04 setembro 2009

Grito dos Excluídos (II)














Manifestantes exigem saída de Yeda e fim da corrupção no RS

A corrupção que exala do Palácio Piratini espalha pobreza pelo Rio Grande afora. A fim de reverter esse cenário negativo, trabalhadores do campo e da cidade uniram-se, na manhã desta sexta-feira (4), durante o Grito dos Excluídos para exigir o impeachment da governadora Yeda Crusius e punição aos culpados. Essa manifestação popular acontece na semana da pátria em todo pais. Em Porto Alegre, os ativistas postaram-se em frente ao Palácio Piratini. Da sede do governo estadual, rumaram para a Esquina Democrática. Antes, porém, protestaram diante do Ministério Público Estadual e do Palácio da Justiça, condenando a omissão dos órgãos em apurar as denúncias que pesam sobre a gestão tucana e por silenciar diante da violência do governo contra os movimentos sociais.

“O povo excluído está nas ruas exigindo os seus direitos e moralidade nos gastos do dinheiro público”, disse o deputado Dionilso Marcon (PT), ao ressaltar a importância do ato que coloca a vida em primeiro lugar e adverte que corrupção gera corrupção. “É um momento importante para a juventude. Somos o setor mais atingido pelo governo Yeda em função da falta de emprego e de educação, pela violência e pela inexistência de políticas públicas voltadas à juventude”, acrescentou Pedro Sérgio da Silveira, do DCE da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e da diretoria dos Movimentos Sociais da União Nacional dos Estudantes (UNE).

Já o presidente da CUT/RS, Celso Woyciechowski, salientou que além de denunciar o assassinato do sem-terra Elton Brum da Silva, ocorrido durante a desocupação da Fazenda Southall, em São Gabriel, a manifestação também condena a corrupção e cobra punição aos agentes políticos da gestão tucana, que desviaram cerca de R$ 350 mil dos cofres públicos.

Claudia Prates, da Marcha Mundial das Mulheres, também brada pelo fora Yeda, contra a criminalização dos movimentos sociais e defende transparência nas investigações da CPI da Corrupção. “Todos querem o fim desse governo corrupto”, frisou. De cima do carro de som, a presidente do Cpers-sindicato, Rejane de Oliveira, disse que o dinheiro desviado para a compra da mansão da governadora faz falta para a saúde e para a educação. Por fim, o professor Nei Sena disse ser fundamental que os movimentos populares, sindical e estudantil do campo e da cidade se agreguem pelo fora Yeda e pelo impeachment já.

Em todo o país, essa manifestação visa a denunciar o modelo político e econômico que, ao mesmo tempo, concentra riqueza e renda e condena milhões de pessoas à exclusão social. Os ativistas defendem caminhos alternativos ao modelo neoliberal capazes de desenvolver uma política de inclusão social com a participação de todos os cidadãos. (Por Stella Máris Valenzuela, do sítio PTSul)

LDO da capital é um 'queijo suiço'...











Adeli Sell acusa prefeito Fogaça de manipular LDO de Porto Alegre


O vereador Adeli Sell (PT/Poa) criticou, durante o debate sobre a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) realizado na Câmara dos Vereadores na tarde desta quarta-feira, "a imprecisão dos números, os vazios e lacunas deixados em vários programas pelo governo municipal".

Segundo o vice-presidente da Câmara de Vereadores da capital gaúcha “a LDO do prefeito José Fogaça é um queijo suíço: cheia de furos”. Segundo Adeli Sell, "metas colocadas no ano passado e que não foram cumpridas, como a execução ZERO em relação à Circulação e Transporte, este ano são repetidas em 90%, com os mesmos números da LDO passada. Assim, tudo leva a crer que o planejamento apresentado não passa de ficção, sem qualquer compromisso por parte do governo de Porto Alegre em realizá-lo".

Em relação às metas de Cultura, Esporte e Turismo, Adeli diz que elas são pífias, acabando com vários progressos e conquistas. "Na Cultura, as metas e os escassos recursos previstos mal chegam a 50% do que fora realizado em gestões anteriores. No Esporte e Turismo, o trabalho que chega a acontecer se deve a puro milagre, já que metas e recursos não contemplam sequer o funcionamento mínimo daqueles órgãos".

Colapso no trânsito e futuro comprometido

Enfatiza ainda o vereador Adeli Sell que "mais grave ainda é a Circulação e Transporte, onde os números apresentados não guardam qualquer relação com a realidade, dando a impressão de terem sido simplesmente jogados no papel". E alerta: "Isto quando, de acordo com pesquisas recém publicadas, em doze anos teremos o colapso do trânsito em nossa cidade. Numa cidade que já foi exemplo de respeito à cultura, que tinha nos esportes um dos principais eixos para estimular o desenvolvimento de cidadãos saudáveis, mantendo os jovens longe das drogas; onde o planejamento e a ousadia permitiram inscrever Porto Alegre num dos pólos importante de turismo, este descaso causa grande apreensão sobre qual futuro teremos".

*Com a Assessoria de Imprensa do gab. do ver. Adeli Sell - Blog do Adeli

**Edição deste blog

03 setembro 2009

'Grito dos Excluídos'















*É nesta sexta, 10 h, em Porto Alegre (frente ao Palácio Piratini), a 15ª edição do 'Grito dos Excluídos'. Todos lá!

UniRitter













Auditório San Thiago Dantas, no campus Canoas, vira tribunal

Os professores Cláudia Ernst Pereira Rohden e Cristiano Heineck Schmitt, do Direito/Canoas do UniRitter, promoveram uma Sessão de Julgamento nesta terça-feira (01/09), no Auditório San Thiago Dantas. Os acadêmicos puderam acompanhar, na Instituição, a 19º Sessão de Julgamento da 14ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. A proposta do encontro é trazer a realidade jurídica para dentro da academia, visando estimular nos alunos o estudo do tema.

