09 março 2024

Manifesto dos defensores dos Direitos Humanos em Solidariedade ao Povo Palestino

 


CESSAR-FOGO IMEDIATO! BASTA DE MASSACRE!

Exmo. Sr. Presidente da República Luiz Inacio Lula da Silva

Exmo. Sr. Ministro das Relações Exteriores Mauro Luiz Iecker Vieira

Exmo. Sr. Ministro da Defesa José Mucio Monteiro Filho

Exmo. Sr. Ministro da Cidadania e Direitos Humanos Sílvio Luiz de Almeida

Exmo. Sr. Assessor-Chefe da Assessoria Especial da Presidência da República Celso Luiz Nunes Amorim

Nós, que militamos na luta pelos direitos humanos, assistimos horrorizados desde o final de 2023, ano em que celebramos os 75 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU (DUDH), sendo o Brasil um dos primeiros signatários, a um genocídio perpetrado pelo estado de Israel contra o povo palestino.

Perseguidos desde a criação de Israel em 1948, estado que ignora sistematicamente todas as resoluções da ONU, inclusive as fronteiras demarcadas, os palestinos têm os direitos consagrados na DUDH (direito a terra, direito a uma pátria, a liberdade, a vida, etc.) violados desde então, hoje sofrem o seu maior drama.

Quase 5 meses de ataques israelenses à Faixa de Gaza resultaram em mais de 30 mil palestinos assassinados, destes, cerca de 21 mil mulheres e crianças, aproximadamente 7 mil desaparecidos, 71 mil feridos, 17 mil crianças órfãs, 300 mil com pouca água potável e comida, 27 hospitais bombardeados. Assistimos a uma limpeza étnica.

Nós, que lutamos contra as violências praticadas contra a população brasileira, especialmente a população negra e pobre, e indígenas, nos solidarizamos com a luta do povo palestino e, nos juntamos aos milhões em todo o mundo que exigem dos seus governos um basta a esse massacre.

Presidente Lula, diante dos fatos terríveis, consideramos acertada a decisão de apoiar a África do Sul na Corte Internacional de Justiça de Haia contra o genocídio praticado por Israel, assim como, frente às declarações e provocações do governo de Israel, consideramos correto chamar de volta o embaixador brasileiro em Tel Aviv.

Agora é preciso avançar. É necessário romper as relações diplomáticas, cancelar todos os acordos comerciais com Israel, especialmente na área militar e de segurança, que envolve a compra de armas, equipamentos e treinamento para as policias militares e guardas municipais.

Nós estaremos ao seu lado, senhor Presidente!

Queremos com esse manifesto dar nossa contribuição a mobilização dos trabalhadores e dos povos que em todo mundo saem em defesa do povo palestino. Exigimos imediatamente:

  • Cessar fogo imediato;
  • Fim incondicional do bloqueio a Gaza;
  • Rompimento das relações diplomáticas e comerciais com Israel
  • Palestina Livre e Soberana!

Brasil, 29 de fevereiro de 2024.


PRIMEIRAS ADESÕES:

Luis Gonzaga da Silva (Gegê) – CMP – Membro da Coord. da CMP Central de Movimentos Populares

Osvaldo Schiavinato – Coord. Setorial Municipal de Direitos Humanos – PT-SP

Adriano Diogo – Ex-deputado estadual PT-SP

Bete Mendes – atriz, Movimento direitos Humanos – MHD-RJ

Cristina Pereira – atriz, Movimento direitos Humanos – MHD-RJ

João Xavier Fernandes – Pres. Sindicato dos Escrivães de Polícia do Estado de São Paulo

Xênia Star – Executiva de Direitos Humanos e Cidadania do PV Municipal e Estadual de SP

Erli Aparecido Camargo – Movimento Nacional de Direitos Humanos – MNDH-SC

Charles Gentil – Pres. do DZ Centro – PT SP

Gilberto Miranda – ator, Movimento direitos Humanos – MHD-RJ

Dr Rosinha – Ex-deputado federal e ex-presidente do PT-PR

Deilza Gomes Beserra – Membra do Setorial de Direitos Humanos do PT-SP e da executiva do DZ Penha

Maria Filomena Freitas Silva (Filó) – Coord. Do Setorial Municipal de Educação – PT-SP e membra da Executiva do DZ Santana

Filippe Burlamaqui Bastos – Membro do DM do PT de Ananindeua-PA

Maurílio Araújo – Vice-presidente do DZ Centro – PT SP

Andréia Teixeira Batista – Secretária Municipal de Combate ao Racismo – PT SP

Sebastião Mario Bitencourt Felipe – Pres. do DZ Santo Amaro – PT-SP

Claudi Braga dos Santos – Pres. do DZ Ermelino Matarazzo – PT-SP

Ricardo Rezende Figueira – Movimento Humanos Direitos – RJ 

(...)

