29 outubro 2025

Sobe para 134 o número de mortos em chacina policial no Rio

Os próprios moradores retiraram ao menos 50 corpos de uma região de mata

Passageiros tentam embarcar para voltar para casa em dia de caos nos transportes (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

247* - O número de mortos na operação policial no Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, subiu para 134 após moradores encontrarem dezenas de corpos em uma área de mata na manhã desta quarta-feira (29). A ação, considerada a mais letal da história do estado, foi realizada um dia antes e deixou a comunidade em estado de choque.

De acordo com informações publicadas pela Agenda do Poder, os próprios moradores retiraram ao menos 50 corpos da mata, localizada na Serra da Misericórdia, epicentro dos confrontos. Fontes ouvidas pela publicação afirmam que o número de mortos pode ultrapassar 100, enquanto os dados oficiais do governo estadual ainda registram 64 óbitos confirmados. Os corpos foram levados para a Praça São Lucas, na Estrada João Lucas, uma das principais vias da região.

Segundo testemunhas, ainda há vítimas na localidade conhecida como Vacaria, outro ponto de intensos tiroteios durante a operação. O ativista Raull Santiago, que ajudou nas buscas e na retirada dos corpos, relatou nas redes sociais a dimensão da tragédia. “Mais lonas foram esticadas para dar conta dos corpos que estão sendo encontrados”, escreveu, ao publicar uma imagem mostrando a cena desoladora na comunidade.

Quatro policiais estão entre as vítimas fatais, e outros nove ficaram feridos. As autoridades afirmam que a operação tinha como alvo o cumprimento de cem mandados de prisão contra integrantes do crime organizado, entre eles Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca, apontado como um dos líderes do Comando Vermelho nas ruas. O Disque Denúncia anunciou uma recompensa de R$ 100 mil por informações sobre o paradeiro do criminoso — o maior valor oferecido desde o caso de Fernandinho Beira-Mar, preso em 2001.

A repercussão do episódio gerou forte reação política e institucional. A Defensoria Pública denunciou supostas violações de direitos humanos e abusos cometidos durante a operação. O governo federal decidiu enviar uma comitiva ao Rio para discutir medidas de segurança pública, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocar uma reunião de emergência com a cúpula ministerial. Já a Câmara dos Deputados antecipou a votação da PEC da Segurança, diante da escalada da violência.

O governador Cláudio Castro solicitou o envio de dez líderes de facções presos para penitenciárias de segurança máxima, pedido que foi atendido pelo governo federal.

No cenário internacional, o Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos manifestou preocupação com a operação. “Estamos horrorizados com a operação policial em andamento nas favelas do Rio de Janeiro”, afirmou a entidade em comunicado publicado nas redes sociais. A Human Rights Watch também condenou a ação, defendendo uma mudança estrutural na política de segurança do estado. “O Rio precisa de uma nova política de segurança pública, que pare de estimular confrontos que vitimizam moradores e policiais”, declarou a organização.

-Leia também: População do Rio coloca cadáveres na rua em protesto contra a chacina policial

*Via Brasil247

27 outubro 2025

80 anos de Lula, o tempo da esperança que não envelhece



      Foto: Acervo pessoal de Nelice Pompeu

Por Nelice Pompeu*

Ver crianças comemorando o aniversário do presidente Lula é enxergar, na pureza dos gestos e nos sorrisos sinceros, o símbolo do Brasil que renasce.

Essas crianças representam o futuro que Lula ajuda a reconstruir, um país de esperança, solidariedade e dignidade para todos.

A imagem, do meu acervo pessoal, mostra crianças de uma ocupação na zona leste em um gesto de celebração simples e profundo. É a expressão mais pura da esperança, do amor e da gratidão de um povo que reconhece em Lula o seu maior líder e a força de um Brasil que volta a sonhar.

Lula não é apenas um presidente, é uma ideia viva que inspira gerações. Seu legado é o de quem plantou esperança onde antes havia desesperança, de quem acreditou que os filhos do povo também têm direito a sonhar, estudar e viver com dignidade.

Hoje ele completa 80 anos e somos nós que ganhamos o presente de tê-lo novamente à frente do país, reconstruindo o Brasil com coragem, amor e compromisso com os que mais precisam.

