09 novembro 2016

O que a vitória de Trump deveria mostrar aos coxinhas americanófilos


Alô, coxinhas!
Prestem atenção no mapa aí em cima.
O candidato de você, o Trump, ganhou com uma Norte-América bem diferente daquela que vocês têm em mente.
A faixa azul que vai se afastando do litoral, até o Mississipi, é a das grandes cidades.
Lá, onde vocês sonham estar, Trump perdeu.
Na Nova York “chique”, de dez votos a um. Nas bacanas São Francisco e Los Angeles, de três para um. Até na  região de Miami-Dade, boa de fazer compras, foi nessa base.
Trump ganhou – e disparado –  nos “condados” – aqueles onde o xerife, o juiz e o prefeito só mudam de cargo – na América profunda e quieta, onde há muitos velhos sem esperança e jovens sem sonhos.
Gente para a qual o melhor futuro é a volta ao passado.
Trump teve menos votos (59.041.942) já com quase toda a apuração encerrada, que Hillary Clinton (59.178.951), mas ninguém está dizendo por lá que não é justo, nas regras eleitorais de lá, que uma minoria de “caipiras” decida o destino do país dos  ex-yuppies.
Fala-se num muro para conter mexicanos, mas não num muro para evitar que os votos do Meio-Oeste avancem sobre os cosmopolistas da Costa Leste ou que os cowboys atinjam a baía de São Francisco.
Lá eles não pensam em “serrar o país”, embora muitos pensem numa “boa e velha” segregação para negros e “chicanos”, como vocês aqui.
Ok, vocês venceram.
Lá e cá, difícil dizer qual  o mais caricato e medíocre dos dois “T”: Temer ou Trump.
*Por Fernando Brito, no Tijolaço