Participaram do julgamento os Desembargadores Sejalmo Sebastião de Paula Nery, Dorval Bráulio Marques e José Luiz Reis de Azambuja além do Procurador de Justiça Paulo Roberto Tesheiner e a Secretária Substituta de Câmara Janice Belmira Ferreira Rosetti.

Na ocasião foram julgados diversos casos relacionados ao Direito do Consumidor, como usucapião por bens imóveis, alienação fiduciária e arrendamento mercantil. (Por Andréa Lopes)

*Foto: 19º Sessão de Julgamento da 14ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul foi realizada no UniRitter, com a participação dos acadêmicos de Direito da Instituição. http://www.uniritter.edu.br

02 setembro 2009

Trensurb & Cultura















*Na foto acima, flagrante da premiação ao milésimo associado da Biblioteca Livros sobre Trilhos, psicólogo Silvio César Bungi, hoje, na Estação Mercado do Trensurb, em Porto Alegre (vide post abaixo). Da esquerda para a direita: este blogueiro, Marco Arildo (pres. do Trensurb), Silvio César (homenageado), Teresinha, ver. Adeli Sell, Paulo Renato e Graça (func. Trensurb).

**Foto: Emílio Martins

'Livros sobre Trilhos'










BIBLIOTECA LIVROS SOBRE TRILHOS PREMIA ASSOCIADO NÚMERO 1.000

Milésimo associado é morador de Canoas e se inscreveu na biblioteca há um mês. Entre os livros que pretende retirar, estão os da sua área, a psicologia.

A Biblioteca Livros Sobre Trilhos, localizada na plataforma de embarque da Estação Mercado da Trensurb, premiou seu milésimo associado, dentro da promoção Associado nº 1000 – Leitura Construindo Desenvolvimento e Cidadania. O prêmio foi entregue nesta quarta-feira, 2. O vencedor foi o psicólogo Silvio Cesar Bungi, que se associou há menos de um mês, e que já retirou o primeiro livro. O diretor-presidente da Trensurb, Marco Arildo Cunha, presente na premiação, destacou que "promoções como essa mostram a confiança dos usuários no serviço da empresa e a preocupação da Trensurb com seus usuários". Como prêmio, Bungi recebeu um DVD e um livro Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago. Além disso, o milésimo associado foi homenageado com uma carteirinha comemorativa, que ficará em exposição na biblioteca. Para Bungi, "a literatura é a melhor forma de conhecer o mundo, e projetos como o da Biblioteca Livros Sobre Trilhos são muito importantes para abrir possibilidades, abrir horizontes".

A premiação contou também com a participação do diretor de Operações da Trensurb, Paulo Renato Amaral, do vereador Adeli Sell (PT) e do advogado Júlio Garcia.

Biblioteca Livros Sobre Trilhos

A Biblioteca Livros Sobre Trilhos, uma parceria da Trensurb com o Instituto Brasil Leitor e a empresa VisaNet Brasil funciona desde dezembro de 2008, e conta mais de mil associados e um acervo de mais de 2,4 mil livros. Entre as categorias disponíveis estão literatura brasileira, autoajuda, best-seller, infanto-juvenil, filosofia, religião, ciências sociais, linguística, biografia, artes e história.

A inscrição e o empréstimo de livros são totalmente gratuitos, e para se associar basta preencher um cadastro e apresentar documento de identidade, CPF e comprovante de residência (original e cópia), juntamente com uma foto 3x4. Menores de 18 anos devem estar acompanhados dos pais. A biblioteca funciona de segunda a sexta-feira, das 11h às 20h, na plataforma de embarque da Estação Mercado. (Por Assessoria de Imprensa do Trensurb) www.trensurb.gov.br

01 setembro 2009

Pré-sal (III)



















Lula cola na testa dos tucanos o rótulo de 'entreguistas', e lembra os tempos da Petrobrax

*Por Rodrigo Vianna

Lula mostrou estatura de estadista no discurso dessa segunda-feira, no lançamento do pré-sal. Mostrou à nação o que está em jogo hoje no Brasil.

Lula colou na testa dos tucanos o rótulo de "adoradores do mercado". Lembrou que eles queriam "desmontar a Petrobrás".

Lula mostrou que não é preciso chamar a neo-UDN de "entreguista", como se dizia nos anos 50/60.

Basta lembrar que a neo-UDN tucana chamava a Petrobrás de "dinossauro, que precisava ser desmantelado".

Foi o que Lula fez em seu discurso histórico. Um discurso que não foi de improviso, mas cuidadosamente escrito para se transformar em um documento histórico.

E ainda há quem defenda a tese esdrúxula de que "não há diferença entre Lula e FHC". Se os tucanos tivessem ganho em 2002, hoje provavelmente a festa do pré-sal seria no Texas, ou em Cingapura - na sede da empresa que teria assumido o controle da Petrobrax.

Os tempos do "pensamento subalterno", os tempos de tirar os sapatos para os Estados Unidos, esses ficaram pra trás.

Vejam como Lula - no discurso histórico - se refere àqueles tempos que não voltam mais:

"Estamos vivendo hoje um cenário totalmente diferente daquele que existia em 1997, quando foi aprovada a Lei 9.478, que acabou com o monopólio da Petrobras na exploração do petróleo e instituiu o modelo de concessão.

