08 setembro 2023

TRADIÇÃO REINVENTADA - Primeiro desfile de 7 de Setembro pós-Bolsonaro tem Zé Gotinha, militares indígenas e apoiadores de Lula em Brasília (DF)

Evento é a primeira festividade da Independência sob terceiro governo petista e ocorreu após anos de politização da data

O presidente Lula e a primeira-dama Janja desfilaram pela Esplanada dos Ministérios no tradicional Rolls-Royce - Ricardo Stuckert/ Presidência da República

Por Cristiane Sampaio*

A secura e o calor de Brasília (DF) não impediram que cerca de 50 mil pessoas se reunissem nesta quinta-feira (7), na Esplanada dos Ministérios, para acompanhar o habitual desfile do 7 de Setembro. Com duração de aproximadamente duas horas, esta foi a primeira festividade da Independência sob a terceira gestão Lula. O evento ocorreu em meio à memória gerada pelos anos em que o último ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL), politizou a data e tentou colar às comemorações a imagem da extrema direita, com a exaltação dos ânimos de agentes das Forças Armadas.

A ressaca política produzida por aquele contexto fez com que nesta quinta-feira alguns militantes de esquerda comparecessem à avenida para prestar apoio ao atual chefe do Executivo. Foi o que fez a gestora cultural Teresa Padilha, que marcou presença na Esplanada acompanhada de amigas e empunhando a bandeira do segmento LGBTQIA+.

"Estou vindo para este desfile porque eu acredito neste governo, senão não estaria aqui. Esta é uma pauta que o Lula está trazendo, sempre trouxe. Então, acho que é importantíssimo que a gente fale também sobre a diversidade, sobre as diferenças, sobre a importância de a gente estar de igual para igual com todos e todas. O Brasil é isso."

"Acho importantíssimo que a gente fale também sobre a diversidade, sobre as diferenças. O Brasil é isso", afirma Teresa Padilha [à esquerda] / Cristiane Sampaio

Vestindo uma camisa vermelha com o rosto de Lula estampado, a cozinheira Ruth Lira chamou a atenção em meio ao conjunto de pessoas trajando uniformes e balançando bandeiras verde-amarelas. Ela ressalta que foi ao local especialmente com o objetivo de demonstrar apoio ao petista. "Ele foi alvo de muitas coisas ruins, acusações, montagens [político-jurídicas], então, a gente veio prestigiá-lo porque a gente sempre acreditou na sua inocência."

Segundo informou a Secom da Presidência da República, cerca de 50 mil pessoas assistiram ao desfile em Brasília (DF) / Ricardo Stuckert/ Presidência da República

Este ano a comemoração trouxe como slogan a frase "Democracia, soberania e união", em uma tentativa de destoar do sentido dado por Bolsonaro ao evento nos últimos anos, quando a festividade ganhou ares de flerte com a ditadura militar. De forma a evidenciar o tema, o governo federal espalhou banners pelos prédios da Esplanada com imagens que faziam referência ao assunto.

Em sua faceta mais oficial, o evento contou com desfile do presidente Lula e da primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja, que surgiram no tradicional Rolls-Royce. Também contou com a presença de ministros, do presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da presidenta do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber.

"Todo ano eu venho", diz Edmilson dos Santos, que se entusiasmou com os festejos na Esplanada nesta quinta-feira (7) / Cristiane Sampaio

O trabalhador Edmilson dos Santos foi um dos que se empolgaram na avenida com o desfile. Enquanto assistia à apresentação de tanques do Exército, ele foi flagrado pela reportagem gesticulando um "L", símbolo do apoio a Lula.

"Todo ano eu venho porque acho que é uma forma de festejar não só a pátria, mas a própria democracia. Este ano trouxe minha neta porque acho importante. Eu nasci aqui na capital federal e tenho orgulho de ser brasileiro", disse, acompanhado pela pequena Sophia, de 6 anos, que ansiava pela apresentação da Esquadrilha da Fumaça, a última atração do dia.

A pequena se entusiasmou na hora em que um carro do Corpo de Bombeiros desfilou trazendo no alto o famoso Zé Gotinha, personagem que historicamente povoa o imaginário do país quando o assunto é imunização. A iniciativa se soma a diferentes movimentos do Ministério da Saúde, que tem tentado recuperar os índices de cobertura vacinal no país. "Eu tomei todas as vacinas", gritou Sophia enquanto acenava com empolgação para o personagem, que foi bastante aplaudido pelo público.