Lula é visionário, pensa nas futuras gerações e planta agora as bases de um Brasil mais justo, humano e solidário.

Os sonhos não envelhecem.

E é nesse Brasil que quero crescer e sonhar.

Lula é mais que um homem público.

É a esperança que pulsa em cada um de nós.

As ideias vivem, resistem e florescem.

E como dizem que Deus é brasileiro, peço a Ele que proteja e dê muita saúde ao nosso presidente Lula, para que siga firme e iluminado nos novos desafios que ainda virão

Parabéns, presidente, pelos seus 80 anos de luta e amor ao povo brasileiro.

Somos todos Lula.

Que venha 2026.

*Nelice Pompeu é professora da rede pública de São Paulo e do Movimento Escolas em Luta. -Fonte: Viomundo

25 outubro 2025

“Extrema-direita vive de trair o povo e bajular o imperialismo”, diz Radde



MAIOR OCUPAÇÃO - MST celebra os 40 anos da ocupação da Fazenda Annoni, marco da luta pela terra no Brasil

Assentamento 16 de Março, em Pontão, norte do Rio Grande do Sul, [está sendo]  palco das comemorações nos dias 24 e 25 de outubro

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) irá celebrar os 40 anos da histórica ocupação da Fazenda Annoni, nos dias 24 e 25 de outubro, no Assentamento 16 de Março, em Pontão, norte do Rio Grande do Sul. O evento contará com a Feira Estadual da Reforma Agrária Popular – MST 40 anos e a Conferência Estadual da Reforma Agrária Popular: Memória, Luta e Desafios Atuais.

A organização é uma parceria do MST com o Instituto Preservar, contando com o apoio de diversas entidades e órgãos governamentais, incluindo a Fundação Banco do Brasil, o Governo do Brasil, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), o Instituto Nacional da Reforma Agrária (Incra), a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e a Crehnor.

A celebração contará com intensa programação. Na manhã de sexta-feira (24) haverá a recepção no Instituto Educar e o início do roteiro nos Caminhos da Reforma Agrária. O roteiro inclui sete pontos de visitação, destacando o Educar, a Cooperlat, a Encruzilhada Natalino (o embrião do MST), a Área 10 (local do acampamento original) e a Cooptar (organização coletiva).

Ao meio-dia, está prevista a Cerimônia de Nomeação da Rodovia Caminhos da Reforma Agrária. À tarde, após a Mística e a Abertura Oficial da Feira, serão realizados Espaços de Convergência, que incluem seminários sobre saúde, direitos humanos, cooperação e agroecologia, além de um encontro de escritores e pesquisadores da luta pela terra.

A noite será dedicada à Jornada Socialista – Roseli Nunes e uma Noite Cultural com apresentações artísticas.

No sábado (25), a programação inicia com a Conferência Estadual da Reforma Agrária Popular, que contará com a presença de lideranças como João Pedro Stédile, José Geraldo Souza e Alessandra Gasparotto.

À tarde, haverá Apresentações Artístico-Culturais e o Ato Político em Defesa da Reforma Agrária, com falas de representações do governo, apoiadores institucionais, parceiros, políticos e convidados. O evento será encerrado com uma confraternização, às 20h.

A noite da maior ocupação da História

Rio Grande do Sul foi o início da criação do MST, com o acampamento de Encruzilhada Natalino, da Macali e Brilhante – Foto: Eduardo Vieira da Cunha

A ocupação da Fazenda Annoni, ocorrida na noite de 29 de outubro de 1985, é amplamente reconhecida como um marco histórico na luta pela terra no RS e na fundação do MST. A ação foi precedida por um longo preparo de dois anos, com logística meticulosamente organizada.

Naquela noite de lua cheia, mais de 200 caminhões, ônibus e carros partiram de 32 municípios do estado para ocupar o grande latifúndio, que era majoritariamente improdutivo. Cerca de 7.500 pessoas participaram do que foi, até então, a maior e mais bem planejada ocupação de terras na história do Brasil.

O local, que estava em litígio judicial desde 1972, estava coberto principalmente por capim-annoni, uma praga que hoje infesta os campos gaúchos. A mobilização popular foi tão massiva que a Brigada Militar, ao chegar, acabou tendo que organizar o trânsito dos veículos que se dirigiam ao local do acampamento. O acampamento da Annoni foi reconhecido pelo jornal Zero Hora em 1999 como um dos “100 fatos que marcaram o Rio Grande” no século 20.