Naquela época, o mundo vivia um contexto em que os adoradores do mercado estavam em alta e tudo que se referisse à presença do Estado na economia estava em baixa. Vocês devem se lembrar como esse estado de espírito afetou o setor do petróleo no Brasil. Altas personalidades naqueles anos chegaram a dizer que a Petrobras era um dinossauro – mais precisamente, o último dinossauro a ser desmantelado no país. E, se não fosse a forte reação da sociedade, teriam até trocado o nome da empresa. Em vez de Petrobras, com a marca do Brasil no nome, a companhia passaria a ser a Petrobrax – sabe-se lá o que esse xis queria dizer nos planos de alguns exterminadores do futuro.

Foram tempos de pensamento subalterno. O país tinha deixado de acreditar em si mesmo. Na economia, campeava o desalento. O Brasil não conseguia crescer, sofria com altas taxas de juros, de desemprego, e juros estratosféricos, apresentava dívida externa elevadíssima e praticamente não tinha reservas internacionais. Volta e meia quebrava, sendo obrigado a pedir ao FMI ajuda, que chegava sempre acompanhada de um monte de imposições.

Além disso, não produzíamos o petróleo necessário para nosso consumo. Ferida, desestimulada e desorientada, a Petrobras vivia um momento muito difícil."

*Rodrigo Vianna é jornalista, editor do blog 'O Escrevinhador' http://rodrigovianna.com.br - fonte desta postagem.

*Grifos do autor.

31 agosto 2009

Pré-sal (II)


















Dilma: Fundo social evitará a "maldição do petrólelo"

Brasília/DF - O fundo social, cuja criação está prevista no marco regulatório do pré-sal, apresentado hoje (31) pelo governo, tem o objetivo de evitar a “maldição do petróleo”, segundo afirmou a ministra-chefe da Casa Civil da Presidência da República, Dilma Rousseff. O fundo é um dos projetos de lei que o governo encaminhou ao Congresso Nacional.

“Com isso, queremos evitar a maldição do petróleo, que é a manutenção da pobreza em países com grande produção”, disse Dilma. O fundo será criado para administrar e distribuir os recursos advindos do petróleo. As atividades prioritárias a serem financiadas por ele serão o combate à pobreza, o incentivo à educação, à cultura, à sustentabilidade ambiental e à inovação científica e tecnológica. Os recursos do fundo serão orçados e fiscalizados pelo Congresso.

De acordo com a ministra, um dos projetos enviados ao Congresso cria o modelo de contrato de partilha para a exploração do óleo de águas profundas, a ser adotado nas áreas que ainda não são objeto de concessão. “Teremos no Brasil o modelo misto, com contratos de partilha e também de concessão, como ocorre em vários outros países produtores de petróleo”.
No contrato de partilha, diferentemente do contrato de concessão vigente hoje, a empresa contratada empreenderá por sua conta e risco todas as operações exploratórias e será reembolsada pelo governo em óleo e gás. A Petrobras será a operadora que irá conduzir as atividades e providenciar a tecnologia, pessoal e recursos materiais necessários. A estatal também terá pelo menos 30% de participação no bloco. De acordo com Dilma, o critério para a escolha da empresa será um só: o percentual de óleo para a União.

Outro projeto de lei criará a empresa subsidiária da Petrobras, a Petro-Sal, que representar a União nos consórcios e comitês operacionais que serão montados com representantes das duas partes. O objetivo da nova empresa será “diminuir a assimetria” de interesses entre a União e as empresas prestadoras de serviços, explicou a ministra. (por Sabrina Craide, da Ag. Brasil)

*Edição e grifos deste blog

Pré-sal



















*Nesta terça, na UFRGS, 19 h.

(Clique no cartaz para ampliar)

29 agosto 2009

Poema














A Pedagogia dos Aços

Candelária,
Carandirú,
Corumbiara,
Eldorado dos Carajas ...

A pedagogia do aços
golpeia no corpo
essa atroz geografia ...

Há cem anos
Canudos,
Contestado
Caldeirão ...

A pedagogia dos aços
golpeia no corpo
essa atroz geografia ...

Há uma nação de homens
excluídos da nação.
Há uma nação de homens
excluídos da vida.
Há uma nação de homens
calados,
excluídos de toda palavra.
Há uma nação de homens
combatendo depois das cercas.
Há uma nação de homens
sem rosto,
soterrado na lama,
sem nome
soterrado pelo silêncio.

Eles rondam o arame
das cercas
alumiados pela fogueira
dos acampamentos.

Eles rondam o muro das leis
e ataram no peito
uma bomba que pulsa:
o sonho da terra livre.

O sonho vale uma vida?
Não sei. Mas aprendi
da escassa vida que gastei:
a morte não sonha.

A vida vale tão pouco
do lado de fora da cerca ...

A terra vale um sonho?
A terra vale infinitas
reservas de crueldade,
do lado de dentro da cerca.

Hoje, o silêncio
pesa como os olhos de uma criança
depois da fuzilaria.

Candelária,
Carandirú,
Corumbiara,
Eldorado dos Carajás não cabem
na frágil vasilha das palavras ..

Se calarmos,
as pedras gritarão ...

Pedro Tierra

***

-Através do poema acima, do poeta Pedro Tierra (Hamilton Pereira), a singela homenagem do blog ao companheiro 'sem-terra' Elton Brum da Silva, assassinado pela Brigada Militar do RS em 21/08/2009, em São Gabriel/RS.

28 agosto 2009

1ª CONSEG






A segurança pública é responsabilidade de todos, diz Lula

Durante a abertura da 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública nesta quinta-feira (27), em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou o “empurra-empurra” entre os governos federal, estadual e municipal pela responsabilidade da segurança pública. “Nós, do presidente da República à pessoa mais humilde, precisamos assumir que é um problema de todos nós, dos 190 milhões de brasileiros.”

