24 agosto 2020

Pule de dez

 

Por Fernando Brito* - Ontem à noite, já tarde, escrevi o post Os jornais que você não verá, praticando a sempre arriscada adivinhação do que seria – ou não seria – manchete nos jornais de hoje.

Seria arriscado, mas não é. E, de fato, não vieram as manchetes sobre a inconcebível ameaça presidencial a um jornalista que fez a pergunta que, afinal, está na boca de muita gente: afinal, por que Fabrício Queiroz depositou R$ 89 mil na conta de Michelle Bolsonaro?

Chamadas miúdas, para “honra da companhia”, um pouco maior em O Globo, casa do jornalista ameaçado, só mais destacada por conta da charge de Chico Caruso.

Pode-se argumentar que os rompantes agressivos do presidente que grita “acabou, porra!” já são conhecidos e, portanto, não merecem tal destaque.

A verdade é que há muito tempo ou talvez nunca tenham merecido, desde que Jair Bolsonaro se tornou uma ferramenta útil, necessária mesmo, para fazer o que era, há mais de uma década, a “missão impossível” de derrotar/derrubar um governo de centro-esquerda, ainda que não hostil, ao capital financeiro e ao restante do capitalismo que dele, como os jornais, se tornou caudatário.

Tão repetitivos ao exigir “autocríticas” à esquerda, negam-se a fazer a sua -e mais premente – em ter apoiado o desmonte da pouca institucionalidade de que o Brasil gozava nas últimas décadas e que nos levou a passar a viver um torvelinho de atropelos, improvisos, brutalidade e, afinal, estagnação.

Não quisessem fugir do velho ditado das redações de que “jornalista não é notícia” – quem vê o jornalismo de “especialistas” que praticam sabe que o deixaram faz muito tempo – houve tempo para elaborar aquilo que sempre é notícia quando se trata de críticas feitas ao comportamento dos meios de comunicação: a liberdade de imprensa.

Como Jair Bolsonaro não dá entrevistas, apenas fala o que quer, preferencialmente no meio de seus adoradores, fazer a pergunta que dá “vontade de te encher a boca de porrada” é, agora, oficialmente, um chamamento à agressão do profissional que se atreva a fazê-la.

Está, portanto, proibida.

E nossos grandes jornais cumpriram candidamente a ordem.

*Jornalista, Editor do Blog Tijolaço

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*Via Portal O Boqueirão Online


23 agosto 2020

Marcia Tiburi deixa de seguir a Folha após editorial “Jair Rousseff” e pede apoio aos veículos de comunicação honestos

No Twitter, Marcia anunciou que deixou de seguir a Folha [de S. Paulo] e pediu apoio a veículos de comunicação honestos, como Ponte Jornalismo, Jornalistas Livres, Revista Fórum, Brasil 247, Brasil de Fato, Opera Mundi, Mídia Ninja e Revista Cult, entre outros

(Foto: Editora 247)
247* - A filósofa e escritora Marcia Tiburi tomou uma atitude política em relação à Folha de S. Paulo, depois do editorial “Jair Rousseff”, em que a publicação da família Frias agride a ex-presidente Dilma Rousseff, alvo do golpe de estado de 2016, e a compara a Jair Bolsonaro. No Twitter, Marcia anunciou que deixou de seguir a Folha e pediu apoio a veículos de comunicação honestos, como Ponte Jornalismo, Jornalistas Livres, Revista Fórum, Brasil 247, Brasil de Fato, Opera Mundi, Mídia Ninja e Revista Cult, entre outros. Confira seu tweet, o Bom dia 247 sobre o tema e a nota da ex-presidente Dilma:deixou de seguir a Folha e pediu apoio a veículos de comunicação honestos, como Ponte Jornalismo, Jornalistas Livres, Revista Fórum, Brasil 247, Brasil de Fato, Opera Mundi, Mídia Ninja e Revista Cult, entre outros. Confira seu tweet, o Bom dia 247 sobre o tema e a nota da ex-presidente Dilma:



Do blog de Dilma Rousseff - A Folha tem enorme dificuldade de avaliar o passado e, assim, frequentemente erra ao analisar o presente.

