16 fevereiro 2017

O STF na era da pós-verdade



Por Juremir Machado da Silva*
Tem muita gente que ainda não entendeu esse negócio de pós-verdade. É simples: verdade é aquilo no que cada um crê.
O leitor, por exemplo, me acha genial, imparcial e profundo sempre que a minha opinião coincide com a dele.
Não existe mais fato. Apenas interpretação do fato.
Não existe regra escrita. Somente entendimento de quem julga. Está consagrado que é impossível escrever algo acima das interpretações. Eu, cada vez mais neopositivista, penso o contrário. Qual o entendimento possível de uma norma com esta redação: nenhum réu poderá assumir os cargos de presidente da República, presidente do Senado, presidente da Câmara dos Deputados, presidente de comissões parlamentares e de ministro de Estado?
Claro que o meu pensamento não escapa da pós-verdade: é só a minha crença. Tudo é crença. Vivemos sob as crenças dos ministros do STF. O agora falecido ministro do STF Teori Zavascki recebeu um pacote de acusações contra o presidente da Câmara dos Deputados, o hoje presidiário Eduardo Cunha. Consta que Zavascki teria desejado afastar imediatamente Cunha das suas funções. Só o fez depois que Cunha derrubou a presidente Dilma Rousseff. O ministro Marco Aurélio Mello acreditou que o STF tinha um dever de coerência. Resolveu afastar Renan Calheiros da presidência do Senado quando este se tornou réu. Era só uma crença do ministro. O STF barrou-lhe o caminho e instituiu um novo patamar internacional: réu pode ficar no cargo. Pode ser que, quando o ministro Gilmar Mendes tirar seu derrière de cima do processo, se as conveniências exigirem, o STF mude de crença.
Gilmar Mendes, de forma monocrática, como os ministros do STF mais gostam, impediu Lula de ser ministro de Dilma para que ele não obtivesse foro privilegiado e obstruísse o trabalho da Lava Jato. O decano Celso de Mello, que capitaneou a operação pela permanência de Calheiros na presidência do Senado, garantiu agora que Moreira Franco, citado 34 vezes na Lava Jato, pode ser ministro com foro privilegiado. O STF consagra uma jurisprudência: a conveniência. Ora pode isto ora pode aquilo. Depende de cada caso e de cada envolvido. Constitucional é o que cada ministro do STF decide que é até o pleno do tribunal se manifestar e, às vezes, coincidir com a Constituição.
Os antigos, na pré-verdade, acreditavam que o texto escrito podia ser entendido da mesma maneira por todos. Era só uma crença. Na pós-verdade, era da liberdade de interpretação absoluta, tudo é possível, tudo é permitido, tudo é plausível, tudo que o STF quiser. Diz a lenda que dois filósofos, o francês Jacques Derrida e o alemão Karl-Otto Appel, tiveram uma discussão. Derrida, defensor de que tudo é interpretação e que cada mensagem é recebida de maneira singular pelo receptor, teria dito: “A comunicação é impossível”. Appel teria respondido: “Concordo”. É uma bela anedota. Não cola em stand-up. A maior comédia do Brasil no momento é o STF. Título: “Tudo Pode. Só depende de quem bate à nossa porta”. O STF também passa mensagens. Elas são cada vez mais negativas e sem moral.
A mais recente mensagem do STF é a seguinte: suspeito, investigado e réu podem comandar o país. Basta que um ministro do STF veja isso como fundamental para a governabilidade da nação. Temos de crer no STF?
Há outros exemplos de pós-verdade: a canalhice circulando na internet de que Marisa Letícia ganharia R$ 68 mil como funcionária fantasma do Congresso Nacional. E que Lula estaria pedindo para herdar essa quantia como pensão.
Na pós-verdade o que importante é o efeito.
*Jornalista. 

14 fevereiro 2017

ROMANCE SONÂMBULO



            
À Gloria Giner e a Fernando de los Ríos 

Verde que te quero verde.
Verde vento. Verdes ramas.
O barco livre no mar
e o cavalo na montanha.

Com sombra pela cintura
ela sonha na varanda,
verde carne, tranças verdes,
os olhos de fria prata.

Verde que te quero verde.
À luz da lua gitana
as coisas a estão mirando
e ela não pode mirá-las. 
               
