20 junho 2012

INVERNO



Aqui estou, Sr. Inverno


  "sou veterano de cem vigílias,
   sou tapejara de mil insônias"


Já sei que chegas, Inverno velho!
Já sei que trazes - bárbaro! O frio
e as longas chuvas sobre os beirais.
Começo a olhar-me, como em espelho,
nos meus recuerdos... Olho e sorrio
como sorriram meus ancestrais.

Sei que vens vindo... Não me amedrontas!
Fiz provisões de sábias quietudes
e de silêncios - que prevenido!
Vão-se-me os olhos nas folhas tontas
como simbólicos ataúdes
rolando ao nada do teu olvido.

Aqui me encontras... Nunca deserto
do uivo dos ventos e das matilhas
de angústias vindo sem parcimônias.
Chega ao meu rancho que estou desperto:

- sou veterano de cem vigílias,
  sou tapejara de mil insônias.


Aqui estarei... Na erma hora morta,
junto da lâmpada, com que sonho,
não temo estilhas de funda ou arco.
Tuas maretas de porta em porta,
os teus furores de trom medonho
não trazem pânico ao bravo barco.

Na caravela ou sobre a alvadia
terra do pampa - cerros e ondas
meu tino e rumo não mudarão.
No alto da torre que o mar vigia,
ou, sem querência, por longas rondas,
não me estrangulas de solidão.


Tua estratégia de assalto e espera
conheço-a muito, fina e feroz:
de neve matas; matas de mágoa;
derramas nalma um frio de tapera;
nanas ausências a meia voz
e os olhos turvos de rasos d'água.

Comigo, nunca... Se estou blindado!
Resisto assédios, que bem conduzes,
no legendário fortim roqueiro.
Brama as tuas fúrias de alucinado!

- Fico mais calmo que as velhas cruzes
   braços abertos para o pampeiro.

Os meus fantasmas bem sei que animas
para, num pranto de vãs memórias,
virem num coro de procissão
trazer-me o embalo de velhas rimas.

- À intimidade dessas histórias
  tenho aço e bronze no coração.


Então soluças pelas janelas,
gemes e imprecas pelos oitões,
galopas louco sobre as rajadas,
possesso, ululas entre procelas.
E ébrio, nas noites destes rincões
lampejas brilhos de punhaladas.


Inútil tudo! Vê que estou firme.
Nenhum receio me turba o aspeto,
nenhuma sombra me nubla o olhar.
Contigo sempre conto medir-me
frio, impassível, bravo e correto
como um guerreiro que ia a ultramar.

Reconciliemo-nos, velho Inverno!
Nem és tão rude! Tão frio não sou...
Venha um abraço muito fraterno.


Olha...

Esta lágrima que rolou
não a repares...
É de homenagem
a alguém que aos céus se fez de viagem,

e nunca... nunca! Nunca mais voltou...
     
 Aureliano de Figueiredo Pinto
...
*Aureliano de Figueiredo Pinto - expoente maior da poesia regionalista gaúcha. Médico, poeta e romancista nascido em Tupanciretã (RS), santiaguense 'de coração'. (Repostagem do Blog do Júlio Garcia - maio/2008)

19 junho 2012

Porto Alegre - Eleições 2012


* O Partido dos Trabalhadores de Porto Alegre/RS convida todos os militantes, dirigentes e simpatizantes para participar, no próximo domingo (24.06), do Ato Político de Homologação da candidatura do deputado Adão Villaverde à prefeitura de Porto Alegre. A atividade ocorre a partir das 11 horas no Teatro Dante Barone, na Assembléia Legislativa do Estado, centro da capital gaúcha.

Segundo o presidente do Diretório Metropolitano, vereador Adeli Sell, "este encontro vai coroar o início de uma caminhada vitoriosa rumo ao Paço Municipal, pois o PT tem tradição de governar a cidade, conhece suas mazelas e tem propostas para melhorar a qualidade de vida de de seu povo".

São Paulo - Eleições 2012



Quem pode e quem não tem moral para discutir a aliança PT-PP em São Paulo

Muitos se julgam no direito, podem protestar e discordar democraticamente, até mesmo se indignar com a aliança do PT com o PP do deputado Paulo Maluf (SP) para apoiar o nosso candidato a prefeito de São Paulo este ano, o ex-ministro da Educação, Fernando Haddad.

Menos o candidato do PSDB a prefeito, o ex-governador José Serra e certa imprensa. O postulante tucano à Prefeitura porque em sua campanha para o Planalto em 2010 recebeu muito feliz e sem questionar o apoio do mesmo PP e de Maluf e, não esquecer, o de uma parte do PMDB, a liderada pelo ex-governador Orestes Quércia. A imprensa porque se calou diante disso naquela ocasião. Isso quando não apoiou velada ou ostensivamente a aliança do serrismo com o malufismo e o quercismo.

José, tampouco, poderá atacar a aliança PT-PP porque Maluf apoia e integra o governo de seu companheiro tucano, o governador Geraldo Alckmin, ocupando, inclusive, um alto posto na administração, com o malufista Antônio Carlos do Amaral Filho presidindo a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado (CDHU).

Questionam a coligação PT-PP, mas apoiavam a aliança PP-PSDB

Tem mais: até poucas semanas atrás, o PP e seu líder Maluf tinham o silêncio, quando não o apoio dessa mesma mídia, enquanto mantinham entendimentos para uma coligação com o PSDB de José, um apoio que só perderam agora. De repente perderam esse apoio. Por quê? Por que será?

Vamos com calma, então, com esse andor. Petistas e aliados, por favor, sem esquecer que o foro mais adequado para debater e buscar a solução dessa questão é a coordenação e a direção política da aliança e da campanha do Fernando Haddad. Deflagrar um debate em torno disso em público e pela mídia é dar chumbo ao adversário.

E discutir a questão, também, tendo presente que o PP já faz parte da base de partidos do governo federal, como fez da base aliada do governo do ex-presidente Lula, sem que mudássemos nosso programa de governo ou o rumo do Brasil.

