou delírio...

Objetivo da Lava Jato com prisões no Rio é provocar Gilmar, relator no estado, para que solte Temer e Moreira e as redes caiam sobre ele

Gilmar Mendes

O esquema da Lava Jato é inteligente e preciso, e vem de fora - ou alguém acha que Moro, ou seu atual candidato a Moro, o Bretas, tem preparo para bolar sua estratégia sofisticada? Basta ler qualquer entrevista dos dois para ver que são limitadíssimos.

A jogada agora com a prisão de Temer e Moreira é provocar o ministro Gilmar Mendes, que é relator da Lava Jato no Rio. Eles sabem que as prisões não se justificam, são desnecessárias, e servem apenas para desviar o foco do vexame mundial da visita de Bolsonaro aos Estados Unidos, sua queda nas pesquisas, e fustigar Gilmar Mendes para jogar a população contra ele.

Não se pode esquecer que Gilmar Mendes foi autor do mais veemente voto contrário no STF à proposta da turma da Lava Jato de criar uma fundação com R$ 2,5 bilhões da Petrobras.

Gilmar está numa sinuca de bico. Não pode não conceder os HCs, porque é o que lhe cabe fazer, mas, se concedê-los, vai cair o mundo na sua cabeça, com as redes sociais pedindo seu impeachment, alimentadas pelos robôs e grupos do esquema criminoso que levou Bolsonaro à presidência.
 
*Por Antônio Mello - Editor do Blog do Mello

Lava Jato prende Temer após derrotas e perda de protagonismo na mídia





Por Aquiles Lins*

A prisão do ex-presidente Michel Temer e do ex-ministro Moreira Franco nesta quinta-feira, 21, ocorre imediatamente após uma série de revezes sofridos pela operação Lava Jato.

Os dois foram presos por determinação do juiz Marcelo Bretas, da Lava Jato do Rio de Janeiro, numa investigação relacionada às obras da usina nuclear de Angra 3. Segundo o Ministério Público Federal, o consórcio responsável pela obra pagou propina ao grupo de Temer. Também foi preso o coronel João Baptista Lima Filho, apontado como o PC Farias de Temer.

O principal revés da Lava Jato foi a suspensão, pelo Supremo Tribunal Federal, do acordo entre a Petrobrás e autoridades dos Estados Unidos, pelo qual a estatal brasileira pagaria valores devidos a acionistas que foram lesados com os desvios apurados nas investigações. Esse acordo previa que 20% da multa paga pela Petrobras ficaria nos Estados Unidos e os outros 80% ficariam ao Brasil – correspondentes a R$ 2,5 bilhões. A decisão acabou suspendendo o acordo consequente, firmado entre a Lava Jato e a Petrobrás, e homologado pela juíza Gabriela Hardt, que repassava metade do valor destinado ao Brasil, ou seja R$ 1,25 bilhão, a uma fundação privada, capitaneada pelos procuradores do Ministério Público Federal de Curitiba.

Outro golpe sofrido pela Lava Jato foi a decisão do Pleno do STF de que crimes como corrupção e lavagem de dinheiro, quando investigados junto com caixa dois, devem ser processados na Justiça Eleitoral, e não na Federal, como queriam os membros da Lava Jato. Com este entendimento, um inquérito que investiga Michel Temer e os ex-ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco, no caso da doação de R$ 10 milhões ao MDB, negociada no Palácio do Jaburu com a Odebrecht, foi enviado à Justiça Eleitoral de São Paulo.

O inquérito instaurado pelo presidente do STF, Dias Toffoli, para investigar investigar "ações caluniosas, difamantes e injuriantes" contra a Corte e de seus integrantes também representa uma derrota aos membros da Lava Jato, especialmente os procuradores. Relator do caso, o ministro Alexandre de Moraes, o mesmo que suspendeu o acordo da Lava Jato com a Petrobrás, disse que os procuradores que criticaram a medida podem "espernear à vontade".

