14 março 2019

NOTA DO PT/RS

 
O Partido dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul tem orgulho da liderança do presidente Lula e das realizações do seu governo, que promoveu crescimento econômico, reduziu desigualdades sociais e regionais e destacou o Brasil internacionalmente. 

Apoiamos nossa direção nacional, liderada pela companheira Gleisi Hofmann, na defesa da unidade das forças políticas que se opõe às tentativas de destruição da soberania nacional e à liquidação dos direitos do povo brasileiro pelo governo Bolsonaro e seus aliados, ao mesmo tempo que denuncia a farsa da lava-jato contra o presidente Lula. 

São lamentáveis os ataques ao PT, à sua direção e ao presidente Lula, em entrevista à Rádio Gaúcha nesta terça feira, por parte de Ciro Gomes. Ao fazer coro com os que tentam criminalizar o PT ele auxilia aqueles que atacam os direitos do nosso povo e a nossa soberania. 

O PDT é maior do que Ciro. Seus ataques não diminuirão nossa busca pela unidade das forças populares e democráticas em defesa do Brasil e do nosso povo.

Porto Alegre, 13 de Março de 2019. 

Pepe Vargas – Presidente PT RS.

*Via http://www.ptrs.org.br 

**Edição e grifos deste Blog 

A milícia contra ataca





Por Leandro Fortes, para o Jornalistas pela Democracia*

O afastamento do delegado Giniton Lages, do caso Marielle, é um sinal de que os milicianos infiltrados no governo Witzel estão se movimentando - e rápido - para tentar desvincular os assassinos da família Bolsonaro.

Ao mesmo tempo, tenta-se consolidar a tese ridícula de que dois assassinos de aluguel, um deles flagrado com 117 fuzis, teriam matado Marielle e Anderson por ódio ideológico.

Essas antas, como 100% dos bolsomínions, entendem, sim, de ódio, mas são completamente analfabetos sobre ideologia. Como Bozo, repetem chavões de apostilas da Guerra Fria sem nenhuma relação com a realidade. É gado alimentado com ração de veneno.

Vem aí um novo delegado, dessa vez, adestrado para falar só o que interessa aos Bolsonaro e a Witzel, o cara de pau que está capitalizando para si uma investigação sobre a qual não teve nenhuma participação. E, pior, jogando com a covardia da triste imprensa carioca, que não teve coragem de lembrar a participação dele no ato fascista que destruiu a placa de Marielle.

13 março 2019

O culto às armas do bolsonarismo vai multiplicar massacres como o de Suzano






Por Mauro Donato*

Em pouco mais de dois meses o governo estimulador de franco atiradores já colhe sua primeira tragédia.

Ao melhor (ou pior) estilo americano, dois adolescentes entraram na escola Professor Raul Brasil, em Suzano. O número total de mortes ainda não está confirmado, mas elas passam de nove. A escola atende aos ensinos fundamental e médio.

Os dois atiradores suicidaram-se em seguida.

Mais armas nas mãos da população não tem como dar em algo diferente. Desde que a extrema direita, que hoje está no poder, já vinha falando em rever o estatuto do desarmamento, escrevi (lá em 2015) neste DCM:

“Estão brincando com fogo e empurrando-nos para uma sociedade tão doente quanto a do tio Sam. Facilitar o acesso às armas é criar um oceano de tragédias. Um levantamento feito nos casos investigados pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) aponta que 83% dos assassinatos esclarecidos foram cometidos por motivos fúteis como brigas de trânsito, discussões de casal, rivalidades entre torcedores fanáticos. Quando se tem uma arma à mão, este é o resultado”.

Esse tipo de evento está deixando de ser raro no país. E morbidamente motiva imitadores.

Há alguns anos, em Realengo (RJ), um ex-aluno que dizia sofrer bullying entrou na escola e disparou mais de 100 tiros. Matou 12 crianças.

Tempos depois, em Goiás, um adolescente de 14 anos dirigiu-se até o Colégio Goyases, matou dois colegas e feriu outros tantos.

Ele disse ter se inspirado no atirador de Realengo (além de Columbine, claro). O autor dos disparos usava uma pistola calibre 40 que era da mãe, uma policial militar.

Em 2013, o menino Marcelo Pesseghini, de apenas 13 anos, pegou uma arma, foi até a escola e depois matou seus pais.

Um laudo psiquiátrico polêmico feito após a morte do garoto relatou uma doença mental (encelopatia hipóxica) e também um suposto vício pelo game Assassin’s Creed como causas determinantes.

Seja como for, sem uma arma em mãos o garoto não teria feito o que fez.

Os casos de tiroteios em escolas obedecem a alguns padrões que estudos comprovam. Meninos, menores de idade, busca pela fama, frustração. E armas, obviamente.

O acesso a elas não traz nada de positivo a ninguém, em lugar nenhum.

Se Bolsonaro e seus seguidores não conseguem compreender isso, que esse massacre de hoje sirva para abrir-lhes os olhos.

*Jornalista 


12 março 2019

Presos PM e ex-PM acusados de serem os assassinos de Marielle e Anderson - Aparece foto de Bolsonaro com um dos assassinos; ele é vizinho do outro

 


O ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz, de 46 anos, que dirigia o automóvel usado para o assassinato de Marielle Franco em 14 de março de 2018, ostenta em seu perfil no Facebook uma foto ao lado de Jair Bolsonaro; na foto, o rosto de Bolsonaro está cortado; os dois aparecem sorrindo; ela foi postada depois do assassinato, em 4 de agosto último; quanto ao policial militar reformado Ronnie Lessa, de 48 anos, apontado como o autor dos 13 disparos que mataram Marielle e Anderson, mora no mesmo condomínio de Bolsonaro -e lá foi preso às 4h desta terça.

CLIQUE AQUI para ler na íntegra (via 247)

11 março 2019

Sob ameaças, Márcia Tiburi decide sair do Brasil


A filósofa e política recém terminou um livro sobre as eleições de 2018 e fake news, cujo prefácio foi escrito por Lula

 

A filósofa Márcia Tiburi, que em 2018 se lançou às águas turvas da política nacional com a candidatura ao governo do Rio de Janeiro, decidiu sair do país após sofrer ameaças.

