24 abril 2020

Moro sai do governo e acusa Bolsonaro de interferência política

Ex-ministro desmentiu Bolsonaro

Crédito: Folha de S.Paulo

O ex-juiz Sérgio Moro anunciou na manhã desta sexta-feira (24/IV) a sua saída do comando do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
A decisão veio após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) exonerar o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, que é homem de confiança de Moro.
"Foi conversado com o presidente que teríamos compromisso com o combate à corrupção. Ele falou publicamente que me daria carta branca e nós conseguimos resultados expressivos", disse Moro. 
"A partir do segundo semestre de 2019, passou a ter uma insistência do presidente pela troca do comando da Polícia Federal. Eu sempre diss que não tinha nenhum problema em trocar, mas eu precisaria de uma causa, já que o trabalho era positivo", prosseguiu Moro.
"O problema é que não é só a troca do diretor, mas também superintendentes, sem que fosse me apresentada uma razão ou uma causa. É uma interferência política", comentou.
Moro desmentiu o Diário Oficial sobre a exoneração do diretor da PF. "O Mauricio Valeixo não queria sair". O documento dizia que a saída foi por vontade de Valeixo. 
"Eu fiquei sabendo da exoneração pelo Diário Oficial", confessou Moro. "Achei ofensivo", completou. "Foi a sinalização de que o presidente me quer fora do cargo".
O agora ex-ministro, em seu discurso, elogiou a autonomia da Polícia Federal nos governos do PT. "Isso permitiu que os resultados fossem alcançados", admitiu.
Para a vaga de Valeixo, o governo estuda dois nomes: o atual secretário de segurança pública do Distrito Federal, Anderson Gomes, ligado ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), e o diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, próximo ao vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). 
Já o substituto de Moro no Ministério, segundo a revista Veja, deve ser Jorge Oliveira, da Secretaria-Geral. O G1 também aponta André Mendonça, da AGU (Advocacia Geral da União). 

Uma Luger para Sergio Moro



Ernst Römh, o líder dos Camisas Pardas, as SA nazistas, nunca foi propriamente um hitlerista.
Associou-se ao homem que levaria a Alemanha à desgraça por achar que ele era a escada para tomar o poder pela via eleitoral e, com a ascensão de Hitler ao cargo de primeiro-ministro, passou a incomodar o führer com a sua liderança sobre os dois milhões de seguidores das suas “divisões de assalto”.
Um ano depois de Hitler ter assumido poderes ditatoriais, veio a Noite das Longas Facas, onde todo o comando das SA de Römh foi dizimado e seu próprio chefe preso e levado ao presídio de Staddelheim, onde recebeu uma pistola Luger para dar fim à vida.
Como se recusou, logo depois o major-general Theodor Eicke, das unidades “Caveira” (Totenkopf) da SS voltou à cela com um cabo e um soldado e deu fim ao assunto.
Daqui a pouco, será ouvido um estampido na Esplanada dos Ministérios.
(Por Fernando Brito, jornalista, no Blog Tijolaço)

23 abril 2020

Lula: instituições já deveriam ter reagido. É hora de "Fora, Bolsonaro"


O ex-presidente Lula diz que as principais instituições brasileiras já deveriam ter reagido aos ataques antidemocráticos de Bolsonaro e defende também a saída do ocupante do Planalto. “É preciso começar o Fora Bolsonaro porque não é possível a gente permitir que ele destrua a democracia”, defende Lula



247 - O ex-presidente Lula, em entrevista concedida à CBN Ceará na manhã desta quinta-feira (23), diz que as principais instituições brasileiras já deveriam ter reagido aos ataques antidemocráticos de Bolsonaro e cobra também a saída do ocupante do Planalto.  “É preciso começar o Fora Bolsonaro porque não é possível a gente permitir que ele destrua a democracia”, defende Lula. 

Lula também diz que “a única coisa que o Bolsonaro não faz é dizer onde está o Queiroz e quem mandou matar a Marielle. Ele não responde nada”. 
Durante a entrevista, Lula pediu solidariedade por parte do empresariado brasileiro. “Os empresários precisam ter solidariedade. Querem voltar a trabalhar? Mostrem seriedade. Façam com que os trabalhadores tenham garantia de que vão ter luvas, máscaras, transporte público higienizado. As pessoas precisam entender que não estão morrendo números. São seres humanos”. 

22 abril 2020

A hora é agora: impeachment já! Ou o golpe virá.