A prisão de Temer e Moreira Franco ocorre também um dia depois de o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, espinafrar o ex-juiz e ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, patrono da Lava Jato, que cobrou-o, em mensagens enviadas na madrugada desta quarta-feira, a tramitação do seu "pacote anti-crime". Rodrigo Maia chamou Moro de "funcionário de Jair Bolsonaro", e disse que seu pacote foi um "copia e cola" do projeto apresentado pelo então ministro da Justiça Alexandre de Moraes. Um detalhe curioso é que Moreira Franco é casado com a sogra de Rodrigo Maia.

Obviamente não é possível estabelecer relações de causalidade entre as derrotas da Lava Jato, acima mencionadas, e a prisão de Michel Temer. No entanto, não resta dúvidas de que a Lava Jato tomou a dimensão que tomou em grande parte graças ao apoio da mídia. Nos últimos dias, sua narrativa vinha sofrendo abalos, bem como sua própria credibilidade. Era preciso uma reação rápida. Esta veio na prisão de um ex-presidente da República que, ressalte-se, é um corrupto e não foi eleito para o cargo, tendo-o usurpado por meio de um golpe que contou com a compra de dezenas (centenas?) de deputados, como deixou claro o doleiro Lúcio Funaro na delação que serviu de base para a prisão de Temer.

Com a prisão de Michel Temer e Moreira Franco, a Lava Jato manda um recado claro à classe política como um todo. A qualquer momento em que se sentir ameaçada, a Lava Jato escolherá um novo alvo para apresentar à opinião pública e reocupar o seu espaço na mídia. E nesta guerra aberta, nesta anarquia institucional, fica cada vez mais cristalino que a presidente Dilma Rousseff foi vítima de um golpe e que o ex-presidente Lula é mantido como preso político.

Após ter alimentado o monstro, o STF já iniciou sua inflexão. Terá força para continuar e enquadrar de vez a Lava Jato nos parâmetros da Constituição?

*Aquiles Lins é editor do 247. Jornalista, pós-graduado em Comunicação e mestrando em Ciência Política pela UFSCar

**Via Brasil247

21 março 2019

Nota do PT sobre a prisão de Michel Temer e Moreira Franco - Avaliação do partido é que “somente dentro da lei que se poderá fazer a verdadeira Justiça e punir quem cometeu crimes contra a população”


O Partido dos Trabalhadores espera que as prisões de Michel Temer e de Moreira Franco, entre outros, tenham sido decretadas com base em fatos consistentes, respeitando o processo legal, e não apenas por especulações e delações sem provas, como ocorreu no processo do ex-presidente Lula e em ações contra dirigentes do PT.

Temer assumiu a presidência em um golpe deplorável. Sua agenda no governo levou ao aumento da desigualdade e da miséria, no entanto  é somente dentro da lei que se poderá fazer a verdadeira Justiça e punir quem cometeu crimes contra a população. Caso contrário, estaremos diante de mais um dos espetáculos pirotécnicos que a Lava Jato pratica sistematicamente, com objetivos políticos e seletivos.

O que fica evidente é que, cumpridos os objetivos do golpe do impeachment de 2016 e da proibição ilegal a Lula de concorrer as eleições de 2018, seus principais artífices estão sendo descartados pelos que realmente movimentaram os cordéis: o sistema financeiro, os representantes dos interesses estrangeiros no país, com o apoio da mídia conservadora. Isso vale para a própria Lava Jato e seu comandante, Sergio Moro, que travam hoje uma encarniçada luta pelo poder contra o Congresso, o Supremo Tribunal Federal e a cúpula da PGR. 

  Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT

  Humberto Costa, líder do PT no Senado

  Paulo Pimenta, líder do PT na Câmara 

*Fonte: https://pt.org.br

Em troca de nada




Por Janio de Freitas*

É fácil imaginar o que no Brasil sucederia a Lula, Dilma, Sarney ou Itamar se um deles fizesse uma pequena parte das entregas, em troca de absolutamente nada, de Jair Bolsonaro a Trump. Nem é preciso considerar, na comparação hipotética, o espetáculo de subserviência e bajulação —palavras da imprensa americana— dado em nome do Brasil. A comitiva brasileira, sem exceção para os generais, em momento algum se lembrou, um mínimo que fosse, de que representava um país cuja degradação ainda não arruinou a sua dignidade internacional —a última reserva.