Acionada para se somar à festividade da Independência deste ano, Zé Gotinha foi bastante aplaudido pelo público no desfile em Brasília / Ricardo Stuckert/ Presidência da República

Além do tradicional desfile das Forças Armadas, do Corpo de Bombeiros e de representantes de outras instituições, este ano o evento chamou a atenção também por conta da presença especial de indígenas ligados ao Exército. Diferentes agentes dos povos Tariano, Kuripaco, Baré, Kubeo, Yanomami e Wanano participaram da solenidade e fizeram uma saudação a Lula no idioma nativo de cada etnia.

A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, exaltou a presença do grupo ao se manifestar pelas redes sociais. "Vale destacar que as Forças Armadas têm papel fundamental nas operações de desintrusão de terras e para garantir a segurança dos povos indígenas em territórios de fronteira. Bom ver o compromisso das Forças Armadas com a democracia, soberania e reconstrução do Brasil", afirmou.

A indígena Maria Flor Guerreira, do povo Pataxó, vive atualmente em Brasília e foi à Esplanada para assistir a todo o desfile. "Estar aqui é uma forma de ajudar a espiritualizar este momento para que este mandato aconteça da melhor forma. É bom ver que o país agora está começando a reconhecer que nós indígenas existimos", afirma.

Queixas

O evento também foi alvo de algumas queixas. Logo na primeira parte da manhã, ainda antes de a cerimônia se iniciar, diferentes pessoas manifestaram dificuldade para acessar as arquibancadas destinadas ao público em geral – parte da estrutura montada na Esplanada estava reservada para convidados dos ministérios e autoridades. O governo havia feito nos últimos dias um cadastramento prévio digital para quem quisesse comparecer, mas a entrada era livre na parte destinada ao grande público.

Apesar disso, as portas foram fechadas em algumas entradas às quais a reportagem conseguiu chegar. Agentes alegaram questões de segurança e afirmaram que o espaço havia lotado.

"Venho há 15 anos [para o evento] e nunca tinha passado por isso. A gente está vindo lá desde o Congresso, tentando entrar de porta em porta, mas não estão deixando entrar", queixou-se o trabalhador autônomo Wellington Pereira, que compareceu junto com a família para ver o filho mais velho desfilar. "Me sinto meio decepcionada com isso. Acho que a organização poderia ter visto melhor essa parte da entrada", disse a esposa dele, Tatiana Cunha.

Também provocou críticas o não funcionamento de um telão posicionado à frente do Ministério da Educação, no bloco L da Esplanada. O equipamento, montado para a transmissão oficial da cerimônia, não funcionou em nenhum momento, enquanto os outros telões operavam dentro da normalidade.

A situação inviabilizou uma melhor visualização do evento por uma parte do público e gerou diferentes gritos de guerra que clamavam por uma solução, mas o problema não se resolveu até o final. O Brasil de Fato procurou a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) para tratar dos problemas mencionados, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.

*Edição: Geisa Marques - Fonte: Brasil de Fato

04 setembro 2023

83 anos do assassinato de Trotsky e 85 anos da 4ª Internacional*

 

      Leon Trotsky no México


Trotsky foi um militante revolucionário, presidente do Soviete de Petrogrado em 1905, criador do Exército Vermelho em 1917 e, internacionalista, esteve entre os fundadores da 3ª e da 4ª Internacional. Foi assassinado pelo agente stalinista Ramon Mercader, em 21 de agosto de 1940, no México, onde estava exilado.

Para Stalin o seu assassinato, bastante comemorado, “coroou” o ciclo de perseguições, prisões e assassinatos de toda uma geração de bolcheviques que participaram da revolução de 1917 e da formação do Estado Soviético e que de alguma maneira se contrapuseram à sua política.

O assassinato de Trotsky, um ano após o início da 2ª. Guerra mundial, era uma necessidade para o Kremlin e para o capital, visto o seu combate incansável contra a guerra imperialista e pela organização independente da classe operária e dos explorados em escala internacional. Entretanto, nem o stalinismo, nem os representantes do imperialismo, conseguiram enterrar sua história e seu combate em defesa da revolução proletária mundial.

