09 julho 2025

A chance de ouro de eleger um Congresso mais voltado para o povo

Pode estar chegando a hora de mandar para casa um monte de parlamentares desqualificados da extrema-direita


    Urna eletrônica (Foto: Antonio Augusto/Ascom/TSE)

Por Bepe Damasceno*

Câmara dos Deputados e Senado Federal de imensa maioria conservadora, onde o Centrão e a extrema-direita dão as cartas e focam sua atuação no interesse dos ricos, em detrimento da grande massa de pobres e da classe média. Esse parecia ser um dado cristalizado da realidade, fadado a permanecer por muitos e muitos anos.

Só parecia, porque, ainda bem, política não é ciência exata. Estamos diante de um momento histórico. Surge no horizonte a possibilidade concreta de, finalmente, as forças progressistas mudarem a correlação de forças no Congresso Nacional, elegendo um número maior de parlamentares para as duas Casas.

Fatos políticos inesperados às vezes têm o condão de provocar um terremoto na conjuntura. É o caso da forte reação nas redes sociais desencadeada depois da derrubada pelo Congresso do pequeno aumento do IOF proposto pelo governo, para fazer um mínimo de justiça tributária e equilibrar as contas públicas.

Na mesma toada, deputados e senadores derrubaram um veto do presidente da República, que terá como consequência o aumento das contas de luz, sentaram em cima do projeto do governo que isenta de pagamento de IR quem ganha até R$ 5 mil e aprovaram o aumento do número de deputados.

Pronto, a panela de pressão explodiu nas redes sociais, com um turbilhão incontrolável de vídeos, memes, curtidas, comentários e compartilhamentos denunciando "o Congresso inimigo do povo", " o Congresso da mamata", "Hugo nem se importa", "chegou a vez do povo", etc. 

Pela primeira vez, a esquerda ganhou de lavada uma batalha virtual com a extrema-direita, com reflexos positivos inclusive na popularidade do presidente Lula, como mostram os levantamentos feitos pelo Palácio do Planalto, os trackings.

O alvo da ira das pessoas é justamente o caráter de classe do Legislativo e sua insensibilidade social, o que cria uma chance de ouro para o PT e aliados aumentarem suas bancadas na eleição de 2026. 

Pode estar chegando a hora de mandar para casa um monte de parlamentares desqualificados da extrema-direita, que cobrem de vergonha o Poder Legislativo; de não reeleger as dezenas de "sargentos", "coronéis", "delegados" e "capitães" da bancada da bala e derrotar lobistas do rentismo, do latifúndio e do fundamentalismo religioso.

Para que isso aconteça, no entanto, a esquerda tem que agir com sabedoria, conferindo importância para as eleições proporcionais equivalente ao pleito para o Executivo. Em termos práticos, isso quer dizer mais recursos materiais, campanha eficiente nas redes e tempo de TV privilegiado para os puxadores de voto.

Também não se pode errar na escolha das chapas de candidatos. Será preciso convencer as lideranças do PT e de outros partidos do campo popular, pessoas com prestígio, popularidade, densidade e potencial eleitoral a se lançarem para a Câmara e o Senado, além de artistas e pessoas conhecidas da sociedade.

Uma especial atenção deve ser dada à eleição para o Senado. É ali que a extrema-direita planeja fazer maioria para sabotar a democracia, manietando o STF e votando até impeachment de juízes da Suprema Corte.

*Jornalista - via site Brasil247

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