24 janeiro 2020

Por Aí - Nei Lisboa




Lembra do quanto amanhecemos
Com a luz acesa
Nos papos mais estranhos
Sonhando de verdade
Salvar a humanidade
Ao redor da mesa

Sábias teses e ilusões sem fim
Ying, Jung, I Ching e outras cabalas
Procurando deus entre as folhagens do jardim

Que tolos fomos nós, que bom que foi assim
Que achamos um lugar pra ter razão
Distantes de quem pensa que o melhor da vida
É uma estrada estreita e feita de cobiça
Que nunca vai passar por aqui

Lembra de longas primaveras
De andar pela cidade
Saudando novas eras
Sonhando com certeza
Salvar a natureza
Ao final da tarde

Cegas crenças, lixo oriental
Ying, Jung, I Ching e outras balelas
Procurando deus entre as macegas do quintal

Seremos sempre assim, sempre que precisar
Seremos sempre quem teve coragem
De errar pelo caminho e de encontrar saída
No céu do labirinto que é pensar a vida
E que sempre vai passar por aí

Auras, carmas, drogas siderais
Ying, Jung, I Ching e outras viagens
Procurando deus entre delírios dos mortais

Seremos sempre assim, sempre que precisar
Seremos sempre quem teve coragem
De errar pelo caminho e de encontrar saída
No céu do labirinto que é pensar a vida
E que sempre vai passar
Sempre vai passar por aí

Juntos por Alvorada/RS reúne PT, PDT, PCdoB, PSOL e PCB

O exemplo que vem de Alvorada/RS (para enfrentar  e vencer a direita - e o fascismo - nas eleições deste ano)


“Estamos hoje, no dia do nascimento de Leonel Brizola, homenageando seu legado na prática”. A afirmação do presidente municipal do PDT, Tiano Caduri, resume o tom de unidade dado pelo PDT, PT, PCdoB, PSOL e PCB no lançamento do movimento Juntos por Alvorada, na noite de quarta, 22, na sede do partido trabalhista. O ato contou com as presenças do ex-governador Tarso Genro (PT) e do presidente estadual do PCdoB, Juliano Roso.

Com a sede trabalhista lotada, os presidentes dos cinco partidos apresentaram o manifesto do movimento e as quatro pré-candidaturas à prefeitura colocadas para construção e diálogo: o ex-vice-prefeito Geovani Garcia (PDT), a ex-prefeita Stela Farias (PT), Rodinei Rossetto (PCdoB) e Vagner Silva (PSOL). Para o ex-governador Tarso Genro, o momento histórico exige “a unidade da esquerda para derrotar o fascismo, o projeto de destruição de Estado, de exclusão e de violência contra os pobres”. Ao parabenizar os partidos alvoradenses, Tarso desejou que o movimento Juntos por Alvorada sirva de inspiração para os demais municípios gaúchos, em especial, Porto Alegre.
O presidente estadual do PCdoB, Juliano Roso, também pregou a unidade da esquerda para derrotar o projeto de Bolsonaro nas cidades. “Este movimento que reúne aqui quatro grandes quadros políticos da cidade, que colocam seu nome à disposição para o debate, vai construir a vitória do povo de Alvorada e uma nova página na história da cidade”, afirmou.

