07 junho 2021

Substituto de Caboclo na CBF, Coronel Nunes serviu à ditadura e foi prefeito biônico no Pará

Reportagem de Lúcio de Castro em 2016 mostrou que ele recebia, à época, um salário mensal de R$ 14.768,00 da FAB como anistiado

Por Lucas Vasques*

Com o afastamento, mesmo que provisório, de Rogério Caboclo da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), acusado de assédio sexual, quem assume, por um período de 30 dias, é o vice mais velho. No caso, é Antônio Carlos Nunes de Lima, mais conhecido como Coronel Nunes, com 83 anos.

O novo comandante da CBF é aposentado pela Polícia Militar do Pará e já havia assumido a presidência da entidade em outras duas oportunidades, substituindo Marco Polo Del Nero, acusado de corrupção.

De acordo com reportagem de Lúcio de Castro, em 2016, para Agência Pública, o Coronel Nunes foi homem de confiança da ditadura militar e recebia, à época, um salário mensal de R$ 14.768,00 da Força Aérea Brasileira (FAB) como anistiado, “vítima de ato de exceção de motivação política”.

Nunes também foi prefeito biônico (nomeado pela ditadura) em Monte Alegre (PA). Além do salário, o coronel recebeu uma indenização retroativa de R$ 243.416,25 em 2003.q

A longa trajetória de Nunes como militar é cercada de controvérsias. Ainda segundo a reportagem de Lúcio de Castro, do ingresso como militar, em janeiro de 1967, até a aposentadoria como coronel, em fevereiro de 1991, foram mais seis promoções: uma por tempo de serviço e cinco por merecimento. Destas, quatro foram no período ditatorial.

“Em maio de 1971, vem a prova definitiva de confiança do regime em Antônio Carlos Nunes de Lima: é nomeado comandante da Companhia Independente da Polícia Militar de Santarém (CIPM), atual 3º Batalhão PM/PA), onde fica até abril de 1974”, conta Castro.

A posição de comandante do CIPM de Santarém era considerada estratégica para o então presidente, general Emílio Garrastazu Médici. “A cidade foi uma das mais vigiadas pelos militares no início dos anos 1970. Em 21 de setembro de 1969, o governo, através do Decreto-Lei 866, inclui Santarém como ‘Área de Segurança Nacional’”.

Outra controvérsia na história de Nunes é em relação ao processo que assegurou “reparação econômica de caráter indenizatório, em prestação mensal, permanente e continuada”.

Sem comprovação

“Não há comprovação suficiente da existência de razões que justificassem o deferimento do pleito de anistiado político”, determinou o Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) e a Advocacia-Geral da União (AGU) à época.

“Tal situação, aliada à ausência de qualquer elemento individualizado nos autos a indicar perseguição política do requerente, indica, pois, a impossibilidade da incidência do reconhecimento da condição de anistiado político. A concessão de anistia sem que tenha havido comprovação de motivação exclusivamente política ofende diretamente a Constituição Federal”, disse a análise.

*Via Revista Fórum

04 junho 2021

Comando do Exército escancara seu ativismo político

"Cabe às instituições e aos integrantes da sociedade civil denunciarem e investigarem o ativismo dos generais, assim como suas responsabilidades sobre o atual genocídio provocado pela gestão do governo que apoiam e integram", defende a historiadora Carla Teixeira

General Eduardo Pazuello e o comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira (Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado | Marcos Corrêa/PR)

Por Carla Teixeira*

Desde a fundação da República, o Exército brasileiro nos ofereceu sucessivas demonstrações do seu fisiológico ativismo político. O movimento tenentista, dos anos 1920 e 1930, pode ser encarado como o embrião do que seria o monstro parido com o golpe de 1964 e a ditadura militar assassina das décadas seguintes. Diante das inúmeras intromissões de militares na vida política do país, principalmente contra governos populares que buscavam a justiça social e a democratização da sociedade, podemos considerar que é ingenuidade (para não dizer má fé) esperar profissionalismo dos quadros militares (de)formados para enxergar a população e a esquerda como “inimigos”, atuando acima do bem e do mal para garantir os interesses da corporação.

Entre os postulantes, o general Eduardo Pazuello desponta para assumir a dianteira do ativismo político dos milicos para as eleições de 2022. Depois de mentir feito Pinóquio à CPI do Genocídio -  jogando na lata do lixo a dignidade e a ética militar que preconizam a “palavra de fé pública” baseada na verdade, honestidade, justiça e respeito -, o “gordo favorito” foi passear de moto com Bolsonaro para protagonizar mais uma “crise militar”. A novela, contada diariamente pelos jornais da grande imprensa que apoiaram a ditadura, narrava a história de uma cisão (inexistente) entre os integrantes do Comando do Exército, tendo Bolsonaro como vetor da divisão.

