*"Hasta Siempre Comandante"- Silvio Rodriguez (Con discursos del Che)
“É preciso cada vez mais buscar novas formas de produzir e registrar a nossa memória. Um país sem imagens de si mesmo é como alguém que não sabe o que é”, afirma grupo de 21 diretores no manifesto
Por Redação RBA*
São Paulo – Ao encerrar o festival de documentários ‘É Tudo Verdade’ na noite deste domingo (4), 21 diretores divulgaram um manifesto contra o presidente Jair Bolsonaro e a paralisação da produção cinematográfica provocada pela suspensão dos recursos públicos em seu governo. No texto, o grupo alerta para o crescimento do desemprego no setor de audiovisual e chama seus trabalhadores para uma mobilização permanente, que busque novas formas de produzir e registrar a memória.
“Manifestamos nosso total desacordo com os rumos da política cultural do país. O governo de extrema direita do Jair Bolsonaro age desde o início para atacar e silenciar os brasileiros que fazem da cultura e da arte como seus inimigos”, afirmam os diretores.
“A atividade audiovisual está paralisada desde março, com a suspensão de todos os recursos públicos para a produção de filmes e séries. Isso tem provocado uma taxa crescente de desemprego. São muitas as empresas que estão falindo, cineastas passando necessidade e a ameaça de paralisia total do setor. Isso sem falar da cinemateca brasileira, com seu acervo histórico que corre o risco de total destruição”, dizem ainda no manifesto contra Bolsonaro.
“Eles têm medo de nós. A situação é gravíssima. Por isso convidamos as realizadoras e realizadores do audiovisual a se voltarem, mais uma vez, para a realidade. E, acima de tudo, não se intimidarem. É preciso cada vez mais buscar novas formas de produzir e registrar a nossa memória. E nunca parar e nem silenciar. Um país sem imagens de si mesmo é como alguém que não sabe o que é. É um país com alzheimer”.
Confira os nomes dos diretores que assinaram o manifesto: Aurélio de Michiles, Bernardo Vorobow, Bruno Moreschi, Carlos Adriano, Carol Benjamin, Clarice Saliby, Cláudio Moraes, Diógenes Muniz, Guga Millet, João Jardim, Jorge Bodanzky, Marcelo Machado, Mari Moraga, Mariana Lacerda, Paschoal Samora, Rafael Veríssimo, Roberto Berliner, Rubens Rewald, Silvio Tendler, Tali Yankelevich, Toni Venturi.
Com o encerramento do festival na noite deste domingo foi divulgado o filme vencedor desta 25ª edição. Dirigido pelo estreante Diógenes Muniz, “Libelu – Abaixo a Ditadura” foi eleito como vencedor da Competição Brasileira de Longas ou Médias-Metragens e recebeu R$ 20.000 e Troféu É Tudo Verdade.
O filme focaliza uma tendência estudantil universitária surgida em 1976 que, impulsionada por uma organização clandestina [O.S.I.], ganhou fama por ser o primeiro a retomar o mote “abaixo a ditadura”, enquanto o AI-5 ainda vigorava. Para o júri formado pelo escritor Ignácio de Loyola Brandão, pela cineasta e roteirista Cristiana Grumbach e pelo cineasta e curador Francisco Cesar Filho, o longa-metragem toca “em uma ferida nunca cicatrizada da esquerda brasileira“.
Confira a lista de filmes premiados e menções honrosas do festival.
Ato contra plano do governo de venda de estatais contou também com a presença de Lula e líderes de movimentos sociais
Em comemoração aos 67 anos da Petrobras e em defesa das empresas estatais e dos serviços públicos, foi realizado neste sábado (3), por meio de redes sociais, o ato “Em Defesa da Soberania Nacional e Pelo Povo Brasileiro”.
Organizado pelo Comitê de Luta Contra as Privatizações, Frente Brasil Popular, Frente Povo Sem Medo, Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe) e Plataforma Operária e Camponesa da Água e da Energia, o ato contou com participação dos ex-presidentes Luís Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, de parlamentares, lideranças de movimentos sociais como João Pedro Stedile e Guilherme Boulos, além de representantes de centrais sindicais.
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O impacto da agenda de privatizações do governo federal sobre o aumento do desemprego, o preço dos combustíveis e dos alimentos, além do aumento da degradação da meio ambiente e dos direitos sociais, foram os principais temas tratados pelos participantes no evento.