O debate não pode se dar em torno da negação de nossa política de alianças e de governo de coalizão, porque aí seria negar nossas vitórias conquistadas graças a alianças em 2002, 2006 e 2010, bem como nossos três governos, os dois do presidente Lula e o 3º agora da presidenta Dilma Rousseff. (por José Dirceu)  http://www.zedirceu.com.br/

SP: Maluf joga Serra contra Alckmin

Apoio do PP de Maluf a Haddad traz tempo de programa eleitoral e joga Serra contra Alckmin


Após digerir o impacto que causou a foto - ou melhor - A FOTO (que não vou publicar aqui) em que o presidente Lula coloca sofregamente a mão no ombro de Maluf, enquanto este faz um gesto de positivo com o polegar, tendo um Haddad desconcertado entre os dois, resolvi dar meu pitaco no assunto que está fazendo a glória da mídia serrista: o PT teria se rendido e o presidente Lula se submeteu a ir à casa de Maluf pela primeira vez na vida, a fim de obter o apoio do PP para a campanha de Haddad à prefeitura de São Paulo.

Tudo, segundo os "analistas" da mídia serrista, por um minuto e meio a mais de propaganda no horário eleitoral. Ou três minutos, se raciocinarmos que o minuto e meio iria para Serra.

Juntou-se a isso uma notícia divulgada pela Veja (a Veja?!) que teria conseguido uma entrevista exclusiva com Erundina, em que a nossa brava deputada teria afirmado que com Maluf ela sairia da campanha.

A notícia se espalhou e hoje está na primeira página, até como manchete, de alguns dos principais jornais do Brasil. (Eu, que não acredito na Veja, como não vi declaração alguma de Erundina, duvido).

Mas, vamos abordar o efeito Maluf por outro ângulo, além da boa notícia de termos mais tempo eleitoral e tê-lo retirado de Serra.

Serra teria ficado furioso com a ida de Maluf para a campanha de Haddad. Pior: coloca a conta no ombro de Alckmin (é importante lembrar que o PP de Maluf é da base do governo federal, mas também é da base de Alckmin em São Paulo).

Segundo Serra, Alckmin não teria se esforçado para trazer Maluf (ou seja, não ofereceu o que o PP queria) para a campanha de Serra, e mais: teria fechado um acordo com Maluf para 2014. (...)

CLIQUE AQUI  para ler a postagem, na íntegra (via Blog do Mello).

17 junho 2012

Rio+20 - Debate



MEIO AMBIENTE - Rio+20: o futuro que queremos é um prolongamento do presente
 
Por Leonardo Boff*

O Documento Zero da ONU para a Rio+20 é ainda refém do velho paradigma da dominação da natureza para extrair dela os maiores benefícios possíveis para os negócios e para o mercado. O ser humano deve buscar os meios de sua subsistência.

A economia verde radicaliza essa tendência; como escreveu o diplomata e ecologista boliviano Pablo Solón, “ela busca não apenas mercantilizar a madeira das florestas, mas também sua capacidade de absorção de dióxido de carbono”. Tudo pode se transformar em bônus negociáveis pelo mercado e pelos bancos.

Destarte, o texto se revela definitivamente antropocêntrico, como se tudo se destinasse ao uso exclusivo dos humanos e a Terra tivesse sido criada somente para eles e não para os outros seres vivos que também exigem sustentabilidade das condições ecológicas para a sua permanência neste planeta.

Resumidamente, “o futuro que queremos”, lema do documento da ONU, não é outra coisa que o prolongamento do presente. Este se apresenta ameaçador e nega um futuro de esperança. Num contexto desses, não avançar é retroceder.

Há, outrossim, um agravante: todo o texto gira ao redor da economia. Por mais que a pintemos de marrom ou de verde, ela guarda sua lógica interna. Quanto posso ganhar no tempo mais curto, com o investimento menor possível? Não sejamos ingênuos: o negócio da economia vigente é o negócio. Ela não propõe uma nova relação para com a natureza, sentindo-se parte dela e responsável por sua vitalidade e integridade. Antes, move-lhe uma guerra total, como denuncia o filósofo da ecologia Michel Serres.

Nessa guerra, não possuímos nenhuma chance de vitória. A natureza ignora nossos intentos. Segue seu curso mesmo sem a nossa presença. A tarefa da inteligência é decifrar o que ela nos quer dizer (pelos eventos extremos), defender-nos de efeitos maléficos e colocar suas energias a nosso favor. Ela nos oferece informações, mas não nos dita comportamentos. Estes devem ser inventados por nós mesmos. Eles somente serão bons caso estiverem em conformidade com seus ritmos e ciclos.

Como alternativa a essa economia de destruição, precisamos, se queremos ter futuro, opor-lhe o paradigma da economia de preservação. Precisamos produzir sim, mas respeitando os direitos das gerações futuras e dos demais seres da comunidade de vida.

A Rio 92 consagrou o conceito antropocêntrico e reducionista de desenvolvimento sustentável, elaborado pelo relatório Brundland de 1987 da ONU. Ele se transformou num dogma professado pelos documentos oficiais, pelos Estados e empresas sem nunca ser submetido a uma crítica séria. Sequestrou a sustentabilidade só para o seu campo. Os desastres que causava eram vistos como externalidades. Ocorre que estas se tornaram ameaçadoras, capazes de destruir as bases físico-químicas que sustentam a vida humana e grande parte da biosfera.

Isso não é superado pela economia verde. Ela configura uma armadilha dos países ricos, especialmente da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que produziu o texto teórico “Iniciativa da Economia Verde”. Com isso, astutamente descartam a discussão sobre a sustentabilidade, a injustiça social e ecológica, o aquecimento global, o modelo econômico falido e mudança do olhar sobre o planeta que possa projetar um futuro real para a humanidade e para a Terra.

A Rio+20 poderia resgatar a Estocolmo+40. Nesta primeira conferência mundial, o foco central era o cuidado e a responsabilidade coletiva por tudo o que nos cerca. Essa perspectiva se perdeu com a cartilha fechada do desenvolvimento sustentável e, agora, da economia verde.
...
 