Com a obrigatoriedade de andar com seguranças em eventos, e uma enorme força-tarefa para contra-atacar mentiras na internet, além de ter a vida pessoal virada do avesso, a escritora afirma que se viu forçada a mudar-se do Brasil.

Ela está vivendo em algum lugar do nordeste dos EUA desde dezembro, onde foi convidada para uma residência literária (ela prefere não revelar o local por razões de segurança).

Márcia, que é autora de mais de vinte livros de filosofia e ficção, acaba de lançar “Delírio do poder”. Na nova obra, ela trata justamente da loucura coletiva na era da (des)informação e da necessidade de se valorizar a reflexão em meio aos descaminhos de um governo que ameaça a democracia e induz ao narcisismo adquirido.

O livro é dedicado a Lula e Marielle Franco e inspirado parcialmente por “Memórias do cárcere”, de Graciliano Ramos, e “Totem e tabu”, de Freud, entre outros.

“O Delírio do Poder”, editado pela Record, é um ensaio sobre o Brasil político de 2018 e as eleições. Ao mesmo tempo, traz uma narrativa interna sobre a participação de Tiburi na campanha do Rio. É um livro de testemunho e filosofia.

Na semana passada, ela recebeu uma carta de Luiz Inácio Lula da Silva que irá para a orelha do livro. Aqui está, na íntegra: 

“À Márcia Tiburi não falta coragem. Nas suas opiniões, ideias e atitudes, ela não tem medo de arriscar, de dizer o que pensa e sente, de correr o risco de desagradar. Ela não vai se calar diante de uma injustiça ou para manter um espaço em um canal de TV. Ela não vai nunca abdicar da sua voz e das suas reflexões. Ela vai dizer e escrever o que ela pensa. O seu leitor pode ter certeza disso.

Conheci a Márcia pela sua coragem nas suas análises, opiniões, livros e na sua vida.E ano passado ela teve a coragem de ir além de analisar e escrever sobre o cenário político para participar das disputas eleitorais, algo que pouca gente tem coragem de fazer. 

A política é ao mesmo tempo a atividade mais exigida pela sociedade e a mais criticada. As pessoas exigem mais de um político do que muitas vezes exigem de si mesmas. E não importa quem seja o político, a satisfação a quem depositou sua confiança nele.” 

*Fonte: Carta Capital

09 março 2019

Fundo de Dallagnol vilipendia a Constituição, macula a Petrobras e privatiza dinheiro público

Deltan Dallagnol
POR VINÍCIUS SEGALLA* 

Os procuradores da Operação Lava Jato, capitaneados por Deltan Dallagnol, estão prestes a criar um fundo bilionário com recursos retirados da Petrobras, que, de uma só tacada, altera a letra da Constituição, cria novas funções institucionais para o Ministério Público no Brasil, afronta o Código Penal ao dar destino privado para verbas públicas e reduz a pó a prerrogativa da maior estatal brasileira de lutar pelos seus direitos na Justiça. 

Tudo devidamente homologado pela Justiça brasileira, por decisão da juíza federal substituta Gabriela Hardt, de Curitiba.

Em resumo, o MPF-PR assinou acordos com autoridades dos Estados Unidos e com a Petrobras que obrigam a estatal brasileira a depositar em uma conta gerida pelo MPF-PR o montante de R$ 2,5 bilhões, ou 80% do valor em que ela estaria sendo multada nos EUA, em uma espécie de acordo de leniência assinado por lá em virtude de ilícitos que a companhia teria cometido naquele país.

O montante será dividido em duas partes. Metade (R$ 1,25 bilhão) será destinada ao pagamento de credores da Petrobras, que teriam sido onerados pelas operações ilícitas em que a estatal teria se envolvido.

Este dinheiro ficará em uma conta judicial sob gestão do MPF-PR. O restante irá para um fundo privado que será criado e gerido pelos procuradores da Lava Jato e mais quem eles escolherem.

O dinheiro envolvido é muito mais do que todo o orçamento deste ano direcionado ao MPF-PR. Na verdade, é mais do que 60% do orçamento do MPF no Brasil todo, que será de R$ 4 bilhões no exercício financeiro de 2019.

Todo o processo que culminará na criação do fundo bilionário, de número 5002594-35.2019.4.04.7000, corrente na 13ª Vara Federal do Paraná, corre sob segredo de Justiça.

Era só para todo o país ter ficado sabendo do acordo secreto fechado por Dallagnol quando todo o dinheiro já estivesse em uma conta bancária gerida pelo procurador e quem mais ele delegar.

Assim prometeu a juíza Gabriela Hardt, no despacho em que autoriza a criação do fundo: “Assim que efetuado o depósito, levanto o sigilo sobre o acordo e a homologação.”

Os procuradores desejavam ainda mais segredo. A magistrada, no entanto, achou que, daí, eles estariam quebrando alguns princípios legais, e negou: 

“Não cabe a manutenção de sigilo sobre o próprio conteúdo do acordo e de sua homologação, o que seria contrário ao princípio da publicidade, aplicável ao processo judicial e à Administração Pública.” 

No início da semana, porém, vazaram alguns dos mais importantes documentos relacionados ao caso. E o que neles se observa é algo de dimensão tal que o país ainda nem conseguiu tomar pé de tudo.

Veja, abaixo, quais são as maiores inovações, ilegalidades e impossibilidades jurídicas vindas à tona com o vazamento dos acordos secretos assinados pelos procuradores da Lava Jato. 

1 – A farsa de Dallagnol. Foi ele quem decidiu que o MPF-PR será o gestor do fundo 

A primeira vez que o Brasil ouviu falar dos acordos que perpetrava o MPF-PR com dinheiro da Petrobras nos EUA foi em 27 de setembro do ano passado. A estatal e os procuradores informaram à nação que as partes haviam fechado um acordo prevendo que a Petrobras entregasse ao MPF o montante de R$ 2,5 bilhões.

