18 março 2024

Lava Jato, 10 anos – entre o espetáculo midiático e a criminalização da política

 


Por Eliara Santana*

Hoje, 17 de março [domingo], a primeira fase da Operação Lava Jato completa 10 anos.

Ao longo desses anos, todas as noites, eu me encontrava com o Jornal Nacional e com a famigerada imagem do fundo vermelho com um duto enferrujado de petróleo por onde escorria muito dinheiro.

Era uma experiência angustiante porque eu via ali se desenhar uma grande armação contra o país, contra a democracia, contra um grupo político.

E com o precioso apoio da mídia corporativa. No imaginário simbólico da população brasileira, aquela imagem simbolizava a corrupção.

Midiaticamente, a corrupção tinha cor e partido político, e isso justificava todos os abusos e as arbitrariedades jurídicas, todo o punitivismo, as condenações sem provas, a produção de delações forçadas, o espetáculo na condução das investigações, a ausência de contraditório.

Em linhas gerais, este pode ser um resumo do legado da Lava Jato:

— procuradores e juízes que se tornavam, midiaticamente, heróis;

— a Petrobras, patrimônio nacional e galinha dos ovos de ouro, sendo destruída pelas sucessivas denúncias e ataques;

— corrupção vinculada a grupos políticos específicos;

— perseguição a políticos de esquerda em nome de um pretenso combate á corrupção;

— um juiz de primeira instância que prende um ex-presidente, libera trechos de delações às vésperas da eleição, grampeia e ex-presidente e divulga áudios com conversas da presidenta atual e se torna o ministro da Justiça do opositor;

— a criminalização da política no Brasil;

— derrocada do sistema político e jurídico do país; a eleição de Jair Bolsonaro, um candidato racista, machista, homofónico e representante da milícia, o prior presidente do país.

Na verdade, uma arquitetura político-ideológica que se fantasiou de operação judicial para convencer a população e criminalizar a esquerda e a política de modo geral.

Construção que teve, na mídia corporativa tradicional a grande e maravilhosa parceira, aliada, companheira para apontar inimigos, persegui-los, condena-los sem qualquer contraditório. A Lava jato era a lei.

E nessa encenação, o trabalho conjunto e afinado com a mídia corporativa, Jornal Nacional à frente, mas não sozinho, foi fundamental.

Repeti à época, repito agora: sem o apoio inquestionável da mídia, a Lava Jato não seria o que foi, não teria causado o estrago que causou ao funcionamento institucional do país.

Muito além da simples divulgação massiva de informações relativas a processos em andamento, a ação conjunta e coordenada da mídia com a Lava Jato foi decisiva para direcionar os rumos políticos do Brasil.

Havia um modus operandi muito específico que envolvia um timing perfeito na divulgação de investigações, nas ações espetaculares da Força Tarefa e nas delações direcionadas, e a encenação das reportagens relativas a essas investigações, o que garantia uma percepção dominante de que havia ali “heróis” que tinham a “missão” de acabar com a grande corrupção. Nada mais falso.

Os tais heróis da Lava Jato eram juízes e promotores oportunistas, manipuladores, com um viés ideológico fortíssimo e deslumbrados com os auspícios da mídia, com a imensa exposição que estavam tendo.

A primeira fase da Operação Lava Jato foi deflagrada num ano eleitoral muito importante, quando Dilma Rousseff era presidenta, e a Petrobras era a esperança brasileira com o pré-sal.

Dilma e o PT haviam enfrentado as tais jornadas de 2013 e saíram fortalecidos, pois a economia ia de vento em popa, os brasileiros consumiam, viajavam e faziam churrasco. A Lava Jato veio a calhar para quebrar esse ritmo.

Na primeira fase, deflagrada exatamente em 17 de março, foram presos o doleiro Alberto Youssef e o diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa. O espetáculo midiático estava garantido.

Em agosto de 2014, com as campanhas para eleição presidencial já em campo, Paulo Roberto Costa assina o primeiro acordo de delação premiada e cita em depoimento lideranças do PT. Segue o espetáculo.