08 novembro 2016

A última batalha de Lula

lula

Por Eduardo Guimarães, Editor do Blog da Cidadania*
Seguramente, está sendo muito mais difícil destruir Lula do que a ditadura tucano-midiático-temerária esperava. Em que pesem como o mundo todas as acusações sem provas e tantas versões mentirosas dos fatos que a mídia e os porões da internet difundem todo dia contra o petista desde 1989, ele resiste.
A Lava Jato, os impérios de mídia, os grupos do Facebook montados em financiamentos obscuros, a operação pseudo policial que só persegue e pune efetivamente petistas, todo esse aparato repressor usado para destruir o ex-presidente não chega aonde precisava, apesar de esses poderes controlarem o Ministério Público, as polícias e o Judiciário.
É estupendo o fracasso de Moros, Dallagnoles e assemelhados em destruir a imagem de Lula como seria “necessário” àqueles aos quais esses esbirros da ditadura temerária servem.
Quanto mais aumentam o tom contra Lula, mais ele se fortalece nas pesquisas – após a queda em 2015, claro.
Lula começou a se refortalecer em 4 de março deste ano, quando foi preso ilegalmente e levado ilegalmente à força para depor. A partir dali, seus adversários começaram a desmoronar e ele a se fortalecer nas pesquisas e, agora, Lula já se tornou uma grande ameaça aos planos dos golpistas.
Solto e sem impedimento a se candidatar em 2018, Lula poderá se eleger até com certa facilidade. Eis porque a guerra contra ele não vai ter fim enquanto ele estiver vivo ou livre.
É nesse momento de recuperação de musculatura eleitoral que o ex-presidente já organiza uma reação ao golpe e ao arbítrio, tomando o lugar que ninguém consegue ocupar na esquerda.
Lula está propondo uma frente de esquerda, uma frente contra o arbítrio, uma reação da sociedade a uma tentativa escandalosa de violação da democracia que se traduz pela sanha de seus inimigos de encarcerá-lo até o fim de sua vida sob a justificativa das próprias “convicções” – ou desejos, o que é muito mais certo.
Muito tem se falado nos últimos anos sobre “horizontalidade” de lideranças dos movimentos políticos de esquerda. Muito se praticou em termos dessa “horizontalidade” e o resultado está aí para todos verem: movimentos sem rumo, sem um discurso, sem planejamento, que batem cabeça em ações erráticas.
Nesta quinta-feira, em São Paulo, Lula inicia a que talvez seja a última batalha de sua guerra pessoal para dar dignidade a este povo. É isso o que ele tentou fazer em seu governo brilhante de oito anos: dar dignidade ao povo brasileiro. Fazer com que não nos sintamos inferiores a povo algum, a nação alguma.
Pode-se dizer que a luta de Lula é a luta contra o complexo de vira-latas que a direita tentou incutir na alma de cada um de nós. Seu governo deu a milhões de brasileiros dignidade e orgulho da própria nacionalidade. Eis o que a direita tentou destruir.
Nesta quinta, 10 de novembro, mais uma vez atenderei ao chamado do ex-presidente.
Não mudo de opinião, não mudo de lado, não compro o discurso que antes repudiava. Tenho uma palavra só.
E enquanto não me provarem com mais do que convicções que esse homem cometeu os atos que lhe atribuem sem provas, estarei ao seu lado, sob sua liderança, porque essa história de horizontalidade é uma idiotice. Todas as grandes conquistas da humanidade tiveram líderes.
Que Lula nos lidere. Por certo, pela última vez. Assim, reproduzo seu chamamento. E peço que quem puder atender a esse clamor na quinta-feira no fim da tarde que o faça sem pestanejar. E quem não for de São Paulo que espalhe esta mensagem para quem conheça por aqui.
Leia, abaixo, a convocação de Lula
***
Em Defesa da Democracia, do Estado de Direito e do ex-presidente Lula
     O estado de direito democrático, consagrado na Constituição de 1988, é a mais importante conquista histórica da sociedade brasileira. Na democracia, o Brasil conheceu um período de estabilidade institucional e de avanços econômicos e sociais, tornando-se um país melhor e menos desigual, mas essa grande conquista coletiva encontra-se ameaçada por sucessivos ataques aos direitos e garantias, sob pretexto de combate à corrupção.
     A sociedade brasileira exige sim que a corrupção seja permanentemente combatida e severamente punida, respeitados o processo legal, o direito de defesa e a presunção de inocência, pois só assim esse combate será eficaz e a punição, pedagógica. Por isso, na última década, o Brasil criou instrumentos de transparência pública e aprovou leis mais eficientes contra a corrupção, provendo os agentes do estado dos meios legais e materiais para cumprirem sua missão constitucional.
     Hoje, no entanto, o que vemos é a manipulação arbitrária da lei e o desrespeito às garantias por parte de quem deveria defendê-las. Tornaram-se perigosamente banais as prisões por mera suspeita; as conduções coercitivas sem base legal; os vazamentos criminosos de dados e a exposição da intimidade dos investigados; a invasão desregrada das comunicações pessoais, inclusive com os advogados; o cerceamento da defesa em procedimentos ocultos; as denúncias e sentenças calcadas em acusações negociadas com réus, e não na produção lícita de provas.
     A perversão do processo legal não permite distinguir culpados de inocentes, mas é avassaladora para destruir reputações e tem sido utilizada com indisfarçáveis objetivos político-eleitorais. A caçada judicial e midiática ao ex-presidente Lula é a face mais visível desse processo de criminalização da política, que não conhece limites éticos nem legais e opera de forma seletiva, visando essencialmente o campo político que Lula representa.
     Nos últimos 40 anos, Lula teve sua vida pessoal permanentemente escrutinada, sem que lhe apontassem nenhum ato ilegal. Presidiu por oito anos uma das maiores economias do mundo, que cresceu quatro vezes em seu governo, e nada acrescentou a seu patrimônio pessoal. Tornou o Brasil respeitado no mundo; conviveu com presidentes poderosos e líderes globais, conheceu reis e rainhas, e continua morando no mesmo apartamento de classe média em que morava 20 anos atrás.
      Como qualquer cidadão e cidadã, Lula pode e deve ser investigado, desde que haja razões plausíveis, no devido processo legal. Mas não pode ser submetido, junto com sua família, ao vale-tudo acusatório que há dois anos é alardeado dentro e fora dos autos. Acusam-no de ocultar imóveis, que não são dele, apenas por ouvir dizer. Criminalizam sua atividade de palestrante internacional, ignorando que Lula é uma personalidade conhecida e respeitada ao redor do mundo. A leviandade dessas denúncias ofende a consciência jurídica e desrespeita a inteligência do público.
       A caçada implacável e injusta ocorre em meio a crescente processo de cerceamento da cidadania e das liberdades políticas, que abre caminho para a reversão dos direitos sociais. Líderes de movimentos sociais são perseguidos e até presos, manifestações de rua e ocupações de escolas são reprimidas com violência, jornalistas independentes são condenados por delito de opinião. Ao mesmo tempo, o sistema judiciário recua ao passado, restringindo o recurso ao habeas corpus e relativizando a presunção de inocência, garantias inalienáveis no estado de direito.
     Esse conjunto de ameaças e retrocessos exige uma resposta firme por parte de todos os democratas, acima de posições partidárias. Quando um cidadão é injustiçado – seja ele um ex-presidente ou um trabalhador braçal – cada um de nós é vítima da injustiça, pois somos todos iguais perante a lei. Defender o direito de Lula à presunção da inocência, à ampla defesa e a um juízo imparcial é defender a democracia e o estado de direito. É defender a liberdade, os direitos e a cidadania de todos os brasileiros e brasileiras.