Convém ressaltar que Jair marmita de milico é rebento autêntico do Partido Militar e depende inteiramente do apoio dos quartéis para se manter no poder, e até mesmo evitar a própria prisão (provavelmente do restante de sua família, também) por todos os crimes cometidos, inclusive contra a vida e a saúde dos brasileiros. A narrativa de “crise” busca orientar que Bolsonaro está ferindo a instituição militar enquanto a situação é exatamente oposta: Bolsonaro sequer existiria na presidência da República sem o apoio dos Oficiais. Diante da política de morte e do retumbante fracasso do governo, os milicos tentam se distanciar evitando estar associados ao capitão através de “fakes crises”. Para isso, forjam o falastrão general Santos Cruz como postulante “oficial” verde oliva enquanto mantêm o capitão na condição de candidato “oficioso” caso os ventos eleitorais sigam soprando pra um segundo turno entre Lula e Bolsonaro, em 2022.

Assim, as recentes manifestações políticas do general Pazuello indicam mais uma manobra diversionista dos comandantes para afastar a instituição do governo por ela própria criado e sustentado. Convocado para uma reunião com o comandante, general Paulo Sérgio, para receber comunicação da abertura de Processo Disciplinar pelos atos cometidos, Pazuello não compareceu por falta de tempo. É 1 colosso! Não há como acreditar que uma instituição que se baseia nos princípios de hierarquia, disciplina e obediência permita que um subalterno deixe de comparecer a uma reunião com superior. Seria cômico se não fosse ridículo que isso tenha sido notícia de insubordinação, principalmente quando os fatos mostram que o general Pazuello é o mais subordinado e condescendente de todos, ele mesmo disse: “um manda, o outro obedece”, ao encenar o lamentável papel de Adolf Eichmann tupiniquim e recusar a compra de vacinas.

Como recompensa por mentir e delinquir a favor do governo e do Exército, o general Pazuello passou a integrar a Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência, com salário de R$ 16.944, em cargo ligado diretamente ao presidente da República. Sobre o processo disciplinar dissimulado pelos comandantes para orientar nova “crise”, foi decidido pelo arquivamento. Como o regulamento indica que é vedado ao militar “manifestar-se publicamente sem que esteja autorizado a respeito de assuntos de natureza político-partidária”, a falta de punição por evidente ato político do general da ativa só pode indicar o óbvio ululante: o general Pazuello foi autorizado por superior a participar da manifestação depois de mentir à CPI do Genocídio, salvar Bolsonaro e os comandantes, com a garantia de que não seria punido pelo Comando do Exército e ganharia imunidade jurídica com nomeação feita pelo Palácio do Planalto.

Com cargos no governo, benefícios orçamentários, salariais e previdenciários, os Oficiais seguem ganhando enquanto o povo morre de fome ou da peste (ou dos dois). Cabe às instituições e aos integrantes da sociedade civil denunciarem e investigarem o ativismo dos generais, assim como suas responsabilidades sobre o atual genocídio provocado pela gestão do governo que apoiam e integram. É preciso trabalhar a formação da consciência da população sobre a necessidade de um projeto de Defesa que proteja o Brasil e os brasileiros das ameaças externas, profissionalize as forças armadas e, por fim, extinga o Partido Militar que serve apenas para provocar crises, ameaçar a sociedade e a democracia, e manter a cadela do fascismo sempre no cio.

*Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em História Membro do Conselho Editorial da Revista Temporalidades - Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG  ** Via Brasil247

02 junho 2021

“Estamos na vanguarda da estupidez”, diz médica Luana Araújo durante a CPI da Covid

Ex-chefe da Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 falou sobre o chamado “tratamento precoce” da doença

Luana Araújo e Marcelo Queiroga durante cerimônia de lançamento da Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 - Marcello Casal jr/Agência Brasil

A médica Luana Araújo, ex-chefe da Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, disse que “estamos na vanguarda da estupidez”, durante seu depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid nesta quarta-feira (2).

A médica é uma defensora da vacinação em massa, já disse ser favorável ao isolamento social e contra o chamado “kit covid”, que usa medicamentos sem comprovação científica como um já comprovado ineficaz “tratamento precoce” da doença

As pautas são sensíveis ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido), visto que o presidente já afirmou várias vezes ser contra as medidas de isolamento e ser a favor de drogas sem base científica contra a Covid-19.

