21 outubro 2019

Surgem as provas da atuação de Moro, o Russo, como chefe da ORCRIM


Para Jeferson Miola, "nunca houve dúvidas quanto à função do ex-juiz na hierarquia da ORCRIM. O que se tem agora é a comprovação documental do papel exercido por ele em obediência às ordens emanadas desde o centro de inteligência estratégica da Operação, sediado nos EUA"

Ministro da Justiça, Sérgio Moro (Foto: Alan Santos/PR)

Por Jeferson Miola*
As revelações do Intercept de 19/10 [aqui] trazem as provas de Sergio Moro agindo como chefe da ORCRIM – organização criminosa, como o ministro Gilmar Mendes denomina a força-tarefa da Lava Jato.
Nunca houve dúvidas quanto à função do ex-juiz na hierarquia da ORCRIM. O que se tem agora é a comprovação documental do papel exercido por ele em obediência às ordens emanadas desde o centro de inteligência estratégica da Operação, sediado nos EUA.
É assombroso o conluio entre o “Russo” [codinome com que Moro era chamado na ORCRIM] com procuradores e policiais federais.
Aqueles funcionários do Estado brasileiro pagos com impostos recolhidos da população conheciam as práticas criminosas do capo di tuti capi [aqui] e, ao invés de denunciá-las, prevaricavam e “ajeitavam” os ilícitos, como disse o delegado da PF Luciano Flores: “Normal… deixa quieto…Vou ajeitar…kkkk”.
Ainda mais estarrecedor e vergonhoso que os crimes cometidos por eles é o fato daqueles agentes públicos ainda estarem ocupando cargos públicos e, em alguns casos, tendo sido alçados a escalões superiores do governo Bolsonaro:
  • como retribuição pelos serviços prestados – o mais notório deles a farsa para tirar Lula da eleição – Russo ganhou de Bolsonaro o cargo de ministro da justiça;
  • o delegado Luciano Flores foi nomeado pelo Russo para comandar a PF no Paraná;
  • a delegada Renata da Silva Rodrigues, que foi informada pelo colega Luciano Flores que “Russo deferiu uma busca que não foi pedida por ninguém ….hahahah” e reagiu com um “Kkkkk – Como assim?!”, é a Chefe do Serviço de Repressão a Crimes Financeiros do ministério comandado pelo Russo;
  • a delegada Erika Marena, que dirigiu operação que levou o reitor da UFSC Luis Cancellier ao suicídio, foi indicada pelo Russo para o cargo de conselheira do COAF, atual UIF [Unidade de Inteligência Financeira];
  • o delegado Marcio Anselmo, que alertou Moro a redefinir o mandato de busca e apreensão na casa do Lula em 4 de março de 2016, foi designado como conselheiro da UIF [ex-COAF];
  • o delegado Igor Romario de Paula foi nomeado pelo Russo para comandar a Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado do ministério comandado por ele.
O STF começou julgar, depois de quase 2 anos de atraso, a inconstitucionalidade da prisão antes do trânsito em julgado. Com a decisão, pessoas pessoas presas em flagrante inconstitucionalidade serão libertadas, como é o caso do ex-presidente Lula.
Mais relevante e essencial que este julgamento, entretanto, é o julgamento sobre a suspeição de Sérgio Moro, o gângster que chefiou a ORCRIM que corrompeu o sistema de justiça e atentou contra o Estado de Direito para viabilizar a eleição do governo fascista ao qual hoje serve.
A liberdade de Lula deve ser imediatamente devolvida não apenas porque o STF deverá restaurar o princípio constitucional da presunção de inocência que ele próprio, Supremo, violou.
Lula terá de ser imediatamente libertado porque é um inocente que foi vítima da maquinação monstruosa da ORCRIM chefiada por Sérgio Moro, o Russo.