O ato ocorreu dois dias depois da votação do Supremo Tribunal Federal (STF) que reafirmou a liberação da venda de refinarias da Petrobras por parte do governo sem aval do Congresso.
:: Clique aqui para assistir a transmissão online na íntegra ::
Um dos primeiros a falar, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, destacou a importância da luta em defesa da Petrobras, maior empresa estatal do país, que já vendeu mais de 16,2% de suas ações, desde 2018.
“A Petrobras é símbolo da defesa da soberania porque é uma empresa que nasceu por responsabilidade do povo brasileiro que teve coragem de dizer que o Brasil tinha petróleo. E acabou se tornando uma empresa que tem capacidade e conhecimento tecnológico como nenhuma outra empresa no mundo”, afirmou Lula.
A submissão do atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao governo norte americano, também foi ponto destacado por Lula. “Quando você tem um presidente da República lambendo as botas do governo americano, que que é tão troglodita quanto a nossa, [vemos que] o país está correndo o risco”, afirmou o ex-presidente.
:: Coluna | Privatizar refinarias da Petrobras: um atentado à razão::
Lula também destacou que soberania diz respeito à possibilidade da construção de um país que cuida de sua população. “Soberania quer dizer defender nossas fronteiras, mas também cuidar das nossas florestas, nossa água, cuidar do índio, cuidar do negro. E o Estado deve assumir a responsabilidade pelo bem estar social de 110 milhões de brasileiros, e não permitir a interferência de nenhum outro país.” concluiu Lula.
A relação entre o desmonte de empresas estatais e a soberania alimentar foi tema tratado pelo representante do Movimento Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stedile. Segundo o dirigente, a alta do preço dos alimentos é exemplo explícito do impacto que as políticas privatistas do governo nas condições de vida do povo.
“A alta dos dos produtos alimentícios que estamos vendo hoje, não é por falta de produção, e não é porque os agricultores estão ganhando mais, mas sim porque não há nenhum controle estatal sobre eles. O governo não controla o estoque e com isso as empresas fazem especulação e colocam o preço que quiserem. E o governo do capitão genocida faz isso porque está se lixando para a fome e o preço dos alimentos, porque ele é representante do interesse dos bancos e das corporações", pontuou Stedile.
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Empresas públicas como a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e a Caixa Econômica, que também estão sob ameaça de privatização, têm influência na capacidade de produção do agricultor. Segundo Stedile, são empresas que fazem a “retaguarda de apoio aos agricultores, e mesmo na habitação popular.”
A condição atual de importante empresa nacional, como os Correios, e a luta dos trabalhadores da estatal contra seu sucateamento foi fato lembrado Atnágoras Lopes, representante da CSP Conlutas.
“Acabamos de vivenciar a heróica greve dos Correios, de 35 dias, em que foram retirados mais de 50 direitos históricos dessa categoria, tudo com isso para responder a sanha desse governo privatista. Por isso é importante lembrar que esse um dia para fortalece a unidade dos trabalhadores para enfrentar e inclusive botar para fora esse governo”; destacou Lopes.
Liderança do Movimento Negro Unificado, Vania Vieira, enfatizou como o desmonte do Estado em processo, defendido principalmente pelo ministro da economia Paulo Guedes, impacta a vida de todos os brasileiros, principalmente às mulheres negras e periféricas.
“Enquanto mulher negra que lutou a vida inteira pelos direitos das mulheres, da juventude e da população negra em geral, nós somos os que mais perdemos com a venda das riquezas e perda de soberania do país. Por isso chamamos todos a fazer parte dessa luta contra a venda das empresas nacionais”, defendeu Vieira.
:: Coluna | Privatizar refinarias da Petrobras: um atentado à razão ::
Finalizando o ato, a ex-presidenta Dilma Rousseff, denunciou as políticas neoliberais do governo Bolsonaro, alertando para o fato de que suas medidas desastrosas não são fruto somente de incompetência, mas representam um método e ação sistêmica.
“Essas políticas de privatização evidenciam que, subordinado ao liberalismo e subserviente aos interesses dos EUA, esse governo age deliberadamente para desnacionalizar nossas riquezas. Tudo isso é uma traição ao Brasil e ao nosso povo.” afirmou Rousseff.