Para os militantes da 4ª Internacional em particular, relembrar os 83 anos do seu assassinato se combina com a comemoração dos 85 anos de fundação da 4ª Internacional e seu programa, o “Programa de Transição”, o maior trabalho antes da sua morte, garantindo a continuidade do marxismo em mais de um século de luta da classe operária mundial expressos na 1ª, 2ª e nos quatro primeiros Congressos da 3ª Internacional, antes da sua transformação em “aparato” a serviço do stalinismo.

Após a morte de Trotsky a jovem 4ª Internacional sofreu. Primeiro com a guerra, depois com a usurpação pelo stalinismo do prestígio da URSS. Em 1953 ela se desagregou, como resultado da revisão do Programa por militantes, liderados por Michel Pablo. Foram anos de combate para o reagrupamento até que a 4ª Internacional pudesse ser reproclamada em 1993, novamente sobre a base do Programa de Transição.

Nesta data, publicamos aqui um texto de apresentação da Revista A Verdade n° 112, que prepara 10° Congresso Mundial da 4ª Internacional, um congresso aberto, que submete a discussão sua apreciação sobre o Programa e a situação atual.

Este texto discute brevemente a atualidade do Programa de Transição, 85 anos depois. Nós aprofundaremos este debate nas próximas edições.

*Por Sumara Ribeiro, no site do Jornal O Trabalho

31 agosto 2023

As não notícias

Informações que a mídia corporativa brasileira sonegou ao respeitável público sobre a Cúpula do Brics

     Foto: Ricardo Stuckert/PR

Por Ângela Carrato*

A mídia corporativa brasileira, aquela na qual prevalecem os interesses do patrão e dos anunciantes, bateu seu próprio recorde negativo na semana que passou.

Deixou de noticiar ou noticiou como se fosse algo trivial, quando não atacou, algumas das mais importantes informações de todos os tempos para a população brasileira.

Informações que fazem a diferença para entender o que se passou no país nos últimos sete anos e a importância das decisões tomadas na XV Cúpula dos BRICS, na África do Sul.

Na segunda-feira, 21 de agosto, o Tribunal Federal da 1ª Região (TRF-1), órgão de segunda instância da Justiça, cuja sede é Brasília, rejeitou um recurso e manteve o arquivamento da última ação de improbidade administrativa contra a ex-presidente Dilma Rousseff por causa das chamadas “pedaladas fiscais”.

Ao rejeitar este recurso, a Justiça brasileira atesta que Dilma não cometeu crime de responsabilidade e que o impeachment contra ela não passou de um golpe de estado de tipo novo, no qual teve protagonismo o Parlamento, a própria Justiça e a mídia.

Golpes de estado de tipo novo têm nome e sobrenome: guerra híbrida.

Mesmo este conceito estando tipificado na bibliografia da Ciência Política, Sociologia e Relações Internacionais, a mídia corporativa brasileira continua ignorando a sua existência e descumprindo sua função essencial que é a de informar.

Sob a alegação de que Dilma havia cometido “pedalada fiscal”, esta mídia promoveu uma das mais sórdidas campanhas de que se tem notícia na história brasileira.

Campanha que em nada ficou a dever às acusações, igualmente infundadas, do “mar de lama”, que levou o presidente Getúlio Vargas ao suicídio em 23 de agosto de 1954.

Dilma não autorizou as tais “pedaladas fiscais”, operações de crédito vedadas pelos órgãos de controle, da mesma forma que nunca se encontrou indícios de que o governo de Getúlio tivesse mergulhado em corrupção, por mais que os inimigos de ambos tenham escarafunchado as contas públicas.

Se a mídia corporativa brasileira não tivesse sido parte deste golpe, ela deveria ter publicado, em manchete, que não houve impeachment e, sim, uma trama para derrubar uma presidente democraticamente eleita e colocar em seu lugar o vice Michel Temer, com o objetivo de implementar a agenda neoliberal derrotada nas urnas e rechaçada pela própria Dilma.

Dito de outra forma, derrubar Dilma era fundamental para retirar direitos dos trabalhadores (a dita Reforma Trabalhista), destruir o ensino público (a tal Reforma do Ensino Médio), inviabilizar a aposentadoria da maioria dos brasileiros (a enganosa Reforma da Previdência), destruir as empreiteiras nacionais, além de privatizar a Eletrobras e entregar a Petrobras para os interesses estrangeiros.

Não é coincidência que as ações colocadas em prática por Temer e depois por Jair Bolsonaro são praticamente as mesmas contra as quais Getúlio se bateu.

