15 fevereiro 2015

Todo Carnaval Tem Seu Fim




* Los Hermanos - 'Todo Carnaval Tem Seu Fim'



Todo dia um ninguém 
José acorda já deitado
Todo dia ainda de pé o 

Zé dorme acordado

Todo dia o dia não quer 

raiar o sol do dia
Toda trilha é andada com a fé 

de quem crê no ditado
De que o dia insiste em nascer


Mas o dia insiste em nascer
Pra ver deitar o novo
Toda rosa é rosa porque
assim ela é chamada
Toda Bossa é nova e você 

não liga se é usada

Todo o carnaval tem seu fim
Todo o carnaval tem seu fim


E é o fim, e é o fim
Deixa eu brincar de ser feliz
Deixa eu pintar o meu nariz


Deixa eu brincar de ser feliz
Deixa eu pintar o meu nariz


Toda banda tem um tarol, 
quem sabe eu não toco
Todo samba tem um refrão

pra levantar o bloco

Toda escolha é feita por quem

 acorda já deitado
Toda folha elege um alguém

 que mora logo ao lado

E pinta o estandarte de azul
E põe suas estrelas no azul


Pra que mudar?
Deixa eu brincar de ser feliz
Deixa eu pintar o meu nariz
Deixa eu brincar de ser feliz
Deixa eu pintar o meu nariz

14 fevereiro 2015

Entrevista com o jurista Bandeira de Mello

‘Não há exemplo na história de entreguismo tão deslavado quanto no governo FHC'

Segundo jurista, para discutir problemas de corrupção na companhia de petróleo brasileira, é preciso lembrar que, em 1997, o governo do tucano fragilizou a Lei de Licitações e regra sobrevive até hoje
São Paulo – por Eduardo Maretti, da RBA – A discussão sobre problemas de corrupção da Petrobras precisa levar em conta o momento em que o primeiro mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fragilizou a Lei 8.666/1993 (a Lei de Licitações).Em 1997, o governo FHC editou a Lei n° 9.478/1997, que autorizou a Petrobras a se submeter ao regime de licitação simplificado, descaracterizando determinações da legislação anterior. Para o jurista Celso Antônio Bandeira de Mello, esse foi o momento em que “o governo Fernando Henrique colocou o galinheiro ao cuidado da raposa”. Em julgamento de mandado de segurança de 2006, o ministro Gilmar Mendes, do STF (indicado por FHC), concedeu liminar validando a regra da lei do governo tucano. Desde então, outras liminares confirmaram a decisão de Mendes, mas o julgamento do mérito nunca ocorreu.
Na opinião do jurista, embora tudo esteja “sendo feito para prejudicar o governo” no escândalo da Petrobras edenúncias de corrupção, não existe risco de impeachment.
Porém, as dificuldades enfrentadas pelo PT e seus governos, de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, no âmbito do Judiciário, são em grande parte decorrentes do “desprezo” da esquerda pelo direito. “Tanto a esquerda não dá muita importância ao direito que o Supremo (de hoje) praticamente foi composto, em boa parte, por governos do PT. E, no entanto, como é que o Supremo se comportou no chamado mensalão? Condenou, não apenas o Genoino, mas o Dirceu de uma maneira absurda”, diz.
Porém, na opinião do jurista, a partir de agora a esquerda vai ser obrigada a dar mais atenção a aspectos jurídicos ao governar.
Na atual composição do STF, nada menos do que sete ministros foram indicados por Lula ou Dilma: o ex-presidente indicou o atual presidente da corte, Ricardo Lewandowski, além de Cármen Lúcia e Dias Toffoli. Os nomes de iniciativa da presidenta são Luiz Fux, Rosa Weber, Teori Zavascki e Luís Roberto Barroso. (...)
-CLIQUE AQUI para ler a íntegra da entrevista concedida originalmente à RBA (via sítio MudaOAB!).

12 fevereiro 2015

O PT acabou?