Júlio César Schmitt Garcia - Advogado, midioativista, fundador do PT e da CUT, ex-Presidente do PT de Santiago/RS 

(...)

*Via https://petista.org.br/

08 março 2024

REVOLUCIONÁRIAS - Março das Mulheres | Conheça a verdadeira história do 8 de março

Pesquisadora afirma que a origem da data foi propositalmente dissociada da luta das trabalhadoras da União Soviética

Russas soviéticas contribuíram para estabelecer o 8 de março como o Dia Internacional das Mulheres - (Arte: Wilcker Morais)


Por Lu Sodré, no Brasil de Fato*

Todos os anos, divulga-se a história de que o Dia Internacional da Mulher surgiu em homenagem a 129 operárias estadunidenses de uma fábrica têxtil que morreram carbonizadas, vítimas de um incêndio intencional no dia 8 de março de 1957, em Nova York. Segundo a versão que circula no senso comum, o crime teria ocorrido em retaliação a uma série de greves e levantes das trabalhadoras. 

Embora essa seja a narrativa mais conhecida, quando se fala sobre a origem da data comemorativa, ela não é verdadeira.

O primeiro registro remete a 1910. Durante a II Conferência Internacional das Mulheres em Copenhague, na Dinamarca, Clara Zetkin, feminista marxista alemã, propôs que as trabalhadoras de todos os países organizassem um dia especial das mulheres, cujo primeiro objetivo seria promover o direito ao voto feminino. A reivindicação também inflamava feministas de outros países, como Estados Unidos e Reino Unido.

No ano seguinte, em 25 de março, ocorreu um incêndio na fábrica Triangle Shirtwaist, em Nova York, que matou 146 trabalhadores -- incluindo 125 mulheres, em sua maioria mulheres imigrantes judias e italianas, entre 13 e 23 anos. A tragédia fez com que a luta das mulheres operárias estadunidenses, coordenada pelo histórico sindicato International Ladies' Garment Workers' Union (em português, União Internacional de Mulheres da Indústria Têxtil), crescesse ainda mais, em defesa de condições dignas de trabalho.

As russas soviéticas também tiveram um papel central no estabelecimento do 8 de março como data comemorativa e de lutas. Por “Pão e paz”, no dia 8 de março de 1917, no calendário ocidental, e 23 de fevereiro no calendário russo, mulheres tecelãs e mulheres familiares de soldados do exército tomaram as ruas de Petrogrado (hoje São Petersburgo). De fábrica em fábrica, elas convocaram o operariado russo contra a monarquia e pelo fim da participação da Rússia na I Guerra Mundial. 

:: A Revolução das Trabalhadoras :: 

A revolta se estendeu por vários dias, assumindo gradativamente um caráter de greve geral e de luta política. Ao final, eliminou-se a autocracia russa e possibilitou-se a chegada dos bolcheviques ao poder.

A atuação de mulheres russas revolucionárias como Aleksandra Kollontai, Nadiéjda Krúpskaia, Inessa Armand, Anna Kalmánovitch, Maria Pokróvskaia, Olga Chapír e Elena Kuvchínskaia, é considerada imprescindível para o início da revolução.

“A história real do 8 de março é totalmente marcada pela história da luta socialista das mulheres, que não desvincula a batalha pelos direitos mais elementares -- que, naquele momento, era o voto feminino -- da batalha contra o patriarcado e o sistema capitalista”, ressalta a historiadora Diana Assunção, integrante do coletivo feminista Pão e Rosas.

Por "Pão e paz", mulheres deram início à Revolução Russa (Foto: Reprodução)

A pesquisadora explica que houve uma articulação histórica para esvaziar o conteúdo político do 8 de março, transformá-lo em “uma data simbólica inofensiva” e em um nicho de mercado, apagando sua origem operária. 