Pré-candidaturas
O pré-candidato a prefeito Geovani Garcia (PDT) disse que Alvorada se tornará, neste ano, uma grande base de resistência contra um governo de desmandos. “Nossas consciências – destes partidos e da população – não podem ser compradas”, disparou. Pré-candidato a prefeito pelo PSOL, Wagner Silva disse que a cidade hoje está desgovernada. “Queremos, com este movimento, escutar as pessoas e construir uma cidade onde elas sejam respeitadas”, disse.
Pré-candidato a prefeito pelo PCdoB, Rodinei Rossetto disse que o objetivo central do movimento é garantir que o povo tenha espaço de construção de propostas, com participação. “Não estamos aqui para fazer a mesma coisa, mas para fazer diferente, com ousadia de inovar”, defendeu. A ex-deputada Stela Farias, pré-candidata pelo PT, iniciou sua fala dando o tom do esforço coletivo dos cinco partidos: “A unidade exige deixar egos de lado, superar tudo. O tempo histórico nos exige darmos as mãos uns aos outros”. Sobre o movimento, Stela resumiu: “Aqui estamos construindo a verdadeira frente popular”.
Também fizeram a defesa do movimento, os presidentes municipais do PT, Claudio Leandro, do PCdoB, Alex Martins, do PCB, Rafael Melo, do PDT, Tiano Cadui, do PSOL, professor Paulo Batista, a presidente municipal da Ação da Mulher Trabalhista, Giselda  e a representante da juventude do PSOL, Agnes Juliana.
...
Confira aqui o Manifesto:
MOVIMENTO JUNTOS POR ALVORADA – Acolher, Escutar, Cuidar.
Alvorada recebeu este nome em homenagem aos milhares de trabalhadores e trabalhadoras que todos os dias se deslocam de suas casas para o trabalho, logo nos primeiros raios de sol. Nossa cidade vai completar 55 anos em 2020 e, lamentavelmente, foi muito mal tratada por seus políticos, na maior parte desse tempo. Políticos esses que sempre pensaram e agiram mais em favor de si mesmos e de seus compadres, do que em beneficio da maioria de nossa população trabalhadora.
A atual administração municipal patrocinou o desmonte de todas as ferramentas de participação popular, acabou com a democracia nas escolas, precarizou as políticas públicas que atendiam a nossa população e restará marcada pelo autoritarismo, pelos desmandos e pelo abandono da cidade, seus bairros, ruas e praças.
Nosso movimento surge da esperança no futuro, da fé em dias melhores para nossa gente e da consciência de que o povo é quem aponta o rumo. É chegada a hora de entregar o protagonismo a quem de fato deve ser o protagonista e, junto com a nossa gente, dizer um basta aos retrocessos.
Estamos JUNTOS para ouvir o povo, construir soluções coletivas para os problemas dos nossos bairros e vilas, resgatar os canais de participação popular e radicalizar na democracia participativa.
Estamos JUNTOS para defender uma educação pública de qualidade, emancipadora e democrática.
Estamos JUNTOS para lutar contra os ataques aos direitos do nosso povo trabalhador e propor políticas públicas que atendam a quem mais precisa.
Estamos JUNTOS para trabalhar por um serviço público de qualidade, com a valorização dos nossos servidores e a qualificação e ampliação do atendimento em todas as áreas, mas especialmente na educação, saúde e segurança pública.
Estamos JUNTOS para propor um amplo debate sobre o desenvolvimento econômico e social de Alvorada, buscando alternativas para atrair investimentos e gerar emprego digno e salário decente para o nosso povo trabalhador.
Estamos JUNTOS para resgatar o sentimento de pertencimento, exigir respeito com a cidade e dignidade para nossa gente que não merece o viver em uma cidade com sua infraestrutura destruída, ruas esburadas, sujas e mal iluminadas.
JUNTOS, com a participação e a força de cada um e cada uma, podemos construir uma ALVORADA onde o poder será de todos e os direitos de cada um.
Alvorada, 22/01/2020.
*Fotos: Andriza Caduri - Fonte: http://www.ptrs.org.br/

(Edição final deste Blog)

22 janeiro 2020

Asa à cobra


Por Fernando Brito*
Os jornais de hoje trazem a grita contra o absurdo oferecimento de denúncia do Ministério Público contra o jornalista Glenn Greenwald.
Muito bem, é o mínimo que se poderia fazer em defesa da liberdade de imprensa e do direito constitucional ao sigilo de fonte jornalística.
Mas o problema essencial vai muito além de uma atitude inaceitável do procurador – de vasta folha corrida de manifestações contra a esquerda que não lhe disfarçam as posições políticas.
Está no fato de que a grande imprensa transformou o Ministério Público em ferramenta de sua ação política e não foi difícil encontrar numa casta de privilegiados matéria-prima para desvirtuar uma instituição que deveria ser democrática em órgão de difamação e de perseguição.
A inépcia e a ilegalidade da denúncia são flagrantes (primeiro, por imputar cumplicidade a posteriori em delito e a segunda na violação de ordem do STF para sustar investigação e mesmo assim denunciar, quando o correto seria, se necessário, procurar a revogação da medida).
Ainda assim, nada acontecerá ao procurador que foi buscar holofotes.
Quem deu asas às cobras tem de ter a coragem de cortá-las antes que elas o destrua.
...
*Via Tijolaço