Por Raul Pont*
'Da metrópole onde se encontra o colunista David Coimbra – embasbacado pelas maravilhas do Império – decreta que o PT acabou.'
Se depender da vontade da ZH e de alguns de seus colunistas, sim, o PT deveria acabar. É o desejo da interpretação e/ou versão das “notícias” e da imparcial “opinião” de alguns articulistas.
Na página de Política + de Rosane de Oliveira, uma ação de coleta de assinaturas para um projeto de lei de iniciativa popular para que a Reforma Política eleitoral ocorra através de plebiscito e constituinte exclusiva, foi transformada em “nada a comemorar”.
Ao invés de afirmar que o “PT vive sua maior crise”, poderia salientar que é o PT o único, dos grandes partidos, a estar nas ruas por essa luta que recentemente teve a adesão de mais de 7 milhões de eleitores que assinaram a petição pelo plebiscito.
A colunista poderia esclarecer que enquanto nós lutamos pelo fim do financiamento empresarial (em 2014 foram mais de 5 bilhões e reais transferidos aos candidatos escolhidos), pela proibição de coligações proporcionais (o sistema já é proporcional) e pelo voto em lista partidária (para fortalecer os partidos a serem democráticos e controlados pelos filiados), o PSDB e seus aliados na campanha do Aécio Neves (ver entrevista com o próprio em ZH) defenderam e defendem o voto distrital, o financiamento privado e a cláusula de barreira para chegar ao Congresso. Isso é uma informação objetiva, que expressa o pensamento e a prática dos partidos no Congresso Nacional.
Não é esse o jornalismo praticado a sim a opinião, o desejo do colunista que não é nada mais que “a voz do dono”.
Semana passada, essa mesma parcialidade transformou uma delação de um corrupto em verdade, estampada nas primeiras páginas dos jornais e TVs de todos o país. O PT teria recebido ao longo de uma década e meia 200 milhões reais de empresas prestadoras de serviços à Petrobras. Sem nenhuma prova, sem nenhum dos indiciados e/ou presos entre funcionários da Petrobras e empresários e diretores das empresas corruptoras estar alguém com filiação, cargo ou mandato partidário do PT.
Se a operação Lava Jato assim como a “teoria do domínio do fato” prevaleceu na Ação Penal nº470, criar uma nova pirueta jurídica transformando qualquer doação de campanha eleitoral em “propina”, certamente o Judiciário deverá se especializar em malabarismos interpretativos pois em 2015 foram 5 bilhões, em 2010, foram 4,2 bilhões, em 2006 foram 2,8 bilhões de reais em doações empresariais para campanhas eleitorais pra TODOS os partidos, conforme as regras votadas na regulamentação das doações no governo do sacrossanto FHC.
Mas isso, certamente, não interessa a esse jornalismo faccioso, parcial, medíocre, tendo o umbigo como centro do universo e o agrado aos patrões como parâmetro, origem efetiva da opinião publicada.
O título do artigo vem da outra matéria, no mesmo dia em ZH (11/2/15). Da metrópole onde se encontra o colunista David Coimbra – embasbacado pelas maravilhas do Império – decreta que o PT acabou.
Argumentos, nenhum. O PT era puro e ético. Deixou de sê-lo para o colunista do IAPI, portanto, tem que acabar.
O preparado articulista já prepara cautelares: não me venham com relativizações do tipo os “outros roubam mais”!
E a mais risível: todos os outros partidos também não prestam e cita os: PCdoB, PTB, PMDB, PSDB, PFL …esqueceu do PP de Maluf e outros.
Mas, o que acabou é o PT! Os outros, já se sabia eram corruptos históricos…portanto, sabia o que?
Sem partidos, sem democracia, seremos governados pelos “sábios” ou pelos parâmetros do mundo como o jornalista Coimbra que do alto de sua inteligência julga quem pode ou quem não pode ser partido. Ou quem pode ou não pode ser governo!
Árbitro do mundo, o jornalista conclui: “O Brasil não precisa de um bom governo, não precisa de um governo competente. Só precisa de um governo honesto”!
Quem escolhe e quem determina um “governo honesto” . O Papa, os quartéis, o PRBS ou a cabecinha do articulista?
Como alguém pode dizer uma asneira dessas com tanta pompa e dar de juízo final?
O Brasil real não é a cabeça premiada do jornalista. É o Brasil de quatro séculos de latifúndio, oligarquias e escravidão. É o Brasil republicano permeado por governos autoritários, ditatoriais e elites burguesas que sempre optaram pelos “regimes fortes”, pela exploração de seu povo e pela submissão aos imperalismos da época.
É nessas condições que o povo brasileiro há décadas luta por democracia e direitos. Nenhum avanço foi uma dádiva. Todos foram conquistas históricas apesar dos governo oligárquicos, do poder econômico dos monopólios da comunicação.
A plena liberdade de organização política partidária e de organização sindical no Brasil tem três décadas. O voto ao analfabeto só foi alcançado em 1988!
É nesse Brasil que vivemos e fazemos política. É nessas condições, com o mais anacrônico, anti democrático e corrupto sistema eleitoral em vigência, que construímos o PT e no qual se formaram todos os demais partidos.
De nossa parte, buscamos construir o partido mais democrático (eleições diretas para todos os cargos e direções), o mais plural (igualdade de gênero, cotas raciais e idade) e o mais comprometido com as lutas sociais e os direitos do nosso povo por igualdade e socialismo.
Pelo nosso programa, estatuto e código de ética não somos maquiavélicos, nem stalinistas. Para nós os fins não justificam os meios.
Corrupção é caso de polícia e das instituições que o Estado cria para sua vida em sociedade. Mas, a combatemos como queremos que todas as entidades e instituições também a condenem e punam.
O que não aceitamos é esse falso moralismo, alienado ou consciente, de comentaristas que se julgam o fiel da moralidade pública.
Acabar com o PT e os outros partidos é acabar com a democracia em construção no País. E principalmente as políticas que vem sendo desenvolvidas pelos últimos governos nossos.
Nesse sentido, caro David Coimbra, todos os indicadores, repito, TODOS os indicadores socio-econômicos do país são melhores que os períodos anteriores.
Quem sabe, não é isso que você discorda e não quer assumir claramente. Aí, na distante e asséptica Boston, você não acompanha tudo o que acontece na Província. Sei também que você não gosta de relativizações.Mas, aqui na Assembleia Legislativa do Estado, o PT foi o único que votou contra os deputados criarem uma Previdência especial para eles fora do INSS e sustentada com orçamento público. E, ninguém brigou mais que nós contra o auxílio moradia para o Judiciário, o MP , a Defensoria, o TCE, isto é, para os mais altos salários. Essa pequena benesse custa ao Orçamento Público mais de 200 milhões ao ano, e está sendo paga sem lei que a sustente.
Sei que você não gosta de relativizações, nem eu, mas o valor é parecido com a grande manchete que inundou o país do Oiapoque ao Chuí na semana passada e certamente deu origem ao teu artigo, sem nenhum crítica nem campanha como fazes contra o PT.
*Raul Pont - Ex-presidente do PT/RS, deputado estadual e professor -Membro do DN/PT
Fonte: http://portal.ptrs.org.br/