Verde que te quero verde.
Estrelas de orvalho, claras,
seguem o peixe de sombra
que abre a rota da alvorada.

A figueira arranha o vento
com sua lixa de ramas
e o monte, gato gatuno,
eriça as piteiras ásperas.

Mas, quem virá? E por onde?
Ela segue na varanda,
verde carne, tranças verdes,
sonhando no amargo mar. 
               
— Compadre, quero trocar
meu potro por sua casa,
meus arreios, pelo espelho,
a faca por sua manta.

Compadre, venho sangrando
desde os penhascos de Cabra.
— Ai, se eu pudesse, rapaz,
este trato se fechava,
mas, eu já não sou eu mesmo
nem mais é minha esta casa.

— Compadre, quero morrer
com decência, em minha cama
de ferro, se puder ser,
sobre lençóis de cambraia.

Não vês que a minha ferida
sobe do peito à garganta?
— Trezentas rosas morenas
tens sobre a camisa branca.

Teu sangue ressuma e cheira
ao redor da tua faixa,
mas eu já não sou eu mesmo,
nem mais é minha esta casa.

— Deixai-me subir ao menos
até às varandas altas.

Deixai-me subir, deixai-me
até às verdes varandas,
altas varandas da lua
por onde retumba a água. 
            
Já sobem os dois compadres
para as varandas mais altas,
deixando um rastro de sangue,
deixando um rastro de lágrimas.

Tremeluziam nas telhas
gotas de luz cor de lata.
Mil pandeiros de cristal
feriam a madrugada.  
               * 
Verde que te quero verde.
Verde vento. Verdes ramas.
Os dois compadres subiram.

O longo vento deixava
um raro gosto na boca
de fel, de menta e alfavaca.

— Compadre, dize onde está,
onde, tua filha amarga?

— Quantas vezes te esperou!
quantas vezes te esperara,
cara fresca, negras tranças,
aqui na verde varanda!  
               * 
Sobre a face da cisterna
a gitana se embalava,
verde carne, tranças verdes,
os olhos de fria prata.

Um fino feixe de lua
a sustém boiando na água.
A noite se fez tão íntima
como uma pequena praça.
Bêbados guardas civis
chamam na porta a pancadas.

Verde que te quero verde.
Verde vento. Verdes ramas.
O barco livre no mar.
E o cavalo na montanha.

          Federico Garcia Lorca

(Tradução: José Carlos Lisboa)

Frentes se unem contra fim da aposentadoria

Brasil Popular e Povo Sem Medo estarão juntas com as centrais sindicais no dia 15 de março e preparam novas ações contra a Reforma da Previdência



Roberto Parizotti
As frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo se reuniram com a direção da CUT na noite desta segunda-feira (13), na sede da Central, em São Paulo, para definir estratégias de defesa das aposentadorias e para impedir que o governo ilegítimo de Michel Temer (PMDB) tenha sucesso na Reforma da Previdência (PEC 287/16).

As frentes também apontaram propostas para o período anterior e posterior ao 15 de março, Dia Nacional de Lutas e Paralisações; novas reuniões ainda nesta semana e vão definir novas ações para popularizar o debate nas ruas.

Para o presidente Nacional da CUT, Vagner Freitas (foto), os movimentos sindical e sociais têm o dever histórico de impedir o roubo de mais esse direito e a sociedade deverá decidir se aceitará esse retrocesso calada ou enfrentará os golpistas. “Não querem reformar a Previdência para melhorá-la, mas para acabar com ela. Querem transformar um direito público em algo para comprar no Bradesco ou no Itaú como previdência privada. Ou a sociedade se manifesta e barra essa falsa reforma ou os trabalhadores vão morrer trabalhando. Ninguém vive para contribuir 49 anos num país com tanta informalidade e com alto índice de rotatividade como o nosso”, criticou Vagner.