Paulo Pimenta é eleito novo presidente estadual do PT


Paulo Pimenta (centro) foi aclamado presidente estadual do PT | Foto: Joaquim Moura/PT-RS

Da Redação*
O deputado federal Paulo Pimenta foi eleito no início da tarde deste domingo (20) o novo presidente do Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores no Rio Grande do Sul. De acordo com o partido, ele foi eleito por aclamação.
Deputado federal desde 2003, Pimenta foi anteriormente deputado estadual e vereador de Santa Maria, sua cidade natal. Ele substitui o deputado estadual Pepe Vargas, que ocupava a presidência do PT no RS desde 2017.
“O PT-RS é uma referência no país. Se isso é verdade nós partimos de um patamar muito alto e o nosso desafio é enorme: ir além do que os companheiros da atual direção, em especial o companheiro Pepe Vargas, construíram”, disse Pimenta, acrescentando ainda que o resultado das eleições de 2020 depende dessa militância. “A nossa disposição é de unidade, lealdade e combatividade como sempre tivemos. Vamos voltar com nosso partido governando Porto Alegre e várias cidades do interior. Vamos tentar ousar e estar em todo o estado. As reuniões do diretório não serão mais em Porto Alegre. Serão no interior".
Pepe Vargas afirmou que a aclamação de Paulo Pimenta sinaliza a unidade política do partido. “Tenho certeza de que se fosse a companheira Ana Afonso a eleita, todos nós estaríamos juntos no diretório, assim como se fosse eu, todas as correntes estariam representadas e, com Paulo Pimenta, não será diferente, ele terá o apoio de todos”, disse.
A eleição ocorreu no 7º Congresso Estadual, realizado neste final de semana no Ritter Hotel, em Porto Alegre. Pimenta toma posse em janeiro de 2020 para um mandato é de dois anos, até 2022.
*Via Sul21

Coluna C&A



Coluna Crítica & Autocrítica - nº 174


Por Júlio Garcia**

*Começou nesta quinta-feira, 17/10, o julgamento pelo STF das ADC 43, 44, 54, que buscam a declaração da constitucionalidade do Artigo 283 do Código de Processo Penal. A propósito, a Constituição Federal (CF/88), nossa Lei Maior, como é sabido (menos, eventualmente, pelo que parece, por setores do Poder Judiciário e do MP), em seu Artigo 5º, reza que: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;”

*Já o Artigo 283 do CPP determina que “Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória transitada em julgado ou, no curso da investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária ou prisão preventiva.”

*Sobre esse importantíssimo julgamento (que vai - e não é exagero - nos mostrar se começamos - ou não - a retornar ao Estado Democrático de Direito em nosso [ultimamente] tão maltratado país...), o conceituado jornalista Fernando Brito escreveu em seu Blog Tijolaço (também repostado no meu Blog https://jcsgarcia.blogspot.com/) o seguinte artigo:

“Quase dois anos depois de ter sido incluídas em pauta para julgamento (em dezembro de 2017), finalmente o Supremo vai julgar as Ações Declaratórias de Constitucionalidade que pretendem restabelecer o entendimento tradicional do STF de que a prisão de condenados só se dê após o trânsito em julgado – salvo se existam razões para que se determine a prisão cautelar.

São três e uma delas teve decisão liminar do Ministro Marco Aurélio, determinando que, como regra, as prisões só se deveriam dar depois de vencido todos os recursos e teve seu despacho suspenso, quase em seguida, por Dias Toffoli.

O julgamento que as manteve, por seis votos a cinco (com aquele voto triste de Rosa Weber, que disse pensar o contrário, mas que mantinha as prisões em “homenagem ao princípio da colegialidade”) referiu-se apenas aos pedidos de habeas corpus, sem proferir julgamento do princípio.