06 novembro 2016

Entenda como a Globo e autoridades atuam em “parceria público-privada” para perseguir Lula




Este texto é um registro, baseado em provas e fatos, não convicções, de como funciona a dinâmica da parceria público-privada entre o maior grupo de comunicação do país, de propriedade da família mais rica do Brasil, e funcionários públicos que deviam servir a toda sociedade brasileira, na perseguição de uma liderança política, reconhecida como o melhor presidente da história do Brasil.
Como as acusações e processos contra Luiz Inácio Lula da Silva costumam a nascer de matérias com graves incorreções e mentiras de veículos das Organizações Globo. E como essas matérias dão origem a custosas investigações por agentes públicos, que por sua vez são vazadas prioritariamente também para a Globo, em um mecanismo que se retroalimenta.
Assim será possível entender por que Lula diz que autoridades não podem ser “reféns da imprensa” e por que os advogados de Lula dizem que ele sofre um processo de “lawfare”, de uso de instrumentos jurídicos para a destruição da imagem e inabilitação de um adversário político. (...)
CLIQUE AQUI para ler na íntegra.
*Fonte: http://lula.com.br/

JOAN BAEZ & BOB DYLAN




*JOAN BAEZ  &  BOB DYLAN - SINGS WITH DYLAN 

05 novembro 2016

Sobre a #ocupação do RU da UFRGS (Recuerdos)










‘Recuerdos’ de um bom Combate

Por Júlio Garcia*

Outro dia, ao postar o poema ‘Inverno em Porto Alegre’**, veio-me a lembrança um episódio ocorrido ainda na época da nada saudosa ditadura militar.

Já faz um bom tempo, mas, como diria um amigo meu, ‘parece que foi ontem!’

O ano era 1980, se não estou enganado.

A Argentina vivia, assim como o Brasil, sob as botas implacáveis de uma ditadura militar.

O ditador de plantão era o general Videla, o ‘pantera cor-de-rosa’.

No Brasil, era o general Figueiredo (aquele que preferia sentir o 'cheiro de cavalo' ao invés do 'cheiro do povo').

A tortura, o seqüestro e o assassinato dos presos políticos corriam soltos nos dois países, mas com maior intensidade no país dos nossos ‘hermanos’.

Pois o Videla resolveu fazer uma visita ao seu ‘colega’ brasileiro. E resolveu dar uma ‘esticada’ até Porto Alegre, onde participaria de algumas ‘solenidades’...

Resolvemos então, em solidariedade ao povo argentino, organizar um protesto contra a presença do ditador no solo brasileiro.

O ato político começou por volta do meio-dia no pátio da Faculdade de Direito da UFRGS.

Começou com pouco mais de 50 pessoas, a absoluta maioria composta por estudantes de várias faculdades, a maioria da ‘federal’, membros de DCEs, mais alguns secundaristas e militantes de organizações de esquerda. Dentre eles, na vanguarda do movimento, lembro do companheiro Adeli Sell (então professor e liderança da corrente estudantil 'Liberdade e Luta',  a famosa 'Libelu',  que eu, recém chegado de Santiago,   também integrava). Adeli é hoje vereador em Porto Alegre, já no seu quarto mandato.  Também presente o companheiro Luiz Marques (então Presidente do DCE da UFRGS, hoje professor de Filosofia e escritor).

Decidimos, após alguns discursos inflamados contra a ditadura de ‘lá e cá’, iniciarmos mais uma passeata.

Começamos a ‘subir’ a Avenida João Pessoa: passo acelerado, palavras-de-ordem, megafones a mil; os estudantes que estavam na ‘fila’ do RU da UFRGS foram chamados a participar; alguns populares incorporaram-se, a adesão foi aumentando...

Quando a passeata chegou à esquina com a André da Rocha já contava com mais de duzentas pessoas. Para nós, já era uma multidão (segundo os critérios ‘drumondianos’)!

Eu integrava o ‘serviço de ordem’ (segurança) da passeata. Fomos avisados que a tropa-de-choque da Brigada Militar deslocava-se pela Salgado Filho e vinha em nossa direção.

Paramos momentaneamente a passeata para organizar a resistência. A orientação era ‘não aceitar provocação’, mas também não recuar.

Gritamos os slogans de praxe: ‘soldado da brigada, também é explorado’, ‘o povo, unido, jamais será vencido’, ‘o povo, na rua, derruba a ditadura’ etc...

Mas não adiantou, o ‘pau comeu solto’, com muita violência; o número de brigadianos era desproporcional ao dos manifestantes.

Os estudantes começaram a debandar pela Rua André da Rocha, pela Salgado Filho, pela João Pessoa, descendo em direção ao campus central da UFRGS...