Foi por avaliar mal o passado que a empresa até hoje não explicou por que permitiu que alguns de seus veículos de distribuição de jornal dessem suporte às forças de repressão durante a ditadura militar, como afirma o relatório da Comissão Nacional da Verdade.

Foi por não saber julgar o passado com isenção que cometeu a pusilanimidade de chamar de “ditabranda” um regime que cassou, censurou, fechou o Congresso, suspendeu eleições, expulsou centenas de brasileiros do país, prendeu ilegalmente, torturou e matou opositores.

Os erros mais graves da Folha, como estes, não são de boa-fé. São deliberados e eticamente indefensáveis. Quero deixar claro que falo, sobretudo, do grupo econômico Folha, e não de jornalistas.

Quero lembrar, ainda, a publicação, na primeira página, de uma ficha falsificada do Dops, identificada pelo jornal como se fosse minha, e que uma perícia independente mostrou ter sido montada grosseiramente para sustentar acusação falsa de um site fascista. Mesmo desmascarada pela prova de que era uma fraude, a Folha, de forma maliciosa, depois de admitir que errou ao atribuir ao Dops uma ficha obtida na internet, reconheceu que todos os exames indicavam que a ficha era uma montagem, mas insistiu: "sua autenticidade não pôde ser descartada."

Quem acredita que as redes sociais inventaram as fake news desconhece o que foi feito pela grande imprensa no Brasil - a Folha inclusive. Não é sem motivo que nas redes sociais a Folha ganhou o apelido de “Falha de São Paulo”.

O editorial de hoje da Folha - sob o título “Jair Rousseff” - é um destes atos deliberados de má-fé. É pior do que um erro. É, mais uma vez, a distorção iníqua que confirma o facciosismo do jornal. A junção grosseira e falsificada é feita para forçar uma simetria que não existe e, por isto, ninguém tem direito de fazer, entre uma presidenta democrática e desenvolvimentista e um governante autoritário, de índole neofascista, sustentado pelos neoliberiais - no caso em questão, a Folha. 

Todas as afirmações do editorial a respeito do meu governo são fake news. A Folha falsifica a história recente do país, num gesto de desprezo pela memória de seus próprios leitores.

Repisa a falsa acusação de que o meu governo promoveu gastos excessivos, alegação manipulada apenas para sustentar a narrativa midiática e política que levou ao golpe de 2016. Esquece deliberadamente que a crise política provocada pelos golpistas do “quanto pior, melhor” exerceu grande influência, seja sobre a situação econômica, seja sobre a situação fiscal.

A Folha, naquela época, chegou a pedir a minha renúncia, em editorial de primeira página, antes mesmo do julgamento do impeachment. Criava deliberadamente um ambiente de insegurança política, paralisando decisões de investimento, e aprofundando o conflito político. Estranhamente, a Folha jamais pediu o impeachment do golpista Michel Temer, apesar das provas apresentadas contra ele. Também não pediu o impeachment de Bolsonaro, ainda que ele já tenha sido flagrado em inúmeros atos de afronta à Constituição, e o próprio jornal o responsabilize pela gravidade da pandemia. A Folha continua seletiva em seus erros: Falha sempre contra a democracia, e finge apoiá-la com uma campanha bizarra com o bordão "vista-se de amarelo".

Um país que, em 2014, registrou o índice de desemprego de apenas 4,8%, praticamente pleno emprego, com blindagem internacional assegurada por um recorde de US$ 380 bilhões de reservas, não estava quebrado, como ainda alega a oposição. Na verdade, a destituição da presidenta precisou do endosso da grande mídia para garantir a difusão desta fake news. O meu mandato nem começara e o impeachment já era assunto preferencial da mídia, embalado pelas pautas bombas e a sabotagem do Congresso, dominado por Eduardo Cunha.