Travar o desenvolvimento do Brasil, com ações contra a Eletrobras e a Petrobras, e submeter a população brasileira aos interesses da exploração sem limites do capital internacional esteve, desde sempre, na raiz de todos os golpes contra governos progressistas aqui e nos demais países da América Latina.

Quem ainda não leu, precisa ler, com urgência, a Carta Testamento de Getúlio Vargas. Ela é um roteiro atualizadíssimo sobre o que aconteceu e continua acontecendo contra os governos populares e que defendem a soberania do Brasil.

Numa semana emblemática, em que Dilma foi completamente inocentada e na qual se marcou o 69º ano do suicídio de Getúlio, não há explicação para o silêncio da mídia a não ser sua venalidade e compromisso com quem trabalha e joga a favor do inimigo.

Em Angola, para onde viajou na sexta-feira, após participar da histórica Cúpula do BRICS, Lula não deixou de dar o seu recado. “O Brasil deve desculpas à presidente Dilma, porque ela foi cassada de forma leviana”, afirmou.

Quem se lembra de multidões nas ruas chamando Dilma de corrupta, incompetente e até de louca, estimuladas por uma mídia que não parava de atacá-la da forma mais sórdida?

Até agora não vi editoriais fazendo o mea culpa e, a julgar pelo passado, dificilmente isso acontecerá.

Mas o mundo dá voltas.

Dilma não só foi inocentada, como estava presente na foto oficial do encerramento da XV Cúpula do BRICS, que a mídia corporativa brasileira também escondeu do seu respeitável público.

Dilma, desde março, é a presidente do NBD, o importante banco de desenvolvimento multilateral da instituição, e, pelo que se sabe, não houve, até agora, sequer interesse da mídia corporativa brasileira em entrevistá-la.

Pior ainda. Esta mídia tentou esconder o quanto pode a reveladora entrevista que Dilma deu, há seis dias, ao jornal inglês Financial Times, uma das bíblias do capitalismo, na qual afirma que o NBD “espera emprestar entre U$ 8 bilhões e U$ 10 bilhões, com 30% do volume em moedas locais”.

Reconheço que não deve ser fácil para uma mídia que apostou no fim do PT e na criminalização de suas principais lideranças, noticiar que Lula e Dilma estão no centro da política nacional e também das grandes mudanças na ordem internacional.

No entanto, por dever de ofício, essa mídia teria obrigação de noticiar tais fatos ou mudar de ramo. Uma mídia que esconde as notícias e manipula as informações está fadada à lixeira da história.

Quais informações foram sonegadas da população pela mídia brasileira em se tratando da cúpula do BRICS?

A mais importante é a de que essa reunião marcou o início de uma nova era nas relações internacionais, com a progressiva derrocada do poder imperialista dos Estados Unidos e seus associados e a ascensão de um mundo multipolar, onde o chamado Sul Global (ex-Terceiro Mundo) passa a ter voz e vez.

Mais de 60 chefes de estado estiveram presentes nos dois dias de reuniões em Joanesburgo, a segunda maior cidade da África do Sul. Ao contrário do noticiado, não houve divergência entre os cinco membros fundadores do bloco (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) no que diz respeito à sua expansão e muito menos supremacia de quem quer que seja.

Nos últimos dias, a mídia corporativa brasileira insistiu em divulgar que havia divisão no bloco, que o Brasil se opunha ao ingresso de novos membros e que a China buscava a supremacia.

Intriga e mentira das grossas!

O Brasil não só apoiou como patrocinou o ingresso da vizinha Argentina, que, ao lado do Irã, Arábia Saudita, Emirados Árabes, Egito e Etiópia, também passam a compor o BRICS, agora rebatizado como BRICS Mais (BRICS Plus).

Trata-se verdadeiramente do início de um novo tempo, marcado pelo aumento da influência do bloco em regiões do mundo onde até então sua presença era bastante limitada.

O ingresso desses novos membros vai adicionar maior capital político ao BRICS, que terá melhores condições para lidar com o imperialismo cultural do chamado Ocidente.

Imperialismo representado pela vergonhosa prática dos Estados Unidos e de países europeus de querer ensinar aos outros países como eles devem viver e se comportar.

Ao contrário de continuar tentando demonizar a China, a mídia brasileira deveria ter mostrado o recente papel que ela desempenhou para a normalização das relações entre Arábia Saudita e Irã, cuja divergência sempre foi estimulada pelos Estados Unidos, colocando em prática o velho mandamento “dividir para imperar”.