11 fevereiro 2015

PT vai processar Barusco e quem mais o acusar sem provas




*No vídeo acima, trechos da entrevista de Rui Falcão, presidente nacional do PT, nesta quarta-feira (11), em São Paulo (via sítio 'Conversa Afiada'). - Partido também vai requerer informações à PF , MJ e CNMP sobre a atuação dos investigadores que atuam no caso

10 fevereiro 2015

Em Resolução, PT convoca militância em defesa do partido



Resolução do diretório conclama militância a sair em defesa do governo Dilma e em favor das campanhas pela reforma política e democratização da mídia.

CLIQUE AQUI para ler mais.

07 fevereiro 2015

Zamba de Mi Esperanza




*Jorge Cafrune - Zamba de Mi Esperanza 

Discurso de Lula na reunião do PT em BH: "Humildade para reconhecer o que é preciso mudar, e coragem para continuar mudando"






"Companheiros e companheiras,

No dia 10 de fevereiro de 1980, algumas centenas de brasileiros e de brasileiras começaram a escrever uma das mais belas páginas da história política do nosso País.

Naquele dia, companheiros vindos de todas as regiões, trabalhadores da cidade e do campo, intelectuais, estudantes, religiosos, militantes de esquerda, militantes sociais, nos reunimos para debater e aprovar o Manifesto de Fundação do Partido dos Trabalhadores.

Era um tempo em que lutávamos por Democracia, enfrentando uma repressão que recaía de forma especialmente dura sobre os trabalhadores e nossos aliados. Um tempo em que estávamos conquistando, na prática e no aprendizado das lutas cotidianas, o direito de livre organização sindical e política da classe trabalhadora.

Nesse ambiente de lutas, com os pés firmes no chão e grandes sonhos na cabeça, nasceu o PT.

Quero recordar as primeiras palavras do nosso Manifesto de 1980:

“O Partido dos Trabalhadores surge da necessidade sentida por milhões de brasileiros de intervir na vida social e política do país para transformá-la.

A mais importante lição que o trabalhador brasileiro aprendeu em suas lutas é a de que a democracia é uma conquista que, finalmente, ou se constrói pelas suas mãos ou não virá. (…)

As grandes maiorias que constroem a riqueza da nação querem falar por si próprias. Não esperam mais que a conquista de seus interesses econômicos, sociais e políticos venha das elites dominantes. (…)

O PT nasce da decisão dos explorados de lutar contra um sistema econômico e político que não pode resolver os seus problemas, pois só existe para beneficiar uma minoria de privilegiados.”

É importante recordar essas palavras, 35 anos e muitas lutas depois, para fixar duas características essenciais do nosso partido:

O PT nasceu para mudar.

O PT nasceu para ser diferente.

É isso que explica a nossa trajetória desde a fundação, por um punhado de idealistas comprometidos com as causas populares, até os dias de hoje, quando estamos governando este País que se tornou uma das maiores democracias e uma das maiores economias do mundo.

Quantos partidos políticos chegaram aos 35 anos de existência com uma história de lutas e conquistas tão rica como a do Partido dos Trabalhadores?

E quantos partidos no Brasil, tendo conquistado o governo, conseguiram transformar de maneira tão intensa a realidade social, econômica e política em nosso País? Certamente, nenhum como o PT.

Podemos falar com muito orgulho do nosso partido, porque fizemos e continuamos fazendo História neste País.

Companheiros e companheiras,

É muito comum hoje em dia as pessoas falarem em “nova política”, como se estivessem anunciando a invenção da roda.

Por isso, quero lembrar outra passagem do nosso Manifesto de fundação:

“O PT quer atuar não apenas nos momentos das eleições, mas, principalmente, no dia-a-dia de todos os trabalhadores, pois só assim será possível construir uma nova forma de democracia, cujas raízes estejam nas organizações de base da sociedade e cujas decisões sejam tomadas pelas maiorias.”

Quem foi capaz de construir um partido de baixo para cima, organizando núcleos nas fábricas, nos bairros e nas escolas, sabe muito bem o que foi fazer uma nova política nesse País.

Desde a primeira prefeitura que elegemos, o PT introduziu uma nova forma de governar, com a participação direta da população nas decisões.

O PT criou o Orçamento Participativo e abriu novos caminhos para a Democracia, por meio dos conselhos e das conferências para debater e efetivar políticas públicas.

A sociedade apropriou-se dessas práticas, aprendeu e cresceu com elas, qualificando sua relação com o poder público em todos os níveis.

Nova política foi combinar a atuação dos nossos deputados e vereadores com a presença nas ruas, nas greves e nas lutas populares.

O PT participou da organização de movimentos sociais autônomos, que dinamizaram a Democracia e o processo político em nosso País.

Estivemos na linha de frente do movimento pelas Diretas-Já e pela plena redemocratização do País. Levamos à Assembleia Constituinte as propostas mais avançadas do campo popular e democrático.