21 janeiro 2020

EM DAVOS: Para Paulo Guedes, degradação ambiental é culpa dos mais pobres

'Pessoas destroem o meio ambiente porque precisam comer', afirmou o ministro da Economia, ao Fórum Econômico Mundial, na Suíça. Sobre uso maciço de agrotóxicos, ele disse tratar-se de "uma escolha política"


Guedes representou Bolsonaro na função de dar declarações absurdas na Suíça


São Paulo – O ministro da Economia, Paulo Guedes, atribuiu aos mais pobres a culpa pela degradação ambiental no Brasil. Segundo ele, “o grande inimigo do meio ambiente é a pobreza” e “as pessoas destroem o meio ambiente porque precisam comer”. As declarações foram dadas nesta terça-feira (21) durante o painel intitulado “Moldando o futuro da indústria avançada”, uma das atividades do Fórum Econômico Mundial, realizado ao longo desta semana, em Davos, na Suíça.
Ele também alegou que os países ricos se preocupam com a agenda ambiental porque já desmataram as suas florestas. “Eles (os pobres) têm todas as preocupações que não são as preocupações das pessoas que já destruíram as suas florestas, que já lidaram com suas minorias étnicas, essas coisas”, disse Guedes.
O ministro foi a Davos como representante do governo brasileiro, após o presidente Jair Bolsonaro alegar “questões de segurança” para cancelar a sua participação no evento. No ano passado, Bolsonaro provocou constrangimentos ao proferir discurso de apenas cerca de seis minutos e também quando foi flagrado almoçando num “bandejão” de um supermercado local. Coube a Guedes assumir a função de proferir impropérios, que parece ser a marca da atual gestão.
Da simplificação ao atribuir aos pobres os impactos sobre o meio ambiente, Guedes afirmou que as coisas são “complexas”, quando envolvem o agronegócio. Ele afirmou que o mundo precisa de mais alimentos, mas a ampliação da produção  depende, segundo ele, da utilização de agrotóxicos. “É uma escolha política. Você não tem um meio ambiente limpo porque as soluções não são simples. São complexas.”
O ministro afirmou, ainda, que o Brasil perdeu “a grande onda da globalização e inovação” e, portanto, as inovações tecnológicas demoram para chegar por aqui, mas declarou-se otimista: “Estamos a caminho”. “Nós temos escala, agora precisamos investir em educação”, afirmou. “Podemos atingir isso se tivermos educação e mais conexões”, declarou o ministro, sem detalhar os meios para alcançar tais objetivos, já que o Orçamento da União para a educação para o ano que vem teve redução de 16% – caindo de R$ 122,9 bilhões, em 2019, para 103,1 bilhões, em 2020.

PT/RS ORGANIZA ATOS COMEMORATIVOS AOS SEUS 40 ANOS E PREPARA VINDA DO EX-PRESIDENTE LULA AO ESTADO




O PT-RS reuniu sua Direção Executiva na última segunda-feira, 20/01, em Porto Alegre, com o objetivo de organizar-se para enfrentar os desafios de 2020. Na oportunidade, também foi anunciada a realização da Campanha dos 40 anos do Partido (o PT foi fundado nacionalmente em 10 de fevereiro de 1980) e a visita do ex-Presidente Lula ao estado, que ocorrerá no mês de março.

O PT-RS, segundo sua direção, deverá estar organizado em todos os municípios e aumentar suas bancadas de vereadores e prefeituras que serão eleitas esse ano. De acordo com seu presidente estadual, deputado federal Paulo Pimenta"com as eleições municipais deste ano, o PT-RS irá preparar o caminho para reposicionar o partido como alternativa real de governo e de projeto político no estado perante a população gaúcha”.  

A campanha PT 40 anos será lançada dia 10 de fevereiro e terá intensa programação, em todo estado, durante o mês de aniversário do Partido, tendo sequência ao longo do ano por meio de campanhas específicas. Atualmente com 38 prefeitos/as e 473 vereadores/as eleitos/as, o PT-RS quer aumentar o número de prefeituras e vereadores/as, elegendo mais mulheres, jovens, negros e negras e LGBT’s. A agenda de março será a primeira passagem do ex-presidente Lula pelo estado após sua libertação.