Para relembrar o significado da ação conjunta entre mídia corporativa e Lava Jato, quero trazer aqui alguns momentos e composições muito reveladores do que foi esse conluio jurídico-midiático que tanto mal fez ao país e à democracia brasileira.

A primeira lembrança é a da imagem potente que simbolizou a o redesenho da corrupção feita pela Lava Jato e a mídia – um fundo vermelho, com um duto enferrujado de petróleo por onde escorria muito dinheiro.

Era a imagem que ilustrava, noite após noite, as reportagens do Jornal Nacional sobre a corrupção ligada a um único grupo político.

A segunda é a capa do Jornal Folha de S. Paulo, de 5 de abril de 2015, que mostra os procuradores da lava jato, Deltan Dallagnol à frente, como “intocáveis”. Eles eram, portanto, os heróis contra os quais não cabia qualquer questionamento em relação às ações.

A terceira é o papel do principal repórter da Rede Globo envolvido com a cobertura da Lava Jato à época, Vladimir Netto.

Em 21 de junho de 2016, o jornalista global Vladimir Netto, que desde sempre fazia as reportagens sobre a Lava Jato, lançou um livro contando os “bastidores” da operação. O primeiro evento de lançamento foi em Curitiba.

Segundo reportagem divulgada no jornal O Globo à época, o jornalista “descreve de forma eletrizante cada operação policial”.

Em fevereiro de 2021, vazamentos da Operação Spoofing divulgados pelo The Intercept mostraram o tamanho dessa proximidade: há conversas frequentes do coordenador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, com Vladimir Netto, que “aconselhou” o procurador a não emitir nota após a condução coercitiva de Lula.

Outra lembrança é de 4 de março de 2016, quando – o então juiz Sergio Moro autoriza a condução coercitiva do ex-presidente Lula para depor para a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.

O então ex-presidente não havia sido intimado a depor e, portanto, não havia negativa da parte dele – não havia, portanto, qualquer motivação legal para a condução coercitiva.

Quando os policiais chegaram para buscar Lula, a reportagem da Globo já estava a postos. O assunto, claro, dominou toda a edição do JN naquela noite, com a manchete anunciando: “PF leva Lula para depor a investigadores da Lava Jato em SP”.

Não havia contraditório na notícia, nada de dimensionar o significado de uma condução coercitiva em que o réu não havia oferecido resistência. Interessava o espetáculo exaltando a Lava jato.

E em 16 de março de 2016, o juiz Sergio Moro liberou áudios contendo conversas do ex-presidente Lula com várias pessoas, incluindo a presidenta Dilma Rousseff. Havia também conversas particulares de dona Marisa com um dos filhos. Tudo foi divulgado com grande estardalhaço na mídia.

A investigação envolvendo Lula estava em andamento, e Moro justificou a liberação dizendo que era assunto de interesse público.

Conversas particulares de dona Marisa Letícia com um dos filhos ganhou destaque em todos os jornais, o que comprometeu a saúde da ex-primeira-dama, que morreria um ano depois com um AVC.

Avançamos para outra lembrança, de como a parceria contribuiu para eleger Jair Bolsonaro. Era 1º de outubro de 2018, às vésperas do primeiro turno da eleição para presidente.

Sergio Moro liberou a divulgação de trechos de delação do ex-ministro Antônio Pallocci que continham acusações contra o ex-presidente Lula. Os trechos foram liberados com exclusividade para o JN, que se encarregou de produzir um grande espetáculo.

Em novembro, com a eleição de Jair Bolsonaro, Sergio Moro assume como ministro da Justiça. Era o prêmio que aguardava pelos serviços prestados.

Mas como o mar da história é agitado, a Operação Lava Jato tem um fim melancólico em 2021. Sem alarde, sem destaque nos jornais, apenas com as sucessivas denúncias de violação à imparcialidade por parte do ex-juiz Sergio Moro.