Concluindo sua fala, ela trouxe a importância de uma mobilização nacional constante contra o governo, que tenha como foco a defesa da Petrobras. “Os defensores da privatização devem ser enfrentados e combatidos energicamente onde quer que possamos lutar contra eles, pois diante de um governo que produz tanta devastação, não há outro caminho senão lutar para tirá-lo do poder. O futuro do Brasil será tão mais desastroso quanto mais impunemente Bolsonaro continuar agindo contra a Petrobras.” concluiu.
Privatizações em curso
O Executivo já realizou 51 leilões desde o início do mandato e ainda contém no catálogo uma lista com mais de 100 ativos que pretende vender por meio do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI).
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Desde 2018, o governo já se desfez indiretamente de 16,2% das ações ordinárias (com direito à voto) da Petrobras – a Caixa vendeu R$ 9,6 bilhões e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) R$ 22 bilhões. Com isso, o Estado passou a deter apenas 50,2% da petroleira, o limite para manter seu poder de decisão.
Maioria da sociedade é contrária
Dois em cada três brasileiros são contrários a qualquer tipo de privatização. Essa estimativa equivalente a 67% foi verificada no último levantamento realizado sobre o tema pelo Instituto de Pesquisas Datafolha, em agosto do ano passado. No caso da Petrobras – a maior das estatais -, 65% dos entrevistados se opõem à sua venda.
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*Edição: Lucas Weber - Fonte: Brasil e Fato
Diretor de documentário sobre movimento Liberdade e Luta, que abrigou expoentes da política, analisa a esquerda ontem e hoje
Por Tatiana Dias, no The Intercept Brasil*
QUANDO O CINEASTA Diógenes Muniz começou a pesquisa para o documentário “Libelu – abaixo a ditadura”, Dilma Rousseff ainda não tinha caído. Lula não havia sido preso. Ainda que polarizados e imersos na crise política incendiada pela Lava Jato, ainda estávamos muito longe do cenário sombrio que viria a eleger Jair Bolsonaro. Enquanto mergulhava em entrevistas com ex-militantes de esquerda e arquivos sobre a resistência à ditadura, Muniz via o caminho contrário acontecer do lado de fora: a meteórica ascensão da extrema direita rapidamente começou a corroer as conquistas democráticas daquela geração que ele estava investigando.
A ideia de documentar a Libelu (como ficou conhecido o movimento trotskista Liberdade e Luta) começou, Muniz conta, por curiosidade. Muitos membros do movimento, surgido dentro da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, a ECA, se tornaram jornalistas e professores de jornalismo conhecidos, como Eugênio Bucci, José Arbex Jr e Laura Capriglione. Mas foi quando cruzou com a onda violenta de protestos estudantis de 1977 que ele, atravessado pela experiência de junho de 2013, resolveu pesquisar o assunto.
A Libelu era diferente das outras correntes de esquerda: mais artística, libertária e irreverente. Também era considerada menos séria – o próprio nome veio do tom pejorativo como membros de outras correntes de esquerda se referiam aos “libelus”. Mas o movimento venceu as eleições para o DCE, o Diretório Central de Estudantes da USP, se expandiu pelo interior de São Paulo e pelo país; chegou à capa da IstoÉ, revista relevante na época (que o simbolizou com dois bottons, um de Caetano e outro de Trótski); e foi citado pela poeta Ana Cristina César. Foi até tema de um poema de Paulo Leminski: “Me enterrem com os trotskistas/na cova comum dos idealistas/onde jazem aqueles/que o poder não corrompeu”.
No filme, a história da Libelu é narrada por vários ex-membros, entrecortada por preciosas imagens de arquivos. Uma delas é o curta-metragem “O Apito na Panela de Pressão”, registro dos próprios estudantes dos violentos protestos de 1977. E o outro é uma entrevista de Mino Carta na TV Tupi com dois estudantes da Libelu que o diretor conseguiu na Cinemateca Brasileira, pouco antes do órgão ser desmontado pelo governo Bolsonaro. No programa, em uma cena emblemática do documentário, Carta pergunta aos dois militantes: “vocês se consideram burgueses?”. Eles negam veementemente. (...)