A informação foi passada sem que o documento que selava acordo – protegido sob o manto do segredo judicial – fosse exibido aos brasileiros.

O que a Petrobras e os procuradores deram a entender era que as autoridades norte-americanas tinham feito constar no acordo assinado por eles que todo o montante deveria ser entregue à gestão do MPF.

O jornalista e blogueiro Valdo Cruz, do jornal Valor Econômico e do Portal G1, foi o primeiro a dar a notícia. Ele escreveu: “Pelo entendimento (o acordo), cerca de R$ 2,7 bilhões serão pagos ao Ministério Público brasileiro.”

No dia seguinte, o portal Migalhas, especializado em notícias jurídicas, abordou o assunto, criticando esta exigência, que constaria no acordo com os norte-americanos: 

“O que não se compreende é que, segundo o acordo, a penalização seja destinada ao MPF. Isso mesmo, consta no documento que 682 milhões de dólares, algo como R$ 2,7 bilhões, vá para a Lava Jato para que eles apliquem em ‘projetos sociais e educacionais visando à promoção da transparência, e cidadania e conformidade no setor público’. Diz-se que as autoridades americanas não aceitavam o dinheiro ir para o Estado brasileiro, porque ele seria o sócio majoritário da Petrobras, de forma que não seria uma ‘penalização’.” 

Eis que nesta semana, porém, os documentos vazaram. E o que se descobriu é que isso apenas não é verdade.

Não, os Estados Unidos jamais assinaram acordo algum determinando que a Petrobras entregasse a multa bilionária à gestão de Dallagnol e seus procuradores. Veja, abaixo, o trecho do acordo referente a este ponto: 

“The Fraud Section and the Office will credit 80% of the criminal penalty against the amount the Company pays to Brazilian authorities, pursuant to their resolution.” 

Em tradução livre, o acordo determina que a Petrobras pague 80% do valor da multa devida (R$ 2,5 bi) a autoridades brasileiras, da maneira que se resolver.

Em outro trecho: 

“The Fraud Section and the Office agree to credit the remaining amount of the Total Criminal Penalty against the amount the Company pays to Brazil, up to 80 percent of the Total Criminal Penalty, equal to $682,560,000.” 

Ou seja, que a companhia (Petrobras) pague ao Brasil, e não ao MPF, o valor devido.

Assim, sem meias palavras: a Petrobras e o MPF mentiram. Não, não foi uma condição imposta pelos EUA que eles, procuradores da Lava Jato, ficassem a cargo de gerir o dinheiro. (...) 

CLIQUE AQUI para continuar lendo esta importante e esclarecedora postagem do jornalista Vinícius Segalla (via DCM)

08 março 2019

Zé de Abreu chega ao Brasil e é saudado como presidente


O autoproclamado presidente da República do Brasil, Zé de Abreu, chegou ao Brasil nesta sexta-feira, 8 de Março, no Aeroporto do Galeão, e foi recebido por muitas pessoas que gritavam seu nome e clamavam que ele é "presidente do Brasil"; o ator segurava a placa da vereadora assassinada Marielle Franco; em um curto discurso, ele prometeu defender e cumprir a Constituição e promover o bem geral do povo brasileiro e a independência do Brasil.

CLIQUE AQUI para assistir (via 247)

Que 'chá' foi esse que eu tomei?!!!


Mídia não sabe mais o que fazer com seu ogro Bolsonaro


Em pouco mais de dois meses do atual governo, a mídia conservadora e ligada às elites, que por causa do ódio ao ex-presidente Lula e por medo do PT, apoiou a candidatura de extrema direita de Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto, caiu em si de que sua aposta foi uma fraude; em editoriais fortíssimos, os maiores jornais do país, O Globo, o Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo, dispararam duras críticas contra Bolsonaro e seu governo, ou melhor, a falta dele; em todos uma linha comum: que Bolsonaro deixe as redes sociais, desça do palanque que ainda acha que está e comece, de fato, a governar o país; as revistas semanais Veja e IstoÉ também questionam em suas reportagens de capa onde foi parar o decoro presidencial

247*- Em pouco mais de dois meses do atual governo, a mídia conservadora e ligada às elites, que por causa do ódio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e por medo do PT, apoiou a candidatura de extrema direita de Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto, caiu em si de que sua aposta foi uma fraude. Em editoriais fortíssimos, os maiores jornais do país, O Globo, o Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo, dispararam duras críticas contra Bolsonaro e seu governo, ou melhor, a falta dele. Em todos uma linha comum: que Bolsonaro deixe as redes sociais, desça do palanque que ainda acha que está e comece, de fato, a governar o país. As revistas semanais Veja e IstoÉ, que chegam às bancas neste final de semana, também questionam em suas capas o decoro por parte de Boslonaro em função da postagem do vídeo obsceno feita por ele nas redes sociais como forma de rebater as críticas de milhões de foliões durante o Carnaval. 
 
Para o jornal o Globo, "o desastrado tuíte do presidente Bolsonaro, com cenas pornográficas do carnaval de rua, recebeu o merecido repúdio e deflagrou incontáveis análises sobre quais seriam as motivações do presidente", ressalta o editorial. "Bolsonaro precisa descer de vez do palanque, arregaçar as mangas e trabalhar com afinco para executar o que prometeu na campanha", diz o texto mais à frente. "Ser presidente exige postura e também trabalho duro", ressalta o editorial do jornal da família Marinho.

Também em seu editorial, o jornal O Estado de S. Paulo diz que "vai mal um país cujo presidente claramente não entende qual é seu papel, especialmente quando não consegue dominar os pensamentos que, talvez, lhe venham à mente". "A julgar pelo comportamento muitas vezes grosseiro e indecoroso de Bolsonaro, o presidente provavelmente se considera acima do cargo que ocupa, dispensado dos rituais e protocolos próprios de tão alta função. Até à disseminação de pornografia pelas redes sociais ele tem se dedicado, para estupefação nacional e internacional", dispara o texto.