*Leonardo Boff -  pseudônimo de Genézio Darci Boff (Concórdia/SC, 14 de dezembro de 1938) -  é um teólogo brasileiro, escritor e professor universitário, expoente da Teologia da Libertação no Brasil. Foi membro da Ordem dos Frades Menores, mais conhecidos como Franciscanos. É respeitado pela sua história de defesa pelas causas sociais e atualmente debate também questões ambientais. http://pt.wikipedia.org/wiki/Leonardo_Boff


**Via Blog de um Sem-Mídia http://blogdeumsem-mdia.blogspot.com.br/ - Edição final deste blog

16 junho 2012

Pepe Mujica



Quem está a bordo deste Fusquinha é o presidente de um país

Todos os dias ele embarca no seu Fusquinha azul de estimação, de 1.300 cilindradas (foto), e toma o rumo de seu pequeno sítio Rincón del Cerro, nos arredores de Montevidéu, onde vive com a mulher, senadora da República – que é a proprietária da área. A casa é discretamente vigiada por dois seguranças. No fim do mês, quando recebe o salário de US$ 12,5 mil de presidente do Uruguai, José Pepe Mujica separa US$ 1,25 mil e doa o restante, cerca de 90%, a pequenas empresas e Organizações Não-Governamentais que trabalham com habitações populares.

- Este dinheiro me basta, e tem que bastar porque há outros uruguaios que vivem com menos – costuma repetir este uruguaio de maneiras simples, 77 anos, que, em reportagem do jornal espanhol El Mundo, foi chamado de “o presidente mais pobre do mundo”. (...)

CLIQUE AQUI para ler na íntegra (via Blog do Mário Marcos) http://mariomarcos.wordpress.com/

20 BI PARA OS ESTADOS


Governo libera crédito de R$ 20 bilhões para investimentos em infraestrutura nos estados

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou hoje (15) a liberação de R$ 20 bilhões para investimentos em infraestrutura nos estados. Os recursos fazem parte de uma linha de crédito do BNDES chamada Pró-Investe, com financiamento de 20 anos, um ano de carência e taxa de juros que vai de 7,1% a 8,1% ao ano (TJLP mais 1,1% ao ano para operações com aval da União e TJLP mais 2,1% para operações sem essa garantia). O anúncio foi feito após reunião entre a presidenta Dilma Rousseff e governadores no Palácio do Planalto.

“Estabelecemos um conjunto de medidas para potencializar os investimentos nos estados. Os estados brasileiros já estão fazendo investimentos, já têm programas de investimento em curso e as medidas que nós anunciamos hoje vão ampliar essa capacidade de investimento dos estados. São medidas importantes que vão ampliar o investimento neste momento em que a economia mundial atravessa um momento de crise”, disse Mantega. (...)

-CLIQUE AQUI para ler mais (via Blog do Planalto).

15 junho 2012

A compra da casa ...


* Já que as complexas  - e de difícil entendimento - formas de 'aquisição de casas por governadores' está novamente 'na moda' (vide CPMI do Cachoeira), resgatamos esta inspirada 'Charge do Kayser' de 2008,  onde um 'professor' tenta explicar como foi comprada a  casa  pela ex-governadora  Yeda  Crusius, do PSDB/RS. (Segundo divulgado pela mídia, a famosa casa está hoje alugada para um jogador do S. C. Internacional).

Companheiro Adeli Sell




*Vídeo/documentário dos 15 anos de mandato do  meu amigo e cda vereador Adeli Sell, Presidente do PT da capital gaúcha. 

Adeli comemorará seu aniversário no próximo dia 22/06. Será no Clube dos Caixeiros Viajantes,  Rua Dona Laura, 646 - Porto Alegre-, à partir das 20 h. Haverá jantar, 'show e e baile'. 

-Tod@s convidad@s!

14 junho 2012

Mídia Livre

 

Cúpula dos Povos: plenária pela liberdade de expressão e marco regulatório

Rio de Janeiro/RJ - O Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação e as entidades promotoras da campanha pelo direito à comunicação e à liberdade de expressão para todos/as, em defesa de um novo marco regulatório para as comunicações, vão realizar uma plenária no dia 15, à tarde, como parte da programação da Cúpula dos Povos. As entidades que promovem a campanha também participarão do II Fórum Mundial de Mídia Livre. (...)

CLIQUE AQUI para ler na íntegra (via  Ag. Carta Maior).

13 junho 2012

José Dirceu


Não será julgado o mensalão, mas José Dirceu

    Por Eduardo Guimarães*

A definição da data inicial do julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal teve um gostinho de vitória para as famílias Marinho, Civita, Frias e Mesquita, bem como para o PSDB e o DEM. A aliança entre esses impérios de comunicação e partidos políticos tateia, há quase uma década, em busca de um feitiço que lhe permita recuperar o poder perdido.

De 2002 para cá, ainda que tenha conservado o poder de interferir na agenda pública, a direita midiática perdeu o poder sobre a definição de políticas públicas e de utilização de verbas. Com isso, apesar da manutenção da influência, na prática o que partidos e órgãos de imprensa perderam foi, simplesmente, dinheiro.

Em termos eleitorais, o julgamento do mensalão é uma benção para essa força política decadente. É possível sonhar com uma devastação eleitoral e de imagem não só do PT, mas, sobretudo, de Luiz Inácio Lula da Silva, que, nos últimos dez anos, converteu-se no carrasco das forças conservadoras ao, não se limitando a vencer eleições, gerar vitórias eleitorais de seus correligionários.

Contudo, por mais que a marcação da data do julgamento do mensalão revele suscetibilidade do STF às pressões midiáticas, existe uma possibilidade imensa de a vitória de hoje se transformar em derrota amanhã. Isso porque o julgamento inteiro do mensalão depende da condenação inequívoca de um só dos seus 38 acusados: José Dirceu.

Se os outros 37 réus forem condenados e Dirceu for absolvido, mídia, PSDB e DEM terão sido derrotados. E o que é pior: ressurgirá no cenário político aquele que deveria ser hoje o presidente da República se não tivesse tido os seus direitos políticos cassados.