 É considerado certo que, agora, aquela posição não irá prevalecer. A dúvida é se vai ser adotada uma posição estranhamente “intermediária”, considerando válidas as prisões se houver manifestação do STJ, criando uma graduação jurisdicional para a presunção de inocência, sem que haja nenhuma previsão legal. É mais uma das “fórmulas” que Dias Toffoli teima em inventar, exatamente como fez na questão dos prazos coincidentes de alegações finais entre delatores e delatados.A tradução em bom português é “restaure-se a lei mas não se solte Lula”.Desta vez, porém, está mais difícil. É que os desejos de Moro e da turma de procuradores da Lava Jato eram ‘intocáveis’. E já não são.”
...

*O eminente jurista e professor Lenio Streck também é enfático ao afirmar que “Tribunais não existem para disputar popularidade. Como cidadão, e qualquer um pode pensar assim, pode parecer melhor que se prenda logo após a condenação já em primeiro grau. Ou em segundo. Mas como jurista, como Corte Constitucional, só se pode fazer o que diz a Constituição! ADC é ação sem cliente. Não tem rosto. A identidade de uma ação constitucional é o texto que se busca esclarecer. E o que se quer nas ADCs 43, 44 e 54 é apenas que se declare o que lá está. Se isso é ruim, se isso desagrada a muita gente, não deve importar.

A Constituição é justamente um remédio contra descontentamentos. Cartas na mesa, então: ou bem a Corte decide por princípio e veda a prisão em segunda instância – afirmando a clareza do CPP e da CF - ou a Corte faz política e autoriza a prisão. Só tem de assumir qual a autoridade impera no direito brasileiro: se é a dos julgadores ou se é a do Direito.”
...
**Júlio César Schmitt Garcia é Advogado, Pós-Graduado em Direito do Estado, Consultor, Poeta, dirigente político (PT) e Midioativista. Foi um dos fundadores do PT e da CUT. - Publicado originalmente no Jornal A Folha (do qual é Colunista) em 18/10/2019. - ***Via Portal O Boqueirão Online

20 outubro 2019

Novo capítulo da ‘Vaza Jato’ sinaliza que o mais pesado vem agora

Glenn Greenwald voltou, depois de um longo tempo, a ocupar-se pessoalmente dos novos episódios da “Vaza Jato”, a longa e chocante série de revelações das mensagens trocadas entre os procuradores da Força Tarefa de Curitiba, a PGR e policiais federais. É um possível sinal de que estão se aproximando as mais fortes revelações sobre a conspiração da Lava Jato, das quais o jornalista tem toda a razão de querer participar diretamente.
Agora,o The Intercept mostra que Moro articulou e comandou as operações da PF que culminaram com a condução coercitiva de Lula para depor (no Aeroporto de Congonhas, em 4 de março de 2016) e nas ações de busca e apreensão no seu apartamento em São Bernardo, no sítio de Atibaia que frequentava e no prédio do Instituto Lula.
A interferência é tanta que o delegado Luciano Flores, delegado da PF, diz, num dos diálogos, em tom jocoso que Russo [apelido de Moro entre procuradores e policiais] deferiu uma busca que não foi pedida por ninguémhahahah. Kkkkk”.
A “vitima” de Moro, contra quem não havia pedido do MP para busca e apreensão foi Rogério Aurélio Pimentel, de quem Moro disse, por conta própria, que seria o responsável pela “fiscalização das obras” no sítio de Atibaia, quando os procuradores afirmam que ele teria sido responsável pelo recebimento da mudança do ex-presidente, vinda de Brasília e para quem não solicitam a medida.
Se ainda fosse necessário mostrar que Moro saiu do papel de juiz para o de investigador, bastaria. Mas há mais e aguardem muito mais para breve.
Porque, como se diz no futebol, chegou a hora em que Glenn chamou o jogo para si.
*Jornalista, Editor do Blog Tijolaço (fonte desta postagem)

19 outubro 2019

Chico Buarque: Meu Caro Amigo (DVD Meu Caro Amigo)