A imprensa, como sempre, tenta se esquivar do papel fundamental que teve ao garantir a projeção de Moro, Dallagnol e da Operação como um todo. Ela foi cúmplice, parceira, igualmente culpada. Nunca vamos nos esquecer.

Para fechar, quero fazer aqui um agradecimento público à querida Conceição Lemes, editora do Viomundo e parceira fidedigna, fiel e maravilhosa. Honro muito as parcerias e as pessoas que sempre me deram ouvidos, me deixaram falar e me deram espaço quando tudo estava em direção contrária. Conceição foi essa pessoa, e eu só agradeço.

Ao fechar este ciclo de 10 anos da Lava Jato, minha sensação é de alegria e dever cumprido. Mas sigamos sempre atentos, porque os lobos estão sempre à espreita.

*Fonte: Viomundo

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Ângela Carrato: Mídia tenta na maior cara de pau reeditar a Operação Lava Jato 

16 março 2024

E.d.n.a.r.d.o - Pavão Mysteriozo ... e muito e mais ...

EXCLUSIVO - Gilmar Mauro, do MST: “É o Brasil que carrega o agronegócio nas costas, não o contrário”

Em entrevista à Fórum, o histórico dirigente explica as causas da alta dos preços dos alimentos e projeta colapso do agronegócio diante das crises climática e social; "Bolha especulativa do agro começa a se formar e reforma agrária ainda é urgente"

A pesquisa Genial/Quaest divulgada no último dia 6 de março mostrou queda na popularidade do presidente Lula (PT), que saiu de 54% de aprovação em dezembro para 51%. Entre as razões que o instituto elencou para explicar os dados está a percepção de que a economia piorou. E mesmo que a economia tenha de fato melhorado, é preciso entender essa percepção: 73% dos entrevistados afirmaram que os preços dos alimentos explodiram no último mês.

Uma semana depois, na última terça-feira (12), foram divulgados os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A média de aumento nos preços dos alimentos foi de 1,12%. O problema é que os maiores aumentos foram registrados em itens populares e de amplo consumo. A cebola aumentou 7,37%, a batata subiu 6,79% e os preços do leite e do arroz registraram altas de 3,5% e 3,7%. E os valores já estão acrescidos da alta registrada em fevereiro. Na ocasião, a batata tinha subido mais de 22%, a cenoura 36% e o feijão carioca 7,2%. (...)

*CLIQUE AQUI para continuar lendo (via Revista Fórum).

Matança lá e cá

 


*Via Brasil de Fato

15 março 2024

“Podem encerrar as investigações. Já há provas contra Bolsonaro”, diz Lênio Streck*

Jurista comentou a divulgação de depoimentos na investigação da tentativa de golpe


Jurista Lenio Streck (Foto: Jacson Miguel Stülp/Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Sul)

Após o Supremo Tribunal Federal decidir levantar o sigilo sobre os depoimentos dos investigados pela tentativa de golpe de Estado, o jurista Lênio Streck afirmou que não restam dúvidas sobre o envolvimento de Jair Bolsonaro na trama golpista. 

Segundo Streck, as investigações já podem ser encerradas, tendo alcançado claramente Bolsonaro. Nesta sexta-feira (15), ele citou trechos do depoimento do tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, ex-comandante da Aeronáutica, que complicou Bolsonaro.

 >>> SAIBA MAIS: Bolsonaro pediu a ex-AGU atos contra resultado eleitoral, diz ex-comandante da Aeronáutica

"Podem encerrar as investigações! Há provas suficientes para processar Bolsonaro (e não só ele) por tentativa de golpe", escreveu o jurista. 

Ele citava um trecho do depoimento de Baptista Junior em que o ex-comandante diz que o golpe de Estado planejado pelo entorno de Jair Bolsonaro para mantê-lo na Presidência apesar da vitória incontestável de Lula poderia ter sido consumado caso o general Marco Antônio Freire Gomes, então comandante do Exército, tivesse aderido ao plano.