“Quando pergunto se eles acreditam na revolução ou se sentem que o sistema os engoliu após a experiência na militância, não espero que haja uma resposta certa”, diz o diretor do documentário. Segundo ele, o que mais fascinou a equipe – que fez questão de se mostrar trabalhando nas imagens para evidenciar o choque de gerações – foi como cada um formula a questão política para si mesmo. “São balanços da própria vida e da sua relação com aquele mundo que você gostaria de transformar. Mesmo os que seguem na militância 40 anos depois precisam passar por isso”, diz.
Enquanto o filme ia tomando forma, o regime de extrema direita de Bolsonaro também se consolidava – com direito a marchas pedindo a volta do AI-5. “Cada um segue sua própria elaboração. Há incredulidade, raiva, cansaço, mas também há quem defenda e trabalhe na construção de uma alternativa ao capitalismo”, diz o diretor. Para ele, um dos maiores méritos da Libelu foi ter conseguido retomar a palavra de ordem “abaixo a ditadura”, proferida pelo ex-líder Josimar Melo, hoje crítico gastronômico da Folha. “Eles souberam ler o momento e sintetizar em palavras”, diz Muniz. (...)
Iniciada a campanha eleitoral relativa às Eleições Municipais que serão realizadas no próximo dia 15 de novembro (e, também, no dia 29/11 nos municípios que tiverem que realizar segundo), é de bom alvitre que todos(as) os(as) candidatos(as), eleitores(as) e demais interessados(as) estejam a par do que determina a Resolução nº 23.610/2019 do TSE (que dispõe sobre propaganda eleitoral, utilização e geração do horário gratuito e condutas ilícitas em campanha eleitoral).
CLIQUE AQUI para ler na íntegra.
*Fonte: site do TSE
A taxa de desemprego de maio a julho de 2020, 13,8%, foi a mais alta da série histórica desde 2012. Os dados são da PNAD Contínua e foram divulgados nesta quarta-feira 30 pelo (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) IBGE.
O índice aumentou 1,2 ponto percentual quando comparado ao trimestre de fevereiro a abril (12,6%) e 2,0 pontos percentuais frente ao trimestre maio a julho de 2019 (11,8%).
A população desocupada (13,1 milhões de pessoas) ficou estável frente ao trimestre móvel anterior (12,8 milhões) e subiu 4,5% (561 mil pessoas a mais) em relação ao mesmo período de 2019 (12,6 milhões).
O País também apresentou o menor contingente de população ocupada da série, 82 milhões. A taxa caiu 8,1% (menos 7,2 milhões pessoas) em relação ao trimestre anterior e 12,3% (menos 11,6 milhões) frente ao mesmo trimestre de 2019. O nível de ocupação (47,1%) também foi o mais baixo da série, caindo 4,5% frente ao trimestre anterior e de 7,6 %. contra o mesmo trimestre de 2019.
A taxa de subutilização da força de trabalho, que engloba os os desocupados, e os subocupados por insuficiência de horas, também foi recorde na série, 30,1%.
A população na força de trabalho (95,2 milhões de pessoas) também foi a menor da série histórica. A taxa caiu 6,8% (menos 6,9 milhões) frente ao trimestre anterior e 10,4% (menos 11,0 milhões de pessoas) em relação ao mesmo trimestre de 2019.
A população fora da força de trabalho (79,0 milhões de pessoas) foi recorde da série, com altas de 11,3% (mais 8,0 milhões de pessoas) em relação ao trimestre anterior e de 21,8% (mais 14,1 milhões de pessoas) frente ao mesmo trimestre de 2019.
A população desalentada também bateu recorde, 5,8 milhões. O percentual de desalentados em relação à população na força de trabalho ou desalentada (5,7%) também foi recorde, crescendo 1% frente ao trimestre anterior e de 1,4% contra o mesmo trimestre de 2019.
O número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (exclusive trabalhadores domésticos), estimado em 29,4 milhões, foi o menor da série, caindo 8,8% (menos 2,8 milhões de pessoas) frente ao trimestre anterior e de 11,3% (menos 3,8 milhões de pessoas) ante o mesmo trimestre de 2019.
*Fonte: Revista Carta Capital
Por Ângela Carrato*, especial para o Viomundo
Uma história pode ser contada de diversas maneiras.
Até o momento, os 70 anos da televisão no Brasil, completados neste mês de setembro, têm sido relembrados pelas emissoras exclusivamente pela ótica dos interesses de seus proprietários e anunciantes.