Carta-cassete

O Brasil vivia um período de promessas de abertura política, mas muitos brasileiros continuavam no exílio. De Portugal, o teatrólogo Augusto Boal reclamava notícias e Chico, em parceria com Francis Hime, atendeu o apelo do amigo utilizando o refrão "a coisa aqui tá preta" para informar sobre a situação do país ao amigo distante.[1] A mãe de Boal foi portadora da "carta", entregue durante um almoço com amigos também em exílio, dentre eles Darcy Ribeiro e Paulo Freire, na casa onde morava em Lisboa, no Campo Pequeno[1] Reunidos durante a sobremesa, os amigos ouviram as "notícias de casa": "Falávamos tristezas, e ouvimos um canto de esperança.", conta Boal em depoimento para o livro Chico Buarque do Brasil. Atualmente a música representa uma das mais importantes obras criticando a ditadura de todos os tempos no Brasil.[1] - (wikipedia)
...
*43 anos depois [lamentavelmente] ... atualíssimo!!! (JG)

17 outubro 2019

Marco Aurélio prevê 7 a 4 contra prisão após 2ª instância

Ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, disse a jornalistas nesta quinta-feira (17) que prevê um placar de 7 a 4 para derrubar a possibilidade de prisão automática após a condenação em segunda instância

247* - O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), avalia que o placar no plenário no julgamento sobre a prisão após condenação em segunda instância será de 7 a 4 a favor da Constituição - ou seja, pela liberdade dos condenados até que todos os recursos sejam esgotados nas instâncias superiores.
Ele também informou a jornalsitas nesta quinta-feira (17) que seu voto tem entre sete e oito páginas e necessita de apenas 30 minutos para ser lido em plenário, o que deve acontecer na próxima quarta-feira 23, quando acontecerá a segunda sessão sobre o julgamento. 
"Dentro do STF, ministros de diferentes alas ouvidos pelo Estadão/Broadcast dão como certo que o tribunal vai derrubar a prisão após a condenação em segunda instância. A dúvida que permanece é saber se prevaleceria o entendimento de que a execução de pena deve ocorrer após o esgotamento de todos os recursos (o “trânsito em julgado”, em juridiquês) ou depois de uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que funciona como uma espécie de terceira instância", informa reportagem publicada no Estado de S.Paulo.
Leia mais sobre a sessão desta quinta-feira 17 na reportagem da Agência Brasil:

STF encerra 1º dia de julgamento sobre prisão em segunda instância

Por André Richter – O Supremo Tribunal Federal (STF) encerrou o primeiro dia do julgamento sobre a validade da execução provisória de condenações criminais, conhecida como prisão em segunda instância. Na tarde de hoje (17) foram ouvidas as manifestações da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e dos partidos que também entraram com as ações para anular as prisões. Os votos dos 11 ministros, além da manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR), serão proferidos na sessão de quarta-feira (23). 
A Corte começou a julgar definitivamente três ações declaratórias de constitucionalidade (ADCs), relatadas pelo ministro Marco Aurélio e protocoladas pela OAB, pelo PCdoB e pelo antigo PEN, atual Patriota. 
Durante as sustentações, o advogado Juliano Breda, representante da OAB, reafirmou que a entidade pede o respeito à Constituição. Segundo Breda, o propósito dos constituintes foi impedir o cumprimento da pena antes do fim de todos os recursos. 
"O entendimento da OAB é no sentido da reafirmação da Constituição da República. É no sentido da reafirmação da independência e da liberdade do Poder Legislativo. Entende a OAB que em nome da força normativa da Constituição, em nome da afirmação histórica das garantias constitucionais, a ação declaratória deve ser julgada procedente", defendeu Breda. 