“No dia da mulher, compram-se flores e presentes para as mulheres. Tentam esconder o conteúdo subversivo do significado desse dia, que é questionar o patriarcado. Tentam esconder que a luta das mulheres sempre esteve vinculada à luta socialista, perigosa para o status quo”, acrescenta Assunção. 

Em 1921, na Conferência Internacional das Mulheres Comunistas, o dia 8 de março foi aceito como dia oficial de lutas, em referência aos acontecimentos de 1917. A data foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975.

Retornar às origens

A cada 8 de março, as mulheres trazem à tona questionamentos sobre a hipocrisia em torno das homenagens que recebem apenas nessa data. Em todos os dias do ano, o gênero feminino é o principal alvo da violência e da desigualdade. 

Em resposta, trabalhadoras em todo o mundo se organizam cada vez mais pela defesa de seus direitos. Em 2017 e 2018, elas organizaram uma greve internacional com adesão de 40 países, com o lema “Se nossas vidas não importam, que produzam sem nós”.  Assunção comemora o “resgate de um método de luta da classe operária de enfrentamento aos patrões e aos capitalistas”. 

"O que estamos vendo é justamente que a revolta e a luta de classes têm rosto de mulher a nível internacional, com a luta a que estamos assistindo nos últimos anos, com essa verdadeira primavera feminista no mundo inteiro, com enormes marchas. Mas, agora, com uma cara cada vez mais operária", ressalta. "As mulheres são metade da classe operária, e as mulheres negras estão mostrando que são linha de frente em vários processos de luta". 

A historiadora avalia que é importante resgatar a verdadeira origem do Dia Internacional da Mulher, pois, segundo ela, foram as proletárias que avançaram efetivamente em medidas concretas para atacar os pilares que sustentam a opressão às mulheres. “Mais do que nunca, precisamos da organização dos trabalhadores com as mulheres à frente, mostrando que são vanguarda, inclusive da classe operária. Enfim, sacudindo os movimentos, os sindicatos, com toda força expressada internacionalmente”, enfatiza. (...)

*Essa matéria faz parte do especial Março das Mulheres, produzido pelo Brasil de Fato

Edição: Mauro Ramos

...

**Leia mais: 8M: 'Não queremos flores, queremos direitos efetivados', destacam militantes no RS

07 março 2024

DIA DE LUTA - Mulheres vão às ruas de todo o país neste 8 de março; confira agenda de atos

Mobilizações estão confirmadas em cidades de todas as regiões do país

Delegação da Marcha Mundial das Mulheres na Marcha das Margaridas 2023 - Natália Blanco

BrasildeFato* - Mulheres de todo o Brasil vão às ruas neste 8 de março, sexta-feira, em atos que marcam o Dia Internacional de Luta das Mulheres. Mobilizações estão confirmadas em cidades de todas as regiões do país, não apenas nas capitais.

Em algumas cidades as manifestantes vão se reunir em pontos tradicionais de mobilização política. É o caso da Esquina Democrática, em Porto Alegre (RS); da Candelária, no Rio de Janeiro (RJ); e do MASP, na Avenida Paulista, em São Paulo (SP).

Confira abaixo uma lista de manifestações, sistematizada pela Central de Mídia Brasil Popular e pela frente Povo Sem Medo. As entidades incentivam as participantes a se deslocarem até o local das manifestações a pé ou usando o transporte público, sempre que for possível.

*CLIQUE AQUI para ver os locais dos atos #8M. A lista poderá ser atualizada à medida que novos atos forem confirmados.

**Em Santiago/RS o Ato será na Praça Moisés Viana (Esquina Democrática), às 14h.

06 março 2024

Pesquisa Genial/Quaest começou no dia do evento de Bolsonaro na Paulista. Por quê?


Por Antonio Mello*

Saiu hoje o levantamento de uma nova pesquisa Genial/Quaest, que ainda aponta no geral uma boa avaliação do governo do presidente Lula, mas vem recheada de más notícias.

Analistas estão comparando os números e procurando a razão: para muitos são as questões econômicas; para outros, a declaração de Lula de que Israel tem um comportamento em relação aos palestinos semelhante ao que Hitler deu aos judeus na Segunda Guerra.