Por José Dirceu*

Jair Bolsonaro passou de todos os limites –  cruzou a linha da legalidade ao participar de ato político pregando a volta do AI-5 da ditadura. Ele cometeu aberta e conscientemente crime de responsabilidade. Se não for detido, caminhará para o golpe.

Com quem e como formar uma nova maioria no país para derrotar o governo genocida de Bolsonaro e as forças que o apoiam é a esfinge que temos que enfrentar com urgência. Com que instrumentos travar esta batalha, paralelamente à luta contra a pandemia do coronavírus que ameaça a vida dos brasileiros em especial do povo trabalhador e dos pobres e já fez centenas de mortos em nosso país?
A primeira pergunta é quem quer derrotar Bolsonaro? Além das esquerdas, derrotadas nas eleições presidenciais viciadas de 2018 — com o impedimento a Lula de ser candidato e o turbinamento de fake news impulsionadas pelo capital empresarial —, a oposição a Bolsonaro é engrossada, hoje, pela direita liberal, que apoiou o capitão e o projeto econômico ultra-liberal de seu ministro da economia, mas distanciou-se dele frente ao seu autoritarismo, seus ataques à democracia e às instituições, seu fundamentalismo e obscurantismo.
A segunda pergunta é derrotar Bolsonaro para que? Para restabelecer a democracia e garantir o funcionamento das instituições que a sustentam e tirar o país da crise e da regressão social e cultural que enfrenta. Ou também para alterar o modelo econômico neoliberal que dilapida as riquezas do país, põe no chão sua soberania, tira o sangue dos trabalhadores e só faz concentrar a renda na mão dos mais ricos?
A terceira pergunta é se as esquerdas teriam que se conformar em apenas assegurar a democracia para por fim ao obscurantismo participando de uma coalizão para salvar o país com a direita liberal, as entidades democráticas da sociedade civil e de trabalhadores, de estudantes, de movimentos sociais e comunitários? Ou têm a obrigação e o direito de exigir o restabelecimento dos direitos políticos de Lula e a ampliação do estado de bem estar social para o povo e da soberania nacional, esta expressa em um projeto de desenvolvimento nacional? Como compatibilizar estas demandas com a coalização com a direita liberal que quer Bolsonaro fora do poder mas apoia o projeto ultra-liberal de Guedes e do rentismo do capital financeiro?

Coalizão nacional contra Bolsonaro

Tenho claro que é papel das esquerdas participar da coalização nacional pela defesa da democracia e derrota do obscurantismo, pelo Fora Bolsonaro gritado pelas janelas no país e nas redes contra sua política genocida contra o isolamento social que só agrava o ritmo da contaminação pelo coronavírus, conta que já está sendo paga pelo povo pobre do país — em São Paulo, cidade mais rica do país e epicentro da pandemia no Brasil as mortes e os casos de contaminação já se concentram nas periferias lideradas pelas mulheres na faixa de 30 a 39 anos.
Mas como sabemos historicamente que a direita liberal brasileira quer mudar para nada mudar, recusa-se a uma reforma social e política, persiste numa transição por cima e acordada com os militares e o capital econômico e financeiro, as esquerdas precisam participar da coalização nacional contra Bolsonaro apoiadas em um programa de governo para fazer frente à crise nacional e à pandemia. Programa este que tem ter como prioridade a saúde pública e a renda dos trabalhadores e a reorganização da economia via reformas estruturais como a bancária-financeira e a tributária para enfrentar a recessão mundial agora agravada pela pandemia.
Esta também não será uma tarefa fácil pois as esquerdas seguem divididas. Haverá nas esquerdas uma direção capaz de liderar sua unidade e construir uma alternativa a Bolsonaro e à direita liberal em meio à luta de classes e social, no olho do furacão da crise institucional e de uma crise humanitária, preservando a defesa da saúde e da vida do nosso povo?