O advogado José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça e representante do PCdoB, afirmou que o texto constitucional é claro ao definir que trânsito em julgado significa uma decisão irrecorrível.
"Podemos discordar da Constituição, podemos dizer que ela é retrógrada, que é atrasada, mas é essa Constituição que juramos defender. Essa Constituição cidadã que nos garante o Estado de Direito. Por isso, há que se respeitar a Constituição", disse. 
O partido Patriota mudou seu entendimento. De acordo com o advogado Heracles Marconi Goes Silva, a Corte deve dar uma "decisão satisfatória à sociedade" diante dos "novos ares" após o processo eleitoral. "Não deixo de ser garantista por defender o posicionamento punitivista do partido Patriota", disse Silva. 
Entenda
O entendimento atual do Supremo permite a prisão após condenação em segunda instância, mesmo que ainda seja possível recorrer a instâncias superiores. No entanto, a OAB e os partidos sustentam que o entendimento é inconstitucional e uma sentença criminal somente pode ser executada após o fim de todos os recursos possíveis, fato que ocorre no STF e não na segunda instância da Justiça, nos tribunais estaduais e federais. Dessa forma, uma pessoa condenada só vai cumprir a pena após decisão definitiva do STF. 
A questão foi discutida recentemente pelo Supremo ao menos quatro vezes. Em 2016, quando houve decisões temporárias nas ações que estão sendo julgadas, por 6 votos a 5, a prisão em segunda instância foi autorizada. De 2009 a 2016, prevaleceu o entendimento contrário, de modo que a sentença só poderia ser executada após o Supremo julgar os últimos recursos.
Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o julgamento terá impacto na situação de 4,8 mil  presos com base na decisão do STF que autorizou a prisão em segunda instância. Os principais condenados Operação Lava Jato podem ser beneficiados, entre eles, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde 7 de abril do ano passado, na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, após ter sua condenação por corrupção e lavagem de dinheiro confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), no caso do tríplex do Guarujá (SP), além do ex-ministro José Dirceu e ex-executivos de empreiteiras.

15 outubro 2019

Dois anos depois, STF discute se “presunção da inocência” está valendo


Por Fernando Brito*
Quase dois anos depois de ter sido incluídas em pauta para julgamento (em dezembro de 2017), finalmente o Supremo vai julgar as Ações Declaratórias de Constitucionalidade que pretendem restabelecer o entendimento tradicional do STF de que a prisão de condenados só se dê após o trânsito em julgado – salvo se existam razões para que se determine a prisão cautelar.
São três e uma delas teve decisão liminar do Ministro Marco Aurélio, determinando que, como regra, as prisões só se deveriam dar depois de vencido todos os recursos e teve seu despacho suspenso, quase em seguida, por Dias Toffoli.
O julgamento que as manteve, por seis votos a cinco (com aquele voto triste de Rosa Weber, que disse pensar o contrário, mas que mantinha as prisões em “homenagem ao princípio da colegialidade”) referiu-se apenas aos pedidos de habeas corpus, sem proferir julgamento do princípio.
É considerado certo que, agora, aquela posição não irá prevalecer. A dúvida é se vai ser adotada uma posição estranhamente “intermediária”, considerando válidas as prisões se houver manifestação do STJ, criando uma graduação jurisdicional para a presunção de inocência, sem que haja nenhuma previsão legal.
É mais uma das “fórmulas” que Dias Toffoli teima em inventar, exatamente como fez na questão dos prazos coincidentes de alegações finais entre delatores e delatados.
A tradução em bom português é “restaure-se a lei mas não se solte Lula”.
Desta vez, porém, está mais difícil.
É que os desejos de Moro e da turma de procuradores da Lava Jato eram “intocáveis”.
E já não são.
*Jornalista, Editor do Tijolaço

14 outubro 2019

Repórter mostra como opera o “exército” de Bolsonaro no WhatsApp


EM CASO DE MARASMO, BASTA EVOCAR LULA E O PT, E ENTÃO OS DEDOS SE MOBILIZAM EM FRENÉTICA PRODUÇÃO DE IMPROPÉRIOS E MENTIRAS, COMO UMA CAPA INVENTADA DA THE ECONOMIST