No entanto, o que mais me chama atenção é que a pesquisa foi feita nos dias 25, 26 e 27 de fevereiro. Ou seja, no dia do evento de Bolsonaro na avenida Paulista e nos dois subsequentes.

Não estará a pesquisa irremediavelmente comprometida pela intensa divulgação das redes bolsonaristas e mesmo da mídia corporativa, que sempre vê com bons olhos uma chance de fustigar o presidente Lula e os governos do PT?

As redes bolsonaristas e o jornalismo declaratório passaram as semanas anteriores ao evento acusando uma perseguição contra o Inelegível, sem pensar na contradição de ele estar com a oportunidade de organizar com liberdade um ato que, em resumo, era de protesto contra o que consideram "uma perseguição" ao ex-presidente e de críticas à nossa Justiça,

No domingo, 25, o Brasil não estava em seu dia normal. Pessoas pró e contra Bolsonaro estavam preocupadas com o evento e sua repercussão. Todos apreensivos e infectados pela comunicação do mesmo disparada diariamente por todo aquele período.

Como se começa uma pesquisa nesse dia sem que ela tenha um caráter enviesado e comprometido?

Como se pondera no resultado o efeito da máquina bolsonarista no país no dia do evento e nos dois subsequentes?

Uma nova pesquisa hoje traria os mesmos resultados?

A própria divulgação desta pesquisa não é mais uma arma nas mãos dos bolsonaristas e dos adversários do presidente Lula?

Qual o objetivo dos pesquisadores ao começar a pesquisa naquele dia?

São perguntas à espera de respostas.

*Via Blog do Mello

POVOS INDÍGENAS - Lideranças cobram investigação sobre morte de cacique Merong em Brumadinho

Merong Kamakã, de 36 anos, foi encontrado morto nessa segunda-feira (4); PF deve auxiliar as investigações

Merong Kamakã pertencia ao povo Pataxó-hã-hã-hãe e à sexta geração da família Kamakã Mongoió - Foto: Guilherme Dardanhan

Por Lucas Wilker*

Líder da retomada indígena Kamakã Mongoió, o cacique Merong Kamakã foi encontrado morto na segunda-feira (4), em sua casa, no município de Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Apesar de o boletim de ocorrência feito pela Polícia Militar apontar suicídio, lideranças indígenas e amigos levantam a hipótese de assassinato. 

“Ele me disse que ‘se ele aparecesse morto, alguém o teria bombado na luta, pois ele me disse que jamais suicidaria, pois era guiado pelo grande espírito, por Tupã, para salvar a humanidade, o que passaria necessariamente por frear as mineradoras, o agronegócio e superar o capitalismo’”, afirmou o assessor da Comissão Pastoral da Terra (CPT) frei Gilvander Moreira, uma das pessoas próximas da liderança indígena. “O cacique Merong foi assassinado”, completou.  

Mãe de Merong, a cacica Katorã, também pertencente ao povo Kamakã Mongoió, reafirmou que a luta pelo território indígena, travada pelo cacique, continuará. “Tiraram um guerreiro de nós, batalhador, lutador, que gostava de ajudar a humanidade. Tiraram um pedaço de mim”, lamentou ela. “Ele não era capaz de fazer barbaridade com ele mesmo”, continuou. 

Alvo de ameaças 

A deputada federal por Minas Gerais, Célia Xakriabá (PSOL), encaminhou ofício ao superintendente regional da Polícia Federal de Minas Gerais, Richard Murad Macedo, com pedido para que a corporação atue na investigação da morte do cacique Merong Kamakã e garanta a proteção do território Kamakã, em Brumadinho. 

“Já nos foi informado também que o cacique era alvo constante de ameaças e estava sendo perseguido em razão da sua liderança pela defesa de territórios indígenas. Merong participou de diversas lutas, não apenas em Minas Gerais, mas também em outros estados brasileiros, estando na linha de frente em diversas retomadas, como em São Francisco de Paula (RS), na aldeia Xokleng e também em Maquiné (RS), em território do povo Guarani”, diz o documento encaminhado à PF. 

Investigação 

Segundo o delegado João Victor Leite, da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), quando tomou conhecimento do fato, o órgão encaminhou uma equipe da perícia oficial até o local para colher informações e elementos que vão subsidiar as investigações. 