Além das concessões substanciais, como importar trigo americano em desrespeito ao acordo que nos traz o trigo argentino, e de comprometimentos no jogo dos organismos internacionais, Bolsonaro e Paulo Guedes renegaram as muitas vantagens da filiação brasileira à OMC, Organização Mundial do Comércio. Como presente de consolação, o governo Trump promete (sem dar garantia) apoiar a entrada do Brasil na OCDE, Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Da qual já se recebe a colaboração mais útil.

Simbólica das promessas que enrolaram as concessões brasileiras, ficará para a crônica histórico-anedótica. É a promessa de que Trump "se esforçará" para ver, por desejo seu, o Brasil na Otan, a Organização do Tratado do Atlântico Norte. Para isso, teria duas hipóteses. Dadas as possíveis dificuldades para levar o Brasil até o Atlântico Norte, Trump pode ceder ao velho desejo americano inspirado pela Amazônia e fazer do Brasil o que fez do Alasca.

Apesar de situado no lado oposto ao Atlântico Norte, esse extremo das Américas integra a Otan desde que declarado estado americano. Na verdade é colônia, como os próprios Estados Unidos estabeleceram, por exemplo, para as "províncias ultramarinas" de Portugal na África. Com o correto argumento de que a dominação de território desconexo é própria de colônia, não de estado nem província, ou lá o que nomeiem.

A outra hipótese, menos própria para o estilo Trump, seria propor aos países europeus da Otan uma condição estatutária nova, para abrigar o Brasil. Ao que os europeus dariam duplo não. Mais nos gabinetes fechados, e ainda assim sonoros, do que às claras, entre os europeus e o governo americano a Otan é causa de crise grave. Os primeiros agem para a criação de uma Otan só europeia, cansados das exigências custosas do sócio, aliás, maior produtor de armas do mundo. Trump, por seu lado, acusa países europeus de atraso deliberado das contribuições financeiras, o que ninguém nega.

A importância dada por Trump ao encontro com Bolsonaro ficou exposta em seu convite à presença de Eduardo Bolsonaro. Criticada aqui e ridicularizada nos Estados Unidos, a presença foi muito boa. Mostrou que a natureza do encontro na Casa Branca, definida por Trump, foi apenas social. Entre duas pessoas que são presidentes, não entre dois presidentes no exercício de suas responsabilidades. Uma visita que levou muito, entregou mais do que levou e nada trouxe.

A não ser um motivo de curiosidade. Nossa. Não consta ter havido, jamais, a visita do presidente de um país ao centro de informação e de ações sigilosas de outro, ainda mais à monstruosa CIA. Por que isso se deu com Bolsonaro, é pior do que não sabido. Muito pior.

*Jornalista da Folha de SP (via Conversa Afiada)

19 março 2019

'Bolsonaro Envergonha O Brasil' é assunto mais comentado nas redes



A viagem de Jair Bolsonaro aos EUA tem gerado uma onda de vergonha e indignação por parte dos brasileiros, tanto que a #BolsonaroEnvergonhaOBrasil é o assunto mais comentado no Twitter nesta terça-feira (19); entre as medidas mais submissas do capitão reformado, encontra-se a liberação de vistos para os estadunidenses de forma unilateral, a entrega da base de Alcântara, além do presidente da República ter agredido imigrantes brasileiros que vivem nos EUA; veja as principais postagens.

CLIQUE AQUI para ler na íntegra (via 247).

18 março 2019

Aroeira: o vinho é por sua conta, Bolsonaro


O chargista Aroeira, integrante da rede de Jornalistas pela Democracia, retrata a submissão de Jair Bolsonaro a Donald Trump e a entrega de riquezas nacionais, como a Petrobrás. Nas agendas desta semana, o convidado é Bolsonaro, mas o vinho é por nossa conta

*Abaixo, reportagem da Reuters sobre protestos contra Bolsonaro:


WASHINGTON (Reuters) - Um grupo de cerca de 50 pessoas, na sua maioria norte-americanos, se reuniu neste domingo em frente à Casa Branca para protestar contra a visita do presidente Jair Bolsonaro.