Elegemos prefeitos em grandes cidades, elegemos governadores, aprendemos a construir alianças, ampliando o diálogo com os diversos setores da sociedade.

Disputamos três eleições presidenciais antes de alcançar a primeira vitória, acumulando ensinamentos e ampliando nossa articulação social em cada processo eleitoral.

Foi a prática coerente dessa nova política, nas instituições e nas ruas, que consolidou o caminho para a vitória eleitoral de 2002, quando o País escolheu o PT para liderar as mudanças.

Nova política foi acabar com a fome neste País.

Foi garantir uma renda básica, um patamar de dignidade e cidadania para cada brasileiro, por meio do Bolsa Família e do Brasil Sem Miséria.

Estes poucos, mas significativos, exemplos honram a memória daqueles que viram na criação do PT a oportunidade histórica do povo brasileiro para tomar o destino em suas mãos.

Companheiros da qualidade de Sérgio Buarque de Holanda, Apolônio de Carvalho, Mário Pedrosa, Lélia Abramo, Henfil, Helena Grecco, Luiz Gushiken, Marcelo Déda e tantos outros que sonharam conosco desde o início da jornada.

O PT é motivo de orgulho para cada militante, das primeiras e das novas gerações.

Cada um de nós pode andar de cabeça erguida e afirmar: nós contribuímos para mudar este País.

Participamos diretamente da maior transformação política, social e econômica da história do Brasil.

Caminhamos junto com o povo brasileiro para uma nova era de desenvolvimento e inclusão social.

A história do PT é nosso maior patrimônio, e essa história ninguém pode nos tirar.

Companheiros e companheiras,

Há pouco mais de 12 anos o PT começou a enfrentar seu maior desafio – que era também seu destino de partido nascido para mudar.

Governar o Brasil, com as complexidades de um país historicamente marcado pela desigualdade, foi a missão que a sociedade nos confiou, em um voto carregado de esperança.

A direção a seguir estava apontada, mais uma vez, em nosso Manifesto fundador, onde ele diz:

“O PT pretende chegar ao governo e à direção do Estado para realizar uma política democrática, do ponto de vista dos trabalhadores, tanto no plano econômico quanto no plano social.”

Seguimos essa orientação desde o primeiro dia de governo. Houve medidas duras, para corrigir os muitos problemas que herdamos. Houve medidas amargas, quando foi necessário para garantir os avanços. Foi preciso reavaliar expectativas para lidar corretamente com a realidade do País e as responsabilidades de governo.

Mas nunca deixou de haver diálogo democrático com todos os setores. Nunca um governo se abriu tanto às propostas e reivindicações da sociedade.

E nunca – jamais – traímos o compromisso com as camadas mais amplas da população, as que sempre foram relegadas no curso da História.

Nesses 12 anos o povo brasileiro participou conosco do mais amplo processo de inclusão social desse País, no mais duradouro período de crescimento econômico com estabilidade.
Nós temos de nos orgulhar de um governo que tirou 36 milhões de pessoas da extrema pobreza, que criou mais de 21 milhões de empregos com carteira assinada, que conseguiu incluir mais de 40 milhões na classe média.

Temos de nos orgulhar de um governo em que o salário mínimo cresceu 74% em termos reais, em que a renda das famílias mais pobres cresceu mais de 60%.

De um governo que herdou um desemprego de 12,5% e reduziu esse índice a 4,8% em 2014, o menor desemprego de todos os tempos.

Temos de nos orgulhar de um governo em que o país dobrou a produção agrícola, garantiu comida farta na mesa do trabalhador e tornou-se um dos maiores exportadores mundiais de alimentos.

Um governo que abriu as portas da universidade para os filhos dos trabalhadores, para os negros, para os que jamais tiveram essa oportunidade.

Esses 12 anos de grandes mudanças marcarão para sempre a história do Brasil.

Mas não podemos nos acomodar. Temos de compreender que foram os primeiros passos de uma jornada que vai nos levar muito longe; que é preciso avançar para consolidar as conquistas.

Companheiros e companheiras,

O PT acaba de conquistar o quarto mandato consecutivo na Presidência da República.

Foi talvez a mais difícil campanha eleitoral que já enfrentamos. Certamente, a mais suja; aquela em que nossos adversários utilizaram as piores armas para tentar nos derrotar. Tentaram fraudar a vontade política da maioria, usando todos os seus recursos de comunicação para manipular, distorcer, falsear e até inventar episódios contra nosso partido, nosso governo e nossa candidata.

A quarta derrota eleitoral consecutiva despertou os mais baixos instintos dos nossos adversários.

Tiveram a ousadia de pedir recontagem dos votos, como se o Brasil ainda fosse aquela república das eleições a bico de pena.

Tentaram impugnar a prestação de contas da campanha e barrar a diplomação da presidenta.

Tentaram criar um ambiente de inconformismo com o resultado que se recusam a aceitar democraticamente.

Vencemos; o Brasil venceu mais uma vez, mas a luta não acabou.

Nossos adversários não podem dizer qual é o seu projeto; porque é antinacional, contrário ao desenvolvimento, é um projeto que exclui milhões de pessoas do processo econômico e social.

Eles só podem atacar o PT e o nosso governo com as armas da irracionalidade e do ódio.