O corpo da vítima, de acordo com a autoridade, foi removido e encaminhado ao posto legal de Betim para realização de exame necroscópico, e posteriormente foi liberado para os familiares. 

Ao Brasil de Fato MG, a Polícia Federal afirmou que, em auxílio às investigações, enviou uma equipe ao local da ocorrência dos fatos, na segunda-feira (4), para a realização de uma perícia técnica, e disse estar à disposição da Justiça.

Quem era Merong?

Merong Kamakã pertencia ao povo Pataxó-hã-hã-hãe e à sexta geração da família Kamakã Mongoió. Ele também era militante em defesa dos direitos dos povos indígenas. 

O líder também militava em defesa dos territórios de outras comunidades. Já realizou trabalhos no território Caramuru, no sul da Bahia, prestou apoio aos Xokleng, Guarani e Kaingang no sul do Brasil, e também atuou como educador do programa Mais Educação Livre. 

Fonte: BdF Minas Gerais

*Edição: Leonardo Fernandes - via Brasil de Fato

05 março 2024

“Não toleraremos ataques à democracia”: AGU se une ao MPF em ação contra a Jovem Pan

A Advocacia Geral da União vai pra cima da Jovem Pan. Fotomontagem


Na segunda-feira, dia (4), Jorge Rodrigo Araújo Messias, o atual advogado-geral da União no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, compartilhou em sua conta do X (antigo Twitter)  que peticionou em uma ação civil pública do Ministério Público Federal (MPF) contra a Jovem Pan.

O motivo da ação judicial é a intolerância aos ataques à democracia perpetrados pela emissora, que levaram o MPF a investigar o comportamento da concessionária de radiodifusão. Confira a postagem completa de Messias:

Informo que a petição protocolada hoje, no final da tarde, nos autos da ação civil pública promovida pelo Ministério Público Federal contra a Radio Panamericana S.A. e outros (autos nº 5019210-57.2023.4.03.6100, 6ª Vara Cível da Seção Judiciária de São Paulo), cuida de manifestação preliminar, condizente com o prazo judicial de 72h fixado pelo juízo.

Ela é, por isso, carente de maiores considerações técnicas, que transcendem as informações já prestadas por algumas pastas ministeriais. Não é acertada, portanto, a conclusão de que a União estaria a defender os atos praticadas pela primeira ré da ação judicial em referência.

Bem por isso, desde o primeiro momento, a Advocacia-Geral da União se engajou no processo de negociação com o Ministério Público Federal, fato reconhecido pelo próprio órgão ministerial. Feitas tais considerações, informo que determinei que a Procuradoria-Geral da União apresente, ainda hoje, nova manifestação mediante a qual declare expressamente o ingresso da União no polo ativo da demanda, ao lado do Ministério Público Federal.

Tudo em ordem a evitar incompreensões sobre a posição da atual gestão da Advocacia-Geral da União. Não toleramos e não toleraremos ataques à democracia, razão pela qual estaremos ao lado do Ministério Público Federal para apurar a conduta da concessionária de radiodifusão.

02 março 2024

Lula tem razão

 


Coluna C&A - nº 228

 


Coluna Crítica & Autocrítica - nº 228

Por Júlio Garcia**

*ATO GOLPISTA DE BOLSONARO E CIA – Em entrevista para a Revista Fórum, a presidenta do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) fez uma análise importante sobre os atos golpistas de Bolsonaro neste domingo (25, em SP). Segundo a revista, “a petista destruiu, em três pontos, as narrativas que Bolsonaro utilizou em seu discurso e deixou claro que o futuro da extrema direita está em risco.” Segundo a deputada "Não adianta amaciar discurso nem posar de vítima, o Brasil e o mundo conhecem o prontuário antidemocrático, ditatorial e fascista de Jair Bolsonaro. Continua sendo e sempre será uma ameaça à democracia, ao estado de direito e à paz. O que Bolsonaro fez foi terceirizar para Malafaia os ataques que sempre fez à Justiça, às instituições e à verdade", disse Gleisi. (...) –A íntegra da matéria pode ser lida no site da Revista Fórum https://revistaforum.com.br/

*AINDA SOBRE A TENTATIVA DE GOLPE de 8/01/2023: Polícia Federal identificou autores de carta para coagir Forças Armadas – O autor da carta é o coronel santiaguense Pasini [e não Pasiani, como inicialmente foi divulgado], segundo informou o Blog do Júlio Prates (editado pelo advogado, jornalista, sociólogo e blogueiro Júlio César de Lima Prates). Vejam: "O autor da carta, segundo a REVISTA FORUM, é o coronel santiaguense Carlos Giovani Delevati Pasini, e revisor, o coronel Alexandre Castilho Bitencourt da Silva, que foram identificados a partir de análise de dados do tenente-coronel Mauro Cid. 