:: CPI da Covid e imunidade de rebanho: os crimes de Bolsonaro em julgamento ::

Quando questionada se tinha conversado com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, sobre o “tratamento precoce”, ela respondeu que essa teoria nem chegou a ser levantada pelos dois.

Todos nós somos favoráveis a uma terapia precoce que exista. Quando ela não existe, não pode ser uma política de saúde pública. Essa é uma discussão delirante, esdrúxula, anacrônica e contraproducente”, afirmou.

Para ela, é inadmissível que ainda exista uma discussão sobre esse assunto. “Quando eu disse, há um ano, que nós estávamos na vanguarda da estupidez mundial, infelizmente, eu ainda mantenho isso em vários aspectos. Nós ainda estamos aqui discutindo uma coisa que não tem cabimento”, continuou.

Em sua fala, ela ainda fez uma ironia com aqueles que acreditam na teoria de que a Terra é plana. “É como se estivéssemos discutindo de que borda da terra plana vamos pular. Não tem lógica", disse.

::Contra apelo bolsonarista, 97% dos brasileiros não tomaram cloroquina, diz pesquisa::

Araújo foi anunciada em maio como chefe da secretaria. Porém, deixou o cargo após dez dias de trabalho. Segundo a revista Veja, ela não teria aceitado algumas determinações que foram impostas pelo Palácio do Planalto e abriu mão de sua posição.

No entanto, em sua fala na Comissão, ela disse que não sabia o motivo pelo qual não tinha continuado no governo. A saída dela ocorreu antes mesmo que seu nome fosse publicado em ato no Diário Oficial da União (DOU).

“O ministro com toda hombridade que ele teve ao me chamar, ao fazer o convite, me chamou ao final e disse que lamentava, mas que a minha nomeação não sairia, que meu nome não teria sido aprovado”, explicou.

Questionada sobre se teve algum tipo de resistência ao seu trabalho, ela disse que não e que só teve contato com o ministro e com algumas pessoas da secretaria. Porém, ela disse que teve dificuldades para tentar montar sua equipe por conta da polarização política que o país enfrenta.

“Infelizmente, por tudo que vem acontecendo, por essa polarização esdrúxula, essa politização incabível, os melhores talentos que temos para trabalhar nessas áreas não estavam exatamente à disposição”, disse.

Em seguida, ela foi questionada pelo presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), se as pessoas não estavam à disposição ou se elas não queriam fazer parte do governo de Bolsonaro. Em resposta, ela disse que “não queriam”.

*Edição: Vinícius Segalla - Via Brasil de Fato

30 maio 2021

Horror a Bolsonaro vence o medo do vírus

Jornalista Tereza Cruvinel* faz referência aos atos que tomaram conta do País em protesto contra Jair Bolsonaro. "Outras manifestações virão, e se era por falta de povo na rua, o presidente da Câmara, Arthur Lira, terá dificuldades para continuar sentado sobre mais de uma centena de pedidos de impeachment", afirma


      (Foto: Roberto Parizotti/Fotos Publicas)

Foi isso que disseram neste sábado as milhares de pessoas que foram às ruas em todo o país: Bolsonaro é pior que o vírus. Chegou a hora de vencer o medo, e tomando as precauções necessárias, mostrar que a maioria (57% segundo o Poderdata) não suporta mais o genocida e exigem seu impeachment, além de mais vacinas e auxílio emergencial de R$ 600 para os desvalidos da pandemia.

Bolsonaro, o intolerável, passou recibo no seu melhor estilo "vulgaridade ilimitada". Postou nas redes sua fotografia com camiseta em que se lê: "imorrível, imbroxável, incomível". Como se endeusa este sujeito, como é grande sua fixação em sexo e no próprio falo!

Passou este recibo chulo, sabedor de que o sucesso das manifestações deste sábado azul mudou a conjuntura. Até aqui, estava bem para ele: sem vacina e com o vírus solto, ruas vazias. Agora mudou. Outras manifestações virão, e se era por falta de povo na rua, o presidente da Câmara, Arthur Lira, terá dificuldades para continuar sentado sobre mais de uma centena de pedidos de impeachment.