O presidente afirmou que a Conferência pode consolidar a nova metodologia em que se baseia o Pronasci – o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania. Para Lula, o governo federal está no caminho certo com o Programa, criado há dois anos pelo Ministério da Justiça e implementado nas regiões mais violentas do país. O Pronasci articula todos os entes federados, valoriza o profissional de segurança pública e tem foco no jovem, “o mais vulnerável para ser vítima do crime organizado”, disse o presidente.

Lula enfatizou ainda a importância da qualificação do profissional da área, que deve ser treinado em ações de inteligência e preparado para usar a força apenas quando necessário. “Precisamos dar condições para que o policial não seja nosso inimigo”, disse o presidente. “Se ele estiver bem formado, numa boa casinha, com salário adequado, ele será o guardião que queremos para manter a ordem”.

Os investimentos na área também foram tema do discurso do presidente. Segundo ele, a segurança pública sempre foi um dos últimos a receber orçamento, mas, com o Pronasci, tem prioridade no governo federal. “Pela primeira vez discutimos investimentos em segurança pública e não gastos”. O presidente citou o bairro de Santo Amaro, em Recife (PE), como exemplo de sucesso do programa. “Tarso Genro (Justiça) me trouxe uma pesquisa que mostrou que, depois do Pronasci, diminuiu em 70% a criminalidade”, comemorou.

Para o ministro Tarso Genro, o Pronasci inicia a mudança de paradigma, mas essa mudança não seria assimilada pelos estados e pela sociedade sem a Conferência. E reforçou a importância da valorização do profissional da segurança pública. “O Pronasci tem os Direitos Humanos dos policiais como elemento central para a construção de uma política de segurança pública digna, de uma democracia que estamos construindo”.

Três mil pessoas participarão, até domingo (30), dos debates da 1ª Conseg, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. O objetivo é propor princípios e diretrizes de uma política nacional para a área.

*Fonte: sítio www.conseg.gov.br

26 agosto 2009

Artigo









A desmoralização da política

*Por Emir Sader


Um dos maiores consensos nacionais é a desmoralização da política e dos políticos. Esporte fácil, dos mais praticados nas rodas de conversa, alimentado pela imprensa e favorecido pelo comportamento dos parlamentares, que, no entanto não tem alterado em nada a composição do Parlamento – individualizado como a instância por excelência da política -, políticos acusados sistematicamente pela imprensa como pivôs de grandes escândalos – como Collor, Sarney, Renan, entre tantos outros – têm sido reeleitos sistematicamente. Ao mesmo tempo, outra instância que personifica a política – os governos – tem tido em geral grande apoio do eleitorado, nas eleições e nas pesquisas, salvo casos limites – como o de Yeda Crusius.

Ao mesmo tempo, as pesquisas sobre credibilidade colocam o Congresso sempre em posição muito ruim e a imprensa em posição de destaque. No entanto, os jornais baixam sistematicamente sua tiragem em um caminho sem volta para sua crise definitiva, enquanto suas vítimas privilegiadas são eleitos e reeleitos. E ao mesmo tempo, a imprensa, que teria muita credibilidade e fabrica – literalmente – a “opinião pública”, é quem mais influenciaria a população, se choca com a vontade dos eleitores, que tem reiterado a maioria de partidos – como especialmente o PMDB – atacados centralmente pela imprensa. Quem tem mais apoio da população – como algum que outro acusado já disse: a imprensa, que não se sustenta no voto popular, ou os parlamentares, que são submetidos periodicamente à consulta da cidadania?

Em última instância: de onde vem a desmoralização da política? Quem se aproveita disso? Qual a credibilidade que a imprensa tem? Qual seu poder de influência? Como se constróem os consensos no Brasil?

Na transição da ditadura para a democracia, a política estava em alta, contra o poder militar, que sempre buscou desmoralizá-la: as cassações se faziam contra dois grupos de políticos, os supostamente subversivos e os corruptos. A derrota das eleições diretas para presidente – recordemos o papel da Globo, que tentou, até o ultimo momento, desconhecer a campanha, para finalmente aderir a contragosto, quando já era um consenso nacional – levou a que o novo regime não representasse claramente uma vitória da democracia contra a ditadura. A conciliação feita no Colégio Eleitoral – em que a oposição dependia de votos dos partidos do governo – deu a nova cara da democracia: uma conciliação entre o novo e o velho. No lugar do candidato natural da oposição - Ulysses Guimarães, o conciliador Tancredo Neves, tendo como vice o até poucas semanas antes presidente do partido da ditadura, José Sarney, que havia liderado a campanha da ditadura contra as eleições diretas, ao mesmo tempo que nascia um partido que saia no derradeiro momento do bloco do governo, o PFL, para somar-se ao carro vencedor e tentar distanciar-se do regime moribundo.

Uma chapa – Tancredo-Sarney -que expressava claramente a conciliação entre o velho e o novo.

As circunstâncias – morte de Tancredo e presidência de Sarney – consolidaram a presença do velho, pelo papel mais destacado que tiveram políticos centrais na ditadura – de que o caso de ACM é o mais significativo, embora não o único. A frustração do governo Sarney, restringindo a democratização ao plano político-institucional – no marco estritamente liberal, sem democratização econômica, social, midiática, cultural – recolocou o tema da desmoralização da política, de que Sarney foi uma expressão clara, por seu governo, por sua capacidade camaleônica de reciclar-se rapidamente da ditadura para a democracia, pelo poder oligárquico que mantêm no Maranhão e por sua capacidade de eleger-se, artificialmente, por outro estado como senador, assim como por seus vínculos estreitos e promíscuos com a grande imprensa – através de ACM, que distribuiu os canais de rádio e televisão pelo Brasil afora para a conquista do quinto ano de mandato para Sarney -, de que a propriedade do canal da Globo no Maranhão é um exemplo, além da transferência da sua influência para eleger filhos seus – Roseana e Zequinha.