O objetivo da carta redigida pelo coronel santiaguense era persuadir as forças armadas a participarem do golpe contra a democracia e o Estado democrático de Direito. “O texto tinha como principal objetivo pressionar o então comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, a aderir ao golpe e incitar os subordinados a encamparem as fileiras do golpe”, segundo a REVISTA FORUM. Pasini é santiaguense e foi colunista de Jornal local, muito ligado aos grupos da prefeitura e do governo do Estado que fazem a cultura local." 

... 

*ELEIÇÕES MUNICIPAIS EM SANTIAGO/RS – Atendendo várias solicitações, transcrevo a seguir a íntegra do documento que encaminhei dias atrás à Comissão Executiva e ao Diretório Municipal do PT de Santiago/RS visando contribuir com a discussão interna - e para que a decisão final seja tomada com a brevidade possível - preferencialmente, de forma consensual: 

‘Companheiros(as): Pelo presente, depois de bastante avaliar a conjuntura política local/estadual/nacional, como sempre faço, e atendendo sugestão e pedidos de vários (as) companheiros(as), amigos e simpatizantes, informo que concordei em colocar meu nome – assim como já fez o companheiro Chico Matos e, quiçá, façam outrxs companheiros/as – à disposição para também ser discutido e avaliado internamente para representar nosso partido (e demais possíveis aliados) ao Executivo Municipal nas eleições deste ano. 

Entendo, por fim, que o tempo para essa decisão (tática eleitoral, Programa de Governo e definição das nossas pré-candidaturas) está prestes a esgotar-se, razão pela qual sugiro que a mesma seja tomada, no máximo, até meados de Abril.

* “Ousar Lutar, Ousar Vencer!”  -PT, Saudações!’´

...

**Júlio César Schmitt Garcia é Advogado, Pós-Graduado em Direito do Estado, Consultor, ecologista, dirigente político (um dos fundadores do PT e da CUT), 'poeta bissexto', articulista e midioativista. - Coluna originalmente publicada no Jornal A Folha (do qual é Colunista, que circula em Santiago/RS e Região) em 01/03/2024.

-Via Blog O Boqueirão Online

01 março 2024

Lula, Israel e a mídia vira-lata

 

Manifestantes levantam cartazes durante uma manifestação anti-governo na cidade central de Tel Aviv, em Israel, em 17 de fevereiro de 2024. - Jack Guez / AFP

Por Ayrton Centeno*

Uma coisa que o primeiro-ministro Benjamin "Bibi" Netanyahu adoraria é a mídia corporativa do Brasil. Seria seu sonho de consumo. Não há quem mais tome seu lado do que a imprensa hegemônica nativa e alguns de seus "petcolunistas". Nem em Israel ele tem um tratamento tão magnânimo. Como na leitura do massacre que desatou contra a população palestina: para os grandes conglomerados midiáticos do Brasil, a chacina é a "Guerra Israel-Hamas". Bibi aplaudiria de pé. É justamente o que quer que o mundo pense. 

É diferente do que faz o Haaretz. Para o jornal de Tel Aviv, é mais correto chamar de "Guerra Israel-Gaza". Eu não chamaria de "guerra" algo tão assimétrico mas não se pode negar que o Haaretz está mais perto da verdade dos fatos do que, por exemplo, O Globo. A "guerra" não é contra o Hamas, mas contra a população palestina, a não ser que se considere que os 30 mil mortos até agora pertencem todos ao grupo guerrilheiro, inclusive as 12 mil crianças, sem incluir as dez mutiladas a cada dia. 

Outro espanto é ver que é mais corriqueiro o termo "terrorista" associado ao Hamas nos jornais, rádios e TVs do Brasil do que no New York Times, El Pais, Le Monde, Haaretz e outros grandes diários. Eles preferem "soldados", "milícia", "combatentes" etc. 