A CPI, revelando a cada depoimento a responsabilidade cristalina de Bolsonaro pelo morticínio, expondo seu negacionismo e crueldade, já fez o presidente da Câmara dizer na semana passada que vai começar a examinar os pedidos. Comece logo Lira, antes que o bonde popular o atropele. Lira é um oportunista típico do Centrão: não acolhe nenhum dos pedidos nem arquiva nenhum. Sentado sobre a pilha, conserva o poder de chantagem sobre o genocida, que pode se achar imorrível mas não será eterno no cargo. Se não cair por impeachment, perderá para Lula em 2022.

Por falar em Lula, li neste domingo análises que atribuíram as manifestações a uma estratégia dele, e outras que cobravam sua ausência e seu silêncio sobre o primeiro ronco das ruas.

Lula não tinha que ir mesmo. As manifestações foram puxadas pelas frentes Povo Sem Medo, Brasil Popular e Coalizão Negra por Direitos. Não pelos partidos políticos, embora PT, PSOL, PC do B, PCO e PCB as tenham apoiado. Elas materializaram uma frente popular e suprapartidária contra Bolsonaro, em defesa das vacinas e da proteção social.  Se Lula tivesse ido, estaria sendo acusado de oportunismo eleitoral.

Ademais, como defensor ardoroso das medidas de isolamento e proteção sanitária em combinação com a vacinação em massa, sua presença carregaria uma contradição. O silêncio das primeiras horas é um sinal de seu respeito pelos que, vencendo o medo do vírus, foram às ruas dizer que não é mais possível suportar Bolsonaro na Presidência. Candidato favorito hoje, respeitou a natureza não eleitoral do protesto. E ainda que nem todos que protestaram sejam seus eleitores, foi para sua candidatura que as águas correram neste sábado.

*Fonte: https://www.brasil247.com/

29 maio 2021

Apoio às manifestações de 29 de maio: solidariedade ao povo que sofre

“Estar nas ruas para lutar é um ato extremo para dizer basta, estamos todos(as) cansados(as) exauridos(as) desse sofrimento imposto ao país”, afirma a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann


Neste 29 de maio a Frente Fora Bolsonaro chamou atos de rua em todo país para protestar contra o governo da morte e da fome e pedir o impeachment de Bolsonaro.

Sabemos do momento crítico da pandemia, mas também vemos as condições críticas do povo, que sem renda, sem emprego, está todos os dias nas ruas lutando para sobreviver, se expondo ao vírus, sem apoio ou cuidado do governo.

Estar nas ruas para lutar é um ato extremo para dizer basta, estamos todos(as) cansados(as) exauridos(as) desse sofrimento imposto ao país.

Por saber dos riscos dessa ação é que pedimos e orientamos nossa militância a tomar todos os cuidado. Use máscara, leve álcool em gel, mantenha distância.

E para aqueles(as) que são do grupo de risco, não podem, ou não querem ir às ruas, não deixem de participar do protesto, manifestando-se de onde estiverem, através das redes sociais ou das janelas de casa – VACINA PARA TODOS, AUXILIO DE R$600,00 JÁ, FORA BOLSONARO!

Gleisi Hoffmann
Presidenta Nacional do PT

28 maio 2021

'Te procuro lá' - telecoteco com Daniel Wolff e Raul Ellwanger - Letra de Ferreira Gullar



"Te procuro lá"

Por Raul Ellwanger*
Na madrugada do Restaurante München, na Calle Talcahuano, em Buenos Aires, reunia-se a tradicional roda comilona e etílica em torno de Vinícius de Morais, após seus xous nos teatros da Calle Corrientes. Com Toquinho, Mutinho, Azeitona, Maria Creuza, Tenório Jr., Roberto Sion, Simone, Laércio de Freitas (o time variava a cada ano), após o final dos xous rolava aquele papo gostoso. Mais gostoso ainda era para vários de nós que morávamos na Argentina, fosse por exílio (anos setenta), trabalho ou estudo.

Vinícius, de braço com sua namorada, dizia a Ferreira Gullar, que já estava farto de exílio e solidão: “Pô, bixo, larga dessa mania de poesia séria, faz como eu. Olha só, estou me divertindo à pampa, faturando e fazendo uns sambas bem bonitinhos aí com o Tom, o Toco, o Muti, e tal. As moças estão gostando.”

No final da madrugada, íamos todos repousar, tontos e felizes com aquele “pedacinho de Brasil” que os músicos nos traziam por algumas horas.

Após uma dessas soirées, ali pelas sete horas da manhã, ouvi um toc-toc-toc na porta de nosso apartamento. Fui abrir ainda cambaleando, era o Ferreira. Na mão, uma folhinha de papel manuscrita. Me passou o papel e dizia: “Abre, bixo, abre. É mais ou menos assim, tetutuio-tetutuio-tetutúiutááááá, algo assim, telecoteco... Vê se apronta antes do saída do vôo do poetinha”.