Não têm, nunca tiveram, autoridade para falar em nome da ética, mas é nesse campo que tentam desesperadamente nos atingir. Eles, que jamais investigaram a fundo uma denúncia de corrupção. Eles, que varriam escândalos para debaixo do tapete. Eles, que alienaram o patrimônio da Nação “no limite da irresponsabilidade”.

Foi o governo do PT que acabou com a impunidade que eles cultivaram por tanto tempo. Nenhum outro governo fez mais para combater a corrupção nesse País, conforme a presidenta Dilma deixou claro na campanha eleitoral.

Mas vejam o que está ocorrendo em torno da Petrobrás. Desde o início da campanha eleitoral, nossos adversários manipulam uma investigação institucional, com o objetivo de criminalizar o PT.

Esta investigação, como todas as outras iniciadas em nosso governo, deve ser levada até o fim, esclarecendo os fatos, apontando os responsáveis e levando seja quem fora a julgamento. É isso que a sociedade espera e é isso que vem ocorrendo nos governos do PT – ao contrário do que ocorria no tempo deles.

Mas estamos assistindo a repetição de um filme com final conhecido. Pessoas são acusadas, por meio da imprensa, com base em vazamentos seletivos de uma investigação à qual somente alguns têm acesso. Não há contraditório, não há direito de defesa. E quando o caso chegar às instâncias finais da Justiça, o pré-julgamento já foi feito pela imprensa, os condenados já foram escolhidos e bastará apenas executar a sentença.

Nossos adversários não se incomodam que essa campanha já tenha causado enormes prejuízos à Petrobrás e ao País. O que eles querem é paralisar o governo e desgastar o PT, a qualquer custo.

Mais uma vez eles falharam na tentativa de voltar ao poder pelo voto. Ao que tudo indica, não querem mais esperar outra derrota: partem claramente para a desestabilização, investem na crise, apostam no caos. Na falta de votos, buscam atalhos para o poder, manipulando a opinião pública e constrangendo as instituições.

Eles vão prestar contas à História sobre a maneira antidemocrática como vêm agindo.

Cabe ao PT denunciar essas manobras com firmeza. Repelir a mentira, esclarecer a sociedade, agir de acordo com a gravidade da situação.

A verdade é que foi o governo deles que tentou destruir a Petrobrás. E foi o nosso governo que a resgatou, retomou os investimentos que levaram à descoberta do Pré-Sal e fizeram da Petrobrás a maior produtora mundial de petróleo entre as empresas de capital aberto.

A verdade – e isso está nos autos da investigação, mas não está nos jornais nem na TV – é que havia corrupção nos contratos que a Petrobrás assinou com empresas estrangeiras no tempo deles. E isso nunca foi investigado.

A verdade é que, apesar de todo o alarido, não há nenhuma prova contra o PT nesse processo, nenhuma doação ilegal, nenhum desvio para o partido. Nada!

E se algo de concreto vier a ser encontrado, se alguém tiver traído a nossa confiança, que seja julgado e punido, dentro da lei, porque o PT, ao contrário dos nossos adversários, não compactua com a impunidade.

Companheiros e companheiras,

O resultado eleitoral nos obriga também a uma reflexão sincera sobre as dificuldades do PT para manter sua sintonia histórica com os anseios da sociedade brasileira. Não é possível ignorar esse desgaste.

Não e verdade que o PT tenha se transformado num partido pior do que os outros, mais fisiológico ou mais sujeito aos desvios.

O verdadeiro problema do PT é que ele se tornou um partido igual aos outros.

Deixou de ser um partido das bases para se tornar um partido de gabinetes.

A estrutura à disposição de um deputado é maior do que a de um diretório estadual do partido.

A estrutura dos cargos de governo, também.

Ao longo do tempo, isso alterou a vida interna do partido. Há muito mais preocupação em vencer eleições, em manter e reproduzir mandatos, do que em vitalizar o partido.

As direções, tanto as regionais quanto a nacional, ficaram prisioneiras dessa lógica. Tornaram-se burocráticas, pouco representativas da nossa base social, ou então apresentam uma representação meramente artificial de setores sociais.

Militantes e dirigentes tornam-se profissionais da política e dos governos.

Falando francamente: muitos de nós estão mais preocupados em manter – e se manter – nessas estruturas de poder do que em fazer a militância partidária que estava na origem do PT.

Essa é a origem de vícios como a militância paga, a disputa por cargos em gabinetes, o investimento de grandes recursos em campanhas eleitorais, enfim: vícios que nós sempre criticamos na política tradicional.

É nesse ambiente que alguns, individualmente, cometem desvios que nos envergonham diante da sociedade e perante a história do PT.

É dessa forma que o exercício do poder, ao invés de fortalecer, acaba fragilizando um partido.

Não é fenômeno inédito. Aconteceu historicamente com grandes partidos populares ao redor do mundo. Mas penso que esse processo chegou ao limite no PT.

Não podemos esquecer que o PT, como já disse, nasceu para ser diferente.

Resgatar esse espírito é o nosso grande desafio nesse momento.

Não se trata de propor, ingenuamente, a volta a um passado que não existe mais. O País mudou nesses 35 anos. Mudou graças ao PT, não aos que nos criticam de fora. Mudou porque cumprimos os objetivos que levaram à criação do partido.

Hoje o País é outro, a realidade da classe trabalhadora é outra, a juventude é outra, as reivindicações e interesses da população estão em um novo patamar, assim como as demandas para a ampliação de direitos e da Democracia.