Nesse universo paralelo, Bolsonaro é o estadista incorruptível, o filho de Lula está em todas as falcatruas e o STF virou saco de pancadas

“BOMBA. Olha aí o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) recebendo propina, ele mesmo que chamou o Ministro Sérgio Moro de ladrão. Divulguem sem dó pra esse bandido safado perder o mandato. Isso a Globo ainda não mostrou é em primeira mão. Divulguem (sic).” A mensagem, sempre esse primor no trato com a língua pátria, foi postada às 8 horas e 22 minutos da terça-feira 8 no grupo de WhatsApp MG MILITANTES B17, encaminhada de outro grupo ou conversa privada. Seguiu-se então a prova do crime: o vídeo que mostra um senhor de meia-idade, flagrado pela câmera escondida, a enfiar maços de notas em sua farta cueca. Nada a ver com o deputado federal do PSOL. “Não tem nem semelhança”, comentou o também deputado e colega de partido Marcelo Freixo ao ver a fake new. “Esses caras não têm vergonha.” A postagem foi feita por uma pessoa que se identifica como Irany, DDD 37, interior de Minas Gerais. Se verdadeiro o seu perfil, trata-se de uma senhora já em idade avançada e cujo status do aplicativo descreve como “De bem com a vida”. A frase vem acompanhada pelo emoji do rostinho com corações a saltar dos olhos.
Desde o dia 29 de setembro, este repórter encontra-se infiltrado em dois grandes grupos bolsonaristas no WhatsApp – o MG MILITANTES B17 e o BRASIL BOLSONARISTA RO, de Rondônia. O ingresso foi feito através de um “link de convite” disponibilizado na internet em lista onde constavam vários outros, separados por estados e capitais. Em 16 de setembro, pouco antes de surgirem tais acessos, o “filósofo” Olavo de Carvalho sugeriu organizar a militância. “A coisa mais urgente no Brasil é uma militância bolsonarista organizada”, disse o Napoleão do hospício em transmissão no Facebook. “Note bem, eu não disse militância conservadora, nem militância liberal, nem coisa nenhuma. Eu falei militância bolsonarista. A política não é uma luta de ideias, é uma luta entre pessoas e grupos.”
Na descrição do grupo BRASIL BOLSONARISTA RO, lê-se: “Estamos organizando um Exército Virtual de apoio ao nosso presidente Jair Bolsonaro. Para isso, estamos organizando grupos de compartilhamento de notícias Pró-Bolsonaro por estado e por cidade. Os grupos serão extremamente focados e com o único objetivo de espalhar pela internet as notícias que a extrema imprensa não mostra”. Seu idealizador apresenta-se como Pablo Carvalho, DDD 63. “Faço parte de um grupo de brasileiros, patriotas, direitistas e conservadores de Palmas, que conta com a ajuda e colaboração de vários outros em todo o Brasil”, escreveu em mensagem do dia 26 de setembro. “Informo que esta é apenas a primeira fase desta missão. Um tsunami em apoio ao Presidente Jair Bolsonaro vai tomar de vez o Brasil (…). Compartilhe com o máximo de contatos e grupos todas as matérias positivas que você receber pelos grupos Brasil Bolsonarista. Todas são checadas e provêm de fontes confiáveis.”
Na terça-feira 8, o WhatsApp admitiu pela primeira vez que candidatos utilizaram sistemas automatizados para promover disparos em massa de mensagens na última eleição, o que é proibido pelo TSE. “Na eleição brasileira do ano passado houve a atuação de empresas fornecedoras de envios maciços de mensagens, que violaram nossos termos de uso para atingir um grande número de pessoas”, disse Ben Supple, gerente de políticas públicas e eleições globais do WhatsApp, em palestra no Festival Gabo, na Colômbia. No mesmo evento, Supple condenou os grupos públicos do aplicativo acessados por links e que distribuem conteúdo político, como é o caso dos dois visitados por CartaCapital. “Vemos esses grupos como tabloides sensacionalistas, onde as pessoas querem espalhar uma mensagem para uma plateia e normalmente divulgam conteúdo mais polêmico e problemático. Nossa visão é: não entre nesses grupos grandes, com gente que você não conhece. Saia desses grupos e os denuncie.” (...)
*CLIQUE AQUI para seguir lendo esta - mais que reveladora - postagem investigativa do jornalista Fred Melo Paiva, da revista Carta Capital