Por alguma razão que ainda não ficou muito clara, a direita considera Dirceu muito “pior” do que Lula para si. Guerrilheiro de décadas atrás, treinado em combates físicos em Cuba, era e continua sendo considerado o grande artífice da remodelação ideológica que levou o PT ao poder.

Um José Dirceu reabilitado politicamente aos 66 anos significaria, também, possibilidade concreta de ele assumir algum importante cargo público no governo Dilma Rousseff ou, por exemplo, eleger-se senador por São Paulo em 2014, voltando a influir decisivamente na política.

Não se engane, leitor: poder para Dirceu significaria, sem sombra de dúvida, uma ameaça às famílias midiáticas. Conforme o ex-ministro de Lula declarou mais de uma vez, a grande agenda do Brasil nos próximos anos será a diluição da concentração de poder em mãos de meia dúzia de famílias controladoras de impérios de comunicação. Essa declaração jamais será esquecida.

Dirceu, hoje, é tratado como culpado pela mídia e pelos adversários políticos declarados. Não se encontrará um só texto jornalístico da grande imprensa em que se conceda a ele a realidade, ou seja, de que continua inocente até que seu processo tenha transitado em julgado. O que seus inimigos políticos fariam da vida se ele fosse absolvido?

Podem condenar os outros 37 réus, portanto. Se Dirceu for absolvido, o que Globo, Folha, Estadão e Veja disseram antes será alvo de desmoralização e a sensação de vitória do PT e de Lula será inevitável. Caso contrário, o maior partido e o maior líder político brasileiros dividirão a derrota com os condenados e os prejuízos político-eleitorais entre si.

A boa notícia para Lula, para o PT e para o próprio Dirceu é a de que, à luz do melhor direito, inexiste uma só prova contra esse político controverso. Mesmo se for culpado – o que ninguém pode confirmar ou negar –, se houver um julgamento justo ele terá que ser absolvido.

Se isso não ocorrer, José Dirceu terá sofrido condenação política por um tribunal que deveria se pautar estritamente por critérios técnicos.

Eis, portanto, o dilema em que se debaterá o Brasil em pleno processo eleitoral. A condenação de Dirceu seria um verdadeiro estupro do Estado de Direito que transformaria o Brasil em uma ditadura midiática em que inimigos de meia dúzia de famílias podem ser linchados. Já sua absolvição contra todas as pressões, consolidará a democracia no Brasil.

Não é pouco o que está em jogo neste ano.

*Eduardo Guimarães (SP) é Representante Comercial e Editor do Blog da Cidadania, fonte desta postagem. http://www.blogdacidadania.com.br/     -    Grifos deste blog

12 junho 2012

Trampolim

 Eleições 2012: centímetro por centímetro, quem ganhou destaque em Zero Hora na última semana


Porto Alegre/RS -  As eleições que tomarão o país neste ano são para as prefeituras, mas, em alguns lugares, ganham ar de pleitos nacionais ou estaduais. O começo das movimentações eleitorais em Porto Alegre, por exemplo, tem sido momento de o maior jornal do Estado, a Zero Hora, lançar sua candidata ao governo do Rio Grande do Sul para 2014, a senadora Ana Amélia Lemos (PP).

Nesta segunda-feira, o PP decidiu, em votação, apoiar o candidato do PDT e atual prefeito, José Fortunati, que deve receber logo o apoio do DEM. Optou por Fortunati em detrimento de Manuela D’Ávila (PCdoB), em uma disputa que, em Zero Hora, ganhou destaque de eleição antecipada. Tudo para colocar Ana Amélia em destaque, como veremos na centimetragem do jornal na última semana antes da definição do PP.

De uma segunda-feira a outra (4/6 a 11/6), os pré-candidatos à prefeitura foram absolutamente soterrados, na cobertura do jornal, pelas referências ao PP e, especialmente, a Ana Amélia Lemos. O PSDB, que ainda nem definiu candidato, teve 315 cm², em duas notas (9/6, 10/6). Adão Villaverde (PT), esteve como destaque em 537 cm², Fortunati em 522 cm² e Manuela em 312 cm². Parece que o PT ganhou espaço em ZH, certo? É, mas é só aparência inicial.

A verdade é que Fortunati e Manuela dividiram o destaque em outros 4304 cm², além de três chamadas na capa. Tudo por conta do PP e de Ana Amélia, verdadeiros monopolizadores do espaço do jornal no qual a senadora fez sua fama. (...)

-CLIQUE AQUI para ler na íntegra (via Blog Jornalismo B). 

Charge: Kayser

11 junho 2012

A 'mudança' de ZH...

  
ZH se convenceu: não houve mensalão


"O que ocorreu, de fato , foi o súbito desnudamento de um esquema de uso de caixa 2 de campanha eleitoral..." - trecho do editorial do jornal Zero Hora (que apoiou o golpe de 1964), publicado na edição do último dia 8 de junho, sexta-feira passada (fac-símile acima).

Quem é o jornal Zero Hora? Pertence ao grupo RBS (leia-se família Sirotsky), formado por um conglomerado de rádios, tevês e jornais do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Trata-se de um grupo de comunicação ilegal, porque infringe a determinação legal que proíbe o monopólio de emissoras em um mesmo território. São retransmissores da programação da TV Globo no RS e SC.

É de registrar a mudança de entendimento do grupo RBS, face ao caso conhecido como "mensalão". Durante sete anos, os órgãos de comunicação deste grupo seguiram o resto da tradicional imprensa brasileira, sempre garantindo que o primeiro governo Lula havia instituído um "esquema de mensalidade a deputados" com a finalidade de garantir plena maioria na votação de projetos do interesse do bloco no poder. Hoje, o jornal ZH volta atrás e admite que houve apenas o "uso de caixa 2 de campanha eleitoral".