O PT precisa responder a essa nova realidade. Articular as demandas dos milhões de brasileiros que conquistaram emprego digno, que têm novas oportunidades, que aprenderam a usar a renda e o crédito para realizar sonhos antigos – e que têm, portanto, sonhos novos.

Precisa ouvir e dialogar com toda uma geração de brasileiros que ainda era criança quando o povo nos levou à Presidência da República. Uma geração que não conhece a nossa história e não vai conhecê-la se não tivermos a inciativa de contar a eles como era este País nos tempos da ditadura, como era este País no governo neoliberal dos nossos adversários.

Precisamos dialogar com as novas demandas democráticas, no plano dos direitos das pessoas, demandas que acompanham a evolução da sociedade e que não eram tão claras há 35 anos.

É necessário ter muita clareza das mudanças que ocorreram, para elaborar um novo pacto político com a sociedade brasileira, um pacto que atenda às exigências de hoje e que aponte para o futuro.

Não há respostas fáceis para essa questão. Temos de buscá-las em nossas raízes, porque se chegamos até aqui foi pelo que fizemos desde o começo da caminhada.

Não há dirigente ou liderança individual capaz de apontar o caminho. Não em um partido democrático de massas, como o PT sempre se propôs a ser.

O PT não é o seu presidente, não é sua direção, não é tal ou qual liderança. O PT são dois milhões de filiados, centenas de milhares de militantes. São os setores da sociedade que se consideram representados pelo partido, participam do debate político e têm sido decisivos nos embates eleitorais.

É aí que vamos encontrar a energia renovadora, para recriar o sonho original do PT.

Creio que esse é o debate que devemos fazer agora, quando iniciamos o processo de renovação da direção partidária.

Temos a oportunidade histórica de elaborar um novo Manifesto do PT, capaz de traduzir nossos compromissos para os dias de hoje e para os próximos 35 anos.

Isso exige humildade e coragem de cada um. Humildade para reconhecer o que é preciso mudar, e coragem para continuar mudando.

Temos a história ao nosso lado e o futuro diante de nós. O PT precisa estar, mais uma vez, à altura de suas origens, porta-voz da esperança, da democracia, da ética e da igualdade.

Muito obrigado."

-Fonte:sítio do  Instituto Lula

05 fevereiro 2015

O fim do Estado de Direito






Por Fernando Brito*
Sou de uma geração que cresceu tendo o Estado de Direito como um dos sinônimos de democracia.
O outro era o voto direto.
Custou-nos muito, nossa juventude, trazê-los de volta.
E, certamente por isso, é assustador ver que ele vai sendo, progressivamente, abolido em nosso país.
Com os arreganhos do Ministério Público, do Judiciário e sob os calorosos aplausos da imprensa.
A opinião pública, sobretudo a mais informada, patina à beira da histeria do “prende e arrebenta”, que julgávamos ido com Figueiredo.
Para alguns, porque para os que se dispõem atender às intenções dos “investigadores”, movidos por um cínico “arrependimento” que pode lhes deixar impunes, há quase que o carinho midiático.
A condução coercitiva do tesoureiro do PT à Polícia Federal, hoje, é mais um dos sinais de que voltamos ao arbítrio.
Nem as citações ao nome de João Vacari Neto são novas, nem ele se encontra desaparecido, nem mesmo foi intimado a depor e não compareceu.
Serviu, apenas, para simular uma “prisão”, causar um constrangimento, uma exposição que, afinal, só será merecida se houver provas.
Porque doações de empresas, especificamente de empreiteiras e, mais especificamente, de empreiteiras envolvidas na “Lava Jato” há para o PT, o PMDB, o PSDB e mais um monte de partidos.
Robson Marinho, conselheiro do Tribunal de Contas em São Paulo, com documentos da Justiça suíça comprovando o recebimento de dinheiro no exterior, não foi conduzido “sob vara”.
Roubam um processo de sonegação de um bilhão de reais da Globo e não convocam sequer um infeliz a depor.
É claro que, se há acusações, Vaccari deve ser intimado a depor. Ele não é diferente, melhor ou pior, que qualquer cidadão brasileiro, por ser dirigente do PT.
Mas não transformado em personagem de um processo midiático de “suposta prisão”.
A condução coercitiva a interrogatório já é, por si só, de duvidosa legalidade – porque o interrogatório é meio de defesa, não de acusação ou produção de prova, essencialmente.
Muito menos quando isso se faz sem que haja negativa de comparecer a esclarecimentos.
Tornaram-se repugnantes os métodos desta investigação, na prática conduzida – e só isso é um absurdo, Juiz conduzir investigação -,  pelo Dr. Sérgio Moro.
Os ladrões confessos pontificam, com uma quase “presunção da verdade” sobre tudo o que dizem, numa inversão de valores total.
Pessoas são metidas na cadeia e lá permanecem por meses , até que “resolvam”  acusar “agentes políticos”.
O juiz “exige”, para soltá-los, que se rompam todos os contratos de entes públicos com as empresas, haja ou não indícios de irregularidades neles.
Falta algo para que estejamos diante do arbítrio?
Ah, sim, a revogação daquela outra “coisinha” que tive, na juventude, como sinônimo de democracia.
O voto direto da população.
*Editor do Blog Tijolaço, fonte desta postagem

03 fevereiro 2015

Resposta aos canalhas que pretendem destruir a Petrobras (Mauro Santayana)




Quanto vale a Petrobras

Por Mauro Santayana*

O adiamento do balanço da Petrobras do terceiro trimestre do ano passado foi um equívoco estratégico da direção da companhia, cada vez mais vulnerável à pressão que vem recebendo de todos os lados, que deveria, desde o início do processo, ter afirmado que só faria a baixa contábil dos eventuais prejuízos com a corrupção, depois que eles tivessem, um a um, sua apuração concluída, com o avanço das investigações.