Mais adiante, o editorial destaca que diante dos desatinos cometidos por Bolsonaro, "a ala adulta do governo parece ter decidido trabalhar por conta própria, tentando reparar os danos da comunicação caótica e imprudente de Bolsonaro – desde os prejuízos econômicos causados pelo despropositado antagonismo público do presidente em relação à China e aos países árabes, até a dificuldade de arregimentar apoio a uma reforma da Previdência na qual Bolsonaro parece não acreditar".

Nesta quinta-feira (7), a Folha de S. Paulo já havia publicado um editorial intitulado "Governe, presidente", onde ressaltava que o atual governo age feito criança e está recheado de ministros que prezam mais o cunho ideológico do que uma administração voltada para os interesses do país.

"O governo infante, ademais, demonstra dificuldades precoces no modo de lidar com um Congresso Nacional que bateu na eleição o recorde de fragmentação partidária. Ministros que agradam ao círculo ideológico, como o da Educação e o das Relações Exteriores, exibem estrepitosa inapetência técnica", diz o texto.

"No Brasil, um presidente da República há 66 dias no cargo tem mais a fazer do que publicar boçalidades e frases trôpegas numa rede social", destaca o editorial do jornal da família Frias.

06 março 2019

Carnaval “da representatividade e resistência” é o que Bolsonaro tem para mostrar ao mundo, diz músico da Mangueira



"É um recado político também para o presidente, que tem que mostrar que o Carnaval é isso aqui. O Carnaval é a festa do povo, é a cultura popular, o Carnaval não é o que ele acha que é", disse autor do samba enredo vitorioso da Mangueira

Jornal GGN* - por Cíntia Alves - Autor do samba enredo da Mangueira, escola que saiu vitoriosa do Carnaval 2019 no Rio de Janeiro, Leandro Vieira mandou um recado para o presidente Jair Bolsonaro, durante uma coletiva de imprensa, na noite desta quarta (6). “O Carnaval não é o que ele [Bolsonaro] acha que é”, disse Vieira. “Ele deveria mostrar para o mundo o Carnaval da Mangueira, o Carnaval da arte, da luta, do povo, da cultura popular”, disparou.

A declaração foi uma resposta à conduta de Bolsonaro, que na noite anterior divulgou um vídeo com atos obscenos nas redes sociais, na tentativa de desqualificar o Carnaval brasileiro, por conta das críticas e ataques que recebeu em desfiles e blocos de rua em todo o País.

Vieira fez um discurso da vitória recheado de “recados políticos”

Ele disse que a Mangueira fez um “Carnaval da representatividade” ao exaltar a história de Marielle Franco e outras lideranças negras e indígenas que foram marginalizadas pela história. “São esses homens e essas mulheres aqui que são os heróis do meu enredo, que merecem sempre ser exaltados”, disse. “Aqui mora o que tem de melhor nesse País, e o que tem de melhor nesse País está nessa festa que todo o mundo aplaude”, defendeu.

Vieira ainda disse que “aqui todo mundo está vivo porque resiste” e que o samba é um “um recado político para o País todo, que tem de entender que isso [a luta pela representatividade e resistência] é importante.”

“É um recado político também para o presidente, que tem que mostrar que o Carnaval é isso aqui. O Carnaval é a festa do povo, é a cultura popular, o Carnaval não é o que ele acha que é. Ele deveria mostrar para o mundo o Carnaval da mangueira, o Carnaval da arte, da luta, do povo, da cultura popular”, encerrou o carnavalesco.

*Via https://jornalggn.com.br 

**Grifos deste Blog

A obsessão de Jair Bolsonaro

O Brasil tornou-se um filme de terror, com cenas de desumanidade assustadora intercaladas com sexo anal e pornografia explícita?


 
Por Lucia Helena Issa, no GGN*

Imagine um país tão distópico, mas tão distópico que o próprio Presidente da República, em sua conta oficial no Twitter, seguida por milhões de crianças e adolescentes, posta um vídeo pornográfico, onde um homem aparece introduzindo o dedo em seu próprio orifício anal e depois urinando sobre a cabeça de outro homem.

Esse país distópico não é fruto de uma trama cinematográfica, como Jogos Vorazes, ou sequer fruto da imaginação da fantástica Margaret Atwood , criadora de Handmaid’s Tale, mas é um país real, que já foi celebrado do mundo todo como o  "país do futuro", “nova potência mundial”, mas foi tomado por um um grupo de gângsteres, falsos cristãos e milicianos medievais.

Depois de publicar o vídeo pornográfico, ter sua publicação obscena criticada no mundo inteiro e até mesmo por seus apoiadores (por quebra de decoro e crime de responsabilidade pelo cargo que ocupa, sem ter a menor sanidade ou a estatura moral para tal), o possível impeachment de Bolsonaro chegou aos trending topics do Twitter.

A plataforma também poderá banir a conta de Jair Bolsonaro ou aplicar diferentes punições já que o post do sujeito desrespeita as diretrizes básicas da empresa sobre publicações de conteúdo adulto, pornográfico ou obsceno.

O inacreditável é que o despreparo total para o cargo, a insanidade, a idade mental de 11 anos, a obsessão pelo ânus alheio e o falso moralismo, típicos de frustrados sexuais, sempre presentes nas falas de Jair Bolsonaro (o sujeito que tem como guru o Olavo de Carvalho, um completo obcecado por orifícios anais) foram sempre muito claras para mim, mas não para milhões de eleitores “moralistas” e não para os generais que o levaram ao poder. Os mesmos generais que há 30 anos expulsaram Bolsonaro do exército por insanidade mental.

O escândalo internacional é tão grande que o correspondente do britânico do The Guardian, meu amigo Tom Philips pediu ontem, diante de leitores do mundo todo, que alguém tire o telefone de Jair Bolsonaro!

O Brasil tornou- se um filme de terror, com cenas de desumanidade assustadora intercaladas com sexo anal e pornografia explícita?