Collor, na sua campanha, tratou de capitalizar essa nova desmoralização da política, aparecendo como um outsider, supostamente contra as oligarquias tradicionais da política – como desdobramento da “modernidade” que prometia, contra os “marajás” e a favor da abertura da economia, contra “as carroças”, que seriam os carros fabricados no Brasil. Como isso, Collor colocava, pela primeira vez de forma aberta, dois eixos do consenso neoliberal, que se impunha na America Latina e no mundo: a desqualificação do Estado e a abertura para o mercado externo.

Seu caráter pretensamente bonapartista de governar, se exercia contra a política e os partidos – sua própria eleição por um partido de aluguel expressava a crise dos partidos tradicionais: recordar o pífio resultado de Ulysses como candidato do PMDB, assim de outros representantes de partidos, como Covas, Afif Domingos, Roberto Freire, entre outros. Collor buscava construir um novo bloco no poder, em torno da sua figura e do ideário neoliberal.

Collor viria logo se somar à lista de políticos coruptos – cuja lista incluía centralmente a Maluf, ACM, Sarney, Quércia, entre muitos outros. Mas a nomeação de FHC para comandar a economia por Itamar Franco, permitiu ao PSDB retomar a plataforma neoliberal, de forma mais articulada. Retomava também os pressupostos ideológicos do neoliberalismo: o Estado é o problema e não a solução, promoção da centralidade do mercado no seu lugar.

O neoliberalismio busca desqualificar o Estado, especialmente as regulações – que se contrapõe à livre circulação do capital, aos gastos em políticas sociais e em qualificação e melhor remuneração dos funcionários públicos, além da privatização das empresas públicas.

Um dos seus objetivos, portanto, é enfraquecer o Estado, considerando seus gastos como fonte inflacionária, pregando a diminuição constante dos impostos, para favorecer a transferência de recursos do Estado para o mercado.

O Estado e o conjunto da esfera política foram alvo sistemático das forças neoliberais, tendo a imprensa privada como agente fundamental dessas campanhas, valendo-se das denúncias – quase sempre reais – de casos de corrupção de políticos, da malversação de verbas estatais, da contratação de servidores públicos – sem atentar quando se trata de gastos socialmente inúteis ou quando se trata da prestação de serviço para a massa da população, como é o caso de professores, médicos, enfermeiras, assistentes sociais, entre outros.

Sempre se tenta tomar casos individuais para buscar criminalizar a totalidade da política e das ações do Estado. Toma-se casos particulares de comprometimento com a corrupção – como os casos de Severino, aliás eleito pela oposição contra o governo, de Sarney, de Renan (sempre deixando de lado os aliados atuais do bloco de direita, como é o caso, por exemplo, da ausência de Quercia, atual aliado de Serra, ou dos membros do DEM e dos próprios tucanos, como foram os casos de Artur Virgilio, Sergio Guerra, Tasso Jereissatti, Yeda Crusius – para tentar generalizar para todos os políticos. Toma-se eventuais irregularidades, por exemplo na distribuição do Bolsa Família, em alguns casos individuais, para se tentar desqualificar um programa que beneficia mais de 60 milhões de pessoas.

Um Congresso fraco não tem condições de definir leis que limitem a livre circulação do capital, o poder sem controle da mídia (como pode ser o caso da Conferência Nacional de Comunicação), a denúncia dos casos de corrupção de empresas privadas, de sonegação fiscal por parte dessas empresas, de controle sobre os ganhos gigantescos dos bancos privados, da superexploração dos trabalhadores pelas empresas privadas, da deterioração do meio ambiente por conglomerados privados urbanos e rurais – entre outras iniciativas. O Congresso fica voltado para casos que a imprensa privada escolhe como seu objeto privilegiado de denúncias – aqueles que buscam afetar políticas de alianças do governo, como se o PMDB e os políticos denunciados agora fossem menos corruptos quando eram aliados de FHC e não eram submetidos a essas denúncias. Tenta colocar o Estado e o governo na defensiva, quando tenta desqualificar programas sociais, gastos na contratação de servidores públicos, investimentos de infra-estrutura ou outros planos como os habitacionais, como gastos inúteis, que recairiam em aumento da tributação.

Tratam de criar o clima de que o Estado tem um papel essencialmente negativo, ao tributar muito e gastar de forma irresponsável. Era esse o discurso de FHC quando candidato, tendo como mote a idéia de que “o Estado gasta muito e gasta mal”, que era um Estado falido. Quando terminou seus trágicos 8 anos de presidência, a dívida pública tinha se multiplicado por 11, o Estado tinha se desfeito, a preço de banana, depois de sanear as empresas com dinheiro público, de patrimônios fundamentais do Estado, como a Vale do Rio Doce, os gastos sociais tinham diminuído e, ainda assim, o Estado acumulava uma inflação alta e sem controle por parte do Estado. Nunca o Estado gastou tanto e tão mal, como quando governou o bloco tucano-demoniaco.

Estado e Congresso fracos significam mais espaço para se fortalecer o mercado, isto é, o espaço de domínio e controle das grandes empresas privadas. O bloco opositor termina aceitando que as políticas sociais do governo são positivas, mas tenta esconder que elas supõem tributação e redistribuição do ingresso através de um Estado regulador. Tem que reconhecer que o Brasil saiu antes e mais rapidamente da crise, mas tenta esconder que a indução à retomada do crescimento foi basicamente estatal. Denuncia casos de irregularidade no governo, mas busca esconder, por exemplo, o envolvimento da Sadia e do Unibanco, entre outras empresas privadas brasileiras, na compra irresponsável de subprimes, o que levou à sua falência e compra por outras empresas. Os maiores escândalos contemporâneos não se situam na esfera do Estado, mas no das grandes empresas privadas, como tem se tornado público no caso de algumas das maiores empresas privadas norteamericanas.

