O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, durante solenidade de entrega da medalha da Ordem de Rio Branco, no Palácio Itamaraty. |
Viomundo, da Redação - O governador do Maranhão, o ex-juiz federal Flávio Dino, resumiu: “Quando um agente público edita um ato administrativo para atender a interesse pessoal perpreta o crime de prevaricação. E quando embaraça investigações configura-se o crime de obstrução à Justiça. É o que diz a legislação penal do Brasil”.
Trata-se da reação ao vazamento da frase que Jair Bolsonaro teria dito em reunião ministerial de 22 de abril: o presidente, ao justificar mudanças na Polícia Federal, falou que um dos objetivos era barrar tentativas de “foder” sua família.
O vídeo foi entregue ao Supremo Tribunal Federal no âmbito de inquérito que o procurador geral da Justiça, Augusto Aras, mandou abrir para apurar as denúncias feitas pelo ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, ao se demitir do governo.
Moro disse que saiu ao notar que Bolsonaro pretendia interferir politicamente na PF, de olho na direção-geral e na superintendência do Rio de Janeiro.
O presidente já obteve as duas mudanças que pretendia.
Existem várias investigações em andamento hoje sobre dois filhos do presidente, o senador Flávio e o vereador Carlos.
Além disso, na apuração do esquema de rachadinhas pelo Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro, o próprio gabinete de Jair Bolsonaro, quando deputado federal, foi envolvido.
A Globonews bateu o bumbo sobre o vazamento da frase de Bolsonaro, mencionando a queda da Bolsa de Valores e a alta do dólar, que passou dos R$ 5,85.
O procurador Augusto Aras pediu ao ministro Celso de Mello, que relata o inquérito, que a Polícia Federal não faça a transcrição completa da reunião do Palácio do Planalto.
“Bala de prata é a forma como estão chamando o vídeo da reunião”, escreveu em sua conta no twitter a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
“Na semana em que Bolsonaro está nas mãos de Aras, vazam que o PGR pode ser indicado ao STF. É muita podridão”, reagiu Ivan Valente, deputado federal (Psol-SP).
De fato, Aras poderia ocupar a vaga de Celso de Mello, que vai ser aposentado compulsoriamente do STF antes do final deste ano.
A repercussão do conteúdo do vídeo, no entanto, pode colocar Aras em situação difícil.
Já vazou que, na reunião, foram feitas críticas à China, que o ministro da Educação Abraham Weintraub se referiu aos 11 integrantes do STF como “filhos da puta” e que a ministra Damares Alves pediu a prisão de prefeitos e governadores que impõem o isolamento social.
Os vazamentos carecem de confirmação, que dependem de a transcrição completa existir — para ser vazada. É, ao menos, a lógica que Sergio Moro usou quando comandava a Operação Lava Jato.
“Assistimos hoje ao vídeo da reunião interministerial ocorrida em 22 de abril. O material confirma integralmente as declarações do ex-ministro Sergio Moro na entrevista coletiva de 24 de abril e no depoimento prestado à PF em 2 de maio. É de extrema relevância e interesse público que a íntegra desse vídeo venha à tona. Ela não possui menção a nenhum tema sensível à segurança nacional”, disse em nota Rodrigo Sanchez Rios, o advogado que representa Sergio Moro no caso.
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