O papel do PT

Cabe ao PT, como força ainda majoritária nas oposições, e ao ex-presidente Lula a liderança dessa luta. As decisões não são fáceis, pois, em sua última reunião, o Diretório Nacional do partido optou por não aprovar o Fora Bolsonaro para concentrar as energias na luta contra a pandemia e na defesa de condições de sobrevivência para os trabalhadores e pequenas e médias empresas, de preservação dos empregos e de apoio e solidariedade ao povo pobre. E no documento firmado por Fernando Haddad, Ciro Gomes, Boulos e Dino, também assinado pela presidente do PT, pedindo a renúncia de Bolsonaro, o impeachment sequer foi proposto.
As esquerdas têm que se decidir se pretendem acumular forças em que direção: visando as eleições presidenciais de 2022, priorizando neste momento a luta contra a pandemia, ou o afastamento de curto prazo de Bolsonaro.
Partidos como o PCdoB já se decidiram pela defesa de uma coalizão nacional para afastar o presidente da República, pelo risco que representa à democracia e à vida dos brasileiros com sua defesa intransigente do fim do isolamento social e da volta ao trabalho, como se isso fosse reativar a economia.
Não podemos desprezar que Bolsonaro, apesar da perda de apoio entre os partidos de centro-direita, na sociedade civil e mesmo entre grandes empresários, ainda conta com forte base social, fundamentalista e politizada. Além das minorias agrupadas em torno de milícias, baixas patentes das Forças Armadas e um contingente expressivo das Polícias Militares. Não há vazio de poder no Brasil. Há um poder que se divide, se fraciona, perde legitimidade, mas ainda tem o respaldo das Forças Armadas expresso pelos generais-ministros instalados no Planalto e pelo grande número de militares lotados em órgãos de governo. A forte presença militar na disputa política e no exercício do poder no Brasil de Bolsonaro, o que é uma violação flagrante da Constituição e do Estado de Direito, coloca para as esquerdas a gravidade e o risco de uma ruptura institucional ou simplesmente de uma tutela militar aberta.
Mas, também, temos que considerar que a correlação de forças, hoje ainda favorável a Bolsonaro, pode se alterar. Ele perde legitimidade junto a parcela expressiva da população pelo seu comportamento frente à pandemia, junto ao Congresso, ao STF, a governadores que antes o apoiavam, tem o repúdio das entidades da sociedade civil e a oposição de parte da mídia comercial conservadora.

A hora é agora

Agora, Bolsonaro demite seu ministro da Saúde contra tudo e todos, ataca frontalmente o presidente da Câmara dos Deputados, os governadores de Sào Paulo, Rio e Goiás os acusando de conspirar contra seu mandato. Passa de todos limites e cruza a linha da legalidade ao participar de ato politico pregando a volta do AI-5 da ditadura. Bolsonaro comete abertamente e conscientemente crime de responsabilidade. Testa mais do que a oposição as instituições; se não for detido, caminhará para o golpe.
Já estava evidente que enfrentaria Maia e os governadores, um caminho sem volta, onde não podia ser derrotado. Vai além e afronta a Constituição de 1988, já deslegitimada pelo golpe contra Dilma e desmonte promovido pelas reformas ultra-liberais. Bolsonaro se adianta e ele mesmo coloca na ordem do dia a questão do poder via uma ditadura. Independente de nossa vontade, o país caminha para uma ruptura democrática por meio de um golpe do presidente ou da submissão das instituições à sua vontade.
Para as esquerdas não há outro caminho. É preciso propor o impedimento de Bolsonaro e lutar por ele. Não se trata só de uma ameaça à democracia, mas do inicio de um golpe de estado, que precisa e pode ser derrotado. Esta é a hora. O país precisa de eleições gerais e de uma nova Constituição que deve vir pela soberania popular.
Nossa tarefa é lutar e dar à transição de governo ou à ruptura, se vier a acontecer, uma direção popular e democrática que restaure não apenas o pacto político democrático rasgado pelo golpe de 2016, mas conduza a uma revolução social que o Brasil reclama e a pandemia expôs a olho nu: o abismo que separa a maioria do povo de suas elites. Somos um país rico e desenvolvido com uma desigualdade econômica e social vergonhosa e uma concentração de renda e riqueza escandalosa. O bem estar do povo trabalhador e a soberania do Brasil são nossas estrelas guias neste apagão civilizatório da humanidade que fez emergir a necessidade da retomada da revolução inacabada brasileira. Retomando o fio da nossa história e a herança que recebemos das lutas democráticas e socialistas da classe trabalhadora, do sacrifício de gerações de lutadores sociais que deram a vida em defesa da democracia e do povo brasileiro.
*Via Nocaute