No caso do Brasil, tornou-se consensual a idéia de que o PMDB, por ter sido o partido majoritário desde o fim da ditadura militar, se vale do seu papel chave para a obtenção das maiorias pelos governos de turno, para se apropriar de cargos chave nos governos e no Congresso, onde desenvolve práticas fisiológicas. Foi assim nos governos Sarney, Collor, Itamar, FHC e agora no governo Lula. Quando se aliam ao bloco de direita, cala-se em relação a essas práticas, quando elas favorecem o bloco agora governista, se tornam alvos privilegiados das denúncias, tentando desarticular as alianças do governo no Congresso, dado que fracassaram ao tentar desqualificar a Lula com denúncias e ao se dar contra do imenso apoio popular que o governo tem.

Mas se a imprensa mercantil, com o controle monopólico na TV, nos jornais, nas revistas e nos rádios, forja a opinião pública, essa maioria do PMDB é o resultado, como um bumerangue, que retorna do tipo de despolitização que essa imprensa difunde. Ela costuma dizer que “o povo brasileiro não tem memória”. Mas é essa mídia a que produz o esquecimento. Senão teria que dizer que:

- Todas essas empresas apoiaram o golpe militar
- A grande maioria apoiou o governo Sarney
- A grande maioria apoiou o governo Collor
- Todas apoiaram o governo FHC do começo ao fim
- Todas apoiaram o Serra e Alckmin.

Tornaram-se instrumentos de propaganda do bloco de direita, que tenta reaver o controle do Estado brasileiro, contra um governo que detêm 80% de apoio da população, enquanto eles conseguem obter apenas 5% de rejeição do governo que atacam noite e dia.

Querem a política desmoralizada, em favor do mercado. O Estado mínimo, fraco, em favor da força das grandes empresas privadas. Um Congresso desmoralizado, para que não possa legislar sobre nada, deixando que as leis de oferta e de procura defina tudo na sociedade.

*Emir Sader (foto) é sociólogo, professor universitário e escritor.

Fonte: 'Blog do Emir' (Ag. Carta Maior)

Pirataria...

















Centro de Porto Alegre tomado por camelôs

O vereador Adeli Sell (PT) deu início a um movimento que visa mobilizar comerciantes, autoridades e cidadãos para revitalizar o Centro da cidade de Porto Alegre, coibindo o comércio ilegal e permitindo a circulação por calçadas e o acesso às lojas.

Segundo postagem realizada hoje em seu blog, "quem anda pelo Centro da cidade tem seu caminho interrompido por dezenas de camelôs que ocupam calçadas e ruas. O comércio de CDs e DVDs piratas, óculos e até medicamentos tomou conta da cidade, sem que a SMIC tome medidas eficientes para sua repressão. A tolerância ao recrudescimento deste comércio de meio-fio é, além de um desrespeito ao comércio regularmente estabelecido, um perigo à saúde pública, já que os produtos comercializados não contam com qualquer controle sanitário ou do Imetro. Pelas ruas, estão à disposição medicamentos sem procedência, apresentados como cura para todos os males, e brinquedos que podem virar fonte de acidentes para crianças."

Adeli Sell está solicitando um maior controle da SMIC ao comércio irregular nas ruas de Porto Alegre: “Se seguir como está, a criação do Camelódromo terá sido em vão, já que retirou os camelôs autorizados das ruas, mas deixou espaço para os irregulares se estabelecerem. No último sábado, apenas entre as ruas Mal Floriano e Borges de Medeiros, era possível contar mais de quinze vendedores no meio da rua, equilibrando seus produtos sobre caixas de papelão e oferecendo todo tipo de mercadoria”. (Por Lucia Jahn -Tb 16.502 - do 'Blog do Adeli)

*Edição e grifos deste blog

25 agosto 2009

Verdade & Mentira (II)


















Sobre a arte de criar subfactóides


*Por Marcelo Duarte

A Zero Hora deve se comunicar com sua sucursal em Brasília via sinais de fumaça.

Só assim para entender o porquê de um factóide de um factóide merecer divulgação.

Pelo menos desde o último sábado, 22, em Brasília, já se sabia que técnicos da Receita Federal (RF) ligados à ex-secretária Lina Vieira seriam exonerados de suas funções.

Henrique Jorge Freitas, subsecretário de Fiscalização, Marcelo Lettieri, coordenador-geral de Estudos, e Alberto Amadei, assessor especial do gabinete da secretaria, foram comunicados de suas exonerações pelo atual secretário, Otacílio Cartaxo, ainda na última quinta, 20. O trio teria participado da elaboração de parte do dúbio discurso da ex-secretária no Senado e integraria, junto a outros servidores, a rede de proteção interna criada por Lina Vieira.

"O próximo passo - segundo Deco Bancillon, do Correio Braziliense, seria trocar os superintendentes do Fisco nos estados" a fim de dar estabilidade à gestão de Cartaxo. Em torno de 50 postos regionais estão em jogo e são considerados chave por estrategistas do governo. "Durante os 11 meses em que esteve à frente da Receita - continua Bancillon, Lina Vieira remanejou quase todos, criando uma espécie de rede protetora fortemente identificada com sua filosofia de trabalho".

Uma filosofia, como se sabe, afinada com interesses tucanos e oposicionistas.

Lina Vieira, cujo marido foi ministro durante o governo do tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), tem ligações políticas com o senador Agripino Maia, dos Democratas (Dem) do Rio Grande do Norte.