Com cartazes e faixas com a foto de Bolsonaro e a frase "Ele Não", os manifestantes fizeram um protesto pacífico, sem serem incomodados pelo Serviço Secreto norte-americano que faz a segurança do local. 

"Um encontro entre Bolsonaro e Trump legitima o fascismo e essa nova ultradireita que está crescendo no mundo. Não podemos deixar isso passar em branco", disse Michael Shallal, da organização DC United Against Hate, uma das organizadoras do protesto.

Bolsonaro ficará hospedado a poucos metros do local do protesto, mas o presidente ainda não havia chegado a Washington enquanto os ativistas gritavam palavras de ordem.

Poucos brasileiros participarem do evento, e boa parte deles preferiu não se identificar. 

"A gente ouve e lê o que está acontecendo no Brasil e fica muito preocupado, até com nossas famílias", disse à Reuters uma brasileira presente à manifestação. 

Lacy MacAuley, ativista moradora de Washington, levou o bebê de menos de 1 ano para o protesto. "Nós temos que pensar no mundo que vamos deixar para ele", disse. "Nós temos que defender as pessoas. Estamos aqui protestando contra um encontro de governos fascistas, racistas, que oprimem os mais pobres, as mulheres", afirmou.

*Via Brasil247

Fantasmas de massacre no Haiti assombram generais do governo Bolsonaro - Generais que estiveram a frente de ações controversas da Missão de Paz no Haiti ocupam cargos estratégicos no governo

Atuação no exterior teria formado uma "casta" dentro das Forças Armadas brasileiras, segundo especialistas | Foto: Hector Retamal/AFP

Fantasmas de massacre no Haiti assombram generais do governo Bolsonaro
Por Leonardo Fernandes, do Brasil de Fato*
Na madrugada de 6 de julho de 2005, tropas da Missão de Estabilização da ONU no Haiti (Minustah), comandadas pelo exército brasileiro, fizeram uma operação de “pacificação” na maior favela da capital haitiana, Porto Príncipe, conhecida como Cité Soleil. Segundo testemunhas, cerca de 300 homens fortemente armados invadiram o bairro e assassinaram 63 pessoas, deixando outras 30 feridas.

Na época, o comandante da Minustah era o general brasileiro Augusto Heleno, hoje, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), responsável pela inteligência do governo de Jair Bolsonaro (PSL).

A ação foi objeto de uma denúncia na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), baseada em depoimentos de moradores e em relatório elaborado pelo Centro de Justiça Global e da Universidade Harvard (EUA). No documento, a Minustah foi acusada de permitir a ocorrência de abusos, favorecer a impunidade e contribuir para a onda de violência no país caribenho.

O caso teria causado desconforto no Palácio do Planalto, liderado na época pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Fonte ligada ao Ministério da Defesa confirmou ao Brasil de Fato que o governo brasileiro teria recebido uma solicitação da ONU para substituir o comando das tropas no Haiti, o que foi feito dias depois, com a entrada do general Urano da Teixeira da Matta Bacellar no comando.

Em resposta às denúncias, assim que assumiu Bacellar afirmou que o número de mortes não coincidia com as informações levantadas pelo exército. Segundo o general, “nove ou dez pessoas” teriam morrido depois de enfrentarem as forças de segurança.

“Fato é que o [Augusto] Heleno foi removido do Haiti e isso começou a cozinhar a raiva aos governos do PT. O estopim foi realmente a Comissão Nacional da Verdade. Daí pra frente, ele se tornou um militante antipetista”, disse a fonte consultada.

Os haitianos e a Minustah

Especialistas apontam as missões internacionais do exército brasileiro, principalmente no Haiti e no Congo, como uma espécie de estágio das Forças Armadas no trabalho direto com a segurança pública, uma visão nova na instituição. Os resultados podem ser medidos pela percepção das populações desses países sobre a atuação militar estrangeira.

Luis Felipe Magalhães, pesquisador do Observatório das Migrações e pós-doutor em Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, esteve no Haiti, onde realizou pesquisa de campo e entrevistou pesquisadores e moradores da capital haitiana sobre, entre outras coisas, a atuação das forças da Minustah no país.