20 abril 2020

“Eu não fiz nada”: a desculpa cínica do golpista Bolsonaro


Por Fernando Brito*
Menos de 24 horas depois de ter subido numa caminhonete em meio a uma turba fascista que portava faixas em favor do fechamento do Congresso, do Supremo Tribunal Federal, pedindo a volta do AI-5 e uma “intervenção militar com Bolsonaro no poder”, o psicopata golpista que ocupa a cadeira presidencial deste país disse que não falou nada “contra qualquer outro Poder, muito pelo contrário”.
Depois, o sujeito – repugna-me chamá-lo de homem – que já defendeu ditadura, tortura, fuzilamentos proclama-se “campeão das liberdades”.
— Aqui é democracia. Aqui é respeito à Constituição brasileira.
Óbvio que ninguém acredita, mas todos fingem acreditar e absurdos ultrapassam absurdos nesta caminhada louca em direção à pré-história em que o Brasil está metido.
Já vivemos sob uma situação de exceção, onde o debate político foi substituído por zurros, pelas frases entrecortadas de quem não sabe articular ideias mas vocifera ódio e, como um Luiz XIV absolutista, ungido pelo direito divino e não um governante eleito dentro de regras e limites.
— Eu sou realmente a Constituição.
Bolsonaro não tem sequer consideração com que o socorre em seu governo sem rumo, deixando com cara de palerma – a missão parece não ser muito difícil – seu interventor no Ministério da Saúde, que não pode se proclamar defensor do “libera o contágio aí, gente” presidencial e tem de permanecer mudo e oculto.
As instituições, se não agirem à altura do que é necessário contra esta ameaça – e falo literalmente – à vida dos brasileiros serão mesmo digna do fim trágico que para elas está reservado no golpismo bolsonarista.
“Ditar os rumos da morte é o exercício supremo do poder a que o bolsonarismo aspira” diz hoje na Folha, em indignado artigo, o advogado Thiago Amparo.
Genocídio e liberticídio, estes são os crimes em sua mira. Quem tem poder deve detê-lo ou aceitar ser julgado, amanhã, como cúmplice desta monstruosidade.
*Jornalista, Editor do Tijolaço - fonte desta postagem.

Gleisi reforça apoio do PT ao Fora Bolsonaro

 "O PT continuará esse debate em suas instâncias e não faltará ao país", disse a presidente do Partido dos Trabalhadores

(Foto: Ricardo Stuckert)

247* – O PT aderiu de vez ao Fora Bolsonaro depois que Jair Bolsonaro revelou que pretende implantar uma nova ditadura no Brasil, ao participar de uma manifestação que pedia a volta do AI-5. "Eu também acho @Haddad_Fernando, chegou a hora do fora Bolsonaro! O PT continuará esse debate em suas instâncias e não faltará ao país", disse ela, em resposta a Fernando Haddad.

"O verme, mais uma vez, diz a que veio. Até quando os democratas suportarão tanta provocação, sem nada fazer? O dia do fora já chegou!", havia dito Haddad, poucas horas antes.

19 abril 2020

Prefeitos erram ao interpretar decretos como sinal para abrir tudo rapidamente, alerta reitor da UFPel

Pedro Hallal, reitor da UFPel | Foto: Divulgação

Na última quarta-feira (15), o governador Eduardo Leite (PSDB) afirmou que o Rio Grande do Sul estava se preparando para entrar em uma nova fase do enfrentamento ao coronavírus, o que ele chamou de uma fase de “distanciamento controlado”. Nesse cenário, permitiu que prefeitos de cidades com poucos casos pudessem deliberar sobre a reabertura dos comércios locais, desde que respeitados determinados parâmetros estabelecidos pela Secretaria Estadual de Saúde.