Então, um grupo de manifestantes, acuados, sem alternativas, adentrou o Restaurante Universitário (RU), quebrando os vidros do saguão com os próprios corpos, perseguidos pelos brigadianos que não cansavam de baixar o cacetete nas suas costas, cabeças, braços...

Por milagre, ninguém saiu seriamente ferido...

Então, baixada a poeira, decidimos ‘ocupar’ o RU até a saída do ditador Videla do Brasil. A seguir, o RU foi declarado ‘território livre’, símbolo da resistência contra as tiranias!

Organizou-se o comando da ocupação, a vigília, turnos, tarefas... Palavras-de-ordem foram escritas nas paredes, murais... Um palco foi montado. Músicos, atores, militantes revezavam-se ao microfone, todos denunciando as ditaduras latino-americanas e manifestando solidariedade ao ‘movimento’...

Lembro que o pessoal do ‘Oi Nóis Aqui Traveiz’ também esteve lá e representou em nosso palco improvisado...

No outro dia estava marcada a ‘reinauguração’ da Praça Argentina, onde o ditador Videla descerraria uma placa alusiva.

Pela manhã a cavalaria da BM, juntamente com o ‘choque’e seus ‘equipamentos’, cachorros etc., ‘ocuparam’ a praça.

Organizamos então uma nova manifestação na calçada do Centro de Engenharia da UFRGS (o CEUE), que ficava em frente à praça.

Após algumas horas, veio a informação que incendiou os ‘resistentes’: a ‘reinauguração’ da praça e a visita do ditador foram suspensas!

Comemoramos nossa vitória com mais um ato improvisado, ‘mudando’ então o nome da praça para ‘Praça das Madres de Mayo’, em homenagem às mães argentinas (ou ‘locas’, vide a foto acima) que, corajosamente, denunciavam o desaparecimento de seus filhos pela repressão, ajudando a tornar conhecidos mundialmente os hediondos crimes praticados pelos militares direitistas do país vizinho.

Ficamos dois dias e meio naquela luta.

Quando o ditador Videla saiu do Brasil, encerramos o ‘movimento’ da ocupação do RU - e mais um episódio na luta contra as ditaduras latino-americanas.

Esse combate nós havíamos vencido!

As ditaduras no Brasil e na Argentina durariam ainda mais alguns penosos anos, mas também acabariam derrotadas pela força organizada e resistente do povo.  (Por Júlio Garcia)
...
ET 1: O general Vidella - e outros  militares criminosos e seus cúmplices, inclusive civis - estão hoje cumprindo prisão perpétua na Argentina. Lá, pelo menos, a Justiça tardou - mas não falhou! 

*Via: http://arquipelago.blogspot.com.br/
 e http://o-boqueirao.blogspot.com.br/

ET 2: Minha irrestrita solidariedade aos companheiros estudantes que hoje estão na linha de frente nas ruas (e também ocupando escolas e universidades, coerente e corajosamente defendendo o patrimônio público, no caso específico, a Educação Pública) - assim como  a Democracia e o Estado Democrático de Direito -, seriamente ameaçados pelo desgoverno golpista e entreguista. (JG)

***



Inverno em Porto Alegre - Poema**
  
Dos plátanos, as folhas 
em profusão, caem dos galhos 
inundando com sua cor amarelo-ouro 
as toscas calçadas da 'Praça de Maio' 

Na praça - que antes tinha outro nome 
(oficialmente, 'Argentina') 
ainda hoje se ouvem os ecos das manifestações 
dos estudantes, dos populares, 
em idos não mui distantes... 

O vento frio agita o que resta 
das copas das árvores centenárias 
cravadas no coração desta cidade. 

- Êta vento que sopra inclemente 
castigando ainda mais o corpo franzino 
desta gente 
- 'hóspedes' permanentes dos viadutos... 

Neste inverno 
mais uma vez Porto Alegre apresenta-se gélida 
(o Sul do país 
está 'antártico'...) 

                  Júlio Garcia 
        (Do livro 'Cara & Coragem - Poemas' - 1995 
   
-Créditos da foto da Praça: Jean Scharlau

Com Açúcar, Com Afeto




* Com Açúcar, Com Afeto  - de Chico Buarque, com Fernanda Takai 

O golpe compensa!