Os dados mostram que a “irresponsabilidade fiscal” que me foi atribuída é uma sórdida mentira, falso argumento para sustentar o golpe em curso. Entre 2011 e 2014, as despesas primárias cresceram 3,7% ao ano, menos do que no segundo mandato de FHC (4,1% ao ano), por exemplo. Em 2015, já sob efeito das pautas bombas, houve retração de 2,5% nessas despesas. As dívidas líquida e bruta do setor público chegaram, em meu mandato, a seus menores patamares desde 2000. Mesmo com a elevação, em 2015, para 35,6% e 71,7%, devido à crise que precedeu o golpe, elas ainda eram muito menores que no final do governo de Temer (53,6% e 87%) ou no primeiro ano de Bolsonaro (55,7% e 88,7%). 

Logo ao tomar o poder ilegalmente, os golpistas aproveitaram-se de sua maioria no Congresso e do apoio da mídia e do mercado para aprovar a emenda do Teto de Gastos, um dos maiores atentados já cometidos contra o povo brasileiro e a democracia em nossa história, pois, por 20 anos, tirou o povo do Orçamento e também do processo de decisão sobre os gastos públicos. Criou uma “camisa de força” para a economia, barrando o investimento em infraestrutura e os gastos sociais, e "constitucionalizando" o austericídio. O Teto de Gastos bloqueia o Brasil, impede o País de sair da crise gerada pela perversão neoliberal que tomou o poder com o golpe de 2016 e a prisão do ex-presidente Lula. E, a partir da pandemia, tornará ainda mais inviável qualquer saída para o crescimento do emprego, da renda e do desenvolvimento.  

Se a intenção da Folha é tutelar e pressionar Bolsonaro para que ele entregue a devastação neoliberal, que tenha pelo menos a dignidade de não falsificar a história recente. Aprenda a avaliar o passado e admita seus erros deliberados, se quiser ter alguma autoridade para analisar um presente sombrio de cuja construção participou diretamente.

*Via https://www.brasil247.com/

22 agosto 2020

Haddad: Lula é maior do que o PT e jamais daremos as costas a ele

Numa importante entrevista ao jornalista Ascânio Sêleme, do Globo, o presidenciável Fernando Haddad explica por que o PT não irá virar a página do lulismo e diz ainda que a narrativa da Lava Jato contra o ex-presidente já está historicamente condenada

Foto: Ricardo Stuckert

247* – O presidenciável Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores, concedeu uma importante entrevista ao jornalista Ascânio Sêleme, o colunista do Globo que defendeu o "perdão do PT", mas não ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em que explicou seu posicionamento político. Segundo Haddad, Lula é maior do que o próprio PT.

"O PT não vai dar as costas para a pessoa que mais ajudou a construir esse partido. Quando um líder carismático como o Lula assume a presidência, ganha quatro eleições presidenciais consecutivas e deixa o poder no patamar que deixou, ele se torna emblematicamente maior que o seu partido. É natural que isso seja assim. Poucas pessoas vão lembrar qual era o partido do Mandela na África do Sul, porque ele se tornou uma figura maior, um expoente da nacionalidade. Não é incomum que isso aconteça a uma pessoa que teve a trajetória do Lula. O que seria incomum é o partido que se beneficiou desta trajetória deixar de levar isso em consideração", disse ele.

Haddad também se posicionou sobre a Lava Jato. "Na defesa do Lula nós vamos até o final. Não há discussão dentro do PT em relação às injustiças e arbitrariedades que foram cometidas contra o Lula. A visão sobre os processos contra o Lula de Curitiba só piora. Daqui a dez anos vai ser pior do que hoje, e em vinte anos vai ser muito pior. Não tem como melhorar aquilo, é uma narrativa historicamente fracassada. Feita a defesa do Lula e revertido o processo no Supremo, aí nós vamos discutir o que é melhor para o partido, inclusive com o próprio Lula."

*Via https://www.brasil247.com/

20 agosto 2020

Trotsky, oitenta anos amanhã

 

Defendia a teoria da revolução permanente, que via na vitória da revolução contra o Czarismo uma anestesia para uma segunda revolução, em processo ininterrupto, em permanência, contra o capital. - Leon Trotsky (Reprodução)
"Era russo e judeu, mas era, 
sobretudo, um internacionalista."