*Via GGN

05 março 2019

Globo ignora alusão a Lula em samba da Tuiuti - A escola carioca usou a história do bode eleito no Ceará nos anos 20 para fazer metáfora com situação atual do país

 
A Tuiuti usou a história verídica do Bode Ioiô, que nos anos 1920 chegou a ser eleito vereador em Fortaleza, para fazer alusão a Lula. / Mídia Ninja

Por Tayguara Ribeiro* 

Com um enredo fazendo alusão ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Paraíso do Tuiuti foi a quinta escola a entrar no Sambódromo da Sapucaí na madrugada desta terça-feira (5), no segundo dia de desfiles do Carnaval do Rio de Janeiro. Com o tema intitulado “O Salvador da Pátria”, a vice-campeã de 2018 apresentou diversas referências ao líder petista.

A agremiação de São Cristóvão escolheu não tratar do assunto de forma direta. Para isso, usou a história verídica do Bode Ioiô, que nos anos 1920 chegou a ser eleito vereador em Fortaleza, mas não assumiu. 

O paralelo com o ex-presidente é feito pelas coincidências nas trajetórias: carismático e amado pelo povo (assim como Lula), Ioiô perambulava pelas ruas da capital cearense. Em 1922, quando o voto era feito em pedaços de papel e por escrito, Ioiô ganhou uma vaga para a Câmara de Vereadores, mas foi impedido pela elite cearense e teve sua eleição impugnada, algo semelhante ao que aconteceu no ano passado com o líder petista, impedido de concorrer a Presidência da República, justamente quando estava muito a frente dos outros candidatos e era franco favorito a vencer a disputa, possivelmente, no primeiro turno.  

Uma das estrofes do samba cantado pela escola traz uma das passagens mais marcantes da trajetória de Lula, quando ele deixou o sertão nordestino em busca de melhores condições de vida. “Do nada, um bode vindo lá do interior, destino pobre, nordestino sonhador, vazou da fome, retirante ao Deus dará, soprou as chamas do dragão do mar”.

Em outro trecho, a Tuiuti lembra que em um dos momentos da história em que o Brasil foi mais próspero o país estava nas mãos de um sindicalista, sem curso superior e com origem popular. “Ora, meu patrão, vida de gado, desse povo tão marcado, não precisa de dotô, quando clareou o resultado, tava o bode ali sentado, aclamado o vencedor”.

Na comissão de frente, a Tuiuti trouxe o tema “Vendeu-se o Brasil”, mostrando políticos com aparência vampiresca, com dinheiro saindo dos bolsos e fazendo promessas ao povo em cima de um palanque. Durante a performance, os bailarinos caracterizados como políticos “pisam” no povo brasileiro. Em meio a apresentação surge o Bode, eleito pelo povo. Os políticos, então, impugnam a eleição (o político vampiresco toma a faixa presidencial para si). Uma curiosidade é que os bailarinos que representam os políticos são mais altos que os bailarinos que representam o povo, mostrando a soberba com a qual a população, especialmente a mais humilde, é tratada pela elite brasileira.

Na ala “A farra” A Paraíso da Tuiuti tratou sobre o coronelismo que existe em alguns locais do Brasil. Na composição seguinte “Relando o Povo” mostra as pessoas sendo usadas para deixar os poderosos mais ricos e ficando cada vez mais pobres. Na ala “Mamulengo do coronel” a escola fala do povo sendo utilizado como “fantoche” para os interesses dos poderosos. A ala “povo no cabresto” mostrou a manipulação dos votos populares.

Um dos destaques da escola foi a ala “A peleja entre o bode da resistência e a coxinha ultraconservadora”, mostrando as “coxinhas” empunhando armas que miravam para qualquer lado e poderiam atingir qualquer um. Essa composição fez uma referência a defesa que o governo do presidente Jair Bolsonaro faz do armamento da população. A ala foi tão emblemática que levou a apresentadora Fátima Bernardes, da TV Globo, a gaguejar durante a transmissão e perder o compasso da locução. Na sequência, ela teve que admitir que a escola “trazia uma mensagem sobre a polarização política atual do Brasil”.  

O último carro teve bandeiras da comunidade LGBT, símbolos da luta do movimento negro e a frase “Ninguém solta a mão de ninguém”, lema utilizado pelos movimentos sociais brasileiros para enfrentar os tempos de retrocessos de direito e liberdade. Além disso, o carro trouxe algumas ironias como a “barbie facista” e frases fazendo alusão a meritocracia, direitos trabalhistas e racismo de forma jocosa.

Durante a transmissão pela Rede Globo, em um dos poucos momentos em que a analogia entre Lula e o Bode Ioiô esteve explicitada, os apresentadores da emissora reproduziram a justificativa oficial da escola para o enredo. “Não existe comprovação da existência do Bode Ioio, é uma metáfora para a democracia nos tempos atuais, é uma história de resistência”. 

Em 2018, a Tuiuti ganhou projeção nacional com o enredo "Meu Deus, Meu Deus! Está extinta a escravidão?" que denunciou o racismo brasileiro. O samba também questionou a retirada da ex-presidente Dilma Roussef do poder e mostrou o "vampirão neoliberalista" (Michel Temer) e os Manifantoches (uma crítica em relação aos manifestantes que foram as ruas protestar nos anos de 2014 e 2015).

Edição: Luiz Felipe Albuquerque

PROIBIDO O CARNAVAL - Daniela Mercury & Caetano Veloso

04 março 2019

Saia justa na Globo: Paraíso do Tuiuti levará Lula para a Sapucaí esta noite



Por Joaquim de Carvalho*

O carnavelsco Jack Vasconcelos vai provocar uma nova saia justa de novo aos apresentadores da TV Globo, logo mais, no desfile da Sapucaí.

No ano passado, o carnavalesco colocou na rua um enredo que denunciava o golpe e a manipulação midiática que criou os “manifestoches”, termo criado por ele.

Com a beleza do espetáculo e sua repercussão, a Paraíso do Tuiuti conquistou o vice-campeonato, embora muitos achassem que merecia o título, que ficou com a Beija-Flor, preferida de muitos na Globo.