Leite afirmou que as políticas do Estado estão sendo planejadas de acordo com estudos técnicos e científicos a respeito da evolução da pandemia, abrindo espaço para a apresentação de um estudo que está sendo desenvolvido pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) para medir a prevalência de casos no Rio Grande do Sul. Isto é, para tentar compreender qual é o total de pessoas que já contraíram o vírus, visto que, devido à subnotificação, o número real de casos é bastante superior ao dos confirmados até aqui.
A apresentação destes dados foi feita pelo reitor da UFPel, Pedro Cury Hallal, que destacou, na ocasião, que os casos confirmados são apenas a “ponta visível de um iceberg”. Para tentar traçar um panorama mais realista dos níveis de contaminação, o estudo testou, entre os dias 11 e 13 de abril, 4.189 pessoas em nove cidades do Estado — Porto Alegre, Canoas, Pelotas, Caxias do Sul, Santa Cruz do Sul, Santa Maria, Passo Fundo, Ijuí e Uruguaiana – para a presença de anticorpos para o coronavírus.
O estudo apontou que duas das 4.189 pessoas testaram positivo para o vírus, o que, extrapolando para a população total, significaria 0,05% dos gaúchos e 1 infectado a cada 2 mil habitantes. Apesar de pequeno, significaria um número várias vezes superior ao de casos já confirmados, uma vez que seria equivalente a 5.650 pessoas contaminadas. Para comparação, o RS tinha, em 13 de abril, 685 casos confirmados, cerca de 8 vezes menos do que a projeção do estudo.
Nesta sexta-feira (17), o Sul21 conversou com o reitor Pedro Hallal para entender melhor a importância desse estudo de prevalência e o que o diferencia dos testes que vêm sendo realizados na rede de saúde e cujos dados são divulgados oficialmente como o total de casos da doença. Além disso, Hallal avalia as decisões de reabertura do comércio e possíveis cenários para o avanço da doença no Rio Grande do Sul.
“Se fosse uma pergunta específica para nós, nós entendemos que o distanciamento social deveria ser mantido nos mesmos moldes. Mas, eu acho que a questão central não é a decisão ou o anúncio que o governador fez, para falar bem a verdade. Eu estava junto, eu ouvi tudo que o governador falou, o anúncio tinha uma série de preocupações, de senões, etc e tal. O que me preocupou foi que, no outro dia de manhã, alguns prefeitos, sem levar em consideração aquelas informações, já mandaram abrir tudo”, diz.
CLIQUE AQUI para ler a íntegra da entrevista concedida ao jornalista Luís Eduardo Gomes, no Sul21 

18 abril 2020

SANTIAGO/RS: NOVOS DECRETOS DE LEITE E TIAGO LIBERAM COMÉRCIO, SERVIÇOS ETC. E AFROUXAM ISOLAMENTO SOCIAL



Santiago/RS - Após mostrarem inicialmente elogiável resistência às pressões de setores empresariais (principalmente), adotando medidas restritivas, contribuindo para promover o tão necessário isolamento social e ajudando a diminuir os riscos de contaminação pela pandemia do Covid-19),  o governador do Estado, Eduardo Leite (PSDB) e o prefeito de Santiago, Tiago Gorski Lacerda (PP), recuaram ... e, lamentavelmente, acabaram sucumbindo às mesmas. 

Embora os incisos do parágrafo único do Art. 1º do último Decreto Municipal (sobre os cuidados higiênicos, etc.) sejam importantes, o "conjunto da obra" do Decreto é preocupante! 'Sinal amarelo' (senão, 'vermelho!') aceso...       


*Leia a íntegra do Decreto Municipal 046/2020 clicando AQUI

**Via Portal O Boqueirão Online

17 abril 2020

Por causa de “recursos limitados”, novo ministro da Saúde já disse que é preciso escolher entre atendimento a velhos ou adolescentes; vídeo



Uma breve incursão pelo pensamento do novo ministro da Saúde, o empresário Nelson Luiz Sperle Teich.
O oncologista foi escolhido por Jair Bolsonaro para substituir Luiz Henrique Mandetta.
A partir da declaração contida no vídeo, cabe perguntar:
Vale a pena “investir” em uma criança com síndrome de down? E num tetraplégico? Como é que vamos estabelecer os critérios pelos quais vale investir em uma vida e não em outra?
Com a escolha do novo ministro, Jair Bolsonaro nos colocou a um passo da eugenia. (Viomundo)

16 abril 2020

Saiba quem é Nelson Teich, substituto de Mandetta no Ministério da Saúde


Em artigo recente, Teich compara o combate ao coronavírus a uma "guerra diferente" em que as " inovações vão estar no campo da informação, das vacinas, dos medicamentos e na capacidade de rever nossas rotinas do dia a dia"

O médico oncologista Nelson Teich (Reprodução/TV Bandeirantes)

Por Plinio Tedoro, na Fórum - Médico oncologista e dono da rede COI (Clinícas Oncológicas Integradas), com carreira na área da saúde privada, Nelson Teich desembarcou na manhã desta quinta-feira (16) pronto para aceitar o novo convite de Jair Bolsonaro para assumir o Ministério da Saúde. 

Luiz Henrique Mandetta, titular da pasta até a tarde desta quinta, anunciou sua demissão pelo Twitter.