Deveria ter mostrado, igualmente, que esses dois países do Oriente Médio que aderiram ao BRICS são ricos em recursos naturais representando, junto com Rússia, Índia e Brasil, perto de 70% das reservas mundiais de petróleo e gás.

Geopoliticamente falando, essa é a informação mais relevante do século!

Já a entrada do Egito no grupo foi um claro sinal de que o BRICS está atento ao que aconteceu nos verões passados.

Pouco antes do Brasil, o Egito vivenciou as turbulências da impropriamente chamada Primavera Árabe, que desestabilizou diversos países no Norte da África e no Oriente Médio em 2011 e que contou com a interferência externa das potências ocidentais de sempre.

Primavera Árabe é também um nome fantasia para guerra híbrida, que assume características peculiares em cada região ou país onde é travada.

A bola da vez agora é a Argentina.

Não por acaso, o ingresso do país vizinho no BRICS pode ser visto como uma forma de se contrapor ao patrocínio das potências imperialistas à candidatura do extremista de direita Javier Milei à presidência da República.

Milei, uma espécie piorada de Bolsonaro, que se apresenta como “anarcocapitalista”, não passa de um joguete do império para tentar cravar um punhal na integração latino-americana, principal linha de ação da política externa do terceiro mandato de Lula.

Além de Milei, também a candidata da direita, Patrícia Bullrick, ex-ministra da Segurança no governo de Maurício Macri, criticou a entrada de seu país no bloco.

Mesmo se tratando de extremistas ferozes, a mídia corporativa dos Estados Unidos e da Europa tem se empenhado em naturalizá-los.

Milei é apresentado como um tipo excêntrico.

Um político que defende a adoção do dólar como moeda nacional, que quer o fim da educação e da saúde pública, que anuncia que permitirá a venda de órgãos humanos e a de bebes, como faz Milei, não é apenas excêntrico. É um ser pior do que Hitler, Mussolini ou Bolsonaro, se é possível pensar em uma escala para o mal.

Mesmo a Argentina tendo um histórico de diversificar suas parcerias políticas e econômicas e sua adesão ao BRICS sendo fruto disso, Milei anunciou que, se eleito, vai cortar relações com a China, retirar seu país do bloco, bem como do Mercosul, da Unasul e da Celac. Sem se preocupar com o ridículo, atacou Lula e Cristina Kirchner, chamando-os de “comunistas”.

É importante observar que o presidente Alberto Fernández comemorou esse ingresso e que milhares de argentinos agradecerem, nas redes sociais, o apoio e força dados pelo presidente Lula. Fatos igualmente desconhecidos pela mídia brasileira.

Sobre Bullrich, nunca é dito que integra uma das famílias mais ricas da Argentina e que, quando ministra, reprimiu com violência as manifestações dos trabalhadores e colocou os serviços de inteligência para perseguir a ex-presidente Cristina.

Bullrich já deixa clara a intenção de apoiar Milei num eventual segundo turno.

Impossível ficar mais óbvio a quem servem.

Os capachos da mídia brasileira seguem à risca essas naturalizações.

Na disputa pela Casa Rosada está em jogo não apenas o poder interno, mas, em grande medida, o próprio futuro da América Latina.

Continuaremos ou não sendo o “quintal” do Tio Sam?

Por tudo isso, a adesão desses novos países ao BRICS é um dos principais eventos do século XXI.

Para o professor emérito da UFRJ, José Luís Fiori, ela significa uma verdadeira “explosão sistêmica” da ordem internacional construída e controlada pelos europeus e seus descentes diretos há pelo menos seis séculos.

Mesmo na reunião de Joanesburgo não tendo sido criada uma nova moeda e nem discutido abertamente essa criação, fica evidente, pelo que disse Dilma Rousseff, que o dólar será progressivamente substituído nessas transações.

O que significará um tempo novo para a vida de países como a Argentina e de tantos outros, que hoje são obrigados a se curvar às exigências do FMI e do Banco Mundial, nos quais os Estados Unidos e os países europeus detêm exorbitante poder de voto.

É importante lembrar que nesta cúpula do BRICS, o presidente Lula destacou que o bloco já começa a pensar na necessidade de desenvolver uma moeda comum para transações entre seus membros. O dólar, como moeda única nessas transações, está com os dias contados.