Já em Santiago, neste período o PT, dentre outras atividades, realizará uma Plenária de Formação Política e Organizativa (prevista para o início de março), voltada principalmente para os membros do DM e demais filiados (com ênfase especial para os pré-candidatos ao legislativo e ao executivo municipal nas próximas eleições, cujas inscrições - aos potenciais candidatos interessados - encontram-se abertas junto à direção do partido).

(*Com a Secretaria de Comunicação do PT/RS) -Via Portal O Boqueirão Online

20 janeiro 2020

ABI endossa Janio de Freitas: Até quando os jornalistas aguentarão calados os ataques e insultos de Bolsonaro?


Bolsonaro ataca jornalistas: até quando?
“Ainda não foi desta vez“, constata o articulista Janio de Freitas, em sua coluna dominical publicada na Folha de S. Paulo, ao comentar a falta de reação dos profissionais de imprensa aos ataques e insultos feitos pelo presidente da República.
Não deixa de ser um questionamento sobre a falta de reação dos ataques de Jair Bolsonaro, normalmente ocorridos nos plantões na porta do Palácio Alvorada, em Brasília, onde há sempre uma claque bolsonarista. Mas não apenas lá.
Os ataques aos profissionais de imprensa sem que, até agora, tenha ocorrido alguma reação, tem provocado questionamentos na própria categoria. Até quando aguentarão calados?
O próprio Janio de Freitas admite que “não está eliminada a possibilidade, um dia qualquer, de que um repórter não aceite ver sua mãe em frase de moleques, e reaja à altura“.
Se ocorrer, qual será a reação?
O que fazer para que não se chegue a este ponto de ruptura?
Quais os riscos de alguns mais fanáticos partirem para agressões a profissionais de imprensa no exercício diário dos seus trabalhos?
Trata-se de um debate eminente que a categoria precisa travar, junto com entidades que representem não apenas os profissionais de imprensa, mas também aquelas que reúnem os órgãos de comunicação.
Não só. A própria sociedade precisa estar atenta a estes ataques do presidente. Bem como todas as demais instituições que compõem o Estado Democrático de Direito.
Nesse sentido, a Associação Brasileira de Imprensa – ABI, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), a Associação Nacional dos Jornais (ANJ), a Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abert) e a Associação Nacional das Editoras de Revistas (ANER) estão acertando um encontro para definir rumos na defesa do jornalismo e, principalmente, da integridade física dos jornalistas.
Como mostrou o estudo “Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil“, elaborado pela Federação Nacional dos Jornalistas – Fenaj, relembrado também no artigo de Janio de Freiras, estes ataques tiveram um crescimento exponencial no último ano. Sozinho o presidente foi responsável por 58% deles.
O jornalismo livre, como se sabe, é pilar fundamental do Estado Democrático de Direito.
A imprensa livre não é um benefício à categoria em si, mas uma conquista da própria sociedade que tem o direito de receber as informações de diversos canais, com diferentes enfoques. Só assim o cidadão poderá refletir sobre o que ocorre à sua volta e tomar as decisões no momento da escolha dos governantes, através do voto.
A Liberdade de Expressão e, dentro dela a Liberdade de Imprensa, são preceitos constitucionais que se sobrepõem a diversos outros, tal como tem sido reafirmado pelo Supremo Tribunal Federal.
Reafirmações não apenas no sentido de que a imprensa é livre para noticiar. Livre, também, para criticar, em especial os chamados agentes públicos.
Tal como definiu Carlos Ayres Britto, no famoso julgamento da ADPF 130, em novembro de 2009, em uma decisão que sempre é relembrada pelos demais ministros, como foi o caso de Rosa Weber na Reclamação Nº 16.434, em 30 de junho de 2014, ao levantar a censura que o judiciário capixaba havia imposto à revista eletrônica Século Diário., do Espírito Santo. Extrai-se da sua decisão o texto originalmente de Ayres Britto:
“O exercício concreto da liberdade de imprensa assegura ao jornalista o direito de expender críticas a qualquer pessoa, ainda que em tom áspero ou contundente, especialmente contra as autoridades e os agentes do Estado. A crítica jornalística, pela sua relação de inerência com o interesse público, não é aprioristicamente suscetível de censura, mesmo que legislativa ou judicialmente intentada. O próprio das atividades de imprensa é operar como formadora de opinião pública, espaço natural do pensamento crítico e “real alternativa à versão oficial dos fatos” (grifos do voto de Rosas Weber).
No caso de Bolsonaro, as reações não são sequer às críticas, mas ao simples noticiário de fatos que ele não consegue contestar.
Reage com brutalidade ao não conseguir desmentir e, menos ainda, explicar as notícias provenientes de seu governo e da sua equipe.
Não dá respostas, como bem explicou Janio de Freitas. Provavelmente por não ter o que responder.
Por isso, parte para o ataque aos meios de comunicação e aos jornalistas, muitas vezes o insultando. Fica a pergunta: até quando? (abaixo o artigo de Janio Freitas cujo original está em: Bolsonaro insulta jornalistas em vez de dar respostas sobre seu governo).
Bolsonaro insulta jornalistas em vez de dar respostas sobre seu governo
Presidente não dá explicação satisfatória às relações comerciais do seu secretário de Comunicação
“Cala a boca!”. “Você tá falando da tua mãe?”
Ainda não foi dessa vez. A repórter e o colega ficaram impassíveis, tal como outros jornalistas profissionais têm suportado as reações de Jair Bolsonaro a perguntas que não pode responder, apesar de legítimas e necessárias.
Mas não está eliminada a possibilidade, um dia qualquer, de que um repórter não aceite ver sua mãe em frase de moleques, e reaja à altura.
Pode ser outra a frase insultuosa, e sempre será uma situação sem precedente, porém não exótica.
Nada mais é exótico sob o regime bolsoneiro. Nem por isso é menor a curiosidade sobre o que sucederá.
Certo é que haverá efeitos importantes. Nenhum deles capaz, por exemplo, de dar explicação satisfatória às relações comerciais que têm, em uma ponta e na outra, o secretário de Comunicação da Presidência —Fabio Wajngarten, empresário chamado a controlar os altos gastos de todo o governo em propaganda.
Esse agressivo mentor de ataques de Bolsonaro à imprensa diz que a Folha mente, ao noticiar o conflito de interesses, porque ele deixou o comando da empresa em questão. Mas não deixará de lado, quando partilhados os lucros, os 95% que tem da composição societária.
Nem o dinheiro público que possa haver, também, no caldeirão dos ganhos empresariais. Essa é a origem de uma das respostas que Bolsonaro, não podendo dar aos repórteres, substituiu por insulto de moleques.
Os jornalistas até têm dado a Bolsonaro oportunidades, não aproveitadas, para criticar o jornalismo brasileiro. Ele prefere a falta de razão.
Mas sempre se leu que o excesso de funcionários era um ônus a mais no rombo do INSS. Afirmação fácil de inúmeros economistas, ingerida, como de praxe, pelos jornalistas.
Esse populoso INSS teve redução recente de 6.000 funcionários. E parou. Os pagamentos de aposentadorias e pensões estão com atrasos, desesperadores em muitos casos, e ninguém sabe quando voltarão ao normal. As filas são de milhares. Há dois meses não são despachadas aposentadorias.
Saíram 6.000, vão dar 30% de extra a 7.000 militares reformados para um quebra-galho temporário no instituto, reduzindo-lhe as filas.
Por que militares, que ainda passarão por aprendizado, e não ex-funcionários, só se explica como outro presente de Bolsonaro à sua turma.
E ninguém indaga dele e Paulo Guedes o que acham ainda, diante do INSS estagnado, da sua política de não substituição de aposentados no serviço público. Política, por sinal, bem vista na imprensa.
No estudo “Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil”, agora divulgado pela Fenaj, a Federação Nacional de Jornalistas, os ataques a jornalistas e empresas de comunicação aumentaram 54% em um ano, de 135 para 208.
Bolsonaro, só ele, é autor de 58% desses ataques, em pessoa ou pela internet. Tem razão em achar que, para ele, o insulto é livre. Até prova em contrário.
*Via Viomundo