Até poucos dias atrás, o grupo RBS era dirigido por um filho do seu fundador, Maurício Sirotsky Sobrinho, quando este cedeu lugar a um sobrinho seu, portanto neto do fundador Maurício. De qualquer forma, parece não haver qualquer relação de causa/consequência na mudança de entendimento sobre os fatos de 2005 e que serão julgados a partir de agosto próximo pelo STF. Ao contrário, o governo do petista Tarso Genro é atacado quase que diariamente pelos órgãos da RBS. É muito comum, as editorias da RBS cobrarem de Tarso todo o contencioso de deficits sociais e de infraestrutura acumulado ao longo de décadas de governos omissos e desinteressados dos seus deveres constitucionais. Recentemente, o jornal ZH estampou como manchete a posição de último lugar do RS no quesito qualidade do ensino médio. O dado em si está correto, entretanto, não é ético e honesto cobrar de um governo que está há poucos meses na administração estadual um contencioso tão antigo.  

O motivo desta prática militante e panfletário do grupo RBS é um segredo de polichinelo: a senadora Ana Amélia Lemos (ex-celetista da RBS) é a candidata preferencial deste misto de grupo midiático e partido político conservador ao Palácio Piratini na sucessão de Tarso Genro, em 2014.

O governador Tarso Genro, portanto, que se prepare, a investida demagógica e eleitoreira da RBS só tende a recrudescer. 

*Via Blog Diário Gauche   http://diariogauche.blogspot.com.br/

10 junho 2012

Poema



Eu Canto


Eu canto
com profundo prazer, com emoção
o povo que optou por ser livre
e que por isso sangrou.

Os heróis e os anônimos.
A América Latina
(vulcão em atividade permanente).
O fogo descendo pelas encostas das neves andinas,
Eternas, desafiadoras, majestosas...
E madrastas.

Guevara eternizando seu exemplo
nos vales e montanhas bolivianas.
Eu canto o feito épico
de Lamarca lutando contra a fome
e as injustiças no Vale da Ribeira.

As crianças da Nicarágua
entoando suas canções sandinistas
(que falam em um porvir
com rios de leite e mel).

Eu canto a epopéia vivenciada
pelos povos, todos, de nosso imenso
e explorado continente
(do Altiplano, das savanas, dos pampas sem fronteiras,
da Amazônia infinita, das selvas colombianas...).


Eu canto

os camponeses, os índios
despojados de suas terras.
Os combatentes mortos no Peru
nas selvas do Araguaia
nas ruas de Santiago...

Toda a resistência conhecida
(ou anônima)
que houve, ou que haverá (?!) em nossa
Pátria Grande

Eu canto.

A coragem da mulher salvadorenha,
chilena, brasileira, uruguaya...
 A saga das loucas
da Plaza de mayo.

De todas as esposas/mães/irmãs/amigas
de todas as fortes, calejadas, saudosas, resistentes
companheiras dos desaparecidos latino-americanos...

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Por todo o sangue derramado
pelos povos.

Por tudo isso dito, e pelo que ficou
Ainda guardado, esperando o seu momento,
E c o a n d o :
Eu canto!

          Júlio Garcia


*Este poema recebeu a ‘Menção Honrosa’ no XXI Concurso Literário Felippe D’Oliveira (Santa Maria – RS - 1997).   -  Via  http://arquipelago.blogspot.com.br
...
Foto: Machu Picchu (em quíchua Machu Pikchu, "velha montanha"), também chamada "cidade perdida dos Incas",[1] é uma cidade pré-colombiana bem conservada, localizada no topo de uma montanha, a 2400 metros de altitude, no vale do rio Urubamba, atual Peru. Foi construída no século XV, sob as ordens de Pachacuti.   http://pt.wikipedia.org/wiki/Machu_Picchu

09 junho 2012

08 junho 2012

Friozito de 'renguear cusco'






Seis graus negativos! O frio intenso castigou Santiago/RS -  a 'Terra dos Poetas' - esta semana.
As fotos acima falam por si.


Foto 1: Pescada do blog do Leonardo Rosado: http://leonardorosado.blogspot.com.br/
Foto 2 : Pescada do blog da Eliziane Mello: http://ecolizi.blogspot.com.br/

*Via http://o-boqueirao.blogspot.com.br/

Mobilidade Urbana



Villaverde propõe isenção na compra de bicicletas no RS

Ao finalizar o discurso alusivo ao Dia Mundial do Meio Ambiente, na sessão plenária desta quarta-feira (06) o deputado Adão Villaverde (PT) anunciou que protocolou um projeto de lei propondo a isenção do ICMS na compra de bicicletas cujo valor de venda ao consumidor não ultrapasse as 60 UPF- UPFs – RS (Unidade Padrão Fiscal do RS) que totalizam atualmente R$ 779,47.

A justificativa do PL salienta que o estímulo ao uso de bicicletas no RS para enfrentar o desafio do caos no trânsito nas cidades, se insere em uma proposta de mobilidade urbana sustentável que inclui o transporte público de qualidade e compartilha outros modais - como a bicicleta, meio de transporte considerado ecologicamente correto.

"Além de auxiliar na difusão do hábito e integração da bicicleta com outras modalidades de transporte, almeja-se dar maior eficiência ao trânsito e melhor qualidade de vida para a população", acentuou, assinalando que as propostas neste sentido devem levar em consideração a sustentabilidade ambiental e a qualidade de vida.

A justificativa reforça que estimular o uso de meios de transporte alternativos aos veículos de motor a combustão oportuniza a disseminação da ideia de que é necessário ampliar as políticas de mobilidade urbana que promovam o uso compartilhado das vias e passeios públicos, por meio das chamadas “ciclovias” ou “ciclofaixas”.

Em muitos países da América, da Europa e da Ásia, as bicicletas já estão fortemente integradas à mobilidade urbana. No Brasil, da mesma forma, existem cidades em que esse meio de transporte tem destaque. Aos poucos outras cidades vão despertando para essa alternativa.

O documento afirma que primeira dimensão em que as respostas ao transporte nas cidades devem ser dirigidas é no sentido de diminuir as emissões de gases e resíduos poluentes. A segunda, e que nesse projeto assume importância central, é comprometimento da atual geração de cidadãos e cidadãs, que devem legar às futuras, modos de convivência harmônica entre seu poder de consumo de recursos com a capacidade do meio ambiente em oferecê-los, sem degradá-lo.