Como fica – Caso a PEC 287 de Temer seja aprovada, a idade mínima para aposentadoria integral será de 65 anos para homens e mulheres, com pelo menos 25 anos de contribuição para trabalhadores do campo e da cidade. Porém, se a expectativa de vida crescer no Brasil, a idade também pode ser elevada. Professores e trabalhadores rurais, que possuem jornadas mais exaustivas, perdem a condição de categorias especiais. Os segundos terão que contribuir obrigatoriamente por 25 anos. A pensão por morte, benefício para quem perde a esposa ou marido, também deixa de ter valor integral e passa a ser de 60% e mais 10% para cada dependente. Será proibido receber pensão e aposentadoria ao mesmo tempo.
Frentes se uniram em defesa da Previdência e da democracia (Foto: Roberto Parizotti)Frentes se uniram em defesa da Previdência e da democracia (Foto: Roberto Parizotti)

Para o membro da coordenação do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Guilherme Boulos, a sociedade brasileira ainda não se deu conta do tamanho do prejuízo que a aguarda. “Barrar essa contrarreforma é prioridade não só para os movimentos sociais, mas para todo o povo brasileiro. Se essa proposta for aprovada, a juventude não consegue mais se aposentar. O que nos resta é a rua, porque o parlamento é controlado pelos golpistas, o Judiciário está tendo um papel criminalizador das lutas sociais e em março teremos um amplo calendário contra a reforma da Previdência, pelo Fora Temer e por eleições diretas.”


Coordenador do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) João Paulo Rodrigues defendeu que as mobilizações sejam acompanhadas de greves, única linguagem que os empresários financiadores do golpe compreendem. “Junto com o trabalho de base para explicar na prática como a reforma da Previdência vai destruir a renda das famílias, temos de ter um enfrentamento ao bloco golpista.

Combinar publicidade da nossa proposta com mobilização nas ruas das principais capitais e paralisação que dê prejuízo ao grande capital, no dia de trabalho, na sala de aula. Porque o capital só entende essa linguagem. Se só fizermos protesto de rua e não fizermos paralisação no local de trabalho, dificilmente vamos conseguir alterar a correlação de forças”, definiu.

Membro do Levante Popular da Juventude, Larissa Sampaio, falou que o movimento tem aprofundado o trabalho de base para levar os jovens às ruas contra as medidas golpistas. “O Levante tem traçado uma tática de ir às ruas e às escolas para mostrar os retrocessos que esperam os jovens no futuro e abrir um diálogo fraterno e tranquilo. Desde ontem, aprofundamos um trabalho para convocar todos a irem às ruas no dia 15 e o objetivo é que tanto a juventude trabalhadora, quanto a estudantil esteja nas mobilizações para barrar a reforma”.

*Escrito por: Luiz Carvalho e André Accarini 

Partido dos Trabalhadores - Santiago/RS





PT SANTIAGUENSE INICIA PROCESSO DE RENOVAÇÃO DE SUA DIREÇÃO MUNICIPAL

Por Rômulo Vargas*

Neste sábado, dia 11/02, o Partido dos Trabalhadores de Santiago deu início a uma série de Plenárias que visam a preparação do 6° Congresso Nacional do PT (que ocorrerá em junho), bem como a renovação das direções Partidárias em todas as instancias (abril próximo).  

Além de realizarem um profundo debate sobre a Conjuntura Política vivenciada no País, Estado e Município, os petistas santiaguenses discutiram a reorganização do Partido no município e a necessidade de intensificar o  combate ao desgoverno golpista de Temer e seus aliados, assim como contra  Sartori no RS, passando ainda pela articulação de uma oposição efetiva ao continuísmo local do governo do PP. Decidiram ainda que o momento exige “radicalizar no diálogo” interno e, para tanto, deliberaram pela 'convocação' dos filiados, militantes e simpatizantes para participarem ativamente das atividades do partido, especialmente do processo ora iniciado e que irá culminar com a eleição da  nova Direção do PT santiaguense.

Secretaria de Comunicação

Um dos objetivos da atual Direção Executiva - superar as lacunas relativas à área da Comunicação do Partido dos Trabalhadores no âmbito municipal - também foi discutido e encaminhado  na reunião. O resultado dessa reflexão, profundamente debatida na plenária, culminou com a decisão pela reorganização da Secretaria de Comunicação do PT

Dando encaminhamento à decisão, a Executiva Municipal formalizou o convite para que o companheiro Júlio César Schmitt Garcia (um dos fundadores do PT, que no final do ano passado retornou a Santiago)  assuma as funções inerentes a Secretaria de Comunicação. O convite - que foi aceito pelo companheiro - foi homologado entusiasticamente por todos os presentes.