Ao longo de décadas, esses senhores foram criando uma história cor de rosa, em que pioneirismo e improvisação dão o tom inicial e criatividade e competência complementam a saga.
A TV brasileira, essa “jovem senhora” estaria assim mais do que nunca preparada para enfrentar, se adaptar e seguir em frente, apesar dos desafios colocados pela era digital.
Nada mais distante da realidade.
Tão ou mais importante quanto o desafio tecnológico é a mudança de hábito das pessoas para se informar e ter lazer e a crescente perda de credibilidade dessas emissoras.
A guerra travada entre a Globo e a Record, em que uma acusa a outra de corrupção, é o maior exemplo disso.
A TV brasileira tem também uma longa história de defesa dos interesses das elites nacionais e internacionais, de combate aos avanços sociais e de compactuar com governos ditatoriais e autoritários.
Isso sem falar na criação de “factóides”, os precursores nativos das fake news.
Ao surgir pelas mãos do empresário e “entreguista” de primeira hora, Assis Chateaubriand, a TV Tupi se tornou a primeira, mas não a única, adversária da criação de emissoras não comerciais no Brasil.
Se você não sabe o que é uma TV não comercial (conhecida como TV Pública), a responsabilidade também é do tipo de emissora que tomou conta do Brasil.
A influência da TV comercial foi e continua sendo tão avassaladora que seus proprietários, de Chateaubriand à família Marinho, nunca tiveram dúvidas sobre quem manda no país. (...)
*CLIQUE AQUI para ler na íntegra.
Por Júlio Garcia* - Sobre as últimas inverdades e delírios proferidos por Bolsonaro (sem partido) na Assembleia Geral da ONU: “Os grandes jornais fazem uma ginástica vernacular para dizer que Jair Bolsonaro, em seu discurso na ONU, “distorceu”, “fantasiou” e “delirou”, para ficar no que escreveram Estadão, Folha e O Globo. Foge-se do verbo óbvio: mentiu”, escreveu o jornalista Fernando Brito em seu Blog. Tenho absoluta concordância.
*A manchete da postagem do conceituado jornalista [no ‘Tijolaço’] já diz tudo: “Por que fugir da palavra ‘mentiu’ para o que fez Bolsonaro?” Ele, literalmente, ‘vai na mosca’: “Ana Carolina Amaral, na Folha [de S.Paulo], em texto sóbrio feito sobre os dados do Inpe e do Cadastro Rural mostra como é mentira o que disse o presidente, diante de toda a comunidade internacional, ao dizer que “uma parte considerável das pessoas que desmatam e tocam fogo é indígena, caboclo”. Assentamentos rurais e terras indígenas tiveram, respectivamente, 11% e 12% dos focos de calor registrados pelos satélites no primeiro semestre de 2020 e nem isso quer dizer que eles foram responsáveis por eles, porque em ambos, além de ocorrências acidentais, é possível que desmatamentos feitos por invasores podem ter gerado queimadas.
Em comparação, 50% dos incêndios ocorreram em grandes e médias propriedades rurais na Amazônia Legal, que inclui mais áreas já ocupadas pelo agronegócio. Considerada apenas as quatro áreas mais atingidas da Floresta Amazônica, este índice sobe para 72%, quase três quartos do total. No Pantanal, nove grandes fazendas foram responsáveis pela carbonização de 1.417,73 km², uma área maior que a de todo o município do Rio de Janeiro. Não é, em hipótese alguma, a prática tradicional da coivara, técnica ancestral da agricultura de subsistência, que tem séculos e jamais provocou desastres semelhantes. Mas “indígenas e caboclo” servem de cortina de fumaça para algo que devora a terra com mais força que as labaredas: o dinheiro”.
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*Pré-Candidato a Vereador em Santiago/RS – Conforme já tinha registrado nesta Coluna, atendendo apelos de vários companheiros e companheiras, dirigentes, amigos(as), militantes do PT e dos movimentos sociais para que eu reconsiderasse a decisão de não concorrer à vereança neste pleito, decidi atender ao ‘apelo’ dos(as) amigos(as) e companheiros(as) e colocar meu nome na relação dos pré-candidatos à vereança pelo Partido dos Trabalhadores. Buscarei, desta forma, contribuir (mais uma vez!) com o ‘bom debate’, através de intervenções, propostas e projetos viáveis mas, sobretudo, na fiscalização dos atos do Executivo e, por conseguinte, com o fortalecimento da legenda estrelada e da luta organizada do nosso povo. Então, como no próximo domingo (27) inicia oficialmente a ‘campanha’, farei um ‘intervalo’ como ‘colaborador’ [que sou] deste conceituado jornal, devendo retornar com esta ‘Coluna’ assim que forem encerradas as Eleições Municipais deste ano.