Gostei da letra e do convite, passei um café e fui pra cima do texto, pois tinha já o motivo musical: era o “tetututuiotutú” ondulante e incessante que o próprio Gullar cantando me entregara de bandeja. Após muito cigarro e café, com minha esposa Nana gravamos num daqueles k-7, na própria mesa da cozinha. Meio-dia, no hotel, Gullar escutou e passamos a fitinha pro Vinícius.

Foi tudo bem, o texto era redondo, com cadência bem metrificada e a gente sente quando um tema nasce com naturalidade, é como se pedisse passagem, como se já estivesse feito. Maranhão e Peru são lugares de nascimento e moradia de Gullar, enquanto a mudança de nariz já rendeu muitas hipóteses... Seu ritmo alegre suaviza a letra de perdas e exílios. É uma canção muito querida até hoje, a primeira que se tornou conhecida após voltar do exílio.

*Via 'Poemas de Ar' (Youtube)

27 maio 2021

Juristas pela Democracia comemoram aniversário com Lula, Dilma e outros progressistas

Celebração vai acontecer a partir das 18h, na próxima sexta-feira (28), em transmissão ao vivo pela internet

Lula e Dilma vão participar de celebração on-line de Associação Brasileira de Juristas pela Democracia

Lula e Dilma vão participar de celebração on-line de Associação Brasileira de Juristas pela Democracia - Pedro Stropasolas

Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) vai comemorar seu aniversário com as participações dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT), do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), e de Guilherme Boulos (PSOL), na próxima sexta-feira (28).

A celebração vai acontecer a partir das 18h por meio de uma transmissão que vai ser feita por meio de uma parceria entre a entidade, o Canal do Conde e o site GGN.

O sociólogo Boaventura de Sousa Santos, a Pastora Lusmarina, o líder do Movimento Nacional de Favelas e Periferias, André Constantine, o jornalista Luis Nassif e as atletas Marta Sobral e Carol Soberg também vão participar da comemoração. 

:: Juristas explicam por que Bolsonaro pode ser chamado de “genocida” ::

Diversas entidades parceiras, como a Associação Juízes para a Democracia (AJD), os Coletivos por um Ministério Público Transformador (Transforma MP), o Defensoras e Defensores Públicos pela Democracia, a Associação Advogadas e Advogados Públicos para a Democracia (APD), Policiais Antifascismo, Coalização Negra Por Direitos e as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo também vão marcar presença no evento.

Fundada há quase três anos, a associação tem como objetivo unir juristas de todo o País na defesa da Constituição Federal e do Estado Democrático de Direito no pós-golpe. Ela consiste em um espaço presente em 18 estados brasileiros, contemplando as diversidades e incidindo diária e diretamente na luta pela preservação da democracia.

Entre suas maiores contribuições para a sociedade, destaca-se a denúncia apresentada em abril de 2020 ao Tribunal Penal Internacional (TPI), pedindo a condenação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por crime contra a humanidade, pela gestão da crise da covid-19. 

::Carol Proner: Por que a ABJD denunciou Jair Bolsonaro no Tribunal Penal Internacional?::

O tema é mais atual do que nunca diante da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, que investiga, justamente, omissões e irregularidades do governo federal no enfrentamento à pandemia.

Outra grande contribuição da associação foi a atuação sistemática dos Juristas pela Democracia na batalha pela garantia constitucional da presunção de inocência e pela liberdade de Lula. 

Em 2019, a entidade encampou a campanha #MoroMente, que foi um marco ao expor as parcialidades, ilegalidades e os crimes do então juiz Sergio Moro e de procuradores da extinta Operação Lava Jato.

Edição: Vinícius Segalla

*Via Brasil de Fato

24 maio 2021

'Que Lula não caia na mesma armadilha que Mandela não soube evitar' (Jair de Souza)

 Lula é símbolo e ameaça, como Mandela foi um dia. Foto: Presidência da República

Lula pode ser o nosso Mandela: o lado bom e o lado ruim da equiparação

Por Jair de Souza*

Neste momento de calamidade em que o Brasil se encontra devido aos descalabros produzidos por aqueles que desfecharam o golpe de 2016 e seus sucedâneos da praga bolsonarista que chegou ao governo, parece que o nome de Luiz Inácio Lula da Silva se vislumbra como o único capaz de retirar a nação do lamaçal no qual ela foi lançada.