O santiaguense Júlio Garcia (que é Advogado e especialista em Direito do Estado) participou das primeiras direções do PT local e estadual. Integrou também a Casa Civil nos Governos petistas liderados por Olívio Dutra e Tarso Genro. Trabalhou ainda na CGTEE (Governo Lula) e, no último período, na Prefeitura de Canoas/RS (PGM e na Assessoria Jurídica Especial do Gabinete do Prefeito). Além de Advogado, Júlio Garcia é midioativista, sendo também Editor do “Blog do Júlio Garcia”,  “O Boqueirão Online” e coeditor do “Blogoleone” (blog coletivo).

Plenárias

Ao final dos trabalhos, foi decidido pelos presentes que serão realizadas mais duas Plenárias Municipais do PT: a primeira na próxima quinta-feira, dia 16/02 (19 horas), e a segunda na quarta-feira seguinte, dia 22/02, no mesmo horário. O objetivo é intensificar as discussões e motivar a participação do maior número de filiados e simpatizantes a fim de juntos formarmos uma unidade que propicie a composição de um diretório amplo, plural e representativo. 

As plenárias continuarão sendo realizadas no Greminho (Associação dos Inativos da Brigada Militar, bairro Maria Alice Gomes) e o convite está estendido à todos(as) que desejarem participar e contribuir na reorganização e na luta travada pelo PT Santiaguense.

*Rômulo Vargas é vice-presidente do PT Santiaguense e Assessor do Deputado Estadual Valdeci Oliveira/PT-RS

(Com o Blog 'O Boqueirão Online')

12 fevereiro 2017

JUSTIÇA E POLÍTICA - 'Não precisamos, nem gostamos de juízes heróis', diz anticandidata ao STF

Para Beatriz Vargas, exposição midiática do STF produziu acovardamento dos ministros diante de casos de extrema importância, como o processo de impeachment
por Eduardo Maretti, da RBA*