Gilberto Gil se contrapõe a Alvim e Bolsonaro ao republicar discurso de posse no MinC de 2003

“Não cabe ao Estado fazer cultura, mas, sim, criar condições de acesso universal aos bens simbólicos”, afirma o discurso

Foto: Marcello Casal Jr/ABr

O cantor, compositor e ex-ministro da Cultura, Gilberto Gil, em meio à crise que envolve a gestão da Cultura e a demissão do secretário Roberto Alvim, postou, neste domingo (19), seu discurso quando tomou posse, em 2003, no ministério da Cultura, durante a gestão do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Sem citar o caso de Alvim, Gilberto Gil relembra sua fala histórica onde afirma, sem meias palavras, que não cabe ao Estado fazer, dirigir ou se intrometer na Cultura, mas sim criar meios para que ela se desenvolva:
“Não cabe ao Estado fazer cultura, mas, sim, criar condições de acesso universal aos bens simbólicos. Não cabe ao Estado fazer cultura, mas, sim, proporcionar condições necessárias para a criação e a produção de bens culturais, sejam eles artefatos ou mentefatos.”
Em um discurso que, já na época, se contrapunha totalmente à prática de Alvim e do governo de Jair Bolsonaro, Gil lembra que “a criatividade popular brasileira, dos primeiros tempos coloniais aos dias de hoje, foi sempre muito além do que permitiam as condições educacionais, sociais e econômicas de nossa existência". (...)
-Continue lendo a postagem do jornalista Julinho Bittencourt, na Fórum, clicando AQUI

18 janeiro 2020

Resistir é preciso, urgente e necessário

Divulgação
Por Selvino Heck (*)
Democracia, Direitos dos Povos e do Planeta: é o lema do Fórum Social das Resistências (FSR), a realizar-se de 21 a 25 de janeiro em Porto Alegre e Região Metropolitana, no Rio Grande do Sul.
O FSResistências soma-se a outras iniciativas que estão sendo articuladas no âmbito do Fórum Social Mundial (FSM), como o Fórum Social Panamazônico, que será realizado de 22 a 25 de março em Mocoa, Colômbia, o Fórum Social das Economias Transformadoras, que acontecerá de 25 a 28 de junho em Barcelona, Espanha, e o processo de articulação do próximo FSM, que acontecerá em janeiro de 2021 na cidade do México.
Hora de resistir. Hora de lutar. Hora de mobilizar-se. Hora de construir a unidade, de fazer o debate de um projeto de futuro e de reacender a paz e a esperança.
Estará todo mundo no Fórum Social das Resistências: movimentos sociais e populares, quilombolas, povos de matriz africana, indígenas, pastorais sociais de diferentes igrejas e religiões, movimento estudantil, Universidades e Institutos Federais, Economia Solidária, movimentos ambientais, juventudes, movimentos de mulheres, movimento negro, movimentos de educação popular, movimentos de saúde. Será um grande encontro de valores, ideias, experiências, práticas, conhecimento, visões de mundo. A favor da paz, da justiça social e ambiental, da democracia, dos direitos humanos e dos direitos de todos os seres vivos (Contatos e informações: espaço.fsm.poa@gmail.com – www.forumsocialportoalegre.org – e página no Facebook).
A programação, em linhas gerais, será a seguinte: dia 21, Marcha de Abertura, com o tema: MARCHA PELA VIDA E LIBERDADE RELIGIOSA.
Dia 22 de janeiro: Assembleias de Convergências, com diferentes temas: Campanha contra o encarceramento e o genocídio das juventudes; comunicação e mídias livres; culturas de resistência; direitos sociais e reprodutivos, economia popular e solidária; diversidade, igualdade e direitos humanos. Economia popular e solidária; educação universal, democrática e libertadora; espiritualidade, religiosidade e transformação; estratégias de luta frente à nova agenda urbana; feminismos e liberdades; meio ambiente e culturas do Bem Viver; migrações; o futuro das democracias e participação popular; povos tradicionais, quilombolas, indígenas e ciganos; soberania e segurança alimentar e nutricional sustentável; trabalho, saúde, previdência e seguridade social.
Dia 23: Diálogo e articulaçõesGrandes Mesas sobre os temas: Democracia, participação e poder popular; direitos dos povos, territórios e comunidades; direitos do planeta, justiça sócio-ambiental.
Dia 24: Assembleia dos Povos e Territórios e Festival Social das Resistências.
25 e 26 de janeiro: Fórum social nas ruas e praças, com atividades culturais de ocupação da cidade de Porto Alegre, e reunião do Conselho Internacional do Fórum Social Mundial.
Porto Alegre voltará a ser a cidade alegre, colorida, do Orçamento Participativo e dos Fóruns Socais Mundiais, num tempo em que predominam o ódio, a intolerância, as ameaças aos direitos, à liberdade e à democracia.
Um outro mundo é possível, urgente e necessário. 2020 será um ano duro, muito duro, que começou com possibilidade de guerra, com grandes incêndios na Austrália, com assassinatos de lideranças populares no Brasil, com continuidade dos golpes. 2020 do ultraneoliberalismo exacerbado, dos feminicídios em massa, da destruição da natureza, do fascismo em alta. Mas também poderá ser um ano, a começar pelo Fórum Social das Resistências, de não se soltar a mão de ninguém, de dizer não à barbárie, de dizer sim à vida.
Todo mundo está mais do que convidada/convidado a chegar na Porto Alegre do calor, da boa acolhida, da solidariedade, da paz, da convivência saudável, da partilha, da participação popular, da democracia.
(*) Deputado estadual constituinte do Rio Grande do Sul (1987-1990). -Via Sul21 - Grifos deste Blog