A luta organizada resultou no assentamento de 1.250 famílias. O período de resistência se estendeu por oito anos, durante os quais os acampados realizaram 36 ocupações de terra, nove greves de fome e marcharam por 27 dias (450 km) até Porto Alegre para visibilizar a luta. As primeiras famílias foram oficialmente assentadas em 1992, com o assentamento definitivo consolidado em 1993.

O assentado Isaías Vedovatto, responsável por cortar os arames para entrar na fazenda em 1985, afirma que a Annoni foi a primeira ocupação após a criação do MST de impacto nacional. “Teve outras, como a Abelardo Luz em Santa Catarina, que foi grande também, mas de impacto, de repercussão nacional e inclusive internacional, foi a Fazenda Annoni.”

Ele lembra que aqui no Rio Grande do Sul foi o início da criação do MST, com o acampamento de Encruzilhada Natalino, da Macali e Brilhante, que foram processos anteriores ou de pré-criação do MST. “Mas a ação que marcou, de fato, e é considerada como a primeira ocupação massiva após a criação do MST no estado foi a Annoni. Então, esse é um marco muito importante. Quando a gente estava organizando para ocupar a fazenda Annoni, a gente estava se organizando para criar o MST.”

Avanços nestes 40 anos

O assentado Isaías Vedovatto foi o responsável por cortar os arames para entrar na fazenda em 1985 – Foto: Pedro Stropasolas

Questionado sobre os avanços nestas quatro décadas, Vedovatto avalia que a Annoni e outros assentamentos desse período foram um celeiro. “Foram 40 anos de aprendizado, para se chegar ao que o movimento defende hoje, a Reforma Agrária Popular.” Para ele, não foi uma elaboração apenas de papel, foi um aprendizado histórico de 40 anos. “É fruto da forma que os assentados produziam, fruto de uma relação da correlação de força, fruto de um debate de como é que o governo encarava a reforma agrária, de um debate com a sociedade.”

Liderança histórica do movimento, Vedovatto reforça que foram muitas experiências que deram erradas, mas também foram aprendizados e foram experiências que deram certo. “Essa é a importância que teve e que a gente tem que ter essa compreensão de um processo histórico. Tudo o que o movimento defende hoje foi um aprendizado de 40 anos.”

O que mais marcou

A lavração da Fazenda Annoni foi um ato político muito importante que contou com a ajuda de muitos agricultores da região – Foto: Eduardo Vieira da Cunha

Vedovatto recorda vários momentos marcantes. “Desde quando se organizava lá na base, a forma que organizava, aquelas reuniões que a gente fazia, que às vezes não ia nem comer na casa no almoço, porque tinha vergonha de chegar nas casas, mas ia convidar as pessoas para ir fazer reunião.”

Também destacou a noite da ocupação: “Quando entramos com aquela multidão, quando combinamos de nos encontrar na Encruzilhada da Barca na noite da ocupação, aonde chegaram os caminhões. Foi muito tenso, porque ali passou a polícia, desde quando chegamos. Quando eu cortei os cinco fios de arame, e o (Egídio) Brunetto que era lá de Santa Catarina começou a entrar com os caminhões. Isso ficou marcado, mas depois no processo de assentamento, de acampamento, teve muitos momentos marcantes…”

Outro fato marcante, na sua opinião, foi a lavração da Fazenda Annoni. “Foi um ato político muito importante que contou com a ajuda de muitos agricultores da região, com mais de 50 tratores ajudando a lavrar a terra.”

Vedovatto se emociona ao destacar que é fruto da Fazenda Annoni. “A minha formação como pessoa foi o acampamento e foi o assentamento da Annoni. Esse foi o coletivo onde eu me moldei do jeito que eu sou hoje, com meus defeitos e minhas qualidades.”

13 outubro 2025

Troca de prisioneiros: Hamas entrega 20 israelenses e 2 mil palestinos deixam prisões de Israel, 154 para exílio forçado*

Expulsão de palestinos viola direito internacional e os impede de se reunirem com suas famílias

Palestino libertado nesta segunda na capital da Cisjordânia, Ramallah - Zain JAAFAR / AFP


O Hamas libertou nesta segunda-feira (15) todos os 20 prisioneiros israelenses vivos que mantinha na Faixa de Gaza, com a libertação de cerca de 2 mil prisioneiros palestinos por Israel em andamento, enquanto ambos os lados cumprem as condições do acordo de cessar-fogo.