*Para concluir: “Sou um combatente provisório/ de uma causa quase eterna no homem/ acredito ter como bandeira/ senão o sonho perfeito/ a melhor utopia possível”. (Trecho do Poema ‘Inventário de Cicatrizes’, do valoroso companheiro Alex Polari de Alverga,poeta, combatente e preso político durante os ‘anos de chumbo’ da [nada saudosa] ditadura militar). –Até breve! #Alutasegue!
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**Júlio César Schmitt Garcia é Advogado, Pós-Graduado em Direito do Estado, Consultor, dirigente político (PT) e Midioativista. Foi um dos fundadores do PT e da CUT. - Publicado originalmente no Jornal A Folha (do qual é Colunista) em 25/09/2020.
Por Jeferson Miola*
No discurso na Assembléia Geral da ONU, Bolsonaro não surpreendeu; Bolsonaro foi genuinamente Bolsonaro.
Ele foi autêntico e transparente, não disse nada diferente daquilo que estamos acostumados a ouvir e a acompanhar todo dia. E não transpareceu ser alguém menos torpe, tosco e vomitável que de fato é.
A diferença, talvez, é que no discurso preparado para a ONU Bolsonaro concatenou entre si as peças da lógica destrutiva, mentirosa e perversa representada por ele. E, talvez por isso, visto no seu conjunto, o discurso pareceu mais infame, delirante e distópico que todo caos cotidiano que ele vem produzindo abertamente desde a eleição de 2018.
Bolsonaro é um mentiroso contumaz. Isso tampouco é novidade; é algo sabido desde sempre. Não é crível, por isso, alguém se surpreender ao vê-lo mentir, aos olhos do mundo inteiro, que concedeu auxílio emergencial de mil dólares a 65 milhões de pessoas; ou, então, alucinar que a floresta não é devastada pelos latifundiários cupinchas do seu governo, mas pelo “caboclo e o índio [que] queimam seus roçados em busca de sua sobrevivência, em áreas já desmatadas”.
Não faltou desfaçatez no discurso. Bolsonaro chegou a dizer que no Pantanal “os focos criminosos são combatidos com rigor e determinação”, e que mantém “política de tolerância zero com o crime ambiental” [sic].
Não foi menos que patética a menção de que seu governo está “ampliando e aperfeiçoando o emprego de tecnologias e aprimorando as operações […], inclusive, com a participação das Forças Armadas”, em alusão à fracassada coordenação do general e vice-presidente Mourão numa Amazônia que arde em chamas e vê seus povos originários dizimados.
Um delirante como Bolsonaro, que morre jurando que a terra é plana, não hesitou em mentir que seu governo, que extermina povos indígenas, atendeu “mais de 200 mil famílias indígenas com produtos alimentícios e prevenção à covid”; e, também, que seu governo, negacionista e anti-ciência, “estimulou, ouvindo profissionais de saúde, o tratamento precoce da doença”.
Mentir assim, descaradamente, sem remorso e sem vergonha, não é para amador; é coisa de sociopata!
Bolsonaro também afirmou a opção pelo arcaísmo e medievalismo no papel do Brasil como produtor rural do mundo, alheio à industrialização e ao desenvolvimento tecnológico de ponta.
O ignorante se jactou de que “o Brasil contribuiu para que o mundo continuasse alimentado” durante a pandemia. “Nossos caminhoneiros, marítimos, portuários e aeroviários mantiveram ativo todo o fluxo logístico para distribuição interna e exportação”, ele discursou.
Do ponto de vista geopolítico, Bolsonaro deixou claro que é um vassalo de Donald Trump e da sua política criminosa no Oriente Médio. Aliás, Trump foi o único presidente citado por Bolsonaro no discurso – nem é preciso grande aprofundamento na obra do Freud para entender o caso.