Beatriz Vargas
"Um juiz insensível para a questão social é um péssimo juiz. E são muitos", diz professora da UnB
São Paulo – Profissionais de diversas áreas, professores universitários, juízes e ativistas de inúmeros movimentos sociais e organizações progressistas defendem o nome de Beatriz Vargas Ramos – professora de Direito Penal e Criminologia da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (UnB) – para uma "anticandidatura" ao Supremo Tribunal Federal (STF). Em manifesto e abaixo-assinado divulgado na internet, os apoiadores da anticandidata afirmam que, com ela, defendem o Estado Democrático de Direito, a soberania nacional, o pluralismo político, uma sociedade em que a propriedade seja subordinada à função social e vários outros princípios, alguns dos quais inscritos no artigo 5° da Constituição (que trata de direitos e garantias fundamentais).
O contexto da anticandidatura é a “situação em que a ilegitimidade do governo constituído (de Michel Temer) compromete todos os processos políticos regulares, esvaziados de sua sustentação democrática”. A indicação do ministro da Justiça afastado, Alexandre de Moraes, para a vaga de Teori Zavascki no STF, nesse cenário, é ilustrativa. "Entendemos que o governo Michel Temer não tem legitimidade para indicar nenhum nome ao Supremo", diz Beatriz, em entrevista à RBA. "O nome de Moraes diminui o Supremo."
Beatriz explica que sua anticandidatura à mais alta corte do país "não é uma candidatura para valer", mas, com ela, pretende desenvolver uma "ação política de catalisação das discussões importantes que passam pela pauta do Supremo". 
Assim como outros representantes do campo progressista, caso do deputado Wadih Damous (PT-RJ), Beatriz Vargas critica as nomeações ao STF pelos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Eles nomearam nada menos do que 13 ministros ao Supremo, dos quais oito ainda estão no tribunal, e mesmo assim o PT sofreu duras derrotas na Ação Penal 470 ("mensalão") e no processo de impeachment de Dilma. Cezar Peluso, Carlos Alberto Menezes Direito, Ayres Britto, Eros Grau e Joaquim Barbosa, todos nomeados por Lula, já não fazem parte da corte. 
"Acho que subestimaram a importância do Supremo. Ou a importância de colocar no tribunal nomes de juízes que não representassem o pensamento conservador do campo jurídico", diz a professora da UnB.
Qual o significado de sua anticandidatura?
A anticandidatura não é uma candidatura para valer. Não queremos meu nome no Supremo. Entendemos que o governo Michel Temer não tem legitimidade para indicar nenhum nome ao Supremo. É uma ação política de catalisação das discussões importantes que passam pela pauta do Supremo e uma fala de indignação com os nomes que representam o conservadorismo no campo do direito que estavam sendo apadrinhados e, agora, ainda mais, com a indicação do nome de Alexandre Moraes, que é contrário a tudo que defendemos na área da política criminal, da segurança pública, política penitenciária. O nome dele diminui o Supremo.
No entanto está colocado e deve ser ministro...
Há uma grande probabilidade de ser o Alexandre Moraes, porque esse processo fica na mão da Presidência da República, que já fez seu papel ao indicar, e divide isso com o Senado, na Comissão de Constituição e Justiça. Dificilmente, pela composição dessa comissão, o nome de Alexandre de Moraes seria barrado. Institucionalmente, não temos como interferir no processo. Estamos ocupando um espaço que não é institucional, para levantar que esse nome não passa no crivo dos direitos humanos, dos direitos sociais, e tentando colocar nossa voz, de pessoas da universidade ou de fora dela, dentro do Senado, que tem se mostrado bastante insensível a essas vozes.
Como avalia o papel do Supremo no processo de impeachment?
O Supremo não apenas poderia, mas deveria ter entrado de maneira mais profunda na discussão sobre a ilegalidade do processo. Não quiseram entrar no mérito. Okay, mas poderiam ter entrado no aspecto formal da chamada condição da ação. A condição para o impedimento é a existência do crime de responsabilidade, e o Supremo deveria ter entrado aí, e não entrou porque não quis. Isso para nós é omissão.
O ministro Marco Aurélio diz que não foi golpe, mas uma decisão das duas casas do Congresso.
Ou seja, foi uma decisão política sem nenhum controle jurídico. Foi a política nua e crua, sem delimitação. Não é o Supremo que deve julgar crime de responsabilidade em processo de impeachment. Nisso estamos de acordo. Mas antes de chegar no mérito, existem questões preliminares que deveriam ter sido analisadas pelo Supremo. A condição da ação condenatória passa pela análise jurídica sobre se os fatos imputados são ou não crime de responsabilidade. O Supremo não quis falar sobre isso.
O deputado Wadih Damous (PT-RJ) critica os governos do PT dizendo que tiveram oportunidade de nomear muitos ministros do STF, e, segundo ele, "errou a não mais poder” nomeando os que nomeou. Qual sua opinião sobre isso?
Qual o fundamento, quais os argumentos que ele usa?
Teori Zavascki, por exemplo, com um perfil técnico e um bom nome, que aparentemente não se dobraria à opinião pública, nesse aspecto, segundo Damous, foi decepcionante, como no caso dos grampos contra Lula e Dilma.
Estou de acordo. Acho que a superexposição midiática do Supremo produziu uma espécie de acovardamento dos ministros no cumprimento do papel contramajoritário. Ficaram reféns da opinião pública, ou opinião publicada. TV demais auxilia ou não o trabalho do Supremo?
Eu também critico os governos do PT, por duas razões. O ex-presidente Lula e a presidenta Dilma erraram nas indicações. Primeiro porque nenhum dos dois tinha uma compreensão boa, exata ou perfeita do papel do Supremo no cenário político e jurídico brasileiro. Acho que subestimaram a importância do Supremo. Ou a importância de colocar no tribunal nomes de juízes que não representassem o pensamento conservador do campo jurídico. Há ministros menos conservadores, que são até do centro, como o (Luís Roberto) Barroso, o (Luiz) Fachin, mas no papel que desempenham no Supremo não estamos convencidos dessa centralidade deles. Outra coisa é que tanto Lula quanto Dilma ficaram meio que dependentes das cúpulas do Judiciário. Os nomes (indicados por eles) agradavam a cúpula do Judiciário.
  • Isso aconteceu com a Procuradoria-Geral da República também?
Também, a mesma coisa. Pode até não serem todos os nomes, mas boa parte deles (ministros nomeados por Lula e Dilma) agradavam a cúpula do Judiciário, normalmente dos conservadores, do ponto de vista político. Todo juiz tem um entendimento político. O discurso da neutralidade do juiz não convence. Ninguém obriga um juiz a ser neutro, e nem pode, politicamente. O que não pode é transformar a ação jurídica numa resposta às suas ideias políticas. O referencial para o juiz no tribunal não é sua filiação ideológica, mas a lei. Como juiz ativista, o Supremo tem pelo menos um que se destaca muito, o ministro Gilmar Mendes. Chega de juiz ativista, nem de um lado nem de outro.
O PT no poder teria subestimado, mais do que o STF, o Direito como um todo, como já disse Bandeira de Mello?
Eu acho, também. Mas não é um problema só do PT. É um  problema das esquerdas em geral. Elas têm a tendência de acreditar que o campo jurídico é sempre o da manutenção do status quo, e que ninguém vai mudar nada pelo Judiciário. A tendência de subestimar é por essa premissa.
Tenho dito que não precisamos, nem gostamos de juízes heróis. Precisamos de juízes que limitem seu poder decisório ao critério da lei, da Constituição. O juiz não pode ser insensível socialmente. Um juiz insensível para a questão social é um péssimo juiz. E são muitos. Estamos vendo um desfile deles. Onde eles estavam escondidos? Esse monte de juízes punitivistas, racistas, machistas, segregadores. Pensando até no papel das universidades, como estamos produzindo esse tipo de profissional? O debate do Judiciário não é fácil, mas nós precisamos fazer. A Suprema Corte é um órgão de extraordinária importância para o encaminhamento de qualquer grande questão de interesse público.
*Fonte: Rede Brasil Atual - RBA