O discurso e a prática nazista do governo Bolsonaro



Demissão do Secretário da Cultura se deveu exclusivamente devido às críticas da comunidade judaica, à menção de Goebbels. Por Luis Nassif

Le Monde lança o termo "Goebbolsonarista" e aponta mais nazistas no governo Bolsonaro


O francês Le Monde, um dos mais importantes jornais do mundo, cunhou a expressão "Goebbolsonarista" depois do espisódio Roberto Alvim e indica que há outros nazistas no governo Bolsonaro. Cita dois, em reportagem do correspondente Bruno Meyerfeld



RFI - A exoneração de Roberto Alvim da Secretaria Especial da Cultura, após o vídeo no qual parafraseou o ministro da propaganda nazista, Joseph Goebbels, continua tendo repercussão internacional. O jornal Le Monde deste sábado (18) refere-se a Alvim como um "Goebbolsonarista", e ainda diz que ele não é o único personagem controvertido, para não dizer "iluminado", a ocupar cargos de alto escalão na área da cultura no governo de Jair Bolsonaro.
"Muita gente suspeitava que o governo de extrema-direita brasileiro tinha simpatia pelo 3° Reich e, agora, tiveram a prova", escreve o jornal francês. Le Monde aponta outros colaboradores de Bolsonaro dispostos a criar "uma máquina de guerra cultural", copiada da propaganda nazista, para agradar o chefe.
À frente da Biblioteca Nacional, Rafael Nogueira, "monarquista convicto", é um deles, cita o Le Monde, lembrando que este olavista disse que Caetano Veloso era reponsável pelo analfabetismo no Brasil. "Mais doido ainda: o novo presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte), o maestro Dante Mantovani, acredita que "o rock ativa drogas, sexo, aborto e satanismo", relata o respeitado jornal francês. Mantovani também propaga que a Terra é plana.
Segundo o texto do correspondente Bruno Meyerfeld, o vídeo de Alvim não se contenta em tomar emprestado a verve de Joseph Goebbels, mas também copia a aparência física e o tom grandiloquente do nazista, ao pedir o surgimento de "formas estéticas poderosas, favorecidas pelas virtudes da fé, da lealdade, do autossacrifício e da luta contra o mal" em seu vídeo, agora retirado da internet. "A ópera Lohengrin, de Richard Wagner, apreciada por Adolf Hitler, dissipa as últimas dúvidas sobre as fontes de inspiração do orador", destaca.
Le Monde reporta que o vídeo gerou intensos protestos. O jornal reproduz a nota da Confederação Israelita do Brasil (Conib): "Imitar a visão [de Goebbels] é um sinal assustador [...] Essa pessoa não pode controlar a cultura do nosso país", condenou a entidade. Acrescenta que autoridades religiosas, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e a embaixada de Israel também se manifestaram horrorizadas.
Sem dúvida, Bolsonaro reagiu para não perder o apoio de seu "amigo" Benjamin Netanyahu, avalia o vespertino francês. O chefe de Estado brasileiro afirmou sua "rejeição a ideologias totalitárias e genocidas" e seu "apoio total e irrestrito à comunidade judaica ”.
Mas, para um governo que ainda tem um Rafael Nogueira e um Dante Mantovani à frente de instituições culturais, o risco de novos deslizes não acabou.