*Via https://www.brasil247.com/

14 março 2024

Há seis anos, Marielle Franco era assassinada; saiba as últimas atualizações das investigações

 O brutal assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol) e de seu motorista Anderson Gomes completou 6 anos nesta quinta-feira


247* - O brutal assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol) e de seu motorista Anderson Gomes completou 6 anos nesta quinta-feira (14), ainda sem solução. Até agora, 4 suspeitos estão presos:

Edilson Barbosa dos Santos, o Orelha, apontado como o responsável por desmanchar o Cobalt prata usado no 14 de março de 2018.

Ronnie Lessa foi preso em março de 2019. Na delação de Élcio de Queiroz, é apontado como autor dos disparos. 

Élcio de Queiroz, ex-sargento da Polícia Militar, expulso da corporação em 2015. Após 4 anos preso, ele fez uma delação premiada e admitiu que dirigia o carro que perseguiu o veículo onde estavam a vereadora e seu motorista.

Suel também está preso e já havia tentado matar a vereadora em 2017. Ele é ex-sargento do Corpo de Bombeiros, acusado de ter cedido um carro para a quadrilha, esconder as armas após o crime e auxiliar no descarte delas.

Últimas atualizações do caso- A Força-tarefa Marielle Franco e Anderson Gomes do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) apresentou as alegações finais na ação penal movida contra o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel, e pede que ele seja julgado pelo Tribunal do Júri pelas mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, no dia 14 de março de 2018.

De acordo com o MPRJ, nas conclusões do parecer, além do julgamento, os promotores Eduardo Morais Martins e Mario Jessen Lavareda pedem que o réu seja pronunciado por homicídio duplamente qualificado contra Marielle e Anderson, além de uma tentativa de homicídio duplamente qualificado contra Fernanda Chaves, assessora da vereadora, que estava no mesmo carro no dia do crime.

Os promotores pedem ainda que Suel seja julgado por receptação referente ao veículo Cobalt, usado no crime, e a manutenção da prisão preventiva do réu em presídio federal de segurança máxima.

No dia 24 de julho do ano passado, Suel foi preso na Operação Élpis, deflagrada pela Polícia Federal e o MPRJ, na primeira operação realizada desde que a PF assumiu as investigações no início de 2023.

Possível mandante- Deputado estadual pelo MDB durante cinco mandatos no estado do Rio de Janeiro, Domingos Brazão, 58 anos, é conselheiro do Tribunal de Contas (TCE-RJ) foi apontado em janeiro de 2024 pelo ex-policial militar Ronnie Lessa como um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e Anderson Gomes.

O ex-deputado é líder de um poderoso grupo político da zona oeste do Rio, berço das milícias da capital. Ele enfrentou acusações de improbidade administrativa, fraude, máfia dos combustíveis e o envolvimento com milícias para a compra de votos e formação de curral eleitoral, de acordo com informação publicada pela Carta Capital

Ele nega as acusações.

A expectativa é que a conclusão do caso ocorrerá no mês de abril, trazendo a possibilidade de finalmente encerrar um dos crimes que mais indignou o Brasil.

Quem foi Marielle Franco - Marielle Franco foi uma ativista política, socióloga e vereadora brasileira. Ela nasceu em 27 de julho de 1979. Franco foi uma defensora dos direitos humanos, especialmente dos direitos das mulheres, negros e LGBTQ+. Ela cresceu na favela da Maré, no Rio de Janeiro, e enfrentou muitos desafios em sua vida, incluindo a pobreza e a violência policial.

Marielle Franco tornou-se uma figura proeminente na política brasileira por sua luta contra a brutalidade policial, a corrupção e os abusos de direitos humanos. Ela foi eleita vereadora do Rio de Janeiro pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) em 2016, com uma plataforma centrada na defesa dos direitos das minorias e na segurança pública.

*Com o site https://www.brasil247.com/

13 março 2024

MÍDIA - Globo agride Lula e distorce a realidade para tentar manter dividendos abusivos na Petrobras

Jornal afirma que "Lula mina a confiança no Brasil", quando ocorre justamente o contrário


Lula e Jean Paul Prates na refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca (PE) 18/01/2024 (Foto: Ricardo Stuckert)

247* O jornal O Globo, que apoiou o golpe de estado de 2016, contra a ex-presidente Dilma Rousseff, e a prisão política do presidente Lula, fenômenos que permitiram a ascensão de Michel Temer para que ele transferisse a renda do petróleo brasileiro para acionistas minoritários da Petrobras, publica editorial nesta quarta-feira, que agride Lula e distorce a realidade. Intitulado "Lula mina a confiança no Brasil", o jornal afirma que, "ao intervir na Petrobras, presidente corrói credibilidade do mercado e prejudica desenvolvimento".

O texto agride a história porque, quando presidiu o Brasil entre 2003 e 2010, Lula resgatou a confiança no Brasil, acumulou mais de US$ 300 bilhões em reservas internacionais e fez com que o País alcançasse o grau de investimento. Neste terceiro mandato, Lula também resgatou a credibilidade no Brasil, destruída nos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, que haviam transformado o país em pária internacional.

O objetivo do Globo, com este editorial, é pressionar a Petrobras a retomar a política de dividendos abusivos. "Desde 2021, a Petrobras distribui entre os acionistas uma fatia extra dos lucros quando obtém bons resultados, os dividendos extraordinários. A expectativa de que voltassem a ser distribuídos neste ano alavancou as ações. O presidente da petroleira, Jean Paul Prates, defendia a distribuição de 50% do resultado extraordinário em dividendos, mas tal visão não prevaleceu no Conselho. Na semana passada, a Petrobras comunicou que pagaria apenas dividendos ordinários, mas nada de dividendo extraordinário", escreve o editorialista.

"São nítidas as digitais de Lula na decisão. Ele encara a petroleira estatal como instrumento de política pública", prossegue, quando, na verdade, a Petrobras é uma empresa pública e que, portanto, tem diversas funções públicas, como a de garantir o abastecimento de derivados no mercado brasileiro a um preço justo e competitivo.

No editorial, o Globo também se posiciona contra a retomada de investimentos em refino pela Petrobras e, na prática, defende um modelo predatório de exploração das riquezas nacionais. "Cada movimento desses não só destrói valor, mas também corrói a credibilidade do capitalismo brasileiro, essencial para promover o desenvolvimento que Lula afirma defender", escreve o editorialista do Globo, que, na realidade, defende um Brasil espoliado e subdesenvolvido.

*Fonte: https://www.brasil247.com/

12 março 2024

ADVOCACIA - SANTIAGO/RS

 


*Solicitamos agendar consulta via Cel. ou WhatsApp.

**Escritório em novo endereço: Rua Desidério Finamor, esquina c/Rua Marçal Rodrigues Fortes - Bairro Alto da Boa Vista - Santiago/RS

11 março 2024

Miguel Paiva e as pesquisas contra o governo Lula

 


*Com o Blog do Mello

ELEIÇÕES 2024 - PT deve ter candidato próprio na disputa pela prefeitura de 13 capitais

Petistas apoiarão partidos da base do governo federal nas outras capitais; Lula entrará na campanha em áreas polarizadas

Lula priorizará candidaturas petistas em áreas de polarização com candidatos ligados a Bolsonaro - Foto: Ricardo Stuckert

Por Igor Carvalho*

A politica de respeito às alianças partidárias que compõem a base do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve ser mantida nas eleições municipais em 2024. Para evitar o confronto com aliados e acomodar os interesses de todas as legendas, os petistas já admitem que devem ter candidaturas próprias disputando as prefeituras de apenas 13 capitais do país.

Os petistas escolhidos para disputar as capitais já estão praticamente definidos. Impasse, apenas em Fortaleza (CE) e João Pessoa (PB). O diretório do PT do Ceará deverá escolher seu candidato entre seis nomes que brigam para representar o partido nas urnas. Entre os postulantes, a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE), que já governou a cidade e que neste momento aparece à frente dos demais concorrentes.

Já em João Pessoa, a disputa está mais fechada. Os deputados estaduais Luciano Cartaxo e Cida Ramos disputam uma guerra interna pela vaga de candidato do partido à prefeitura. O primeiro já governou o município em duas oportunidades.

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A corrida de candidatos pela presença de Lula em suas campanhas deve se repetir em 2024. Porém, o presidente da República priorizará capitais onde houver polarização evidente com candidaturas ligadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Este será o cenário de algumas cidades. Entre elas, Goiânia (GO), onde a deputada federal Adriana Accorsi (PT-GO) enfrentará o seu colega de parlamento Gustavo Gayer (PL-GO) e o senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), duas das principais forças do bolsonarismo no Congresso Nacional. Os três aparecem próximos nas pesquisas recentes.

Em Porto Alegre (RS), o atual prefeito Sebastião Melo (MDB), terá em sua chapa o atual vice-prefeito, Ricardo Gomes (PL), e terá o apoio de Bolsonaro na busca pela reeleição. Na outra ponta, os petistas apostam na deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), que deve receber Lula em seu palanque. O emedebista e a petista lideram as principais pesquisas divulgadas até o momento.

deputada federal Camila Jara (PT-MS), filha de assentados do MST, enfrentará a sanha do agronegócio, bem representada por André Puccinelli (MDB), ex-governador sul-mato-grossense, na disputa pela prefeitura de Campo Grande (MS). A petista precisará do apoio de Lula para alavancar a sua candidatura, que nas primeiras pesquisas aparece entre as preferidas do eleitor.

Além de Fortaleza, Goiânia, João Pessoa, Porto Alegre e Campo Grande, o PT lançará candidato próprio em Belo Horizonte (MG), com a chapa encabeçada pelo deputado federal Rogério Correia (PT-MG); em Vitória (ES), com o deputado estadual João Coser (PT) à frente da candidatura; em Florianópolis (SC), o escolhido foi o ex-vereador Vanderlei Lela (PT); em Cuiabá (MT), os petistas serão representados pelo deputado estadual Lúdio Cabral (PT).

No nordeste, região onde Lula conseguiu a maior parte de seus votos em 2022, a deputada federal Natália Bonavides (PT-RN) disputará a prefeitura de Natal (RN); em Aracajú (SE), Candisse Carvalho, que é ex-repórter da TV Globo, será a candidata petista; o deputado federal Fábio Novo (PT) encabeçará a chapa do PT na disputa pelo governo de Teresina (PI).

A Prefeitura de Rio Branco (AC) será a única capital do Norte que o PT disputará. O nome escolhido pelo partido é o ex-prefeito Marcus Alexandre, que está no MDB, mas era filiado ao PT até agosto de 2023. Há uma negociação para que ele retorne às fileiras petistas para disputar a eleição.


 

Não-petistas

Em outras 13 capitais, o PT abrirá mão de liderar as chapas que disputarão as prefeituras e apoiará candidatos de partidos que integram a base do governo federal. Isso acontecerá em São Paulo, onde os petistas não terão uma candidatura própria pela primeira vez desde a redemocratização do país.

Na capital paulista, o PT indicou a ex-prefeita Marta Suplicy (PT) para ser vice, na candidatura que será liderada pelo deputado federal Guilherme Boulos (PSOL). Em São Paulo (SP), psolistas e petistas enfrentarão o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), candidato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Há um conjunto de candidaturas apoiadas pelo PT de prefeitos que buscarão a reeleição com potencial de vitória e que são próximos do partido. É o caso do Rio de Janeiro (RJ), onde os petistas estarão no palanque do atual prefeito, Eduardo Paes (PSD).

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Os prefeitos Geraldo Júnior (MDB), de Salvador (BA); João Campos (PSB), de Recife (PE); Eduardo Braide (PSB), de São Luis (MA); Edmílson Rodrigues (PSOL), de Belém (PA); estão no bloco de prefeitos que tentarão a reeleição e terão o apoio do PT em suas cidades.

*Edição: Matheus Alves de Almeida - Via BrasildeFato