Arpeggio - Coluna Política Diária*
Por Miguel do Rosário
Follow the money.
De vez em quando a frase, pronunciada pelo "Garganta Profunda", a fonte secreta de um dos repórteres do Watergate, badala como um sino em minha cabeça. Siga o dinheiro.
Eu vejo a economia brasileira ir para o buraco, arrastada pela instabilidade política, pela especulação desenfreada, pelo desemprego galopante, pela desinformação caótica promovida pela mídia, e não paro de me perguntar: a quem interessa tudo isso?
A capa da última Exame, dizendo que "Os bons tempos voltaram", por outro lado, me fez lembrar um belíssimo livro que eu possuía sobre a revolução russa.
O livro se inicia com uma descrição vívida e ilustrada de um baile incrivelmente luxuoso promovido pela aristocracia, pouco antes da revolução bolchevique.
Follow the money.
Em junho do ano passado, a Globo realizou uma operação de crédito de US$ 325 milhões, ou R$ 1 bilhão, em moeda nacional. Em vocabulário leigo, digamos que a Globo conseguiu, bem no meio de uma terrível crise econômica vivida pelo país, rolar boa parte de sua dívida no exterior, estendendo seu vencimento de 2022 para 2025.
No Brasil, no entanto, a informação mereceu apenas discreta notinha no site Meio & Mensagem, um satélite da própria Globo, e uma matéria ainda mais tímida - igualmente laudatória à Globo - na revista Exame.
A própria Globo, mesmo ocultando a informação em seus veículos, comunicou a operação em seu site corporativo. A emissão dos títulos (bonds, em inglês) se deu no dia 8 de junho de 2015.
No site da Merril Lynch, um post de 1 de junho de 2015, traz mais informações. A Globo usou uma offshore nas Ilhas Cayman, a Pontis III, para fazer uma "engenharia financeira" qualquer para melhorar o perfil de sua dívida.
Os bancos que operaram a engenharia foram o Santander, o Itaú e o Bank of America.
Follow the money.
Eu pesquisei quem são os controladores do Bank of America. O principal deles é a Blackrock, o maior fundo de investimento do mundo. (...)
CLIQUE AQUI para continuar lendo (via O Cafezinho).

Em ato sindical no Uruguai, Dilma fala de ‘característica continental’ de avanço neoliberal


Dilma recebeu uma medalha de “visitante ilustre” de Montevidéu |
Foto: Frente Amplio

Da Redação do Sul21*
Nesta sexta-feira (4), um ato da central sindical do Uruguai – a PIT-CNT – reuniu milhares de militantes na capital Montevidéu e teve a participação da ex-presidenta do Brasil, Dilma Rousseff. A marcha, organizada como “jornada continental pela democracia e contra o neoliberalismo”, teve falas de líderes políticos locais durante toda a manhã.
Dilma falou sobre a importância da união entre os países da América Latina, que “durante muitos anos estiveram de costas” mesmo para vizinhos. Segundo informações do jornal uruguaio La Diaria, a ex-presidenta afirmou em palanque que “a democracia está correndo riscos na nossa região” e falou sobre a situação brasileira. “Não querem que continuemos. Querem andar para trás com todas as conquistas sociais e com todas as conquistas que elevaram a vida da população brasileira. Me preocupa muito que isso seja um processo com característica continental”, disse.
À tarde, Dilma visitou a sede da coalizão de esquerda Frente Amplio – partido do qual fazem parte o ex-presidente José “Pepe” Mujica e o atual, Tabaré Vázquez – e em seguida, recebeu uma medalha de “visitante ilustre” de Montevidéu, na prefeitura da capital uruguaia.
*Via http://www.sul21.com.br/

04 novembro 2016

Wagner Moura repudia invasão da escola do MST: “Covarde; típica de Estado de exceção”


Leia também:
*Via Viomundo

Ações de Moro contra Lula não são compreendidas em Harvard, diz professor John Comaroff



Jornal GGN* - Após trazer artigo nesta semana de dois procuradores da República da força-tarefa de Sérgio Moro, evidenciando a perseguição da Lava Jato a membros do Partido dos Trabalhadores e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e ser duramente criticada por parcialidade, a Folha de S. Paulo consultou o antropólogo John Comaroff, especialista em lawfare e professor na Universidade de Harvard.
 
Para o especialista, a sequência de abusos cometida pelo juiz federal da Lava Jato ainda está difícil de compreender em Harvard, com "fatos que perturbam a audiência internacional" e, segundo ele, as ações demonstram uma "ânsia em acusá-lo [Lula]". "Eu estou tentando entender o caso. Meus colegas aqui em Harvard não conseguem compreender", afirmou.
 
"Ao vazar conversas privadas, mesmo que envolvam 20 pessoas, se Lula está entre elas, você sabe que é dele que a mídia falará. Isso é 'lawfare'. Você manipula a lei e cria uma presunção de culpa", foi a resposta do professor.
 
Na entrevista ao jornal, o especialista defendeu, ainda, a substituição de Sérgio Moro para que questionamentos sobre a isenção ou não do magistrado nas ações que tramitam contra o ex-presidente possam seguir sem questionamentos ou polêmicas.
 