17 janeiro 2020

Não é mais fácil demitir o chefe da turma?

Após a demissão do secretário nacional de Cultura, Roberto Alvim, pego fazendo apologia ao nazismo, o deputado Rogério Correia (PT-MG) questiona: "Não seria mais fácil, e mais lógico, demitir o chefe dessa turma toda? Fora, Bolsonaro! O Brasil não merece tanta incompetência assim!"



O secretário de Cultura foi demitido após replicar discurso nazista. 
Cinco perguntas: 
1) E o ministro da Educação que não sabe a língua pátria e só sabe falar mal de professor?  
2) E o secretário de Comunicação que recebe propina? 
3) E o ministro do Meio Ambiente que é detestado por quem defende... o meio ambiente?  
4) E o chanceler que envergonha o Brasil no mundo ao defender que nazismo é “de esquerda”?  
Por fim, a quinta e mais importante questão:  
5) Não seria mais fácil, e mais lógico, demitir o chefe dessa turma toda?  Fora, Bolsonaro! O Brasil não merece tanta incompetência assim!
*Por Rogério Correia (Deputado Estadual do PT/MG), no Brasil247

15 janeiro 2020

O Oscar faz a direita chorar

Por Moisés Mendes*
A direita acusou o golpe com a indicação de Democracia em Vertigem para concorrer ao Oscar. Não é um documentário dos grandes, sob o ponto de vista de quem entende ou pensa que entende de cinema.
Mas é um filme com uma pegada política que surpreende o reacionarismo brasileiro, tão dono de si desde o golpe contra Dilma. É um filme para incomodar a direita, mais do que para agradar a esquerda. É um documentário contra os golpistas.
Por isso a direita se impressionou tanto. A direita que virou extrema direita é muito impressionável. Eles achavam que Hollywood não seria capaz de acolher um filme com essa coragem. Pois acolheu e irá expor para o mundo a cara repulsiva do golpe.
Democracia em Vertigem é uma bofetada (sim, às vezes tem que ser como uma bofetada) na cara de falcatruas como aqueles que fizeram o filme sobre Sergio Moro e aquela série sobre os mecanismos do lavajatismo. Confessem que vocês, da direita, achavam que aquilo ganharia algum prêmio.
A direita que chora vendo o filme dos papas, que revela um papa e esconde o outro, chocou-se com a notícia do documentário no Oscar porque achava que o cinema seria incapaz de se mostrar como arte de resistência depois de agosto de 2016.
Democracia em Vertigem é um documento maravilhosamente panfletário, que informa e emociona, como deve ser um filme decidido a brigar pelas liberdades.
A direita está esbaforida, quando deveria tentar ser mais contida e se comportar numa hora dessas. Quanto mais a direita acusa o golpe e diz odiar o filme, mais o documentário cumpre sua missão, a de incomodar os canalhas e tirá-los do aparente conforto sob a asa azeda do bolsonarismo.
Peçam que José Padilha faça um filme de Oscar para vocês. Mas antes chorem, canalhas. Chorem muito.
Petra Costa nem precisa ganhar o Oscar, porque até isso, em apenas um dia de festa, parece que deixou de ser importante.
O verdadeiro Oscar é o tormento dos golpistas e dos bolsonaristas disfarçados. O efeito devastador da indicação é o que basta.
Chorem, seus ex-tucanos transformados em bolsonaristas fofos simpatizantes de chefes de milicianos. Despedacem-se. Joguem-se do Viaduto da Borges. Rasguem-se, pilantras sem escrúpulos.
Sejam ridículos. Façam um documentário sobre essa dor. Mais da metade do Brasil está se divertindo com o sofrimento de vocês.