Num gesto de fidelidade canina e de subserviência a Trump, Bolsonaro fustigou a Venezuela, acusando-a de causar um “criminoso derramamento de óleo” na costa brasileira em 2019.
Bolsonaro também renovou o papel do governo militar como servo do capital internacional. No discurso, ele tranquilizou que está fazendo as reformas para aumentar a transferência de grande parte do orçamento nacional ao sistema financeiro, e garantiu que em breve entregará os setores de saneamento, petróleo e gás natural aos urubus nacionais e estrangeiros.
Bolsonaro ainda fez um curioso “apelo a toda a comunidade internacional pela liberdade religiosa e pelo combate à cristofobia”. Isso mesmo: um apelo pelo combate à cristofobia!
As 2 últimas frases dele antes do agradecimento final do discurso, foram: “O Brasil é um país cristão e conservador e tem na família sua base. Deus abençoe a todos!”.
Como se vê, Bolsonaro não surpreendeu com seu discurso na Assembléia Geral da ONU. Ele foi o mesmo ser abjeto, nojento e vomitável que já se conhece.
Na ONU, portanto, Bolsonaro foi Bolsonaro.
A partir da abordagem conservadora e reacionária de questões complexas e sensíveis – como política, família e religião, por exemplo – Bolsonaro cumpriu uma função-chave no processo de articulação da extrema-direita internacional e desta retórica fascista.
Além de fortalecer a “internacional do ódio”, Bolsonaro discursou para fidelizar seu público doméstico – um esgoto adubado por valores retrógrados, autoritários e fascistas.
Esta é a nossa tragédia. E, também, a tragédia mundial. Na ONU, Bolsonaro confirmou ao mundo o monstro que é.
*Via Blog do Autor: https://jefersonmiola.wordpress.com/
Partido apresentou, nesta segunda-feira (21), propostas para superar a crise econômica e construir um novo país
Nas palavras do ex-presidente Lula, “este não é um plano de um partido, é um plano de nação, para as pessoas que não aguentam mais viver do jeito que estão vivendo”.
A ex-presidenta Dilma Rousseff, também presente na live desta segunda, disse que a iniciativa “abre um processo de unidade qualificada”.
Para o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) o Plano é "importante e robusto como tem de ser". Ele reconheceu ser "importante o papel que o PT assume nesse momento de chamar a sociedade para falar: temos que ter um projeto de país, temos que ter um projeto de desenvolvimento, temos que reunir todos nós, porque o que a gente tem em comum é muito maior do que o que a gente tem de qualquer ponto de diferença".
"Não é um debate programático que possa nos afastar, mas a ausência de um debate programático pode nos afastar. Então, esse passo dado pelo PT e pela Fundação tem uma importância muito grande que talvez não caiba só nessas páginas, mas nas intenções, ações e simbolismo".
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) elogiou várias propostas do Plano e o fato de o documento ser um "chamado à ação", um instrumento de debate nas eleições municipais, com alcance para além "dos convertidos". O ex-senador Roberto Requião (MDB-PR) disse concordar com a análise do cenário global feita pelo Plano e cobrou ousadia para a reversão das privatizações de empresas públicas.
João Paulo Rodrigues, secretário-geral do MST, afirmou que o Plano pode servir de norte na luta por uma sociedade mais justa, representada pelo socialismo. "O socialismo que defendemos é ter a melhoria das condições de vida da população, é acabar com o latifúndio no campo e na cidade, e acabar com a exploração.”
Já o presidente da CUT, Sérgio Nobre, contribuiu para o diagnóstico atual afirmando que o ministro da Economia, Paulo Guedes "tem cinco ministérios, e não toca nenhum”, se referindo às pastas extintas pelo governo Bolsonaro, Trabalho, Previdência, Planejamento e Indústria e Comércio.
O que é o Plano?
O documento, em linhas gerais, propõe saídas para a crise econômica, intensificada pela pandemia de covid-19, sinalizando propostas para retomada do desenvolvimento social. Segundo Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT, dentro do Plano figuram “a recuperação de direitos dos trabalhadores e a retomada da soberania nacional e da nossa democracia apontam os primeiros passos de um caminho para reconstruir e transformar o Brasil”.
Dividido em três partes, o Plano começa apresentando um diagnóstico da conjuntura brasileira para além da pandemia do novo coronavírus. O partido defende a "transformação estrutural" do Brasil, com base nos seguintes pilares: soberania nacional, radicalização da democracia, refundação do Estado de Direito, transição ecológica e novos ditames para a política externa.