Teich já havia sido cotado para a pasta no início do governo Bolsonaro, mas acabou sendo preterido pela escolha política de Mandetta.
Em artigo publicado em sua página no Linkedin no último dia 3 de abril, Teich enumera ações, faz críticas à estratégia conduzida por Mandetta e se diz a favor de “um isolamento estratégico ou inteligente”, em relação ao principal ponto de desgaste entre Bolsonaro e Mandetta.
“Usando um conceito que hoje permeia a saúde, ele deveria ser personalizado. Um modelo semelhante ao da Coreia do Sul. Essa estratégia demanda um conhecimento maior da extensão da doença na população e uma capacidade de rastrear pessoas infectadas e seus contatos. Estamos falando aqui do uso de testes em massa para Covid-19 e de estratégias de rastreamento e monitorização, algo que poderia ser rapidamente feito com o auxilio das operadoras de telefonia celular”, diz o médico.
Teich ressalta, no entanto, que esse monitoramento social via celulares “provavelmente teria uma grande resistência da sociedade e demandaria definição e aceitação de regras claras de proteção de dados pessoais”.
Saúde x Economia
A principal crítica de Teich em relação à estratégia de combate à Covid-19 pelo governo é sobre o que ele chama de “polarização entre a saúde e a economia”. Bolsonaro insiste na reabertura do comércio, enquanto Mandetta defende o isolamento social como forma de achatar a curva de propagação da doença.
“Esse tipo de problema é desastroso porque trata estratégias complementares e sinérgicas como se fossem antagônicas. A situação foi conduzida de uma forma inadequada, como se tivéssemos que fazer escolhas entre pessoas e dinheiro, entre pacientes e empresas, entre o bem e o mal”, diz.
Para ele, “qualquer escolha e ação, seja ela da saúde, econômica ou social, tem que ter na mortalidade o seu desfecho final, por mais difícil que seja chegar a esses números”.
“Quando medimos os benefícios das intervenções em Saúde usando a mortalidade e o sofrimento como desfechos principais e os benefícios da intervenção econômica sendo medidos usando número de empresas que quebram e as perdas financeiras e de empregos, naturalmente criamos um conflito e uma disputa intensa e desigual que impede a percepção de objetivos e metas comuns, e não leva a cooperação no desenho de programas e políticas”.
O médico, no entanto, ressalta que “a condução até o momento foi perfeita”, sobre a política de enfrentamento à doença.
“Pacientes e Sociedade foram priorizados e medidas voltadas para o controle da doença foram tomadas. Essa escolha levou a riscos econômicos e sociais, que foram tratados com medidas desenhadas para resolver possíveis desdobramentos negativos das ações na saúde”.
Guerra
Teich termina o artigo dizendo que “é muito fácil de falar, mas muito difícil de fazer acontecer” e afirma que estamos vivendo em tempos de guerra, mas uma guerra diferente.
“Essa é uma guerra diferente, em guerras convencionais a maior busca da inovação está voltada para fuzis, aviões de guerra, armas nucleares. Nesse caso nossas maiores inovações vão estar no campo da informação, das vacinas, dos medicamentos e na capacidade de rever nossas rotinas do dia a dia”.

15 abril 2020

Jornalista Fernando Brito alerta: "Está começando o colapso. Da Saúde e do País"



Por Fernando Brito*
Os jornais voltam a anunciar para as próximas horas, ou até o fim de semana, a demissão de Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde.
O secretário de Vigilância Sanitária, Wanderson Oliveira, já enviou mensagem aos seus auxiliares dizendo que “a gestão do Mandetta acabou e preciso me preparar para sair junto” e disse-lhes que “todos estão livres para fazer o que desejarem”, numa referência óbvia sobre continuarem em seus cargos.
Tudo nos dias em que a barreira de exames represados vai se abrir sobre as estatísticas e inundar o noticiário com milhares de casos e centenas de mortes, se for esta e não maior a ordem de grandeza nos números.
Temos um alucinado ex-capitão na Presidência, mas não na chefia do país.
E generais covardes, que recusaram o papel de adverti-lo que a sua conduta inconsequente levaria o Brasil ao caos que seus fanáticos seguidores querem, alucinados, imputar ao vírus chinês e aos “comunistas”, entre outros, da Globo e do Dória.
Quem o empurrou ao Planalto tinha todo o poder para segurá-lo na loucura.
Em poucos dias caminharemos para o colapso não apenas da rede hospitalar, mas também de todo o sistema de gestão da máquina pública.
Ninguém irá se sacrificar enquanto um psicopata ateia fogo ao país e quando os dirigentes da Saúde pública e as autoridades locais são publicamente desautorizadas.
Pode-se desconhecer quem substituirá Mandetta, mas não se pode deixar de saber que será pessoa de caráter fraco, por se acumpliciar a uma orientação genocida de Jair Bolsonaro, querendo mandar o povo as ruas justo nos momentos em que entramos no pico da contaminação viral.
Os dias que virão serão sombrios e que o acaso e o isolamento possam proteger a alguns de nós.
Ontem postei aqui algo que a mídia não publica – e são dados oficiais e norte-americanos, nenhum alarmismo esquerdista – dando conta de que, em meio milhão de novaiorquinos testados para o vírus, perto da metade o havia contraído.
Não há razão científica para que não seja assim aqui e, talvez, pior, por conta das moradias precárias.
Há, porém, razões políticas para que, ainda num dia distante, ao sairmos disso, esta gente seja responsabilizada pelos crimes que cometem contra a vida de milhares de brasileiros.
*Jornalista, Editor do Blog Tijolaço