Desta vez, Jack Vasconcelos tratará de Lula, sem citá-lo nominalmente.

Se ainda houver jornalismo na Globo, os apresentadores e os repórteres da emissora terão que explicar o enredo e, obviamente, mencionar a palavra proibida: Lula.

Divulgado ontem, o enredo da Paraíso do Tuiuti trata de um bode que ficou muito famoso na década de 20  em Fortaleza, Ioiô, e hoje, empalhado, pode ser visto em museu.

O bode era tão popular que bebia com pessoas na rua, e foi eleito vereador, mas não pode assumir.

Lula entra na história por não poder assumir, mas naturalmente sua eleição não seria um ato de protesto, mas o resultado do curso natural da política.

Num trecho do enredo, Jack Vasconcelos explica:

“Vocês que fazem parte dessa massa irão conhecer um mito de verdade: nordestino, barbudo, baixinho, de origem pobre, amado pelos humildes e por intelectuais, incomodou a elite e foi condenado a virar símbolo da identidade de um povo. Um herói da resistência!”.

O texto que explica o enredo também cutuca a Lava Jato de Sergio Moro, ao tratar da forma como Lula foi  condenado:

“Não posso provar, mas tenho total convicção da autenticidade de tudo o que a ele atribuíram…”.

Quem ler a sentença de Sergio Moro não encontrará a descrição de conduta criminosa nem a apresentação de provas de crime.

Fatos indeterminados…, que o carnavalesco e tantos outros não engolem.

Jack Vasconcelos é formado em Belas Artes pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Passou por algumas escolas do Grupo Especial e do Grupo de Acesso até se consagrar, no ano passado, com o enredo: “Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?”

É um intelectual, que retira suas ideias de textos densos de história e sociologia. No ano passado, admitiu que o livro “A Elite do Atraso – Da Escravidão à Lava Jato”, de Jessé Sousa, foi uma de suas referências.

Desta vez, foi buscar a história de um bode popular para, metaforicamente, passar a mensagem que o Brasil precisa entender.

*Via DCM

Tuiuti 2019 - Samba Oficial

02 março 2019

A era da insensatez e o caso do neto de Lula: Deus não perdoará!


Por *

Resumo: A crueldade humana não tem efeito constitutivo; é declaratório. Assim como a imbecilidade. Ela sempre esteve aí. A internet a revelou! Se o mundo tem pessoas horríveis, meu dever é incomodá-las!


Duas frases marcaram a semana: a blogueira Alessandra Strutzel (sim, temos de dar nome aos bois e bois aos nomes!) disse, ao saber da trágica morte do neto de Lula, de 7 anos: "Pelo menos, uma notícia boa". E a do deputado Eduardo Bolsonaro (Deus acima de todos – eis o slogan da moda): A ida de Lula ao enterro "só deixa o larápio em voga posando de coitado"! Houve ainda muitos outros "pronunciamentos" de ódio e regozijo pela morte do menino de 7 anos.

Até onde chegamos? É o fundo do poço? O que Deus diria disso, ele que, conforme o slogan, "está acima de todos?" 

Confesso a vocês – e Rosane, minha esposa e Gilberto, um de meus assistentes, são testemunhas – que esse episódio me abalou profundamente. Embarguei a voz. Triste pela morte da criança e estupefacto e magoado com a raça humana e com a reação das pessoas nas neocarvernas que são as redes sociais. Ah, blogueiros e influenciadores, coachings e quejandos, ah, quantos justos haverá em Sodoma? Abraão será um advogado que lhes conseguirá um HC? 

Peço paciência para me seguirem no que vou dizer. No auge do macartismo, em audiência no Senado, o advogado Joseph Welch teve a coragem de perguntar ao senador McCarthy, o homem que deu nome à prática de ver comunismo em tudo:

"Senhor, você perdeu, afinal, todo senso de decência?" Pergunto aos odiadores que comemoraram ou trataram com raiva de Lula o episódio fatídico: "Senhores e senhoras, parlamentares, blogueiros, twuiteiros, whatsapianos e faceboqueanos: vocês perderam, afinal, todo senso de decência?"
 
Em tempos de hinos nas escolas, na era das acusações de marxismo cultural (sic), eu poderia muito bem falar aqui sobre o macartismo à brasileira. Não vou. Falo, hoje, sobre nosso senso de decência. Ou melhor, tento falar sobre o senso de decência que perdemos.

Também não vou falar — não diretamente — sobre aquilo que, agora, todos já sabem ter acontecido. Lamentavelmente, morreu o neto, de sete anos, do ex-Presidente Lula. Sobre isso, não há o que falar. É o zero total. É Timon de Atenas, de Shakespeare, propondo o fim da linguagem. Shakespeare, logo ele, que bem sabia que a linguagem é a casa do Ser (Heidegger).

Sou um hermeneuta. Bem sei que a linguagem é, como dizia Ortega y Gasset, um sacramento que exige administração muito delicada. Da palavra não se abusa; não se pode colocá-la em risco de desprestígio. É precisamente por isso que sei que sobre a morte de uma criança não se fala; lamenta-se. Chora-se. 

Vou (tentar) falar, portanto, repito, sobre o senso de decência que perdemos. Confesso, é difícil: às vezes, a degradação e a desumanidade são tão grandes que também parecem impor o silêncio. Mas como Auberon Waugh dizia sabiamente, se é verdade que o mundo é um lugar horrível com pessoas horríveis, temos o dever sagrado de incomodá-los sempre que possível.

Eis a minha tarefa: incomodar as pessoas horríveis. O que dizer em tempos nos quais uma legião de imbecis, para usar as palavras de Eco, aproveita-se da morte de uma criança e utiliza as redes sociais para destilar ódio e externar a própria baixeza? É hora do grito de Schönberg: Palavra, oh Palavra, que falta me faz!!!!

O que dizer quando se torna normal que um deputado — o mais votado da história do país — vai às redes sociais, sempre as redes sociais, para dizer que "cogitar" a saída de Lula para o enterro do neto (saída que está prevista na lei, diga-se) "só deixa o larápio [sic] em voga posando de coitado"?