Um assunto de tamanha importância e dito por Lula não deveria merecer manchetes na mídia nacional?

É óbvio que sim. Mas o que fez a mídia golpista brasileira?

Desconheceu a fala de Lula em seu noticiário, preferindo atacá-la virulentamente em editoriais como os publicados pelos jornais O Globo, Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo. Editorias que parecem ter sido ditados a partir de Washington.

Numa das provas mais evidentes de submissão ao interesse do Tio Sam, seja qual for o ocupante da Casa Branca, a mídia brasileira abriu os mais generosos espaços para a foto de Donald Trump indiciado, evento transformando pelos marqueteiros do ex-presidente em início antecipado de sua campanha eleitoral.

Isso, ao mesmo tempo em que escondeu a foto do século, na qual os dirigentes do BRICS, de mãos dadas e braços para cima, comemoravam o fim da cúpula, a vitória da maioria global e a abertura de um novo tempo para o mundo.

Até quando a população brasileira continuará sendo enganada por tamanha manipulação da realidade?

Até quando prevalecerão as não notícias?

*Ângela Carrato é  jornalista e professora do Departamento de Comunicação Social da UFMG

**Fonte: Viomundo

EVENTO REALIZADO PELO PT DE SANTIAGO/RS FOI UM SUCESSO

 


Santiago/RS - Conforme havia sido anunciado, na última sexta-feira, 25/08, o Partido dos Trabalhadores de Santiago - PT realizou, juntamente com o Comitê Popular de Lutas local uma importante atividade chamada “PT Santiago/RS: Comemorar, Confraternizar e Mobilizar para 2024” (fotos). A mesma, realizada no salão de festas do “Greminho”, contou com a presença de aproximadamente 200 pessoas, dentre as quais filiados, militantes, simpatizantes, lideranças, dirigentes municipais e regionais do partido, sindicatos  e  movimentos sociais.

Além do Jantar e dos pronunciamentos dos dirigentes e convidados  - se fizeram presentes também os Deputados Adão Pretto Filho e Jeferson Fernandes (estaduais), Alexandre Lindenmayer e Elvino Bohn Gass (federais) do PT -, teve  também um “momento artístico” com várias apresentações musicais realizadas por apoiadores. 


Segundo o Presidente do PT santiaguense, Advogado Júlio Garcia (na foto acima, durante sua intervenção), “foi, sem dúvida, um dos maiores eventos do PT local no último período; conforme colocamos na oportunidade, o partido tem muito a comemorar, principalmente pela resistência que fez ao arbítrio e o fascismo, especialmente nos últimos anos, assim como pela grande  vitória do companheiro  Lula e da Democracia no ano passado, a derrota dos golpistas/terroristas em 8 de janeiro, bem como agora pela absolvição realizada pelo TRF-1 da ex-Presidenta Dilma no caso das famigeradas “pedaladas fiscais” (na verdade, artifício mentiroso da oposição em 2016 pra golpeá-la da Presidência da República).   

Enfatizou ainda o Presidente do PT Santiaguense que os presentes também comemoraram “as conquistas já obtidas pelo povo brasileiro nestes primeiros sete meses do terceiro mandato do Presidente Lula,  além servir também para ajudar a coesionar  e preparar o Partido para os atuais (e futuros) embates,  começando a mobilização visando a participação da legenda nas Eleições Municipais de 2024.”
...

*Pela Secretaria de Comunicação do PT de Santiago/RS

-Via Blog O Boqueirão Online

30 agosto 2023

Anistia 44 anos: lembrar para jamais deixar repetir

 

Ato pela anistia no Congresso Nacional. 1979. Foto: Roberto Jayme/Arquivo Público SP/Agência Senado

Por Ana Boff de Godoy (*)

Esta semana se realizam diversas atividades em referência aos 44 anos de promulgação da Lei da Anistia, de 28 de agosto de 1979, considerada um dos marcos do fim da ditadura militar no Brasil e da redemocratização nacional.

A história da ADUFGRS-Sindical, cuja criação remonta à época, se apresenta num panorama do conjunto das lutas em prol da anistia que se desenrolaram no Rio Grande do Sul e no Brasil, ao longo da segunda metade dos anos 1970. Estas lutas são centrais e contemporâneas do projeto da Abertura, relacionando ao importantíssimo trabalho dos docentes das universidades como novos protagonistas políticos. É necessário destacar o pioneirismo das professoras e professores que sofreram com perseguições, desaparecimentos, expurgos, censura e a importância da criação do sindicato, mesmo que chamado de associação e atentar para as representações e às batalhas de memória em torno da ditadura e da redemocratização.