Os preparativos para a libertação de prisioneiros palestinos mantidos em prisões israelenses progrediam, com ônibus sendo vistos do lado de fora da prisão militar de Ofer, na Cisjordânia ocupada. Um porta-voz do gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que os prisioneiros seriam libertados assim que Israel recebesse a confirmação de que todos os reféns vivos estivessem em território israelense.

Os prisioneiros israelenses estavam em boas condições, caminhando sozinhos, sem assistência, segundo a imprensa no local. Israel, entretanto, não espera que a repatriação dos corpos dos 28 prisioneiros restantes seja concluída na segunda-feira, apesar do prazo de 72 horas acordado no acordo.

Mas familiares de muitos dos prisioneiros palestinos libertados por Israel sob um acordo de troca dizem que sua tão esperada liberdade é agridoce após saberem que seus entes queridos seriam deportados para terceiros países.

Exílio ilegal para palestinos

Pelo menos 154 prisioneiros palestinos libertados na segunda-feira como parte da troca por prisioneiros israelenses mantidos em Gaza serão forçados ao exílio por Israel, informou o Escritório de Imprensa dos Prisioneiros Palestinos. Os que serão deportados fazem parte de um grupo maior de palestinos libertados por Israel – 250 pessoas detidas em prisões israelenses, além de cerca de 1,7 mil palestinos capturados na Faixa de Gaza durante dois anos de genocídio, muitos dos quais foram “desaparecidos à força”, segundo as Nações Unidas.

Ainda não há detalhes sobre para onde os palestinos libertados serão enviados, mas em uma libertação anterior de prisioneiros em janeiro, dezenas de detidos foram deportados para países da região, incluindo Tunísia, Argélia e Turquia. Especialistas ouvidos pela Al Jazeera disseram que o exílio forçado viola os direitos de cidadania dos prisioneiros libertados e é uma demonstração da duplicidade de critérios que cerca os acordos de troca. “É evidente que é ilegal”, disse Tamer Qarmout, professor associado de políticas públicas no Instituto de Estudos de Pós-Graduação de Doha.

“É ilegal porque são cidadãos da Palestina. Eles não têm outras cidadanias. Saem de uma prisão pequena, mas são enviados para uma prisão maior, longe de sua sociedade, para novos países nos quais enfrentarão grandes restrições. É desumano.”

Muitas famílias palestinas foram surpreendidas com a notícia de última hora. O exílio significa que as famílias não vão conseguir viajar para o exterior para encontrá-los, devido ao controle israelense das fronteiras. À Al Jazeera, Qarmout disse que as deportações visam privar o Hamas e outros grupos palestinos de reivindicar qualquer ganho simbólico com a troca e afastar os prisioneiros deportados de qualquer envolvimento em atividades políticas ou de outra natureza.

“O exílio significa o fim do futuro político deles”, disse ele. “Nos países para onde forem, enfrentarão restrições extremas, de modo que não poderão atuar em nenhuma frente relacionada ao conflito.”

Ele afirmou que as deportações equivalem ao deslocamento forçado dos prisioneiros libertados e à punição coletiva de suas famílias, que seriam separadas de seus entes queridos exilados ou forçadas a deixar sua terra natal se Israel lhes permitisse viajar para se juntar a eles.

“É uma situação vantajosa para Israel”, disse ele, contrastando suas experiências com as dos prisioneiros israelenses libertados, que poderão retomar suas vidas em Israel.

*Da Redação do BdF - Editado por: Rodrigo Durão Coelho

12 outubro 2025

SARAU LITERÁRIO - HOJE, EM SANTIAGO/RS

 


Lula ‘foi para o enfrentamento’ e tende a disputar 2026 ‘mais à esquerda’, dizem ex-presidente do PT e cientista político*

Entrevistados analisam recuperação de popularidade do governo, relação com Congresso e nova comunicação do Planalto

Lula tem ampliado a aprovação do governo e adotado postura mais firme diante do Congresso, avaliam analistas - Ricardo Stuckert/PR

O ex-presidente do PT José Genoíno e o cientista político Paulo Roberto de Souza avaliaram, em entrevista ao podcast Três por Quatro, do Brasil de Fato, que a melhora da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está ligada a uma mudança de postura do governo, mais firme diante do Congresso e mais conectada com pautas populares.

Ambos também projetam que a campanha de 2026 tende a ser “mais à esquerda”, em meio a um cenário de crise global e disputa política intensa no país.

Para o cientista político Paulo Roberto de Souza, o governo vive seu melhor momento desde o início do mandato. Ele destacou que o Planalto acertou ao alinhar ministérios, resultados e discurso, o que ajudou a impulsionar a imagem do presidente. “Sem dúvida, Lula está surfando muito bem, com alguns rearranjos comunicacionais importantes. Isso já vem desde antes da metade do ano. Há uma convergência muito mais explícita entre o governo, seus ministérios e os seus resultados”, afirmou.

Souza lembrou que, em um contexto de crise democrática global, a aprovação de Lula é uma exceção. “Poucas lideranças no mundo democrático têm aprovação razoável há anos. A aprovação do governo Lula pode ser considerada ótima”, avaliou.

José Genoíno avaliou que o contexto internacional de instabilidade econômica e política, com o avanço da extrema direita, tem levado governos progressistas a reforçar posições mais nítidas. “A crise sistêmica que o mundo vive empurra para a esquerda. Governante que quer sobreviver tem que ter posição. O Lula entendeu isso”, disse.

Segundo ele, o presidente conseguiu se recuperar politicamente ao adotar uma postura de enfrentamento, deixando para trás o tom excessivamente conciliador do início do mandato. “Lula percebeu que os caras [a elite dominante e a extrema direita] queriam botá-lo no chão pra ganhar em 2026 e fazer o programa do tudo ou nada. Quando ele percebe isso, ele vai para a briga. Ele tem um instinto de sobrevivência muito forte”, analisou.

Problema da esquerda é projeto estratégico

Apesar da melhora na popularidade, Genoíno defendeu que o campo progressista precisa apresentar um programa mais claro e de longo prazo. “O grande problema nosso, para a esquerda, é ter um projeto estratégico sobre o futuro do país. Não adianta apoio incondicional a Lula. Tem que dizer: ‘Lula, te apoiamos com base nessa plataforma’”, explicou.

O ex-presidente do PT também afirmou que o sucesso do governo depende de medidas estruturais, como a reforma tributária e a reconstrução da política de segurança pública. “São gargalos que têm que estar presentes no programa que vamos disputar em 2026”, indicou.

Na avaliação dos convidados, o cenário eleitoral de 2026 deve ser marcado por uma agenda mais ideológica. “Lula queria fazer um mandato pragmático, mas a conjuntura o empurrou para uma agenda mais à esquerda. A campanha de 2026 vai ser mais à esquerda, pode guardar essa frase”, afirmou Souza.

Agenda internacional e comunicação popular

Na política externa, Genoino avaliou que a atuação do governo vem reforçando o papel do Brasil no cenário global. “Com exceção da Venezuela, Lula acertou na agenda internacional. O fortalecimento do Brics, a postura sobre a Palestina e a Ucrânia, tudo isso se comprova agora”, apontou.

O ex-deputado lembrou que o alinhamento entre a soberania e a integração regional é essencial para a projeção do país. “Se você não faz a integração latino-americana, como vai influenciar no mundo?”, questionou.

Souza também destacou que a virada comunicacional foi decisiva para a melhora da imagem do governo, citando o trabalho do secretário de Comunicação Social da Presidência, Sidônio Palmeira. “Sidônio entendeu a lógica das redes. A comunicação do governo entrou na linguagem do TikTok, dos memes, e está explicando de forma didática. É um esforço claro para falar com o povo”, observou.

Segundo o cientista político, a comunicação mais simples e direta ajudou a reduzir a distância entre o governo e a população, “traduzindo políticas complexas em mensagens compreensíveis para o público”.

Para ouvir e assistir

O videocast Três Por Quatro vai ao ar toda quinta-feira, às 11h ao vivo no YouTube e nas principais plataformas de podcasts, como o Spotify.