"Certamente há muitos outros juízes capazes no Brasil. Em princípio, se você quer manter o sistema judicial o mais limpo possível, você não perde a oportunidade de evitar conflito de interesse ou atitudes impróprias", disse.
 
Com vasto conhecimento no uso do sistema legal contra a figura de um inimigo, denegrindo ou deslegitimando a imagem da pessoa investigada disfarçada em mecanismos legais, Comaroff entende que a Lava Jato faz o contrário do que prevê a Constituição: cria a "presunção da culpa" e não a da inocência, como nos é garantida.
 
O professor de Harvard criticou as escutas telefônicas aprovadas pelo juiz do Paraná contra o ex-presidente, envolvendo detentores de foro privilegiado e, ainda, estendendo-se após o período autorizado. Além disso, questionou o grampo feito no escritório da defesa de Lula. Moro justificou a medida ser também investigado o advogado Roberto Teixeira. Para Comaroff, o ato é "muito ilegal no mundo inteiro".
 
"Não se pode fingir que não se esperava que essas medidas contra Lula não teriam impacto. Isso demonstra uma ânsia em acusá-lo. Parece que Lula tem recebido um tratamento diferente nos aspectos legais na operação", disse. "O país possui um sistema legal robusto. Não há necessidade de se violar a lei", completou.
 
Tomando o cuidado para não fazer "julgamento legal sem todos os aspectos esclarecidos" e afirmando que "não tem ideia" se o ex-presidente é culpado ou não, e que para isso seriam necessárias provas, o especialista disse que o que se tem atém agora "é tudo muito incerto". "O ponto levantado pelo juiz Moro é tudo, menos conclusivo pelo que foi relatado até aqui", completou.

*Via http://jornalggn.com.br/

03 novembro 2016

Estudantes decidem ocupar curso de Dança e Instituto de Artes da UFRGS


Estudantes do Instituto de Artes da UFRGS decidiram, por unanimidade, ocupar unidade e paralisar suas atividades. (Foto: Reprodução/Facebook)

Da Redação (Sul21*)
Estudantes do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) decidiram por unanimidade, em assembleia realizada na tarde desta quinta-feira (3), ocupar o prédio do instituto e paralisar suas atividades, somando-se à luta contra a PEC 241 (rebatizada de PEC 55 no Senado) e a Medida Provisória (MP) da reforma do ensino médio editada pelo governo Temer. Quase no mesmo horário, estudantes do curso de Dança, que funciona junto à Escola de Educação Física, também decidiram pela ocupação, engrossando a mobilização dentro da universidade.
Leia mais:


Mais de vinte cursos já estão ocupados na UFRGS. A primeira ocupação ocorreu no dia 26 de outubro, quando estudantes de Letras ocuparam o prédio do instituto no Campus do Vale. No dia 31 de outubro, foi a vez dos estudantes da Faculdade de Educação ocuparem o prédio da instituição localizado no Campus Centro. Ainda no dia 31, estudantes do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (Fabico), Arquitetura, Urbanismo e Design, Psicologia, Serviço Social e Fonoaudiologia também decidiram ocupar suas unidades.
*Via http://www.sul21.com.br/

Na crise do PT, não há saída fácil - (Mas sem fim do PED não há renovação)



Por Markus Sokol*
Na crise do PT, atacado de todos os lados, inclusive de dentro, não há saída fácil. A militância está questionando, em parte perplexa: a maioria quer antecipar a renovação da direção – que deveria renunciar – quer discutir a crise e corrigir a política.
Uma coisa, contudo, é certa: mantido o PED, o processo eleitoral direto, conduzido pela atual direção, não haverá renovação de fundo.
Em parte, porque a regra do voto em urna de 2001 agravou os problemas do partido de massas que virou “de massa de manobra” com todos vícios da corrupção institucional no país e a militância foi reduzida a eleitora. E, em parte, porque é no PED que se montam os maiores grupos, coalizões de mandatos e dirigentes que não querem largar o timão nem com o barco afundando. Renunciar, então, nunca!
A corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), a maioria, agarra-se à defesa mesquinha do PED, cujo argumento novo é que foi validado no Congresso de Julho de 2015, em Salvador. Como se depois não tivesse tido o impeachment e o desastre eleitoral. Como se ninguém repensasse sua experiência!
É evidente que o PT tem que dar a palavra à militância em encontros deliberativos desde a base para eleger as direções, como foi metade da sua história. Essa é a posição do Diálogo e Ação Petista.
Acontece que na CNB há quem cansou do PED, mas hesita em se diferenciar da maioria.
O bloco “Muda PT”, por sua vez, crítica o PED, às vezes propõe seu fim, noutras vezes deixa a porta aberta, mas há quem ameace sair do PT em caso de PED. Renunciar seria para os outros…
Situação extraordinária
Há um risco de racha ou desagregação que deixaria os trabalhadores ainda mais desguarnecidos. Uma eventual prisão de Lula com a Executiva sem autoridade aumenta o risco. Por isso é preciso firmeza, mas clareza no que se busca.
Nós somos incondicionais pela defesa do partido atacado pelas instituições pró-imperialistas.
O PT em crise tem um Estatuto: os delegados de Congresso são eleitos em um PED. Não resolve a crise rasgar o Estatuto (como alguns ameaçam).
Ao mesmo tempo, uma situação extraordinária como a atual pede soluções extraordinárias (a renúncia ajudaria). Tanto que Lula começou a se movimentar para construir uma proposta.
No caso, a primeira responsabilidade é da maioria: a CNB. É um crime aferrar-se ao PED, argumentando com a “modernidade” das cotas, novas pautas etc. vendidas nos últimos congressos e deu no que deu. Aprofundou a crise da qual a própria CNB não tem como escapar. Ela deveria construir a alternativa – para nós, congresso baseado em encontros de base.
Não sabemos o resultado da crise, nem como o congresso será convocado no Diretório Nacional convocado para 9 e10 de novembro. Lutando pela reconstrução do PT – isso é o que queremos – realimentamos essa perspectiva através do Diálogo Itinerante.
*Markus Sokol é economista, dirigente da corrente O Trabalho, integrante do DAP (Diálogo e Ação Petista) e membro da Direção Nacional do PT.