Por Valerio Arcary*

Considerada à parte, a Revolução de Fevereiro era uma revolução burguesa. Mas como revolução burguesa, era demasiadamente tardia, não encerrando em si nenhum elemento de estabilidade. Dilacerada por contradições que imediatamente se manifesta­ram pela dualidade de poder, deveria transformar-se em introdução direta à Revolução proletária — o que veio a acontecer — ou então, sob um regime de oligarquia burguesa, lançar a Rússia num estado semi-colonial. Por conseguinte, o período consecutivo à Revolução de Fevereiro poderia ser considerado quer como um período de consolidação, de desenvolvimento ou de conclusão da Revolução democrática, quer como um período de preparação da Revolução proletária.

(Leon Trotsky) 

No dia 21 de agosto de 1940, Leon Trotsky foi assassinado por Ramon Mercader, um oficial da espionagem soviética, catalão de nascimento, por ordem de Josef Stalin. Depois de iniciada a Segunda Guerra Mundial, Trotsky era consciente que estava marcado para morrer. Mercader tinha se infiltrado no círculo íntimo de Trotsky e teve acesso à casa, no bairro de Coyoacán, na Cidade do Mexico, onde estava exilado.

O crime foi, especialmente, brutal: Mercader usou um quebrador de gelo, uma mini-picareta para golpear a cabeça de Trotsky. Tinha 60 anos ao morrer. Um dos melhores romances do século XXI, "O homem que amava os cachorros", do cubano Leonardo Padura, se inspirou nessa tragédia política para nos emocionar com tudo que há de mais elevado, mas também, mais sinistro na condição humana.

Trotsky tinha nascido na cidade de Ianovka, no sul da Ucrânia, no dia 7 de novembro de 1879, o mesmo dia em que triunfou a revolução de Outubro, no calendário juliano, que ainda vigorava na Rússia. Mas Trotsky era um cidadão do mundo. Uniu muito jovem sua vida à causa do socialismo. Foi estudar em Odessa, foi preso e desterrado para a Sibéria duas vezes, morou em Londres, Viena, Paris, Berlim, além de São Petersburgo e Moscou, além de exílios em Istambul, Oslo, e no México. Lia e falava ucraniano, russo, francês, alemão e inglês. Era russo e judeu, mas era, sobretudo, um internacionalista.

A teoria da revolução permanente foi uma das suas principais obras. Tinha como argumento forte a perspectiva de que, mesmo em países retardatários, como a Rússia, que chegaram atrasados às transformações capitalistas, portanto, em que as tarefas históricas da revolução burguesa não tinham sido realizadas, estaria reservado ao proletariado a necessidade de ser o sujeito social na liderança da revolução democrática em aliança com todos os oprimidos, em especial, a maioria camponesa e as massas das nacionalidades, sob o jugo da tirania de Moscou. Defendia que a vitória na revolução contra o Czarismo deveria ser a anestesia de uma segunda revolução em processo ininterrupto, em permanência, contra o capital.

A dialética entre a força de pressão de tarefas históricas inconclusas, a resistência reacionária da burguesia e a disposição de luta dos sujeitos sociais resume a teoria da revolução permanente, seja qual for a sua versão, desde Marx até hoje. O substitucionismo social, o núcleo “duro” da teoria, se apóia na compreensão de que, considerado o estágio de desenvolvimento à escala internacional, a impossibilidade de adiamento da satisfação das necessidades sociais exerce um grau tão elevado de pressão que as tarefas que, historicamente, corresponderiam a uma classe, mas que, pelas mais diferentes razões faltou ao seu encontro com a História, passariam a ser cumpridas por outra. Era, talvez, nesse sentido que Marx pensava o famoso “à História não se coloca problemas que não possa resolver”.