"A capacidade de uma geração transmitir à outra um planeta com tantos recursos como os que encontrou, tornar acessível e promover o uso das bicicletas como meio viável de transporte, é um passo valioso para a instituição de compromissos coletivos mais amplos. Aliado a projetos ousados de qualificação do transporte coletivo e integrá-lo aos modais complementares, como as bicicletas, é um objetivo plenamente factível e absolutamente necessário", justifica a proposta.

"Isso só vem reforçar a importância da bicicleta como meio de transporte que pode colaborar decisivamente para a construção de cidades sustentáveis, onde a população possa se movimentar com agilidade, com repercussão inclusive na saúde das pessoas, estimulando-as a desenvolver atividades físicas. Tudo isso com segurança, baixo custo e sem prejudicar o meio ambiente. Este PL visa contribuir para avançar na mobilidade urbana sustentável. E, como sabe-se, os incentivos econômicos são importantes para estimular a produção e o consumo de certos bens e serviços".

* Por: André Pereira  - Via sítio do Deputado Adão Villaverde - PT/RS 

Foto: Eduardo Quadros - Para ler na íntegra o discurso do deputado Villaverde no   dia         Mundial do Meio Ambiente, acesse http://migre.me/9nRTQ

06 junho 2012

Santiago/RS - Eleições 2012


Não terá chegado  a hora do PT encabeçar a chapa da oposição?

'Nas relações  políticas, como nas relações pessoais,  a via tem que ser de duas mãos'.

   Por Júlio Garcia*

A 'unidade da oposição' em Santiago para 'derrotar os conservadores pepistas' (sucedâneos da ARENA e do PDS)  tem sido utilizado, especialmente nos últimos tempos, como uma espécie de 'mantra'   por setores que se arvoram como os detentores únicos da 'fórmula da vitória oposicionista', mas  desde que a chapa majoritária seja integrada pelo PMDB, PDT ou PSDB (não necessariamente nessa ordem, mas sempre com os mesmos). Para esses partidos   parece que  o Partido dos Trabalhadores serve apenas para apoiá-los eleitoralmente; o inverso, pelo que temos visto,  representa  para esses setores (pelo menos até o presente momento)  uma blasfêmia. Tem alguma coisa errada nessa seara...

Se fizermos um breve retrospecto,  analisando os últimos processos eleitorais municipais, veremos que  o Partido dos Trabalhadores  deu muito mais contribuição ao dito 'campo oposicionista/progressista' do que recebeu. Vejamos:

O PT santiaguense, é sabido por quem conhece minimamente a história política local,  desde a sua fundação (1981) tem participado ativamente de todos os pleitos ocorridos no municipio.  Desde a campanha de 1982 (quando concorreu - para marcar posição e ajudar na construção do partido - com as candidaturas de Alziro Bandeira e Jorge Moleta), passando pela eleição de 1988, quando o PT já surpreendeu positivamente com  Edson Braga e Hegel Marcos da Silveira, deixando por apenas 33 votos de eleger sua primeira bancada na Câmara Municipal),  vinha então num processo de contínuo crescimento. (...)

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*Editor deste Blog e coeditor dos Blogs 'O Boqueirão' e 'O Incrível Exército Blogoleone'

05 junho 2012

Meio Ambiente



Crise global não pode impedir acordos na Rio+20, diz a presidenta Dilma

Carta Maior - Governo Dilma aproveitou Dia Mundial do Meio Ambiente para divulgar redução do desmatamento na Amazônia, anunciar um pacote de medidas relacionadas à área ambiental, abrir oficialmente a Rio+20 e começar a apresentar seu discurso no evento. “Esperamos que a crise mundial gerada pelo excesso de ganância e pela falta de controle sobre os mercados não seja pretexto para uma vitória do excesso da ganância e da falta de controle sobre os recursos naturais", disse a presidenta. (...)
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03 junho 2012

Caronas de avião & algo mais...


Folheando para trás

Por Luciano Martins Costa*

O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes desapareceu das primeiras páginas dos jornais na sexta-feira (1/6). Folheando a semana para trás, o leitor atento há de ficar atônito. Nem mesmo o ingresso do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na polêmica criada com a acusação de Mendes, de que se sentiu chantageado pelo ex-presidente Lula da Silva, foi suficiente para manter aceso o interesse da imprensa no acontecimento bizarro.

Então tudo aquilo não tinha o menor sentido? Onde foi parar, de repente, a absoluta credibilidade do ministro da Suprema Corte?

Em lugar das manchetes ruidosas, os jornais publicam sobre o assunto, além de uma frase de FHC, dita durante palestra a empresários na China, apenas uma declaração de Lula, feita em entrevista a um programa popular de televisão, segundo a qual “quem inventou a história que prove”. Aquilo que era manchete desde a segunda-feira, a partir de uma declaração de Gilmar Mendes à revista Veja, se desvanece no ar.

Os jornais teriam se convencido, de uma hora para outra, de que o ministro da Suprema Corte mentiu, exagerou, equivocou-se? Essa possibilidade transparece no editorial publicado nesta sexta-feira pela Folha de S. Paulo, no qual há uma clara condenação da atitude de Gilmar Mendes.

Criticando genericamente alguns episódios que provocaram crises no Supremo Tribunal Federal ao longo da última década, o jornal paulista afirma que a reunião cujo teor suscitou a controvérsia da semana foi uma impropriedade cometida pelos três protagonistas: o ex-presidente Lula da Silva, o ministro do STF Gilmar Mendes e o ex-ministro Nelson Jobim, anfitrião do encontro.

Mas as palavras mais pesadas caem do lado de Gilmar Mendes: o jornal pondera que ele não deveria ter buscado essa exposição, “em face da conjuntura politicamente aquecida pela vizinhança da CPI do caso Cachoeira, centrada na figura de um senador com quem o ministro Gilmar mantinha relacionamento próximo o bastante para aceitar caronas de avião”.