02 novembro 2016

E Vamos à Luta!




*E Vamos à Luta (Ao vivo na Lapa) - De Gonzaguinha, com Maria Rita

"Eu acredito é na rapaziada
Que segue em frente e segura o rojão
Eu ponho fé é na fé da moçada
Que não foge da fera, enfrenta o leão
Eu vou à luta com essa juventude
Que não corre da raia a troco de nada
Eu vou no bloco dessa mocidade
Que não tá na saudade e constrói
A manhã desejada"

Entrevista - Boaventura Santos - "O que mais custa aceitar é a participação do Judiciário no golpe"


"O sistema judicial deve uma resposta à sociedade brasileira", diz Boaventura

O sociólogo português Boaventura Santos faz uma radiografia da crise política brasileira e pede à esquerda nativa para abrir mão das diferenças

Desatados os laços coloniais, a proximidade entre Brasil e Portugal se estende para além das velhas rotas do Atlântico. Nas antigas colônia e metrópole, as trajetórias republicanas são navegadas sob tempestades que carregam ensinamentos para as duas costas do oceano.
onda neoliberal que atinge hoje o Brasil por meio do governo de Michel Temer chegou como um tsunami em 2011 às terras lusitanas. Passos Coelho, então primeiro-ministro, tentou aprofundar as políticas de ajuste estrutural exigidas pelo Fundo Monetário Internacional, o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia, mas o ímpeto dos retrocessos perdeu força diante da resistência unificada do campo progressista em Portugal.
Baseado nessa análise, o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos espera comportamento semelhante das esquerdas brasileiras para reagir ao que chama de “golpe constitucional-judicial” e a retrocessos defendidos pelo atual governo. Em passagem pelo Brasil para o lançamento do livro “A difícil democracia”, publicado pela editora Boitempo, o sociólogo mostra estar atento aos movimentos do governo Temer. Em entrevista a CartaCapital, faz uma radiografia da crise política brasileira, chama o congelamento de investimentos públicos por 20 anos de “escândalo constitucional e político” e releva sua indignação com a seletividade da Justiça. "O que mais custa aceitar é a participação agressiva do sistema judiciário na concretização do golpe."  
CLIQUE AQUI para ler a entrevista concedida pelo conceituadíssimo escritor e sociólogo português à Carta Capital.