Perdemos, afinal, todo senso de decência? Não, não tenho raiva. Sinto é...pena.

O que Deus, que está “acima de todos”, diria? Ou dirá? Deus, que disse que nunca mais inundaria a terra: 

nunca mais será ceifada nenhuma forma de vida pelas águas de um dilúvio; nunca mais haverá dilúvio para destruir a terra”. 

Deus disse também que sempre que houvesse nuvens sobre a terra, e o arco aparecesse nas nuvens, lembrar-se-ia “da eterna aliança entre Deus e todos os seres vivos de todas as espécies sobre a terra”.

E se o Altíssimo mudasse de ideia? E se Deus dissesse que, afinal, a humanidade deu tão errado que é hora de um novo dilúvio?

E se o critério de seleção para o dilúvio fosse aquilo que se diz, espalha, compartilha, no WhatsApp? Já pensaram? Como falei na coluna passada (ler aqui), que tal se Deus fizer uma PEC e alterar o estatuto do purgatório? Então, a partir de agora, o juízo final será feito por Ele a partir do exame do WhatsApp de cada um (e também do twitter e face). Uma olhadinha e Deus manda para o inferno. Platão foi o primeiro a denunciar as fake news. Platão mostrou que dizer aos néscios que as sombras são sombras é uma coisa perigosa. Pode ser apedrejado. Como o sujeito que saiu da caverna o foi. 

Dizer hoje, a quem está mergulhado nas redes e pensa que o mundo são as redes, que esse mundo é imundo, em que o joio fez fagocitose ruim no trigo, pode também ser perigoso. Denunciar isso pode dar apedrejamento. Por isso, Deus acertou em fazer essa PEC alterando o regulamento do purgatório. O critério é simples: uma olhadinha no whatts e face. E, bingo. Vai para o fogo do inferno! 

George Steiner bem dizia: tornamo-nos a civilização pós-verbo. A banalização da linguagem, por meio das redes sociais, corrompe a ideia da verdade. O limite do que é socialmente aceito é colocado cada vez mais longe. O que é verdadeiro? Não há mais critérios. O que se pode dizer? Tudo, porque limites já não há.

A era da técnica e das redes sociais, que prometiam a democratização da informação, desenvolveram um vocabulário próprio; estabeleceu-se um novo jogo de linguagem. No lugar do paraíso da horizontalidade, o inferno da barbárie interior que se exterioriza. ("Hipocrisia, que falta você faz", diz Hélio Schwartsman.) Será que a blogueira que comemorou a morte do neto de Lula externaria o pensamento na fila do banco? 

No princípio era o Verbo. E no fim, o que será? No final era o whattsapp? O facebook? 

Nenhum homem é uma ilha. A morte de todo ser humano diminui a nós, que somos parte da humanidade. Talvez as palavras, sempre as palavras, de John Donne nunca tenham sido tão urgentes.

Mas um alerta: não pergunte, afinal, por quem os sinos dobram. A resposta pode vir pelo WhatsApp.

(Pergunto mais uma vez aos macartistas que recusam as regras do jogo de linguagem da decência e aderem ao jogo das redes, e já têm – sempre - comentários prontos: senhoras e senhores, perdemos todo senso de decência?)

Post scriptum: gesto humano foi, dentre outros, o demonstrado por Gilmar Mendes, conforme noticiou Mônica Bergamo (aqui). Também me emocionei quando li a matéria de Mônica. E entendi melhor ainda a minha emoção anterior.

*Lenio Luiz Streck é jurista, professor de Direito Constitucional e pós-doutor em Direito.

-Via Conjur

Dor e revolta marcam despedida de Arthur, neto do ex-presidente Lula

Lula participou do velório de seu neto de 7 anos em São bernardo do Campo (SP) neste sábado de carnaval

A dor do ex-presidente e de seus familiares era intensa, e por diversas vezes Lula caiu num choro profundo. / Miguel SCHINCARIOL / AFP

Brasil de Fato | São Bernardo do Campo (SP)

“Lula é minha família”, disse Lucas Henrique de Castro, jovem de 26 anos, chorando copiosamente num banco do cemitério Jardim da Colina, em São Bernardo do Campo, onde Arthur Araújo Lula da Silva, neto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi cremado neste sábado (2).

Assim como centenas de outras pessoas, incluindo políticos e pessoas comuns, Lucas veio prestar solidariedade à família Lula da Silva. Aos 7 anos de idade, Arthur faleceu ao meio dia dessa sexta-feira (1), em decorrência de uma meningite meningocócica.

Detido na Polícia Federal de Curitiba desde 7 de abril de 2018, Lula foi autorizado a sair da prisão para se despedir de seu neto, direito previsto no artigo 120 da Lei de Execução Penal (LEP). Abatido, o ex-presidente chegou por volta das 11h deste sábado ao cemitério, onde desde 22h do dia anterior, seu neto estava sendo velado.

Lula estava sob forte aparato da Polícia Federal e policiais da Rocam, além de dezenas de viaturas e policiais militares que chegaram ao local mais cedo. Apesar da parede de policiamento e grades, a população conseguiu ver o presidente acenar por alguns segundos antes de ingressar no velório, que foi restrito a familiares e amigos. Durante uma hora e meia em que esteve no velório, três helicópteros sobrevoavam o crematório, na primeira vez em que o ex-presidente saiu do cárcere nesse um ano de prisão.

O sentimento dos presentes era de luto e de solidariedade, mas também de indignação pela prisão de Lula, que em breve completará um ano. A todo o momento, se escutava gritos que entoavam as palavras “Arthur, presente!” e “Lula Livre!”.

A diarista Diana Dantas, moradora de São Bernardo do Campo, não desgrudou da grade que separava o caminho por onde o presidente foi conduzido. "Eu sou vó. É muito triste. Sou eleitora dele [Lula]. Eu sou Lula. Vim prestar solidariedade e vê-lo também", lamentou.
Da mesma forma a ajudante geral, Patrícia Pereira, disse que além da solidariedade, o que a trouxe foi o sentimento de amor a Lula. “Amo muito o presidente Lula. Ele tá preso, mas continua sendo meu presidente", afirmou.