13 abril 2020

Resolução do Diretório Nacional do PT: combater a pandemia e defender a vida

Leia a avaliação da situação social, econômica e política do Brasil e do mundo e as propostas de atuação aprovadas pelo Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores, no dia 9, em reunião coordenada pela presidenta Gleisi Hoffmann, com participação dos ex-presidente Lula e Dilma e de Fernando Haddad

Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

“A prioridade do país hoje é cuidar da  saúde e da vida do povo, derrotando o  coronavírus”, definiu o Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores, em resolução aprovada no dia 9. Para o PT, é preciso defender “a vida de cada brasileira e cada brasileiro, sem nenhuma exclusão e sem que ninguém seja abandonado à própria sorte”. Em reunião virtual, os membros do Diretório Nacional aprovaram um conjunto de orientações e propostas de atuação, no terreno sanitário, social, econômico e político.
Entre as propostas imediatas estão o fortalecimento do sistema de saúde pública – o SUS – para que todos tenham direito a atendimento e assistência. É preciso assegurar a proteção ativa do Estado aos mais pobres e vulneráveis, define o partido. Também é decisivo, neste momento, garantir renda para trabalhadores informais e desempregados, com manutenção do emprego e do salário para os trabalhadores formais. Assim como o apoio aos autônomos, a preservação das micro, pequenas e médias empresas; o auxílio aos demais setores econômicos e sociais.
A resolução responsabiliza, pela fragilização da saúde pública, as desastrosas políticas implementadas pelos últimos governos no setor. Entre as medidas, o PT destaca a criminosa Emenda Constitucional 95 (EC95), que confiscou mais de R$ 22 bilhões do SUS, desde o governo golpista de Temer. O documento também denuncia o ataque ao Programa Mais Médicos, que deixou centenas de municípios e diversas periferias metropolitanas sem um único profissional. Ao contrário das fake news do bolsonarismo, a resolução deixa claro quem”desviou” recursos da saúde do povo foram Temer e, agora, Bolsonaro.

Desastre ultraneoliberal

O Diretório Nacional destaca que “no caso brasileiro, a nova crise já encontrou uma situação econômica e social de grande fragilidade, resultante da desastrosa agenda ultraneoliberal implantada por Temer e radicalizada por Bolsonaro e Guedes”. O governo Bolsonaro corta verbas, censura gestores, demite funcionários não manipuláveis, discrimina estados e municípios, beneficia veículos de mídia que o apoiam”, diz o texto. Mas não para por aí, continua a resolução: “sucateia serviços públicos vitais, vende a preço vil e desnacionaliza empresas públicas estratégicas para o progresso do país”.
A resolução destaca ainda a unidade de ação com os demais partidos de esquerda e de oposição PT, PSB, PC do B, PDTPSOL e Rede e o diálogo com outras forças políticas parlamentares, que permitiu derrotar a MP da morte, cujo propósito era suspender os salários dos trabalhadores por 4 meses. O Diretório afirma também  que, com o ágil e competente trabalho das bancadas no Congresso Nacional, o PT tem apresentado propostas para garantir a saúde do povo e a sobrevivência da economia. “As duas coisas são compatíveis e necessárias”, aponta.
A resolução reafirma a crítica do partido ao neoliberalismo e a necessidade do fortalecimento do Estado para enfrentar a pandemia e a crise econômica. “Não existe nada mais importante a fazer com o dinheiro público do que usá-lo para salvar vidas e garantir o dia a dia das pessoas e das famílias”, alerta o documento. Para o PT, o direito à vida não pode estar subordinado à fome de lucro e aos interesses do capital. “Chega de absurda ortodoxia neoliberal, injusta e cruel. Chega de austericídio em benefício dos ricos e poderosos”, conclui a resolução.