A divulgação do balanço há poucos dias, sem números que não deveriam ter sido prometidos, levou a nova queda no preço das ações.

E, naturalmente, a novas reações iradas e estapafúrdias, com mais especulação sobre qual seria o valor — subjetivo, sujeito a flutuação, como o de toda empresa de capital aberto presente em bolsa — da Petrobras, e o aumento dos ataques por parte dos que pretendem aproveitar o que está ocorrendo para destruir a empresa — incluindo hienas de outros países, vide as últimas idiotices do Financial Times – que adorariam estraçalhar e dividir, entre baba e dentes, os eventuais despojos de uma das maiores empresas petrolíferas do mundo.

O que importa mais na Petrobras?

O valor das ações, espremido também por uma campanha que vai muito além da intenção de sanear a empresa e combater eventuais casos de corrupção e que inclui de apelos, nas redes sociais, para que consumidores deixem de abastecer seus carros nos postos BR; à aberta torcida para que “ela quebre, para acabar com o governo”; ou para que seja privatizada, de preferência, com a entrega de seu controle para estrangeiros, para que se possa — como afirmou um internauta — “pagar um real por litro de gasolina, como nos EUA”?

Para quem investe em bolsa, o valor da Petrobras se mede em dólares, ou em reais, pela cotação do momento, e muitos especuladores estão fazendo fortunas, dentro e fora do Brasil, da noite para o dia, com a flutuação dos títulos derivada, também, da campanha antinacional em curso, refletida no clima de “terrorismo” e no desejo de “jogar gasolina na fogueira”, que tomou conta dos espaços mais conservadores — para não dizer golpistas, fascistas, até mesmo por conivência — da internet.

Para os patriotas, e ainda os há, graças a Deus, o que importa mais, na Petrobras, é seu valor intrínseco, simbólico, permanente, e intangível, e o seu papel estratégico para o desenvolvimento e o fortalecimento do Brasil.

Quanto vale a luta, a coragem, a determinação, daqueles que, em nossa geração, foram para as ruas e para a prisão, e apanharam de cassetete e bombas de gás, para exigir a criação de uma empresa nacional voltada para a exploração de uma das maiores riquezas econômicas e estratégicas da época, em um momento em que todos diziam que não havia petróleo no Brasil, e que, se houvesse, não teríamos, atrasados e subdesenvolvidos que “somos”, condições técnicas de explorá-lo?

Quanto vale a formação, ao longo de décadas, de uma equipe de 86.000 funcionários, trabalhadores, técnicos e engenheiros, em um dos segmentos mais complexos da atuação humana?

Quanto vale a luta, o trabalho, a coragem, a determinação daqueles, que, não tendo achado petróleo em grande quantidade em terra, foram buscá-lo no mar, batendo sucessivos recordes de poços mais profundos do planeta; criaram soluções, “know-how”, conhecimento; transformaram a Petrobras na primeira referência no campo da exploração de petróleo a centenas, milhares de metros de profundidade; a dezenas, centenas de quilômetros da costa; e na mais premiada empresa da história da OTC – Offshore Technology Conferences, o “Oscar” tecnológico da exploração de petróleo em alto mar, que se realiza a cada dois anos, na cidade de Houston, no Texas, nos Estados Unidos?

Quanto vale a luta, a coragem, a determinação, daqueles que, ao longo da história da maior empresa brasileira — condição que ultrapassa em muito, seu eventual valor de “mercado” — enfrentaram todas as ameaças à sua desnacionalização, incluindo a ignominiosa tentativa de alterar seu nome, retirando-lhe a condição de brasileira, mudando-o para “Petrobrax”, durante a tragédia privatista e “entreguista” dos anos 1990?

Quanto vale uma companhia presente em 17 países, que provou o seu valor, na descoberta e exploração de óleo e gás, dos campos do Oriente Médio ao Mar Cáspio, da costa africana às águas norte-americanas do Golfo do México?

Quanto vale uma empresa que reuniu à sua volta, no Brasil, uma das maiores estruturas do mundo em Pesquisa e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, trazendo para cá os principais laboratórios, fora de seus países de origem, de algumas das mais avançadas empresas do planeta?

Por que enquanto virou moda — nas redes sociais e fora da internet — mostrar desprezo, ódio e descrédito pela Petrobras, as mais importantes empresas mundiais de tecnologia seguem acreditando nela, e querem desenvolver e desbravar, junto com a maior empresa brasileira, as novas fronteiras da tecnologia de exploração de óleo e gás em águas profundas?

Por que em novembro de 2014, há apenas pouco mais de três meses, portanto, a General Electric inaugurou, no Rio de Janeiro, com um investimento de 1 bilhão de reais, o seu Centro Global de Inovação, junto a outras empresas que já trouxeram seus principais laboratórios para perto da Petrobras, como a BG, a Schlumberger, a Halliburton, a FMC, aSiemens, a Baker Hughes, a Tenaris Confab, a EMC2 a V&M e a Statoil?