O que a Folha está declarando, implicitamente, é que o ministro do Supremo Tribunal Federal tem explicações a dar sobre suas relações diretas ou indiretas com o bicheiro e que o entrevero que provocou ao acusar o ex-presidente Lula não o exime dessa responsabilidade.

O jogo virou

Não se pode adivinhar o que a Folha tem em seus arquivos que possa comprometer um ministro do Supremo Tribunal Federal e se sua direção vai ou não autorizar a publicação. Mas, a julgar pelo tom do editorial, pode-se afirmar que essa decisão saiu das mãos do editor de Política do jornal, se é que ele algum dia teve autonomia para tratar desse tipo de assunto.

Como afirmou este observador durante a semana, trata-se de mais um episódio patético que começa em crise e termina em anedota (ver aqui e aqui). Mas, ao contrário de alguns casos anteriores, a imprensa não pode agora simplesmente virar as costas e fingir que nada aconteceu.

O ministro Gilmar Mendes colecionou desafetos em número e valor suficientes dentro do próprio Supremo Tribunal Federal para poder escapar da “insinuação escrachada” no editorial da Folha de S. Paulo sobre suas relações com o senador Demóstenes Torres.

Observe agora o leitor a mudança de rumo na lógica do episódio: se de fato o ex-presidente Lula da Silva tentou negociar um adiamento no julgamento do caso chamado “mensalão” em troca de blindar o ministro do Supremo com relação ao caso Demóstenes-Cachoeira, a própria imprensa tratou de romper o véu e acusar diretamente o ministro Gilmar Mendes – não em declarações de terceiros, mas em editorial! – de manter com o senador acusado “relacionamento próximo o suficiente para aceitar caronas de avião”. Se houve, como disse o ministro do STF, uma chantagem para mantê-lo fora do caso Demóstenes-Cachoeira, o episódio acaba por lança-lo diretamente no fogo.

Virado o jogo, o que fazer, então, dos dias anteriores, que o leitor revisita quando resolve folhear os jornais para trás? Onde foram parar todas aquelas fichas apostadas na versão do ministro, agora que o seu movimento acaba por colocá-lo oficialmente entre os suspeitos de “relacionamento inapropriado” com alguém que é acusado de corrupção, formação de quadrilha e outras delinquências?

Já não se trata agora da credibilidade da imprensa, mas do respeito que se deve à Suprema Corte de Justiça.

01 junho 2012

'Como o mar sobre um barco furado'


De volta ao passado
   
  Por Mino Carta*

"Os caluniadores são, antes de mais nada, covardes. Sentem as costas protegidas pela falta generalizada de memória, ou pela pronta inclinação ao esquecimento. Pela impunidade tradicional garantida por uma Justiça que não pune o rico e poderoso. Pelo respaldo do patrão comprometido com a manutenção do atraso em um país onde somente 36% da população conta com saneamento básico, e 50 mil pessoas morrem assassinadas ano após outro. (...)"

É do conhecimento até do mundo mineral que nunca escrevi uma única, escassa linha para louvar os torturadores da ditadura, estivessem eles a serviço da Operação Bandeirantes ou do DOI-Codi. Ou no Rio, na Barão de Mesquita. E nunca suspeitei que a esta altura da minha longa carreira jornalística me colheria a traçar as linhas acima. Meu desempenho é conhecido, meus comportamentos também. Mesmo assim, há quem se abale a inventar histórias a meu respeito. Alguém que, obviamente, fica abaixo do mundo mineral.

Não me faltaram detratores vida adentro, ninguém, contudo, conseguiu provar coisa alguma que me desabonasse. Os atuais superam-se. Um deles se diz jornalista, outro acadêmico. Pannunzio & Magnoli, binômio perfeito para uma dupla do picadeiro, na hipótese mais generosa de uma farsa cinematográfica. Esmeram-se para demonstrar exatamente o que soletro há tempo: a mídia nativa prima tanto por sua mediocridade técnica quanto por sua invejável capacidade de inventar, omitir e mentir.

Afirmam que no meu tempo de diretor de redação de Veja defendi a pena de morte contra “terrorristas”, além de enaltecer o excelente trabalho da Oban. Outro inquisidor se associa, colunista e blogueiro, de sobrenome Azevedo. E me aponta, além do já dito, como um singular profissional que não aceita interferência do patrão. Incrível: arrogo-me mandar mais do que o próprio. Normal que ele me escale para o seu auto de fé. O Brasil é o único país do meu conhecimento onde os profissionais chamam de colega o dono da casa. (...)

CLIQUE AQUI  para ler na íntegra (via Carta Capital*).

Nota do Blog: As duas capas da revista Veja, acima,  são dos anos 1968 (primeira edição) e  de 1969, quando então a semanal fazia corajosa oposição e denúncia dos crimes da ditadura militar, dirigida brilhantemente  que era pelo jornalista Mino Carta. Após a saída de Mino da revista, cuja 'cabeça' foi pedida por Armando Falcão, inquisidor-mor da ditadura no também triste período do general Geisel , a família Civita entregou-a para os braços do regime, a quem começou a apoiar sem nenhum pejo, aliás, como o fez a maior parte da 'velha mídia' (ou PiG**, como hoje é mais conhecida).  

Desde então,  a repugnante mutação de 'Veja'  transformou-a na antítese do que ela  fora, honrosa, brilhante e corajosamente, um dia.  (Júlio Garcia)

-(Atualizada às 12,15 h de 02/06/2010).  **PiG: Partido da Imprensa Golpista

Aviso


 

Aviso aos golpistas: o PT não aceita canga

    Por Francisco Rocha da Silva*
 
Rezando na cartilha da velha mídia golpista, o presidente nacional do PSDB, deputado federal Sérgio Guerra (PE), afirmou ontem com todas as letras que o PT e o ex-presidente Lula são uma “ameaça à democracia” no Brasil. Referia-se à suposta pressão que nós, petistas, estaríamos fazendo sobre o STF e o procurador-geral da República para “melar” o julgamento do chamado “mensalão”.