O Meu País




* O Meu País - João de Almeida Neto

Não há panelaços e bonecos infláveis para os acusados do governo Temer

moreira franco e temer agencia brasil
Wellington Moreira Franco, indicado ao ministério por Michel Temer, é citado nas delações da Odebrecht
Não há panelaços e bonecos infláveis para os acusados do governo Temer
Agora ficou mais fácil compreender o que se tem passado no Brasil.
O poder pós-impeachment compôs-se de sócios-atletas da Lava Jato e, no entanto, não há panelaço para o despejo de Moreira Franco, ou de qualquer outro da facção, como nem sequer houve para Geddel Vieira Lima. Não há panelaços nem bonecos inflados com roupa de presidiário.
Logo, onde não há trabalhador, desempregado, perdedor da moradia adquirida na anulada ascensão, também não há motivo para insatisfações com a natureza imoral do governo. Os que bancaram o impeachment desfrutam a devolução do poder aos seus servidores. Os operadores políticos do impeachment desfrutam do poder, sem se importar com o rodízio forçado, que não afeta a natureza do governo.
Derrubar uma Presidência legítima e uma presidente honesta, para retirar do poder toda aspiração de menor injustiça social e de soberania nacional, tinha como corolário pretendido a entrega do Poder aos que o receberam em maioria, os geddeis e moreiras, os cunhas, os calheiros, os jucás, nos seus diferentes graus e especialidades.
Como disse Aécio Neves a meio da semana, em sua condição de presidente do PSDB e de integrante das duas bandas de beneficiários do impeachment: “Nosso alinhamento com o governo é para o bem ou para o mal”. Não faz diferença como o governo é e o que dele seja feito. Se é para o mal, também está cumprindo o papel a que estava destinado pela finalidade complementar da derrubada de uma Presidência legítima e de uma presidente honesta.

Não há panelaço, nem boneco com uniforme de presidiário. Também, não precisa. Terno e gravata não disfarçam.