Nessa volta fulgurante, sendo visto e sentido como um possível salvador da pátria, muitos têm equiparado a figura de Lula e o papel que ele deve desempenhar por aqui àquele que há algumas décadas fora exercido pelo saudoso líder sul-africano Nelson Mandela no processo de transição que pôs fim ao odiento regime de segregação racial conhecido como apartheid que vigia na África do Sul.

Realmente, é muito positivo que o povo brasileiro conte com uma liderança tão responsável, cativante e motivadora como o é Lula.

Assim como Mandela, Lula também preferiu sofrer prisão e perseguição a trair os ideais com os quais ele havia conquistado a confiança de seu povo.

Não é à toa que o nome de Lula aparece disparado em primeiro lugar em todas as pesquisas eleitorais que vêm sendo realizadas.

Mesmo entre aqueles que nunca simpatizaram com seu nome, Lula passou a ser visto como o único capaz de liderar o Brasil num caminho que nos tire da imensa tragédia em que o bolsonarismo nos lançou.

Porém, também precisamos recordar o que ocorreu com a transição liderada por Mandela na África do Sul e aprender com sua lição.

Precisamos recordar que a luta contra o maldito apartheid foi travada durante décadas pelo povo sul-africano.

O principal órgão dirigente daquela luta foi o Congresso Nacional Africano (CNA), em cujo seio a principal força era representada pelo Partido Comunista Sul-Africano (ao qual o próprio Mandela esteve vinculado).

É fato que Mandela permaneceu encarcerado e incomunicado por mais de 27 anos e, portanto, estava impossibilitado de exercer o comando prático dos embates travados contra as poderosíssimas forças de choque dos racistas sul-africanos.

Embora o papel simbólico de Mandela tenha sido enorme, no dia a dia prático, foram outros os que exerceram as mais importantes funções: Winnie Mandela, Joe Slovo, Oliver Tambo, Steve Biko, etc., muitos deles filiados ao PCSA.

Foram esses militantes que conduziram a luta contra o aparelho de repressão do regime racista e o derrotaram na prática.

Quando da libertação de Mandela no começo da década 1990, as forças sustentadoras do apartheid estavam fragorosamente derrotadas política e militarmente.


Assim que, Mandela era visto como o grande nome que seria capaz de recompor os pedaços daquele país que havia sido destroçado pelos racistas e os beneficiários de sua política segregacionista e excludente.

Politicamente, não havia nenhuma outra força capaz de se contrapor ao CNA em toda a África do Sul.

Infelizmente, nem Mandela e nem os outros dirigentes que estavam mais próximos dele naquele momento se aperceberam do que estava sendo tramado por aqueles que acabavam de ser derrotados no campo de batalha.

Ao perceber que não poderiam ter o domínio das instituições políticas do Estado, os representantes dos interesses da elite racista se deram conta de que lhes seria mais conveniente tratar de manter seu domínio através do controle da economia.

Assim que, enquanto aceitavam fazer concessões a nível de formalidades políticas, deixando os cargos políticos do governo para o CNA, trataram de aferrar-se no comando dos órgãos que controlam o funcionamento econômico.

Também se empenharam e conseguiram impedir que qualquer lei que alterasse de fato a injusta situação econômica do país fosse implementada. Daí que deu-se ampla abertura para tudo o que tinha a ver com o neoliberalismo: Banco Central independente, nada de reforma agrária, legislação trabalhista favorável ao patronato, etc.

Como consequência, independentemente de que caras negras passassem a ocupar os cargos políticos de governo, a situação concreta do conjunto do povo trabalhador acabou por se tornar ainda pior.

É lamentável, mas o fim do apartheid gerou uma acentuação da desigualdade social e a África do Sul veio a se transformar num dos países de maior nível de desigualdade social do mundo, superando até o Brasil nesse quesito.

É fundamental que frisemos, não foi pelo fim do apartheid que isso ocorreu. Foi sim devido ao negligenciamento pelos representantes populares das questões que dizem respeito diretamente ao nível de vida da população. E aqui vale a pena voltar ao caso brasileiro.

É muito bom que Lula receba apoio de todos os setores de nossa sociedade, até dos capitalistas, dos banqueiros, dos donos de terras. Se eles quiserem ajudar a pôr fim à desgraça representada pelo bolsonarismo, bem-vindos sejam.

Mas, não devemos deixar de considerar que são as forças populares que representam a essência do bloco transformador neste processo e neste momento.