Como se isso não fosse suficiente, na última sexta, 21, já se sabia que Lina Vieira não conseguira mostrar, em seu depoimento à Comissão de Constituição e Justiça do Senado, sequer uma evidência da suposta reunião, no final do ano passado, com Dilma Roussef, quando então a ministra-chefe da Casa Civil supostamente teria pedido-lhe que "agilizasse" inquérito em andamento contra Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o que foi interpretado pela mídia oligárquica e pela oposição como ingerência indevida da Casa Civil sobre a RF. Lina declarou que o referido encontro ocorreu em 19 de dezembro, mas o sítio Portal da Transparência revela que, nessa data, ela estava em Natal, no Rio Grande do Norte.

Porém, como nesse caso ZH não está interessada em fazer jornalismo, resolveu reverberar um factóide de um factóide. Um subfactóide, no caso.

Ou seja, mesmo tendo como saber que (i) vários técnicos da RF seriam exonerados de suas funções porque (ii) a farsa montada por Lina Vieira, pela oposição e pela mídia oligárquica caiu por terra, donde a necessidade política de se desmontar a rede de proteção criada pela ex-secretária na RF, ZH preferiu, ontem, 24, dar voz ao "protesto", via pedido coletivo de exoneração, de servidores integrantes da referida rede que já sabiam que seriam exonerados de suas funções, e exatamente por dela fazerem parte.

Iraneth Weiler, chefe de gabinete de Lina, e Alberto Amadei, assessor especial do gabinete, ambos muito próximos à ex-secretária, tiveram suas exonerações publicadas ontem, no Diário Oficial da União.

Em "protesto", uma série de servidores de carreira - que, nunca é demais lembrar, já sabiam que seriam exonerados - anteciparam-se e criaram um factóide do factóide, prontamente reverberado por ZH. Como ficaria feio serem exonerados por terem oferecido, de algum modo, suporte político ao ardil oposicionista - já que integrantes da "rede protetora" criada na RF por Lina, "fortemente identificada com sua filosofia de trabalho" -, antecipararam-se criando um fato político, isca que só morde quem tem interesse em o divulgar.

Além de Henrique Jorge Freitas e Marcelo Lettieri, que já sabiam de suas exonerações pelos menos desde a última quinta, 20, assinaram o pedido coletivo Fátima Maria Gondim, coordenadora-geral de Cooperação Fiscal e Integração, Frederico Augusto Gomes de Alencar, coordenador-geral de Contencioso Administrativo e Judicial, Luiz Tadeu Matosinho Machado, coordenador-geral do Sistema de Tributação, e Rogério Geremia, coordenador-geral de Fiscalização, bem como os superintendentes regionais Eugênio Celso Gonçalves (6ª Região Fiscal, MG), Altamir Dias de Souza (4ª Região, PE), Dão Real Pereira dos Santos (10ª Região, RS), Luiz Gonzaga Medeiros Nóbrega (3ª Região, CE), e Luiz Sergio Fonseca Soares (8ª Região (SP), assim como o superintendente-adjunto da 7ª Região (RJ), José Carlos Sabino Alves.

Segundo os endossantes da missiva, o "afastamento voluntário" - pero no mucho, convém frisar - ocorre por "compromisso com a Receita, a Justiça e a sociedade brasileira".

O capachismo de ZH é tão grande que a depuradora de melífluos sabores, que ainda não pediu a cabeça de Edson Goularte, atual secretário da Segurança Pública do novo jeito de governar, publicou a carta-protesto-pedido coletivo de exoneração na íntegra e falou em crise na "toca do leão:

- "O pedido de exoneração de seis superintendentes da Receita Federal, em protesto contra a demissão de servidores ligados à ex-secretária Lina Vieira, fez crescer a crise que atinge a toca do Leão. Os superintendentes interpretaram a demissão de servidores ligados a Lina como retaliação e partiram para a revanche, acusando o governo de ingerência política".

Não há como levar à sério o jornalismo político de ZH.

Engana-se quem pensa, porém, que esse desesperado rearranjo de peças no tabuleiro da sucessão presidencial é um movimento exclusivo da mídia golpista guasca. Como ontem revelou Luis Nassif, a intenção do jogo nunca foi chegar à verdade, mas "mentir sistematicamente até que a pecha de mentirosa pegasse na vítima. Em plena segunda, com a trama desvendada, prosseguem mentindo".

*Marcelo da Silva Duarte é jornalista, editor do blog La Vieja Bruja - http://www.laviejabruja.blogspot.com/ (fonte desta postagem)

Verdade & Mentira















Império da mentira

*Por Gilvan Rocha

No momento em que surgia a desigualdade social, nasceu o IMPÉRIO DA MENTIRA. Sem ele, não poderiam existir as desigualdades sociais. Elas não se sustentariam.

Nas minhas longas andanças, nunca ouvi falar que alguém foi preso porque mentiu. Pelo contrário, a história tem mostrado que muitos foram presos e até assassinados justamente por falar a verdade. Lembram-se de Galileu? Por pouco ele escapou da morte por ter falado uma verdade que não casava bem com a mentira dos doutos. Lembram-se de Darwin, que mergulhou na depressão pelo fato de sua verdade sobre a origem da vida ter sido rejeitada pelos "sábios", donos da mentira?

Muito forte é o IMPÉRIO DA MENTIRA. Ao lado dele, estão o Papa, os mulás, os cardeais, os generais e os festejados catedráticos. Ao seu lado está à grande mídia, assim como a família, que inocentemente a repete de geração em geração.

O IMPÉRIO DA MENTIRA, sustentação da desigualdade, reina livremente. Dá-se um fenômeno bastante intrigante, porém necessário. A mentira política é dita vastamente, por todos os meios, sem nenhuma censura, sem nenhuma restrição. Enquanto isso a verdade é dita por poucos, pouquíssimos. A verdade, portanto, é um segredo que serve para resguardar privilégios e esconder as causas das perversões sociais.