É algo que trai o engajamento medular da imprensa local com a pauta de Israel. Não é demais lembrar que o cacoete vem de longe: sob a ditadura (1964-1985), toda a esquerda armada era tachada de "terrorista", embora não o fosse. Ao contrário, quem mais se valeu de uso de bombas e explosivos foi a extrema-direita militar. 

Agora, dezenas de homens, mulheres, crianças e bebês palestinos assassinados pelas bombas israelenses valem menos do que uma frase de Lula comparando a matança de Bibi com o morticínio de Hitler. 

Semblantes soturnos, cenhos franzidos e bocas aflitas nos telejornais. Lorotas antigas — "ele apóia o Hamas" — e uma indecorosa exibição de sabujice e viralatismo. Tivemos direito a tudo isso. 

No campo partidário, houve chiliques de distintas voltagens. À esquerda, alguns cochichos temerosos entenderam como "um deslize". À direita, a velha e sempre impagável tropa de fascistas circenses hoje penando na orfandade excretou um pedido de impeachment com rapidez maior do que evacuaria uma minuta de golpe. 

Netanyahu repetiu o que fez com Antonio Guterres. O secretário-geral da ONU disse uma obviedade: que o ataque do Hamas matando e sequestrando no dia 7 de outubro "não aconteceu por acaso" e que o povo palestino "foi submetido a 56 anos de uma ocupação sufocante". Bastou para Israel — sempre com os EUA como guarda-costas — pedir a demissão de Guterres. 

Algo similar ocorreu com Gustavo Petro, que apelara pelo fim do genocídio em outubro. Em resposta, Israel disse que o presidente da Colômbia estaria apoiando o Hamas e ameaçou cortar relações diplomáticas. 

Seu jogo é o de sempre: "Somos as vítimas", embora a matemática do conflito atual o desminta. Colocar-se no papel de vítima infinita e misturar crítica ao seu governo ou a Israel como "antissemitismo" é o eterno biombo, a carta branca moral para assassinar sem prestar contas à humanidade. 

No mundo de Netanyahu, comparações de sua tarefa com a do nazismo, embora façam bastante sentido haja vista a aniquilação daqueles seres que já foram descritos como "animais" pelo seu ministro da defesa, Yoav Gallant —  designação que os nazistas também davam aos judeus — são motivo de irritação mas também de distração da carnificina.  Aquilo que o assessor da presidência Celso Amorim chamou de "circo". 

Aliás, por paradoxal que possa parecer, diversos autores apontam que sionismo e nazismo estiveram muito próximos antes de ser deflagrada a "solução final" pelo Terceiro Reich. Em 1933, resultou no Acordo Haavara ("Transferência"), onde as duas partes trocaram favores, facilitando-se a ida de 60 mil judeus, os mais bem aquinhoados, para a Palestina. 

Menachem Begin, mais tarde primeiro-ministro de Israel por duas vezes, integrava o grupo Irgun que, em 1946, explodiu o hotel King David, em Jerusalém, matando 91 pessoas. Do terrorista Irgun nasceu o Herut ("Partido da Liberdade") e deste o Likud, a legenda de extrema-direita de Bibi. 

Por falar em Begin e sionismo, é famosa a carta que intelectuais e personalidades judias, entre as quais o físico Albert Einstein e a filósofa Hannah Arendt, publicaram no New York Times em 1948. Nela, descrevem o Irgun e o Herut como assemelhados "aos partidos nazistas e fascistas". 

À beira de novo banho de sangue, desta vez em Rafah, onde estão um milhão de palestinos, Lula chutou o balde para ser ouvido. Para desgosto de uma mídia cúmplice ou acoelhada, não pediu "uma pausa temporária" como suplica o frouxo Joe Biden. Não chamou o açougue de Netanyahu de "direito de defesa". Numa época em que as palavras traem e iludem, chamou o genocídio de genocídio. 

*Ayrton Centeno é jornalista, trabalhou, entre outros, em veículos como Estadão, Veja, Jornal da Tarde e Agência Estado. Documentarista da questão da terra, autor de livros, entre os quais "Os Vencedores" (Geração Editorial, 2014) e "O Pais da Suruba" (Libretos, 2017). 

-Edição: Matheus Alves de Almeida - Com o Blog O Boqueirão Online - *Via Brasil de Fato