“O novo modelo passa pela luta por um meio ambiente equilibrado, a instituição de novas formas de produzir e consumir e a busca do desenvolvimento sustentável. A pandemia alertou o mundo para a correlação entre desequilíbrios ecológicos e pandemias, reforçando a essencialidade da questão ecológica”, defende o partido no documento.
Para isso, o partido defende romper com o modo de produção que privilegia o agronegócio exportador de commodities, como soja e carne, e investir na industrialização e no mercado interno. Hoje, o Brasil é visto como celeiro exportador de alimento para o mundo, em detrimento da segurança alimentar e nutricional da população e da biodiversidade.
“Tudo depende da soberania. A soberania nada mais é que a liberdade de que o país precisa para tomar suas próprias decisões tendo por base seus autênticos interesses nacionais”, explica o texto.
Para Aloízio Mercadante, presidente da Fundação Perseu Abramo, o Brasil tem “uma supersafra de alimento de 247 milhões de toneladas de grãos, maior a história; a renda do setor do agronegócio está estimada em R$ 500 trilhões. Ainda nós temos carestia, inflação e falta de comida para o povo”.
Para ele, “não tem governo. O Brasil é o segundo maior produtor exportador de alimentos do mundo. A previsão é que em 2024 nós vamos ser o primeiro do mundo. Como é que um país como esse não tem comida para alimentar o seu povo?”.
Na mesma linha, o ex-ministro Fernando Haddad afirmou que os trabalhadores brasileiros estão perdendo direitos desde o golpe de 2016. “De lá para cá, tivemos desemprego, crise sanitária, epidemia, crise de segurança, de infraestrutura e na educação. E não temos um documento para discutir o que queremos e esperamos do Brasil”, disse.
Coronavírus e Teto de Gastos
O PT propõe a construção de uma Política Nacional contra a covid-19 e o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), por meio de medidas como testagem em massa, estabelecimento da fila única e produção e distribuição de fármacos e vacina para prevenção da Covid-19. A sigla também defende o aumento real do salário mínimo, bem como a extensão do auxílio emergencial como uma renda mínima universal.
Neste ponto, a sigla também propõe a revogação de emendas e reformas: a Emenda Constitucional 95, que estabeleceu o Teto de Gastos, e as reformas trabalhista e previdenciária. O documento também ressalta a necessidade de desmatamento zero na Amazônia, como “condição fundamental e necessária para o processo de transição ecológica, ainda mais considerando que cerca de 90% do desmatamento da região é ilegal”.
Somente em abril deste ano, desmatamento da floresta amazônica aumentou 171% em relação ao mesmo período de 2019, de acordo com dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), que não é ligado ao governo. O desmatamento, o maior em dez anos no País, representa 529 km² de floresta derrubada, o que equivale aproximadamente ao território do município de Porto Alegre.
A parte três do Plano trata de mudanças para o futuro do Brasil, visando à intensificação da presença do Estado nas esferas da sociedade, como saúde, educação, alimentação e agropecuária.
Na área da educação, estão a recuperação dos planos Nacional, Estaduais e Municipais de Educação, incremento à manutenção dos programas complementares de alimentação, residência, transporte e saúde e a ampliação de vigência de bolsas de extensão e pesquisa das instituições de ensino superior, profissional e tecnológica, e a revisão das condicionalidades das bolsas e financiamentos concedidos a estudantes de instituições privadas.
Também propõem a Reforma Tributária Justa, Solidária e Sustentável, que prevê, principalmente, a taxação de grandes fortunas e dos rendimentos financeiros, de lucros e dividendos, a fim de “aliviar a carga tributária sobre os mais pobres e as pequenas empresas”.
De acordo com Hoffmann, “não cabe, para enfrentar a crise nacional, as velhas saídas negociadas por cima. Entre os sócios da iniquidade, como ocorreu em tantos momentos históricos, sempre relegando ao povo o papel de expectador. Ou o povo estará no centro da reconstrução e da transformação do Brasil ou vamos continuar reproduzindo os mecanismos da desigualdade secular em nosso País”.
O Brasil de Fato seguirá acompanhando o tema e atualizando este texto ao longo do dia.
Edição: Daniel Giovanaz