“A Minustah muitas vezes produziu os conflitos em locais onde não havia conflitos, e a maior parte das entrevistas falam precisamente de Cité Soleil. ‘A Minustah está lá, não sabe como operar, não conhece a dinâmica política e das disputas territoriais locais, e a partir do momento que ela entra e faz ações sem estratégia, ela piora o conflito’. Isso eu ouvi de diversos pesquisadores e diversas pessoas que eu entrevistei lá”.

Segundo Magalhães, o terremoto ocorrido em 2010 revelou a inoperância da Minustah na manutenção da paz e o agravamento dos conflitos justamente pela ausência de planejamento estratégico para a contingência.

“A Minustah não havia criado nenhuma logística territorial de manutenção da segurança alimentar, que é um aspecto indispensável para a manutenção de paz, para diminuição dos conflitos. A Minustah não tinha desenvolvido essa logística, não sabia como levar operativos, doações, tudo aquilo que o mundo estava doando e transferindo para Porto Príncipe. E nesse caso ela manifestou os mesmos erros que manifestava em ações militares pontuais: eles pioravam a questão”.
Militares da Minustah patrulham bairros pobres da capital haitiana, Porto Príncipe. Foto: Thony Beliza/ AFP
A Minustah no governo Bolsonaro
No dia 18 de fevereiro o presidente Jair Bolsonaro anunciou a demissão de Gustavo Bebianno (PSL) da Secretaria-Geral da Presidência da República e sua substituição pelo general Floriano Peixoto. No mesmo dia, o jornal Valor Econômico publicou reportagem na qual destacou a ampliação do poder da “turma do Haiti” no governo.

Para o professor de Ciências Políticas da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), Paulo Cunha, é “inegável” que o grupo tenha se articulado a partir das experiências que vivenciaram em missões externas do exército.

“Embora as Forças Armadas, os exércitos em particular, na sua história, não seja um bloco monolítico, esse grupo se constituiu enquanto um bloco articulado, inegavelmente”.

Além de Peixoto e do general Augusto Heleno, outros três ministros estiveram no país caribenho: general Fernando Azevedo e Silva (Defesa), general Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo) e o capitão Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura). Além dos ministros, quatro secretarias estratégicas são ocupadas por militares que participaram da missão no Haiti: os coronéis José Arnon dos Santos Guerra e Freibergue Rubem no Nascimento, do Ministério da Justiça, o general Edson Leal Pujol, da Defesa, e o porta-voz oficial da Presidência da República, ligado à Secretaria de Governo, o general Otávio Santana do Rêgo Barros.

Para Cunha, não é nenhuma novidade o envolvimento dos militares com a política no Brasil. “As pessoas estão um pouco surpresas com os militares na política. Os militares nunca deixaram de estar na política e nunca deixaram de estar envolvidos ou serem envolvidos com a política”.

Fora do governo, no Supremo Tribunal Federal (STF), o general Ajax Porto Pinheiro cumpre o cargo de Assessor Especial do presidente da corte, o ministro Dias Toffoli. Ele foi comandante da Minustah entre outubro de 2015 e outubro de 2017.

Com a palavra, o general ministro Augusto Heleno

Em resposta aos questionamentos feitos pelo Brasil de Fato através da assessoria de imprensa do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o ministro Augusto Heleno negou qualquer articulação entre ditos militares dentro do governo e afirmou que “a missão da Minustah em Cité Soleil, em julho de 2005, foi elogiada pela ONU”. O documento ainda chama de “infundadas” as denúncias feitas por organizações de Direitos Humanos que, segundo ele, “tiveram motivação política”.

Finalmente, a nota cita um suposto “documento reservado do Ministério de Relações Exteriores, dirigido, à época, ao Embaixador do Brasil na ONU”. No “documento reservado”, o governo brasileiro explica que a substituição do general Augusto Heleno se daria pela “prática observada pelo Ministério da Defesa (de) substituir, após um ano de serviço, oficiais militares designados” para aquela função.

Edição: Aline Carrijo - *Via GGN