Recentemente denunciei uma mentira deslavada, transmitida para milhões de brasileiros. Diziam eles, para agradar o povo, uma grossa mentira. Diziam que o pão, o leite, o hospital, a escola, estavam em falta para o povo por uma única razão: a prática da corrupção. Ora, a verdade é que a corrupção agrava os problemas sociais, é um cancro, filho legítimo do capitalismo, este, sim, a causa de todas as misérias sociais.

Este meu discurso foi reprovado por alguns poucos, sob o argumento de que, embora sendo verdadeiro, não deveria tê-lo feito publicamente e, sim, internamente nas instâncias do partido criticado. Veja-se: a mentira seria dita para milhões, enquanto a verdade deveria ser dita para uma restritíssima minoria, entre quatro paredes. Esse é o método exitoso stalinista de calar a verdade.


*Gilvan Rocha é presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos – CAEP

Fonte: Correio da Cidadania

24 agosto 2009

Artigo















A Mídia, a Política e a Cultura

*Por Leonardo Brandt

Tempos efervescentes estes em que a mídia, assim como toda a indústria cultural dominante, se vê pateticamente fragilizada diante do poder caótico e incontrolável das novas possibilidades de comunicação da cultura digital. Mas a grande mídia está longe de perder sua pompa e poder. Ela ainda resiste e tenta dialogar com processos mais amplos e participativos. Há muito mais entre a guerra entre Globo e Record, a sucessão presidencial e cultura digital, do que pode imaginar a nossa vã filosofia!

Da pífia sabatina do ministro da Cultura na Folha à guerra declarada entre Globo e Record, não nos resta espaço para discutir, de maneira abrangente, contemporânea, deseologizada ou descontaminada de interesses financeiros, a crise da mídia cultural no Brasil. Este tema é fundamental para os gestores de cultura, pois toca diretamente na constituição do nosso imaginário público e a nossa noção de Estado, nação, povo e país.

O desprestígio e a falta de assunto dos cadernos de cultura é tão grande, que as capas tem sido, sistematicamente, ocupadas por anúncios gigantes da indústria da moda. Os conteúdos não diferem muito disso. Muitas vezes o assunto mais relevante do caderno restringe-se às tirinhas do Calvin ou o horóscopo.

Falta uma compreensão do funcionamento dos mecanismos de financiamento e da lógica da cultura em sua função pública, tanto pela dimensão econômica quanto pela sociocultural. Alguns veículos tentam, feito cegos em tiroteiro, compreender e cobrir essa complexidade, mas não há tempo nem espaço suficiente. Um debate mais profundo faz-se necessário.

Não há como negar o quanto o ministro Juca Ferreira é astuto nesse sentido. Provocou uma discussão rasteira, por saber que a mídia jamais seria capaz de alcançar a sua sutileza e seus desdobramentos conceituais, filosóficos e econômicos. De quebra projetou-se de maneira ímpar na grande mídia, superando até mesmo o seu antecessor, que já era um popstar.

Nos mesmos cadernos vejo com grande insistência o acompanhamento do Ibope e a comparação pelo troféu da mediocriadade entre A Fazenda e o BBB. Até o nosso festival de Gramado foi palco de badalação e disputa entre “astros” da Record e da Globo. O pano de fundo dessa disputa por nosso imaginário é composto por igrejas (sim, ninguém fala da relação entre católicos e Globo), poderes instituídos (executivo, congresso, judiciário, ministério público) e uma vindoura disputa presidencial, capaz de mexer profundamente com todas as peças desse tabuleiro.

Vale observar de perto o tipo de cobertura que a pré-candidata Marina Silva terá. A própria fala do ministro já serviu de ataque à candidatura da ministra, tamanha ameaça ela prenuncia neste cenário de miséria cultural. Isso já demonstra o grande potencial mitológico da ex-ministra, papel amplamente ocupado pelo atual presidente, por sua biografia até então única no cenário político nacional.

Marina foi a única ministra de Lula que implementou políticas coerentes com o seu passado e o com momento peculiar e favorável que o Brasil vive hoje. A única que saiu bem, depois de dialogar ao máximo com todas as instâncias de poder. Note, no entanto, que a repercussão internacional da saída de Marina do governo, e agora do PT, foi mais importante que a cobertura interna.

Semana passada estive em Nova Iorque, gravando entrevistas para um webdocumentário sobre a indústria cinematográfica. Além de ouvir e debater com estudiosos no assunto, usei meu tempo livre para acompanhar a mídia norte-americana, dos jornalões aos notíciários locais.

Percebi de perto o quanto a Era da Cultura Digital, que elegeu o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, influencia cada vez as discussões públicas naquele país. Talvez seja um prenúncio de como esses novas possibilidades podem se expandir e se consolidar aqui nas Terra Papagallis.

Às novas possibilidades de participação política, o nosso apoio!

*Editor do sítio 'CulturaeMercado' http://www.culturaemercado.com.br

Debate




















*Esse é um debate interessante - e necessário. Parabéns ao Alexandre Haubrich e à Cris Rodrigues, editores do blog Jornalismo B, por mais essa importante iniciativa. (JG)

(Clique no cartaz para ampliar)

23 agosto 2009

Pontal do Estaleiro















*É hoje, em Porto Alegre!


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ET: Resultado final da 'consulta popular': Com mais de 80% dos votos (num universo de pouco mais de vinte e dois mil votantes), o NÃO aplicou uma grande 'surra' nos defensores dos espigões na orla do Guaíba. Uma batalha foi vencida, mas tem muita luta ainda pela frente...

(Atualizado em 24/08/2009).