A vitória da Globo em Conquista - O grande erro foi não regular a mídia



PHA: Em Vitória da Conquista, na Bahia, Herzem Gusmão, do PMDB, ganhou a eleição para Prefeito em segundo turno, com 58% dos votos, contra Zé Raimundo, do PT. A cidade tem como Prefeito o médico Guilherme Menezes, que foi Prefeito eleito em 1997, depois em 2000, depois em 2008, depois em 2012... E, portanto, um homem de reputação indiscutível e prestígio na cidade e na região. Eu converso com Guilherme Menezes e pergunto: por que o PT perdeu em Vitória da Conquista?
Guilherme Menezes: Primeiro, da minha parte, tenho uma profunda gratidão pelo povo de Vitória da Conquista por esses cinco mandatos que conquistou o Partido dos Trabalhadores aqui - e partidos aliados. É um município imenso e eu gostaria de externar esta gratidão porque, além de quatro vezes Prefeito, eu fui eleito Deputado Estadual e Deputado Federal, com a votação majoritária de Vitória da Conquista. Acredito que a situação nacional, esse verdadeiro massacre da grande mídia, tem ajudado muito. E esse discurso do "tá na hora mudar, tá na hora de mudar"... Acredito que isso tenha contribuído bastante para que nós não fôssemos para o sexto mandato.  
PHA: O que foi esse massacre divulgado através da grande mídia? O que é que foi discutido no plano nacional e que pudesse ter tido um impacto tão agudo em Vitória da Conquista?
GM: Eu reputo isso ao fascínio que principalmente a televisão tem sobre as pessoas, principalmente aquelas pessoas menos informadas politicamente, porque nós estamos aqui numa cidade encravada no Polígono das Secas - portanto, numa cidade tradicionalmente assolada pelas secas, e nós estamos no quinto ano de seca sucessivo. Vale notar que a partir dos Governos Lula e Dilma, como que, por milagre, desapareceram os retirantes nordestinos, flagelados da fome e da seca... Houve um avanço muito grande nessas políticas com Bolsa Família, benefício de prestação continuada, o Pronaf, que não chegava aqui para esta região e começou a chegar para garantir a safra... E, mesmo assim, grande parte da população entrou naquele discurso do "é preciso mudar" e parece que deixou de olhar e ouvir. Aquela coisa: "quem tem olhos para ver, que veja; quem tem ouvidos para ouvir, que ouça". Parece que as pessoas deixaram de olhar e perceber o que aconteceu nas suas vidas e no seu entorno e viraram muito mais para esta campanha tão acirrada. Foi, como eu disse, um verdadeiro massacre contra as políticas do Partido dos Trabalhadores e, principalmente, contra as grandes lideranças e o grande líder, que é Lula. (...)
CLIQUE AQUI para continuar lendo a entrevista com o Prefeito Guilherme Menezes realizada pelo jornalista Paulo Henrique Amorim, Editor do Blog Conversa Afiada.

Comissão da Câmara vai ao CNJ contra juiz que autorizou práticas de tortura contra estudantes


Deputado Paulo Pimenta: ˜o despacho do magistrado é gravíssimo e contribui para levar o país a um clima de intolerância absoluta e violência˜. ˜Foto: Agência Câmara)

Sul21 -  A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados protocolou na tarde de terça-feira (1º) representação contra o juiz Alex Costa de Oliveira, que autorizou a desocupação forçada de uma escola pública no Distrito Federal, com a utilização de métodos que caracterizam desrespeito à Constituição e ao Estatuto da Criança e do Adolescente. Os parlamentares que assinam a representação, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) e a deputada Érika Kokay (PT-DF), pedem “apuração e aplicação das sanções legais” cabíveis ao magistrado por estímulo à tortura, violação dos direitos humanos, direitos à participação política e à integridade física e mental dos manifestantes.
Vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos, o deputado Paulo Pimenta diz que o colegiado pretende entregar a representação para a Presidente do CNJ, ministra Carmen Lúcia, na próxima quinta-feira (3).
Em decisão de reintegração de posse, no último domingo, o juiz Alex Costa de Oliveira autorizou o corte de água, energia e gás, e a utilização de instrumentos sonoros como meio de pressão e tortura aos estudantes para forçar a desocupação no Centro de Ensino Asa Branca de Taguatinga (CEMAB). “Como forma de auxílio no convencimento à desocupação autorizo expressamente que a Polícia Militar utilize meios de restrição à habitabilidade do imóvel, tal como suspensão do corte do fornecimento de água; energia e gás. Da mesma forma, autorizo que restrinja o acesso de terceiros, em especial parentes e conhecidos dos ocupantes, até que a ordem seja cumprida. Autorizo também que impeça a entrada de alimentos. Autorizo, ainda, o uso de instrumentos sonoros contínuos, direcionados ao local da ocupação, para impedir o período de sono”.
Para Pimenta, o despacho do magistrado é “gravíssimo” e contribui para levar o país a um clima de intolerância absoluta e violência. “Estamos diante de uma decisão judicial que autoriza técnicas de aniquilação, técnicas de guerra. Essa determinação se soma a uma série de situações que estimulam um ambiente de extrema gravidade pelo qual o nosso país está vivendo, como atuação de grupos paramilitares, ações ilegais promovidas pelas polícias, e promotores e juízes extrapolando suas competências”, apontou Pimenta.
Ao todo, mais de mil escolas estão ocupadas em todo o país, em manifestações contra a Pec 241. Na tarde de terça-feira, a Comissão de Direitos Humanos realizou uma audiência com estudantes secundaristas para debater as ocupações no Distrito Federal e demais estados brasileiros. (Da Redação)
*Via http://www.sul21.com.br/

01 novembro 2016