Ao que tudo indica, Guerra perdeu de vez o medo do ridículo. Deve estar atordoado.

Quero lembrar rapidamente, apenas para não passar em branco, que não existe, no país, partido mais democrático do que o PT, com sólidas raízes nos movimentos sociais e cujas direções são eleitas diretamente pelos filiados; que o PT é de longe, segundo todas as pesquisas, o partido mais respeitado e mais admirado pela população brasileira; e que os governos Lula e Dilma tem aprovação de 80% do povo justamente por terem promovido avanços sociais e econômicos extremamente democráticos, com distribuição de renda e combate às desigualdades, sempre respeitando as instituições, as divergências e a diversidade, disputando a opinião pública no debate e no voto.

É claro que Sérgio Guerra sabe de tudo isso e deve se lembrar de quando foi citado, justa ou injustamente, como um dos envolvidos na CPI do orçamento, também conhecida como CPI dos Anões. Ele está só fazendo política rasteira, da pior espécie, na tentativa de desviar o foco das graves acusações que pesam contra caciques do seu de outros partidos da oposição e, quem sabe, encontrar um discurso fácil para os candidatos tucanos nas eleições deste ano. Acho que está perdendo tempo. Deveria virar o disco.

Se olhar para trás, o deputado verá que seu partido não ganhou nada com isso nas últimas eleições. E, se olhar com atenção para os que estão ao seu lado, descobrirá facilmente quem são os verdadeiros detratores da democracia no Brasil, aqueles que histórica e continuamente trabalham para manter privilégios, perpetuar maracutaias e derrubar governos legitimamente eleitos. Refiro-me à velha mídia na qual Guerra se sustenta para produzir bobagens com as de ontem.

Entremos no túnel do tempo. Foi essa imprensa golpista – com Carlos Lacerda e companhia – que levou Getúlio Vargas ao suicídio, tentou impedir a posse de Juscelino Kubistchek e se engajou na campanha para derrubar João Goulart, defendendo com entusiasmo a ditadura instalada com o Golpe de 1964.

O tempo passou, o povo foi para as ruas, o regime começou a se abrir, os militares foram voltando para a caserna, mas os golpistas civis, cada vez mais atuante nos grandes meios de comunicação, não perderam o vicio e estão soltos por aí. Tentaram fraudar a eleição de Leonel Brizola para governador do Rio em 1982, manipularam escandalosamente o debate entre Lula e Collor às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais de 1989 e apoiaram sem reversas (como ainda apóiam) a privataria tucana que dilapidou o patrimônio nacional e desmontou o Estado. Desde a primeira eleição de Lula, em 2002, trabalham diariamente para inviabilizar o projeto de mudanças iniciado a partir dali – projeto que, repito, tem apoio de 80% da população.

A democracia defendida por Sérgio Guerra e seus capangas (na política e na imprensa) é um sistema fechado e apoiado por uma pequena elite. Nela não cabem, por exemplo, nem movimentos sociais (que precisam ser atacados e criminalizados) nem direitos trabalhistas (que devem ser eliminados).

Mas a democracia tem avançado, apesar deles. As instituições brasileiras foram fortalecidas com os governos do PT, ganharam corpo, estrutura e, sobretudo, independência. Hoje há mais controle, transparência, fiscalização e investigação. A impunidade não é mais uma característica do sistema político brasileiro.

Os que ainda não perceberam isso esquecem que, somente no governo Lula, a Polícia Federal fez mais de mil operações, com 14 mil presos, sendo 1.700 servidores públicos – além de muita gente graúda como empresários, juízes, policiais e políticos, inclusive do PT. Perguntem ao deputado Sérgio Guerra quantas operações a PF fez no governo FHC. Se ele não souber responder, eu respondo: 28, apenas 28. Várias delas não se sabe o resultado. Perguntem ao procurador geral da época.

Diante desse quadro, a oposição, sem rumo e sem propostas alternativas para o Brasil, alia-se aos golpistas de plantão. Toda vez que se aproxima o período eleitoral, ou quando ambos (oposição e mídia) são pegos com a boca na botija, como agora, eles saem que nem loucos por aí gritanto “mensalão, mensalão”.

Não vai funcionar. No caso específico – o da máfia comandada pelo bicheiro Cachoeira, com tentáculos no meio empresarial, na política, no Judiciário, no governo de Goiás e em grandes veículos de imprensa, como a Revista Veja – não existe tática diversionista capaz de encobrir o que já foi apurado pela PF e que certamente, com todo o empenho da base de apoio aliada, será aprofundado na CPMI que está instalada no Congresso Nacional.

Quanto ao julgamento do chamado “mensalão” no STF, nada tememos. O PT sabe que o “mensalão” não existiu e confia na Justiça brasileira. Certamente, houve irregularidades na manipulação de recursos para campanhas eleitorais. Mas a alegada compra de votos de deputados, para a aprovação de projetos do governo, jamais foi comprovada. Como não foi comprovada a participação, no suposto esquema, de figuras centrais do processo, entre eles o ex-ministro José Dirceu.

É bom lembrar que dizem que houve compra de votos para aprovar a emenda que propunha a reeleição, patrocinada pelo governo FHC.

O PT não tem por que pressionar o STF e a Procuradoria Geral da República (PGR), mas o PT, com a responsabilidade de quem governa o Brasil há 10 anos, tem a obrigação, o dever, de apurar e levar às últimas consequências as graves denúncias e suspeitas que atingem tanto o Procurador-Geral Roberto Gurgel como, agora também, o ex-presidente do STF Gilmar Mendes. Não é o “mensalão” que está em jogo. É a integridade e a credibilidade de duas das maiores instituições brasileiras.

Os que se apressam em gritar “mensalão” querem na verdade colocar uma canga no PT e tentar tirar o principal assunto do momento do foco das atenções. Mas podem tirar o cavalo da chuva. Não vão conseguir. 
 
*Francisco Rocha da Silva, o Rochinha (foto), é dirigente nacional do PT e Editor do Blog Mandacaru  http://mandacaru13.blogspot.com.br/  - fonte desta postagem.