POLÍTICA, SIM
Se divulgar a delação da Odebrecht, como propõe Rodrigo Janot, pode levar à “destruição de prova útil” –como disse o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima ao repórter Thiago Herdy–, “de outro lado, há o uso de vazamentos para o jogo político, algo que não nos interessa”.
Sem esse interesse, não teria havido os vazamentos. Atos cuja gravidade não se confunde com a liberação particular de informações para jornalista. O inaceitável eticamente nos vazamentos da Lava Jato é a perversa leviandade com que torna públicas, dando-lhes ares de verdades comprovadas, acusações não provadas, em geral nem postas (ainda?) sob verificação.
Otávio Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez, por exemplo, proporcionou um desses vazamentos: acusou Edinho Silva e outro petista de receberem determinado cheque, relatando até o encontro para a entrega. O então ministro José Eduardo Cardozo localizou e exibiu o cheque de tal pagamento: o destinatário do cheque nominal era um certo Michel Temer. Mas a Lava Jato pusera Edinho Silva, secretário de Comunicação da Presidência de Dilma, nas manchetes e na TV como recebedor do suborno da empreiteira.
Otávio Azevedo e outros ex-dirigentes da Andrade Gutierrez estão chamados a corrigir seus depoimentos, porque a delação da Odebrecht revelou que distorceram ou omitiram. E também foram vazamentos acusatórios. Diz a regra que trapacear nas delações as anula. Não porém para protegidos na Lava Jato, como Otávio Azevedo e Alberto Youssef.
Ficou comprovado que a Lava Jato e mesmo o seu juiz programavam vazamentos nas vésperas dos dias importantes na campanha contra Dilma e Lula. Só por “interesse político” –evidência que ninguém na Lava Jato tem condições honestas de negar.
*Via Viomundo

11 fevereiro 2017

Denúncia: Globo cria força-tarefa para atacar Lula e Dilma semana que vem

  1. globo news capa

Por Eduardo Guimarães, Editor do Blog da Cidadania*
Jornalista de prestígio da Globo que, por razões óbvias, não quer se identificar, entrou em contato com este blogueiro e relatou o que chama de “estratégia cruel e desonesta” que diz que será usada pela emissora para criar nova onda de desmoralização dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff. E disse, ao telefone, a seguinte frase:
— RIP (“rest in peace), jornalismo!
A ofensiva em questão teria sido determinada em plena redação da emissora, em voz alta, pela diretora da Globo News Eugênia Moreyra.

globo news 1
Na imagem acima, Eugênia Moreyra, diretora da Globo News
Recebi da fonte a informação de que o ministro do STF Edson Facchin, novo relator da Operação Lava Jato, vai levantar o sigilo das delações da Odebrecht na semana que vem e que a diretora da Globo News supracitada irá a Brasília na segunda-feira para receber material para divulgação.
Eugênia teria entrado na redação da emissora para falar com a produtora e passou a ela a determinação. Segundo o relato da fonte desta página, devido ao tom de voz da diretora os jornalistas que ficam no setor da redação da Globo News que fica ao lado do banheiro ouviram o que ela disse.
Leia, abaixo, o que disse a diretora da Globo News Eugênia Moreyra à produtora que irá com ela a Brasília na semana que vem. O intuito da determinação da diretora à produtora ter sido comunicada para todos no entorno ouvirem foi no sentido de que os jornalistas que serão requeridos atuem da forma como foi determinada sem fazerem questionamentos.
Confira, abaixo, transcrição textual da determinação da diretora da GNEWS:

— (…) Fachin vai liberar todos os vídeos das delações [da Odebrecht] de uma só vez. Não dará tempo de decupar [analisar e editar] as imagens… Você vai liderar uma força-tarefa em Brasília. Sua equipe vai assistir a todos os vídeos das delações. Assim que ouvirem “Lula” ou “Dilma”, coloquem no ar, na hora, ao vivo, interrompendo qualquer programa, no Plantão. Depois a gente assiste o resto. Dilma e Lula têm que ser denunciados na frente de qualquer outro delatado

Segundo a fonte, aparecerão nomes de políticos importantes de todos os partidos, incluindo PSDB. A estratégia em questão serve para que Lula, Dilma e o PT não se beneficiem do prejuízo de imagem que terão seus adversários.