Todo e qualquer apoio deve ser recebido de bom grado, desde que não nos impeça de exigir que as reivindicações básicas dos setores populares estejam na primeira linha de objetivos.

Devemos receber de braços abertos a todos os que aceitem a revogação das medidas que retiraram direitos dos trabalhadores depois do golpe de 2016; que aceitem lutar pelo fim da limitação do teto de gastos; que apoiem a luta pela recuperação de nosso pré-sal; que concordem com a recuperação e revitalização da Petrobrás; que defendam a volta do Banco Central ao controle governamental; que se empenhem na recuperação da Eletrobrás e impeçam sua privatização; etc.

Ou seja, todos os que se disponham a participar conosco nas lutas por esses objetivos podem e devem ser vistos como nossos aliados.

Mas, não podemos abdicar dos mesmos sob pena de condenar nosso povo a novas derrotas.

É neste sentido que a lição de Mandela nos deve servir.

Não caiamos no mesmo golpe que o valoroso líder anti-apartheid não soube detectar.

Para uma análise mais detalhada dos acontecimentos que marcaram a transição na África do Sul, recomendo a leitura do capítulo 10 do livro A Doutrina do Choque, de Naomi Klein.

*Economista formado pela UFRJ; mestre em linguística também pela UFRJ.  -Via Viomundo

22 maio 2021

Lula estendeu a mão até a seus algozes


                                                   (Foto: Ricardo Stuckert)

Por Laurez Cerqueira*

A foto de Stálin, Roosevelt e Churchill, no final da Segunda Guerra Mundial, ficou na história como demonstração das possibilidades de alianças, diante do inimigo comum. 

"Se um dia Adolf Hitler viesse a invadir o inferno, eu faria algumas referências favoráveis ao diabo, no parlamento." Winston Churchill.

Depois de tudo que sofreu, Lula estende a mão, chama Fernando Henrique à responsabilidade de se engajar na tarefa maior de derrotar o fascismo. O mesmo ele tem feito com outras lideranças políticas, na formação da frente democrática para resgatar o Brasil das mãos do governo criminoso de Jair Bolsonaro. Lula é grande! Lula é líder!

O movimento é parecido com o da campanha "Diretas já", quando foi criada a frente democrática que restabeleceu os direitos políticos, convocou o Congresso Constituinte e deu ao país a Constituição de 1988, uma plataforma jurídica que garantiu as regras para a democracia política e para o avanço das lutas populares. Um movimento que se ergueu nas ruas, na luta contra a ditadura.

Lula foi deputado constituinte, junto com 15 deputados do PT. Em seguida candidato à presidência da República nas eleições diretas de 1989, apoiado pela Frente Brasil Popular, uma frente de partidos de esquerda, e foi para o segundo turno com Fernando Collor. Mário Covas, que foi candidato do recém fundado PSDB, apoiou Lula, junto com Leonel Brizola, que também foi candidato. Subiram juntos no palanque para derrotar Collor. Fernando Henrique também apoiou Lula. 

Collor era representante do conservadorismo, das forças políticas que apoiaram a ditadura, e do projeto econômico neoliberal, articulado pela primeira-ministra Margareth Thatcher, da Inglaterra, e pelo presidente Ronald Reagan, dos Estados Unidos.

Depois disso, o campo de centro-direita se consolidou e se tornou hegemônico até 2001, quando o PT decidiu ampliar as alianças até o centro, formando uma coalizão de centro-esquerda. Lula foi eleito e conseguiu liderar a coalizão, enquanto presidiu a República, por dois mandatos, cujo projeto o Estado foi posicionado como indutor do desenvolvimento sustentável, da inclusão social e de redução das desigualdades sociais e regionais.

Lula encerrou seu segundo mandato com 86% de aprovação, pela população, segundo pesquisas de opinião.Depois do golpe que derrubou a presidenta Dilma, de ter sido preso com base em processos forjados por Sérgio Moro e Deltan Dallagnoll, de ter os processos anulados pelo Supremo  Tribunal Federal, Lula ressurge como um furacão, catalisando forças políticas, estendendo a mão até a seus algozes, para resgatar o país das garras do fascismo.