A revolução russa se destaca por três elementos decisivos que a distinguem de todas as outras revoluções socialistas do século XX: (a) o sujeito social dirigente e polarizador do descontentamento popular foi, indiscutivelmente, o proletariado urbano, que acaudilhou as outras classes, em particular, a imensa massa camponesa e a população das nacionalidades oprimidas, que constituíam a maioria da população; (b) a auto-organização popular, nas fábricas, nos bairros populares, nas forças armadas, e nas aldeias camponesas, na forma dos conselhos ou soviets, permitiu a mais avançada experiência de democracia direta conhecida até então (primeiro, como duplo poder “institucionalmente” organizado e, nos primeiros anos depois de Outubro, como orgãos de soberania popular sobre o Estado); (c) existiu uma direção internacionalista que acreditava que o projeto da revolução russa dependia do triunfo da revolução européia em geral, e da revolução alemã em particular.

Toda formação econômico-social em países periféricos convive com contradições internas dilacerantes, expressão do desenvolvimento desigual e combinado: a estrutura social mesmo se atrasa em relação ao desenvolvimento das forças produtivas. Grandes massas camponesas no campo, às vezes, numericamente muito expressivas, subsistem muito tempo depois da penetração da grande indústria, assim como se perpetuam resíduos de classes médias de artesãos e comerciantes nas cidades, embora as suas atividades estejam, economicamente, ameaçadas pelo progresso técnico e pela concentração do capital. Disto resulta que relações sociais arcaicas e obsoletas são uma obstrução à penetração de relações modernas e avançadas, mas como o desenvolvimento é desigual, surgem amálgamas desproporcionais: o vigor das novas relações serve como um impulso adiante.

O modelo teórico de Trotsky enterrava o esquematismo predominante no marxismo da Segunda Internacional, que nivelava as tarefas históricas e forças sociais em uma correspondência fixa: à tarefas democráticas deveria obedecer sempre um sujeito social burguês, portanto, a liderança social da revolução democrática teria que ser, necessariamente, a burguesia.

À luz da experiência histórica, quais foram os acertos das teses sobre a revolução permanente, formuladas por Trotsky? O maior acerto foi a compreensão de que, na época do imperialismo, todas as revoluções seriam, potencialmente, anticapitalistas. Mesmo quando começam como revoluções democráticas. Isto é, todas as revoluções políticas democráticas têm uma possível dinâmica anticapitalista. Em outras palavras, apesar do estágio maior ou menor de desenvolvimento capitalista da nação e, independentemente da maior ou menor maturidade do proletariado como sujeito social, as tarefas democráticas pendentes colocaram a necessidade de ruptura com o imperialismo.

No século XX, a engrenagem da revolução permanente resumiu as leis fundamentais do processo revolucionário contemporâneo: confirmou-se de tal maneira e em uma tal escala, que fazem os prognósticos, tanto de Marx quanto de Trotsky, parecerem muito tímidos. O substitucionismo social ultrapassou tudo que as mentes mais audaciosas pudessem prever, e quem sabe, o que ainda nos está reservado no futuro.

Edição: Rodrigo Durão Coelho

*Fonte: Brasil de Fato - https://www.brasildefato.com.br/

19 agosto 2020

Miguel Nicolelis: “O cérebro humano é o verdadeiro criador do universo”

Em entrevista a GALILEU, o neurocientista brasileiro fala sobre seu novo livro, cuja tese propõe que nossa mente é o verdadeiro centro do universo

Em novo livro, o neurocientista Miguel Nicolelis apresenta teoria do cérebro humano como centro do universo (Foto: Arquivo pessoal)


Por MARÍLIA MARASCIULO*

O neurocientista Miguel Nicolelis, que já foi considerado pela revista Scientific American um dos 20 cientistas mais influentes do planeta, tem uma nova teoria: o verdadeiro centro do universo é o cérebro humano.

“Estudo o cérebro há mais ou menos 38 anos, e nos últimos seis ou sete comecei a me dar conta que precisamos fazer um reposicionamento cosmológico, porque basicamente todas as explicações que foram geradas sobre o que existe lá fora no Universo vieram da mente humana”, explica o cientista, em entrevista exclusiva a GALILEU. “Qualquer uma das visões sobre o surgimento do cosmos são secundárias ao epicentro real, que é a mente. Então concluí que essa visão epistêmica seria a mais correta, sucinta e elegante do que é realmente a reconstrução do universo.”