Quanto vale o fato de a Petrobras ser a maior empresa da América Latina, e a de maior lucro em 2013 — mais de 10 bilhões de dólares — enquanto a PEMEX mexicana, por exemplo, teve um prejuízo de mais de 12 bilhões de dólares no mesmo período?

Quanto vale o fato de a Petrobras ter ultrapassado, no terceiro trimestre de 2014, a EXXON norte-americana como a maior produtora de petróleo do mundo, entre as maiores companhias petrolíferas mundiais de capital aberto?

É preciso tomar cuidado com a desconstrução artificial, rasteira, e odiosa, da Petrobras e com a especulação com suas potenciais perdas no âmbito da corrupção, especulação esta que não é apenas econômica, mas também política.

A PETROBRAS teve um faturamento de 305 bilhões de reais em 2013, investe mais de 100 bilhões de reais por ano, opera uma frota de 326 navios, tem 35.000 quilômetros de dutos, mais de 17 bilhões de barris em reservas, 15 refinarias e 134 plataformas de produção de gás e de petróleo.

É óbvio que uma empresa de energia com essa dimensão e complexidade, que, além dessas áreas, atua também com termoeletricidade, biodiesel, fertilizantes e etanol, só poderia lançar em balanço eventuais prejuízos com o desvio de recursos por corrupção, à medida que esses desvios ou prejuízos fossem “quantificados” sem sombra de dúvida, para depois ser — como diz o “mercado” — “precificados”, um por um, e não por atacado, com números aleatórios, multiplicados até quase o infinito, como tem ocorrido até agora.

As cifras estratosféricas (de 10 a dezenas de bilhões de reais), que contrastam com o dinheiro efetivamente descoberto e desviado para o exterior até agora, e enchem a boca de “analistas”, ao falar dos prejuízos, sem citar fatos ou documentos que as justifiquem, lembram o caso do “Mensalão”.

Naquela época, adversários dos envolvidos cansaram-se de repetir, na imprensa e fora dela, ao longo de meses a fio, tratar-se a denúncia de Roberto Jefferson, depois de ter um apaniguado filmado roubando nos Correios, de o “maior escândalo da história da República”, bordão esse que voltou a ser utilizado maciçamente, agora, no caso da Petrobras.

Em dezembro de 2014, um estudo feito pelo instituto Avante Brasil, que, com certeza não defende a “situação”, levantou os 31 maiores escândalos de corrupção dos últimos 20 anos.

Nesse estudo, o “mensalão” — o nacional, não o “mineiro” — acabou ficando em décimo-oitavo lugar no ranking, tendo envolvido menos da metade dos recursos do “trensalão” tucano de São Paulo e uma parcela duzentas menor que a cifra relacionada ao escândalo do Banestado, ocorrido durante o mandato de Fernando Henrique Cardoso, que, em primeiríssimo lugar, envolveu, segundo o levantamento, em valores atualizados, aproximadamente 60 bilhões de reais.

E ninguém, absolutamente ninguém, que dizia ser o mensalão o maior dos escândalos da história do Brasil, tomou a iniciativa de tocar, sequer, no tema — apesar do “doleiro” do caso Petrobras, Alberto Youssef, ser o mesmo do caso Banestado — até agora.

Os problemas derivados da queda da cotação do preço internacional do petróleo não são de responsabilidade da Petrobras e afetam igualmente suas principais concorrentes.

Eles advém da decisão tomada pela Arábia Saudita de tentar quebrar a indústria de extração de óleo de xisto nos Estados Unidos, aumentando a oferta saudita e diminuindo a cotação do produto no mercado global.

Como o petróleo extraído pela Petrobras destina-se à produção de combustíveis para o próprio mercado brasileiro, que deve aumentar com a entrada em produção de novas refinarias, como a Abreu e Lima; ou para a “troca” por petróleo de outra graduação, com outros países, a empresa deverá ser menos prejudicada por esse processo.

A produção de petróleo da companhia está aumentando, e também as descobertas, que já somam várias depois da eclosão do escândalo.

E, mesmo que houvesse prejuízo — e não há — na extração de petróleo do pré-sal, que já passa de 500.000 barris por dia, ainda assim valeria a pena para o país, pelo efeito multiplicador das atividades da empresa, que garante, com a política de conteúdo nacional mínimo, milhares de empregos qualificados na construção naval, na indústria de equipamentos, na siderurgia, na metalurgia, na tecnologia.

A Petrobras foi, é e será, com todos os seus problemas, um instrumento de fundamental importância estratégica para o desenvolvimento nacional, e especialmente para os estados onde tem maior atuação, como é o caso do Rio de Janeiro.

Em vez de acabar com ela, como muitos gostariam, o que o Brasil precisaria é ter duas, três, quatro, cinco Petrobras.

É necessário punir os ladrões que a assaltaram?

Ninguém duvida disso.

Mas é preciso lembrar, também, uma verdade cristalina.

A Petrobras não é apenas uma empresa.

Ela é uma Nação.

Um conceito.

Uma bandeira.

E por isso, seu valor é tão grande, incomensurável, insubstituível.

Esta é a crença que impulsiona os que a defendem.

E, sem dúvida alguma, também, a abjeta motivação que está por trás dos canalhas que pretendem destruí-la.

*Jornalista  

- Fonte desta postagem: http://www.viomundo.com.br/