*Autor, entre outros trabalhos, de Florestan Fernandes - vida e obra; Florestan Fernandes – um mestre radical; e O Outro Lado do Real (com o Deputado Federal Henrique Fontana, do PT/RS)

-Via https://www.brasil247.com/

21 maio 2021

Pesquisa Vox Populi: Lula vence no primeiro turno

Pesquisa presencial realizada pelo Instituto Vox Populi aponta que o ex-presidente Lula seria eleito no primeiro turno e no segundo turno caso as eleições presidenciais fossem realizadas hoje. Lula tem 43% contra 41% de todos os demais candidatos somados

       (Foto: Ricardo Stuckert)

247* - Pesquisa presencial realizada pelo Instituto Vox Populi, divulgada nesta sexta-feira (21), aponta que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva venceria Jair Bolsonaro já no primeiro turno caso as eleições presidenciais fossem realizadas hoje. De acordo com o levantamento, ele tem 43% contra 41% de todos os demais candidatos somados. Num eventual segundo turno, Lula aparece com 55% a 28% de Bolsonaro. 

Na pesquisa estimulada Lula teria 43% dos votos válidos contra 24% de Bolsonaro.  Depois aparecem o apresentador Luciano Huck (sem partido) e Ciro Gomes (PDT), com 8% e 5%, respectivamente. João Doria (PSDB) figura em seguida com 2% e aparece empatado com João Amoedo (Novo), que também possui 2% da intenção do eleitorado. Votos brancos e nulos somam 14%. 

Lula tem 33% na pesquisa espontânea, enquanto Jair Bolsonaro aparece com 19%. Ciro tem 2% e os demais têm 1%.

Em um eventual segundo turno, Lula teria 55% da preferência do eleitorado contra 28% de Bolsonaro. Caso a disputa fosse contra Ciro Gomes, o ex-presidente venceria com 52% contra 19% do pedetista. Lula também venceria o tucano João Doria com 56% contra 14%. 

O levantamento apontou, ainda, que Lula possui a preferência de 72% do eleitorado nordestino – contra 21% de Jair Bolsonaro.

Outros destaques de Lula na pesquisa: ele lidera no segmento que ganha até dois salários mínimos com 52% e tem entre os eleitores pretos e pardos 51% e 48%, respectivamente.  

A Pesquisa ouviu 2 mil eleitores em 119 municípios de todo o Brasil. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais. O intervalo de confiança é de 95%.

Confira a íntegra da pesquisa clicando Aqui (via Brasil247)

19 maio 2021

O general se desmancha

 

Por Fernando Brito*

Adiada para amanhã a parte final do depoimento de Eduardo Pazuello por conta de uma suposta crise vasovagal, interrompeu-se a virada de jogo que o ex-ministro da Saúde estava tomando na segunda parte do seu interrogatório, depois do relativo sucesso que tinha colhido na parte inicial.

Não creio que o “mal súbito” seja falso, ardilosamente armado para escapar a perguntas e intervenções que ficavam cada vez mais duras. Apelar para um estratagema destes, a esta altura, reforçaria a imagem de covarde que sobre Pazuello se construiu desde que apelou para o adiamento de seu comparecimento por uma suposta exposição ao coronavírus e, a seguir, apelou para um Habeas Corpus no qual conseguiu apenas uma fração do direito ao silêncio que requeria ao STF.

Simular um “piti” hoje seria mais um desastre e, mesmo verdadeiro, não foi bom para o general, que vai, por merecimento, ter de colocar mais essa na conta de suas evasivas.

E, com certeza, não aufere nenhuma vantagem com o adiamento, ao contrário. As contradições, mentiras, dissimulações e tudo o mais que vem declarando terão amanhã mais sublinhados, documentos, vídeos e áudios para serem desmentidos.

*Jornalista, Editor do Blog Tijolaço (fonte desta postagem).

17 maio 2021

FÓRUM DE SANTIAGO/RS: RETORNO DOS ATENDIMENTOS CONTINUAM SEM PREVISÃO

Abaixo, transcrevo conteúdo do e-mail recebido hoje por este Advogado, enviado pela presidenta da Subseção local da OAB/RS:

"Prezados(as) Advogados(as):  

Entrei em contato com a Dra. Ana Paula Nichel - Diretora do Foro para obter informações a respeito do retorno do atendimento na nossa Comarca, infelizmente continuamos sem previsão, pois a grande maioria dos computadores da Comarca foram atacados pelo Hacker, o que demandará a vinda do pessoal da Informática do TJ para consertar.


Segundo ela informou os serventuários  iniciarão trabalho interno com os poucos computadores que estão funcionando, dois em cada Vara.

 

Assim, que ela tiver uma previsão avisará a OAB.

 

Atenciosamente,

 

Marione de Afonso Alcântara

Presidente da OAB Subseção de Santiago e Jaguari"

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