Solidariedade 

A militância teve de ser contida pelo presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, após a chegada do petista. Do lado de fora, simpatizantes, amigos e moradores do entorno tinham a expectativa de ver o ex-presidente.

Em entrevista ao Brasil de Fato, Okamoto lamentou o fato de Lula ter que passar por tudo isso sob essas condições. Okamoto considera "uma falha brutal da nossa justiça" o fato de Lula ter sido impedido de ficar com sua família durante o último ano.

Okamoto se mostrou desiludido com o Poder Judiciário brasileiro, ao afirmar que resta apenas "acreditar na justiça divina, porque a justiça dos homens está muito falha. É lamentável que um país como o nosso tenha falhado tanto em promover a justiça. Nosso povo está muito prejudicado".

Diversos políticos, integrantes de movimentos popualres e entidades sindicais estiveram presentes no velório. Entre os parlamentares, a ex-presidente Dilma Rousseff, Fernando Haddad, Ivan Valente, Gleisi Hoffman, Benedita da Silva, Rui Costa, Aloísio Mercadante, Eleonora Menicucci, Alexandre Padilha, José Genoíno, Eduardo Suplicy, Guilherme Boulos, os irmãos Paulo e Celso Frateschi, entre outros.

Cerimônia

“Hoje tivemos que cumprir um dos papéis mais difíceis que a gente tem que fazer na vida. Acompanhar a despedida do presidente Lula de seu netinho, de 7 anos, que já era bom de bola e partiu de forma trágica. A determinação da Justiça Federal era que ele poderia ficar apenas uma hora e meia no recinto, não poderia se manifestar com as pessoas que estavam aqui e nem haver nenhuma manifestação política. Absurdo! Imagina se alguém vai num velório fazer comício”, indignou-se João Pedro Stedile, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Durante a cerimônia, Lula contou, segundo o dirigente do MST, que o menino vinha sofrendo muito bullying na escola por seu avô estar preso.

“Lula fez um compromisso com o Arthur, botando as mãos em cima do menino. Ele disse: ‘Eu prometo a você, ainda haverá justiça nesse país’”, contou Stedile, que acompanhou o velório próximo ao ex-presidente.

Ele acrescentou que Lula pediu ao menino que levasse um abraço a Dona Marisa Letícia e que ela cuidaria dele no céu.

Juliana Cardoso, vereadora eleita em São Paulo, também lamentou a morte repentina Arthur. “A morte de uma criança é sempre muito difícil. Ao mesmo tempo uma situação como essa, em que o presidente Lula chegou fazia duas horas no Aeroporto de Congonhas e foi mantido lá, quando poderia estar na despedida do neto”, afirmou.

Indignação 

O ex-ministro da Casa Civil do governo de Dilma Rousseff, Gilberto Carvalho, mostrou sua indignação em relação aos comentários de ódio divulgado por alguns adversários políticos, como o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL).

“É um absurdo que nessa hora de tanta dor continuem expressando um ódio que parece não ter fim. Queria pedir que Deus perdoe essas pessoas e que ao mesmo tempo plante no coração delas pelo menos uma dúvida: se é justo o que eles estão fazendo. Porque no dia, que Deus me livre, eles perderem alguém nessas condições, eles vão saber a crueldade que estão fazendo nesse momento".

Na mesma linha, Guilhermes Boulos, da direção do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), ressaltou a importância de separar a luta política das relações pessoais.

"Quando se comemora a morte de alguém, de uma criança de 7 anos, não estamos mais falando de política, mas de caráter, de humanidade. O que aconteceu ontem nas redes sociais serve como uma reflexão para a sociedade: até que ponto nós chegamos? Abriram a porteira da insanidade", enfatizou Boulos.

Em janeiro, após a morte do irmão do ex-presidente, Genival Inácio da Silva, o Vavá, o pedido para saída da PF chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), em decorrência das negativas em instâncias inferiores da Justiça. Quando o ministro Dias Toffoli expediu a autorização, o velório de seu irmão já havia ocorrido e Lula decidiu não deixar a PF, considerando-se impedido pelo Poder Judiciário de participar desse momento, conforme prevê a legislação brasileira.

Arthur foi cremado no mesmo local onde foi cremada há dois anos a esposa de Lula, Marisa Letícia.

Edição: Luiz Felipe Albuquerque

Lula faz promessa ao neto Arthur: vou provar a minha inocência

01 março 2019

Força, Lula, força por milhões de guris como o seu Arthur


Não há o que se possa dizer aos pais e avós de uma criança que morre, de repente, por conta de uma meningite meningocócica bacteriana, uma doença que atinge, principalmente, a infância e a velhice, pessoas que, por alguma razão, sofrem uma baixa das defesas imunológicas, com o caso de Arthur, neto de Lula, aos sete anos.

O silêncio é a única companhia que se pode dar à dor.

Também não se deve reagir aos animais que, embora poucos, se abrutalharam ao ponto de fazer deboche e agressões com isso.

É tão pungente o episódio de sofrimento a que, outra vez, é submetido um homem a quem o povo brasileiro deve tanto que mesmo os monstros que habitam o nosso Judiciário não terão a coragem de repetir a monstruosidade que fizeram quando do sepultamento de seu irmão mais velho.

Lula sairá do cárcere por um dia, embora eu e todos tenhamos a certeza de que ele preferiria um milhão de dias encarcerado a sair por tão trágica razão.

É terrível, mas verdadeiro, que a força moral de um mártir se imponha também pela dor e pelo sofrimento que lhe recaem.

Muito duro pedir a ele, mas peço:

Força Lula, força por milhões de guris como este que se foi, que dependem de você para terem um país livre e justo.

É por eles, não por nós, que já tivemos a a felicidade de viver, lutar e sonhar.
...

*Jornalista e Editor do Blog Tijolaço 

E.T.: Este Editor assina embaixo da postagem do companheiro Fernando Brito. (JG)