10 fevereiro 2017

‘Condenável’, diz viúva de escritor espanhol sobre plágio de Alexandre de Moraes



Em entrevista, filóloga Felicia de Casas criticou a cópia feita pelo ministro da Justiça de trechos inteiros do livro lançado por seu marido em 1995
Por Redação*
A filóloga Felicia de Casas, viúva do jurista Francisco Rubio LLorente, classificou como ‘condenável’ o episódio de plágio em que o ministro licenciado da Justiça, Alexandre de Moraes, copiou trechos inteiros de um livro do autor espanhol.
“Não apenas por se tratar de meu marido, mas também por ter sido eu mesma uma professora universitária, isso me parece condenável por razões de ética”, disse em entrevista à Folha de S. Paulo.
O livro “Direitos Humanos Fundamentais”, lançado por Alexandre de Moraes em 1997, contém partes idênticas ao da obra de Rubio Llorente, de 1995.
O professor José Luis Rodríguez Álvarez, que colaborou com o original, disse que foram necessários dois anos de investigação para a conclusão do livro. “Não havia bases de dados ou mecanismos de busca. Era um esforço manual feito com meios rudimentares”, ressaltou.
Por esse motivo, criticou a cópia “não tanto devido aos direitos autorais, mas por ter utilizado nosso trabalho de sistematização”.
Moraes foi indicado por Michel Temer para uma cadeira no STF (Supremo Tribunal Federal), na vaga do ministro Teori Zavascki, morto em janeiro.
Foto de capa: Agência Brasil

Vida longa ao PT!



PT santiaguense realiza Plenária de Mobilização neste sábado, 11/02


Da Redação*

O Partido dos Trabalhadores de Santiago/RS, por sua direção municipal, está convidando todos os filiados e simpatizantes para participarem da importante Plenária Municipal de Mobilização que será realizada amanhã, sábado, na Associação dos Aposentados da Brigada Militar (Greminho), situada na Rua Benjamin Constant, Bairro Maria Alice Gomes. 

Os trabalhos estão previstos para iniciarem  às 14,30 h.   Consta da pauta a Conjuntura Política (Nacional/Estadual/Municipal) e o 6º Congresso Nacional do PT. Também será iniciada na oportunidade a discussão relativa à renovação do Diretório Municipal (DM) do Partido, que culminará no próximo mês de abril.

***
Nota do Editor: O Partido dos Trabalhadores comemora no dia de hoje seus 37 anos de existência. Trajetória marcada por incessante luta por uma sociedade sem opressores e sem oprimidos, em defesa da democracia, dos trabalhadores e de uma verdadeira justiça social. 

-Vida longa ao PT!

*Com o Blog 'O Boqueirão Online'

09 fevereiro 2017

UM MATE POR TI (Tambo do Bando)




*Tambo do Bando - "Um Mate por Ti"

Escolha de Moraes só é explicável num regime de exceção





Por Jeferson Miola, na Carta Maior*

A rigor, o usurpador Michel Temer não tem legitimidade para indicar o juiz que deve ocupar a vaga aberta no STF com a morte de Teori Zavascki.
 
Temer não é um presidente eleito legitimamente; é um conspirador que tomou de assalto o Palácio do Planalto com sua turba corrupta, branca e masculina, e que exerce prerrogativas presidenciais porque o país está sob a vigência de um regime de exceção.
 
Os golpistas que promoveram o golpe de Estado com a fraude do impeachment e que controlam o legislativo e o judiciário atribuem a ele, o “MT” das planilhas de propinas da Odebrecht, os poderes que seriam legítimos somente a um mandatário eleito pelo voto popular. A mídia, liderada pela Rede Globo, cumpre a função legitimadora do governo usurpador e naturaliza cada passo da evolução golpista.
 
É neste contexto que se inscreve a indicação do tucano Alexandre Moraes para o STF. Só num ambiente desses poderia prosperar a nomeação para a Suprema Corte de um ex-advogado de Eduardo Cunha e ex-advogado de uma cooperativa associada à organização criminosa paulista PCC – o Primeiro Comando da Capital, que se espalhou pelo país durante a atuação dele em São Paulo. (...)

*CLIQUE AQUI para ler na íntegra.

08 fevereiro 2017

JÚLIO GARCIA ADVOGADOS ASSOCIADOS




*Escritórios em Santiago, Canoas e Porto Alegre/RS

-Causas Cíveis e Criminais - Direito Ambiental - Administrativo - Constitucional - Trabalho - Previdenciário - Família - Eleitoral... 

-Defesa no Tribunal do Júri

-Especialista em Direito do Estado (UniRitter) 

-Temos parcerias com renomadas bancas de advocacia 

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