Em O Verdadeiro Criador de Tudo – Como o Cérebro Humano Esculpiu o Universo como Nós o Conhecemos, lançado nesta segunda-feira (10) pelo selo Crítica da Editora Planeta, Nicolelis discorre sobre a tese e os perigos para a humanidade de não reconhecer a importância do papel do cérebro. A obra completa a trilogia iniciada em 2011 com o lançamento de Muito Além do Nosso Eu (Companhia das Letra) e que também conta com Made in Macaíba, publicado em 2016 pela Planeta.

Professor da Universidade Duke, nos Estados Unidos, onde atua desde 1994, o cientista de 59 anos encontra-se há 150 dias em seu apartamento em São Paulo, sua cidade natal, impossibilitado de retornar ao país que atualmente chama de casa devido à pandemia. (...)

*CLIQUE AQUI para continuar lendo.

17 agosto 2020

Lula teria feito bem à democracia, diz Fachin. Então devolva-o à política

 


Por Fernando Brito*

Não é o caso de analisar o quanto pode haver de hipocrisia nas declarações do lavajatíssimo ministro Luiz Aha-Urru Fachin de que teria feito bem à democracia se Lula tivesse podido candidatar-se às eleições presidenciais de 2018.

Talvez seja mesmo uma forma de autoindulgenciar-se de tudo o que fez no curso da Lava Jato permitindo que corressem soltos os abusos de Sérgio Moro que, agora, o STF, está à beira de reconhecer, até este momento contra o voto dele próprio, Fachin.

“No julgamento no TSE em que esteve em pauta a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fiquei vencido, mas mantenho a convicção de que não há democracia sem ruído, sem direitos políticos de quem quer que seja. Não nos deixemos levar pelos ódios”.

Será que a súbita candura do ministro não é, como ocorre a alguns, o abandono do barco da Lava Jato por ele estar fazendo água e alagando os porões dos que a ele se acumpliciaram?

E, ainda, o fato de que ele e os que permitiram os esparramos de Sergio Moro vêem-se agora acuados por uma ameaça com a qual, percebem, não têm uma liderança política que a anule e, quando possível, a derrote?

É cedo ainda para avaliar o quanto pode ser eficaz ou mesmo sincero o arrependimento de quem embarcou na aventura morista. Pode ser que seja apenas a vontade de pular para outro barco e continuar com o poder que mudou tanto aquele advogado de causas populares que, chegado à cátedra do STF trocou-as pelo látego do autoritarismo.

*Jornalista, Editor do Blog Tijolaço (fonte desta postagem).

https://tijolaco.net/

16 agosto 2020

Adriana Calcanhotto - Navio Negreiro IV


Navio Negreiro IV - Tragédia no Mar


*Canta Adriana Calcanhotto - Composição: A.L. Oliveira - Poema de Castro Alves

(...)

E existe um povo que a bandeira empresta

Pr'a cobrir tanta infâmia e cobardia!...

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria!...

Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,

Que impudente na gávea tripudia?!...

Silêncio!... Musa! chora, chora tanto

Que o pavilhão se lave no teu pranto...

 

Auriverde pendão de minha terra,

Que a brisa do Brasil beija e balança,

Estandarte que a luz do sol encerra,

E as promessas divinas da esperança...

Tu, que da liberdade após a guerra,

Foste hasteado dos heróis na lança,

Antes te houvessem roto na batalha,

Que servires a um povo de mortalha!...

 

Fatalidade atroz que a mente esmaga!

Extingue nesta hora o brigue imundo

O trilho que Colombo abriu na vaga,

Como um íris no pélago profundo!...

...Mas é infâmia de mais... Da etérea plaga

Levantai-vos, heróis do Novo Mundo...

Andrada! arranca este pendão dos ares!

Colombo! fecha a porta de teus mares!

 

(São Paulo, 18 de abril de 1868).

15 agosto 2020

O PT, as Eleições Municipais e a Política de Alianças (Coluna C&A)

 

 

Coluna Crítica & Autocrítica - nº 195



Por Júlio Garcia*

 

*O PT, as Eleições Municipais e a Política de Alianças - Os ex-presidentes nacionais do Partido dos Trabalhadores/PT (abaixo identificados) encaminharam, dia 10/08, ofício à Presidenta Nacional do Partido, Deputada Federal Gleisi Hoffmann, solicitando que o Diretório Nacional desautorize o apoio do partido ao candidato do MDB em Belford Roxo, no Rio de Janeiro. Diz a Carta:

 

“Na condição de ex-presidentes de nosso partido, preocupados com a grave situação de nosso país, gostaríamos de solicitar ao Diretório Nacional que imediatamente retificasse a autorização para que o PT apoie a reeleição do atual prefeito de Belford Roxo (RJ), do MDB, notório por sua cumplicidade com o bolsonarismo. As resoluções de nosso VII Congresso e da direção partidária são inequívocas: nenhuma aliança pode ser estabelecida com o neofascismo, com os partidos e candidatos que o representam em qualquer espaço do território nacional.

 

O PT deve ser exemplo de coerência e firmeza, por todo o país, refutando qualquer concessão na batalha que trava nosso povo contra o autoritarismo.

 

Atenciosamente,

 

Olívio Dutra, José Dirceu de Oliveira e Silva, José Genoíno, Tarso Genro, Ricardo Berzoini e Rui Falcão”.

...

 

*Sobre isso, escreveu o companheiro Jeferson Miola, do PT/RS, no site DCM  “A aliança com um notório bolsonarista do MDB não é somente uma irresponsabilidade histórica ou um erro político grave, mas uma bofetada na cara do povo brasileiro vitimado pela barbárie produzida pelo bolsonarismo e seus satélites locais e regionais. A única aliança aceitável do PT é com as organizações e partidos progressistas, democrático-populares e de esquerda.” -Adianto que tenho plena concordância com a colocação do companheiro Miola e, por óbvio, com a Carta dos nossos ex-presidentes acima nominados, cujo conteúdo, diga-se de passagem, deve ser estendido também para nortear politicamente as decisões do PT relativas às Eleições de novembro próximo [também] no RS, Santiago e Região.

...

 

*Pré-candidato à vereador pelo PT santiaguense – Aproveito, ainda, este importante espaço para informar que, atendendo apelos de vários companheiros e companheiras, dirigentes e militantes do PT santiaguense e estadual para que eu reconsiderasse a decisão de não concorrer à vereança neste pleito (possibilidade levantada com a retirada que fiz de meu nome como pré-candidato a Prefeito, após nosso Diretório Municipal, por maioria, ter decidido que o PT santiaguense não lançaria chapa ao Executivo, priorizando somente a eleição ao Legislativo), decidi atender ao ‘apelo’ e recolocar meu nome na relação dos pré-candidatos à vereança pelo partido (do qual tenho a honra de ser um dos fundadores).

 

*Claro que existem várias outras formas de contribuir na luta do nosso povo, com o PT, com a CUT, a UNE, o MST e demais forças populares e democráticas por melhores condições de vida, trabalho, saúde, educação, dignidade; concorrer e desempenhar um mandato popular, solidário, coletivo, comprometido (neste momento em especial) com a denúncia do arbítrio ora vigente do país, os ‘eternos privilégios das elites’, militando diuturnamente pelas mudanças necessárias (no nosso país e no mundo) é uma delas.

 

*Adianto, no entanto, que minha decisão final (se serei ou não candidato à vereador neste pleito) será tomada somente na antevéspera da Convenção Oficial do PT, em meados de setembro, após ouvir atentamente – e avaliar - as opiniões e sugestões dos(as) companheiros(as), eleitores(as) e amigos(as) [conscientes] que nos conhecem - e, sobretudo, que confiam no nosso trabalho. #Alutasegue! 

...

 

**Júlio César Schmitt Garcia é Advogado, Pós-Graduado em Direito do Estado, Consultor, dirigente político (PT) e Midioativista. Foi um dos fundadores do PT e da CUT. - Publicado originalmente no Jornal A Folha (do qual é Colunista) em 14/08/2020.


***Via Portal O Boqueirão Online