*CLIQUE AQUI PARA LER A  ÍNTEGRA DA RESOLUÇÃO

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11 abril 2020

Merval e o Jim Jones da Globo para alijar o PT

"Numa futura justiça de transição, Bolsonaro estará no banco dos réus acompanhado dos seus criadores, que fizeram de tudo para 'alijar o PT' e jogaram o Brasil no precipício fascista", escreve o colunista Jeferson Miola



Por Jeferson Miola*
Merval Pereira, o porta-voz da Globo, se enquadra na categoria de figuras públicas que [i] manipulam a realidade e os fatos e que [ii] jamais assumem responsabilidade pelas suas escolhas equivocadas. Principalmente quando tais escolhas podem ocasionar, como consequência, catástrofes humanitárias – como é a realidade brasileira atual.
Em artigo no jornal O Globo [11/4] Merval se faz de sonso, como se ele próprio e a Rede Globo não tivessem nenhuma responsabilidade pela eleição do Bolsonaro e pela espiral de barbárie vivida no Brasil.
Merval chama Bolsonaro de “nosso Jim Jones tupiniquim”.
Apesar do pronome possessivo “nosso”, Merval escreve como se o Jim Jones criado por eles tivesse surgido de geração espontânea; como se a aberração monstruosa viabilizada pela oligarquia e seus meios de comunicação tivesse irrompido das profundezas do esgoto espontaneamente.
Merval agora simula surpresa que “As demonstrações diárias de irresponsabilidade acintosa vão ganhando perigosos ares de desequilíbrio comportamental”, como se ele e a Globo não conhecessem desde décadas o perfil sociopata e cruel do Bolsonaro.
Só agora, porém, Bolsonaro passou a ser intolerável para a Globo. Embora tenha a “virtude” de ser antipetista [sic], como escreve Merval, Bolsonaro deixou provado que é “um desequilibrado, técnica e emocionalmente incapaz […], e moralmente corrupto”.
Merval reconhece que Bolsonaro “é incapaz de ser outra pessoa. Já era assim antes da campanha”; e arremata com a confissão: “mas era o que tinham os que queriam alijar o PT”.
Para impedir a qualquer preço um novo governo do PT, a elite não tinha nenhum plano, nenhuma proposta a favor do país e do povo brasileiro, apenas um plano contra o PT!
Como Merval deixa claro, Bolsonaro era a opção que a Globo, a burguesia, os EUA, os militares e as finanças tinham para “alijar o PT”.
Na eleição de 2018, com a “boca-de-urna” do então juiz Sérgio Moro e o ativismo dos lavajatistas de Curitiba, do STJ, do TSE e do STF, a Globo e a elite atuaram para impedir a qualquer preço a candidatura do Lula e a vitória do Haddad.
Eles queriam eleger o sociopata genocida para garantir a continuidade das políticas anti-nação e anti-povo aplicadas continuadamente desde o impeachment fraudulento da presidente Dilma.
A oligarquia não tinha dúvidas e, tampouco, constrangimento ético ou moral acerca desta escolha, porque a demonização do PT passou a ser a ideologia racista dominante.
Eles tinham plena consciência que instalariam no poder um “sociopata sabidamente fascista e corrupto que nunca escondeu sua idolatria por torturadores, o apreço sádico pela tortura e pelo estupro, e seu vínculo com milícias, com paramilitares e com o submundo do crime” [Oligarquia prometeu um presidente mas entregou um Jim Jones].
Merval conclui o artigo dizendo que “Bolsonaro será responsabilizado pessoalmente pelo aumento das mortes. Não é possível ter um presidente que estimula a população a se arriscar numa pandemia, como um líder místico levando seus seguidores para o suicídio coletivo”.
O mesmo critério de responsabilização vale também para quem criou a criatura. Numa futura justiça de transição, Bolsonaro estará no banco dos réus acompanhado dos seus criadores, que fizeram de tudo para “alijar o PT” e jogaram o Brasil no precipício fascista.
*Integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial. -Via Brasil247