Mais do que comemorar a data da anistia, temos que recordar e resgatar a história. O que lembrar? O que esquecer? E como lidar com tudo e todo o ocorrido? A sociedade brasileira quase sempre opta por simplesmente não lembrar, esquecer, fingir que não ocorreu e ignorar os vestígios do que foi feito.

Infelizmente, a solução encontrada pela Justiça brasileira para lidar com as violações dos direitos humanos na ditadura foi de não solução, estão todos perdoados, torturadores e torturados. Bem diferente da experiência vivida na Argentina que com suas perdas e seus ganhos privilegiou a justiça e a verdade punindo os violadores.

O que aconteceu no Brasil, por outro lado, foi a pior das escolhas. Preferiu seguir em frente sem olhar e sem prestar contas com o que ficou para trás. Abandonando o passado e os danos causados às famílias e à sociedade. A transição foi tutelada, se dizia que era necessário perdoar para apaziguar e para seguir em frente. Ao contrário da campanha das Mães da Praça de Maio, do país vizinho que dizia: não esquecer, não perdoar.

A realidade está posta e os fatos estão dados. Houve violações dos direitos humanos e houve a extensão da anistia aos torturadores.

Como disse Gonzaguinha em música, “não quero esquecer essa legião que se entregou por um novo dia”, portanto é importante fazer memória a lutadores e lutadoras. 

(*) Vice-presidenta da ADUFRGS-Sindical e diretora de Políticas Sociais e Direitos Humanos da CUT/RS

**Via Sul21

28 agosto 2023

Com shows e atrações artísticas CUT celebrou seus 40 anos no litoral paulista

Entre outras atrações, banda Ira foi destaque na programação da festa popular realizada na Praia Grande, no sábado (26). Cidade foi escolhida por ter sediado a 1ª Conclat em 1981

Em comemoração aos 40 anos da CUT, no último sábado (26), a Praia Grande foi palco de atrações culturais e shows que incluíram a apresentação da banda Ira!, um dos ícones do rock brasileiro desde os anos 1980. A celebração do aniversário da Central, em 2023, acontece em um momento de reorganização e definição das lutas para os próximos anos, processo que vem sendo realizado por meio dos congressos estaduais da CUT (Cecut´s).

Leia mais: CUT é homenageada por seus 40 anos na Câmara dos Deputados

Fundada em 28 de agosto de 1983, no 1° Congresso Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), a CUT teve sua história de lutas exaltada tanto pela direção da entidade como pelos próprios artistas que se apresentaram em um palco montado na Avenida dos Sindicatos, em frente à sede da colônia de férias do Sinergia-SP.

A festa do último sábado, que na verdade é parte da celebração dos 40 anos, foi realizada simultaneamente com o 16° Congresso da CUT São Paulo, que reuniu mais de 700 sindicalistas de todo o estado e elegeu sua nova direção para os próximos quatro anos.

A Praia Grande foi escolhida por ter sediado, em 1981, a 1ª Conclat, Conferência Nacional da Classe Trabalhadora, que reuniu mais de cinco mil sindicalistas de todo o país para dar um basta aos ataques da ditadura militar ao sindicalismo e, principalmente, para organizar a luta dos trabalhadores. Ali foi gerado o embrião da CUT, que seria fundada dois anos mais tarde.

O presidente da CUT Nacional, Sérgio Nobre, fez um breve resgate da importância da Central e sobre o orgulho em comemorar uma história tão intensa de lutas em defesa de trabalhadores e trabalhadoras.

“É um dia especial em que a nossa querida CUT completa 40 anos de vida, uma jovem organização, mas com um grande serviço prestado à classe trabalhadora brasileira”, afirmou o presidente da CUT.

“É uma bela história. Nascemos na ditadura militar, conseguimos a alegria de recuperar a democracia no Brasil, vimos o movimento sindical renascer ao longo desses 40 anos, firmamos parceria com movimentos importantes que surgiram como os movimentos populares e sociais, construímos parcerias com partidos e temos também a alegria de ter eleito por três vezes o nosso querido presidente Lula, que nos dá oportunidade de reconstruir o país”, disse Sérgio Nobre.