13 outubro 2019

Ato "Justiça para Lula" reúne milhares em SP em defesa da liberdade do ex-presidente

Lideranças de diversos partidos e de movimentos reafirmaram que a defesa da liberdade de Lula é a defesa da democracia

Para Fernando Haddad, Lula incomoda porque começou a transformação no Brasil / Roberto Parizzoti

RBA* - A avenida Paulista, em São Paulo (SP), foi palco de mais uma manifestação pela liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste domingo (13). 
O ato "Justiça para Lula" reuniu milhares de pessoas, como a cuidadora de idosos Micheline Fernandes de Araújo, que afirmou que a prisão de Lula é uma injustiça, que não há prova de crimes e que "isso foi jogo político, porque se não tivessem prendido o Lula, ele estaria hoje na Presidência".
Com esse mesmo espírito de indignação diante da injustiça, lideranças de diversos partidos e de movimentos populares reafirmaram que a defesa da liberdade de Lula é a defesa da democracia.
"Eles inventaram um crime para botar na cadeia o cara que começou a transformação no Brasil", disse o ex-ministro da Educação do governo Lula, Fernando Haddad. Isso se deu, segundo ele, porque "começaram a se incomodar porque chegavam no restaurante e tinha uma família de trabalhadores, chegavam na universidade e o filho do pedreiro estava lá". 
Em sua fala, Haddad destacou os dados de inclusão nas universidades da população que antes estava alijada da educação superior. Durante os governos de Lula e Dilma Rousseff, o número de matrículas no ensino superior passou de 3,5 milhões em 2002 para mais de 7,1 milhões em 2014.
Também ex-candidato a presidente, pelo PSOL, Guilherme Boulos, liderança do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) participou da mobilização e afirmou que ela manda para o Supremo Tribunal Federal (STF) o recado de que ele tem uma escolha a tomar: "se vai ser insistir na fraqueza, na covardia, em uma posição omissa ou se vai reparar e corrigir a injustiça em relação ao Lula".
A presidenta do PT e deputada federal, Gleisi Hoffmann, falou na importância da realização do ato na Paulista para explicar para a população a decisão do Lula de permanecer preso, solicitando a anulação do julgamento, para provar sua inocência. O ato também recolheu assinaturas para o abaixo assinado que pede a liberdade do ex-presidente.
Para o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Iago Montalvão, Lula é um símbolo da luta pela democracia em um momento de autoritarismo e perseguição. "Se não há respeito aos direitos individuais de um cidadão que é uma das maiores lideranças populares do mundo, que foi presidente da República, não haverá justiça para o povo pobre, para o povo negro, da periferia", disse.
A onda de protestos no Equador foi lembrada por Antonio Carlos Silva, do PCO. Para ele, o enfrentamento popular ao "governo traidor de Lenín Moreno mostra qual é o caminho para derrotar a direita". Desde 3 de outubro, o país enfrenta uma das maiores crises políticas da história recente.
Carreata
Neste domingo também foi realizada uma carreta em Brasília (DF) pedindo a liberdade para o ex-presidente Lula. Mais de 100 carros participaram do ato, que aconteceu depois de um debate com a participação do ex-ministro da Secretaria Geral da Presidência da República Gilberto Carvalho.
Edição: Cris Rodrigues - Via RBA