O dirigente parabenizou não somente aqueles que integraram o quadro da CUT ao longo dos anos, que participaram dessa construção, mas, em especial milhões de trabalhadores anônimos que, “no dia a dia da sua luta na construção civil, nas escolas, no serviço público, no campo, construíram essa história tão bela da CUT”. 

 

"Bela história" também foi o termo citado pela vice-presidenta da CUT, Juvandia Moreira, para homenagear a Central pelos seus 40 anos.

A CUT completa 40 anos de uma luta muito bonita. Ela nasceu lutando pela redemocratização do Brasil, lutando por direitos, inclusive pelo 'direito a ter o direito de lutar’, disse, se referindo ao direito de greve, à negociação coletiva, ao direito de se aposentar, ter seguridade social, entre tantos outros.

“A CUT continua lutando 40 anos depois e todas as grandes lutas do Brasil desse período tem a participação da CUT”, reforçou a dirigente.

A celebração, no último sábado, ela disse, foi para “celebrar essas lutas, os direitos e as conquistas que transformaram tantas vidas”. Mas teve também o caráter de seguir o compromisso de continuar lutando para melhorar e redemocratizar o Brasil. “Reconstruir o Brasil de todos esses golpes que vieram para que a democracia prevaleça sempre”, disse Juvandia em relação aos últimos seis anos de ataques à democracia e aos direitos dos trabalhadores. 

 

Desafios

A sociedade, a classe trabalhadora e o mundo do trabalho em si, estão sempre em transformação. Ao longo dos 40 anos a CUT se reorganizou diversas vezes para cumprir com seu papel de representar o conjunto da classe trabalhadora e na luta pela democracia do país, com igualdade e justiça social.

Para os próximos anos, não será diferente, apontou o secretário de Administração e Finanças da CUT, Ariovaldo de Camargo.

“Estamos celebrando os 40 anos e apontando para os próximos 40 anos, para representar a classe trabalhadora em sua plenitude. A CUT nasceu com caráter classista, de massa e organizada pela base. O desafio principal hoje é olhar para um segmento que representa quase metade dos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil, que não está no mercado formal de trabalho”, explicou o dirigente em relação a uma das principais transformações da relação capital e trabalho nos últimos anos – a precarização ocasionada pela informalidade.

Tal transformação foi aprofundada com a reforma Trabalhista do governo de Michel Temer (MDB), em 2017, que além de acabar com direitos de trabalhadores, também investiu para enfraquecer e desestabilizar o movimento sindical.

No entanto, a CUT, com todas as dificuldades, se manteve firme e em luta para se manter em seu propósito. “Neste momento de celebração, estamos sendo desafiados para que, nos próximos 40 anos, possamos dar respostas ao conjunto da classe trabalhadora, que envolve os trabalhadores informais e os formais. Por isso, temos muito o que fazer e desejamos sucesso à CUT e muita garra para os próximos 40 anos de muita luta”, pontuou Ari. (...)

CLIQUE AQUI para continuar lendo a matéria de André Accarini, originalmente postada no site  https://www.cut.org.br/

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*NOTA deste Editor: Não posso deixar de registrar aqui que tenho a imensa honra de ter sido um dos fundadores do PT e, após, da nossa CUT, tendo participado do seu Congresso de Fundação ocorrido em São Bernardo do Campo/SP, delegado de base que fui, eleito em assembleia pela então oposição à direção do Sindicato dos Gráficos de Porto Alegre/RS (trabalhava à época no Jornal Correio do Povo, então do Grupo Caldas Jr.). #LongaVidaàCUT!!!

“PT Santiago/RS: Comemorar, Confraternizar e Mobilizar para 2024” - Registros

 

Conforme estava programado, na última sexta-feira, 25/08, o Partido dos Trabalhadores de Santiago - PT realizou, juntamente com o Comitê Popular de Lutas "A Verdade Vencerá", uma importante atividade chamada “PTSantiago/RS: Comemorar, Confraternizar e Mobilizar para 2024”. A mesma contou com a presença de aproximadamente 200 pessoas, dentre as quais filiados, militantes, simpatizantes, lideranças e dirigentes municipais e regionais do partido e de movimentos sociais. 

Se fizeram presentes também os Deputados Adão Pretto Filho e Jeferson Fernandes (estaduais), Alexandre Lindenmayer e Elvino Bohn Gass (federais) do PT.

Abaixo, mais alguns registros fotográficos (via WhatsApp) desse importante evento do PT de Santiago: