18 outubro 2024

PT e PSDB revivem no 2º turno em Santa Maria/RS a disputa que dominou o Brasil por 20 anos

Histórica rivalidade tem sido avaliada pelos eleitores na comparação de governos de ambos os partidos na cidade

Valdeci Oliveira (à esquerda) e Rodrigo Decimo (à direita) disputam o voto dos eleitores de Santa Maira para ser o novo prefeito da cidade. Foto: Divulgação

Os eleitores de Santa Maria escolherão no dia 27 de outubro o novo prefeito que governará a cidade de 2025 até 2028. De um lado, Valdeci Oliveira (PT) busca voltar à prefeitura pela terceira vez. De outro, o atual vice-prefeito Rodrigo Decimo (PSDB) quer também um terceiro mandato para os tucanos. A disputa entre os dois revive os grandes embates protagonizados por PT e PSDB entre 1994 e 2014, quando ambos os partidos dominaram a cena política nacional.

Desde então, muita coisa mudou para os dois partidos. O PSDB viu seu capital político derreter desde quando apoiou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff em 2016, enquanto os petistas sofreram grande desgaste com casos de corrupção e a Operação Lava Jato, porém conseguiram retornar ao Palácio do Planalto com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva em 2022.

Experiente observador da cena política de Santa Maria, o jornalista José Mauro Batista recorda que a disputa entre o PT e o PSDB se intensificou na cidade a partir de 2016, ano da primeira eleição local com segundo turno. Naquela ocasião, Jorge Pozzobom (PSDB) e Valdeci Oliveira (PT) protagonizaram a disputa, com a vitória do candidato tucano (que depois seria reeleito em 2020).

“Foi o segundo turno mais disputado do Brasil. A diferença de votos a favor do candidato do PSDB foi de 226 votos”, recorda Batista. (...)

*CLIQUE AQUI para ler , na íntegra, a postagem de Luciano Velleda no Sul21.

Apagão em São Paulo - Charge

 


*Por Helô D'Angelo - via BdF

17 outubro 2024

*'Cara & Coragem II - Poemas Reunidos' - Registros


*Do meu face:

Prezados/as:
Repassando aqui para agradecer a todos/as que nos honraram com suas presenças no lançamento do nosso segundo livro de Poemas (na noite de sábado, 12/10, na 26a. Feira do Livro de Santiago/RS), à Casa do Poeta de Santiago, que o editou e, também, avisar que o nosso 'CARA & CORAGEM II - Poemas Reunidos' já está disponível para venda também via postal.

O custo é R$ 45,00, já incluída a despesa de envio. É só digitar o endereço completo, encaminhar para o meu watts 55-984595009 e fazer o PIX 28152433004 (CPF) que imediatamente despacharei o livro (devidamente autografado) pelo Correio. (Júlio C. S. Garcia)


**Mais alguns registros fotográficos do evento podem ser acessados no meu face clicando aqui

16 outubro 2024

Apagão em São Paulo e corrupção em Porto Alegre podem abalar reeleição de Nunes e Melo

"A culpa pela incompetência gerencial deles mesmos nunca é deles, porque o culpado sempre é o Lula, o PT, a natureza...", ironiza Jeferson Miola

Sebastião Melo (MDB) (Foto: Mauricio Tonetto/Secom | Gustavo Mansur/Palácio Piratini)

Por Jeferson Miola*

A onda de transferir responsabilidades pelo caos das cidades que governam pegou forte nesta eleição.

Ricardo Nunes, em São Paulo, e Sebastião Melo, em Porto Alegre, têm em comum o fato de serem candidatos bolsonaristas do MDB que agem como no conto Entre quatro paredes, de Jean-Paul Sartre: para eles, o inferno [sempre] são os outros.

A culpa pelo desastre operacional-administrativo e pela incompetência gerencial deles mesmos nunca é deles, Nunes e Melo, porque o culpado sempre é o Lula, o PT, a natureza; são os temporais, os ventos fortes, as árvores, os governos anteriores …

Com mentiras deslavadas e propaganda fantasiosa, tentam se livrar de cobranças pelo fracasso das suas escolhas políticas e pela defesa das bandeiras ultraliberais que no governo do aliado Bolsonaro foram levadas ao paroxismo com privatizações indecentes e corruptas e a colonização das agências reguladoras por extremistas servis às empresas concessionárias.

O padrinho eleitoral de Nunes, o governador bolsonarista e privatista Tarcísio de Freitas, que privatizou a Sabesp, companhia de abastecimento de água, agora culpa o governo federal pelos efeitos nefastos da entrega da companhia estatal para a italiana ENEL.

Ricardo Nunes segue o mesmo caminho de transferir a responsabilidade para a União, quando na realidade é grandemente culpado pelos prejuízos causados à população e à economia da cidade com o apagão, pois falhou em fazer o básico do básico de uma administração municipal, que é o trabalho de zeladoria, como o manejo de árvores.

Nunes é reincidente na incompetência e omissão. Em novembro de 2023 mais de três milhões de pessoas ficaram sem energia elétrica na capital paulista por falhas da ENEL e queda de árvores não podadas pela Prefeitura.

A situação caótica durou seis dias, com milhares de casas e estabelecimentos sem luz devido à incompetência conjugada da ENEL e do governo Nunes. E hoje, três dias depois do apagão ocorrido no dia 11, 400 mil imóveis ainda continuam sem energia, vítimas do jogo de empurra-empurra do prefeito e a ENEL.

Assim como Nunes, o bolsonarista Sebastião Melo também faz muito mal a Porto Alegre e à população da capital gaúcha. Ele é responsável direto pelo desastre catastrófico vivido em Porto Alegre devido ao evento climático severo de maio passado.

Mesmo depois dos temporais de setembro e novembro de 2023, quando alguns bairros alagaram apesar do nível baixo das águas do Guaíba, a administração Melo nada fez para prevenir e proteger a cidade diante de novos eventos previstos pela meteorologia para acontecerem na época que de fato aconteceram.

Melo continua deixando a cidade desprotegida e exposta a riscos de novas catástrofes. Na sexta-feira 13 de setembro, vários bairros da cidade ficaram alagados devido a uma chuva de baixa intensidade e curta duração porque a prefeitura não fez o básico do básico, ou seja, a limpeza e desentupimento de bueiros, a energização das casas de bombas e a manutenção do sistema de proteção de enchentes.

Portanto, a cidade continua desprotegida até hoje em decorrência da gestão incompetente do governo Melo. E, também, devido à corrupção.

Um diretor do DMAE, o Departamento de Águas e Esgotos de Porto Alegre, foi denunciado pelo MP por receber propina nos serviços de manutenção preventiva e corretiva do sistema de drenagem da água da chuva.

A corrupção, porém, não é restrita ao DMAE; é sistêmica no governo Melo.

No ano passado a Polícia Civil desbaratou um esquema que desviou quase R$ 100 milhões na Secretaria de Educação. A secretária da Pasta, assim como outros/as três diretores/as, foram presos/as.

Como tem dito a candidata Maria do Rosário, enquanto falta apoio aos professores, as escolas estão abandonadas e as crianças estão fora da creche e da pré-escola, tem gente andando de Ferrari comprada com dinheiro de corrupção.

Em agosto último o MPF mandou a PF abrir inquérito para investigar pelo menos R$ 173 milhões desviados na parceria da secretaria de Saúde com um grupo privado para gerir um hospital do extremo-sul da cidade.

Os recursos do orçamento municipal que não chegam ao SUS para reduzir filas e aumentar os atendimentos são desviados em esquemas corruptos de diretores da administração Melo com empresários.

Ricardo Nunes e Sebastião Melo começaram o segundo turno com franco favoritismo à reeleição.

No entanto, a repetição do descalabro em São Paulo com o apagão elétrico, e a evidenciação da corrupção sistêmica na prefeitura de Porto Alegre podem abalar as pretensões destes dois bolsonaristas.

*Via https://www.brasil247.com/

09 outubro 2024

HASTA SIEMPRE, COMANDANTE!!!

 


Rebeldia - Cuba marca 57 anos da morte de Che Guevara: 'Ninguém morre enquanto é lembrado'

'Trata-se de tornar sua figura mais complexa e dar conta das imensas contribuições que Che fez' afirma professora

  Che Guevara ao lado de Fidel Castro - Fidel Soldado de Ideas

Por Gabriel Vera Lopes*

Seu nome está envolto em todo tipo de lendas. Como quase nenhuma outra figura histórica, em Cuba, Che Guevara é envolto numa aura que beira o religioso. Uma imagem mítica que habita os estandartes da resistência e os anseios por justiça na cultura popular.   

Ano após ano, todo dia 9 de outubro, milhares de pessoas peregrinam pelas ruas empedradas de La Higuera, uma pequena cidade nos vales bolivianos. Lugar onde Che foi aprisionado em 1967, numa pequena sala de aula, e assassinado a sangue fria sem nenhum julgamento um dia depois. No lugar, uma pequena placa indica: “ninguém morre enquanto é lembrado”.

O encarregado da fatídica operação que matou Che foi Félix Ismael Rodríguez, um experiente agente da CIA que tinha liderado cerca de 1,5 mil mercenários na tentativa fracassada de invadir Playa Girón em abril de 1961. Aquele funesto 9 de outubro, ele ordenou que os tiros fossem dados abaixo do pescoço, para que pudessem simular um confronto.  

Os restos mortais de Che e de seus companheiros foram dados como desaparecidos. A decisão dos serviços de inteligência dos EUA queria evitar que sua tumba se tornasse um centro de devoção. No entanto, nada impediu que milhares e milhares de pessoas viajassem para esse pequeno vilarejo perdido nos vales bolivianos durante décadas, improvisando altares e oferendas à memória desses revolucionários.     

Durante trinta anos, o corpo de Che e os de seus companheiros ficaram desaparecidos. Os Estados Unidos se recusaram a fornecer qualquer informação sobre seu paradeiro, enquanto os sucessivos governos bolivianos obstruíram qualquer autorização para a busca de seus restos mortais. Foi somente na década de 1990, durante a presidência de Gonzalo Sánchez de Lozada, que a Bolívia permitiu investigações sobre o destino do corpo de Che.

A busca foi realizada contra todas as probabilidades de sucesso: desafiando o curto período de tempo para o qual as licenças foram obtidas para permitir as escavações necessárias. A sorte não veio imediatamente. O sigilo militar tornou a tarefa praticamente impossível mas, apesar disso, faltando apenas um dia para o fim do prazo, no dia 28 de junho de 1997, a equipe de especialistas forenses cubanos e argentinos conseguiu encontrar a fossa coletiva na qual Che foi enterrado. 

Os restos mortais de Che e de seus companheiros do sacramento do reforço, retornaram a Cuba no difícil ano de 1997, 30 anos após seu assassinato, descansam agora em Santa Clara. Naquele memorial, ano após ano, todo dia 9 de outubro - ou 8, já que a data exata de morte é disputada - , centenas de crianças cubanas são iniciadas na Organização dos Pioneiros José Martí, um agrupamento juvenil de crianças cubanas. Seu conhecido lema é “Seremos como Che”. 

Profundamente humanista 

María del Carmen Ariet García, coordenadora acadêmica do Centro de Estudos Che Guevara, disse ao Brasil de Fato que a vida e a obra de Che Guevara estão marcadas por uma concepção “profundamente humanista”. Uma ideia que o acompanhou ao longo de seus 39 anos de vida, desde a infância até sua morte precoce.

"Sempre foi obcecado pelo papel do homem na História. O melhoramento humano em termos de atingir metas que garantissem seu desenvolvimento e realização. Já na adolescência, quando escreveu um pequeno dicionário filosófico, podemos constatar isso. Mas também quando, anos depois, ele estudou sistematicamente a tradição marxista. Sempre buscou o papel do homem e seu papel na história em cada leitura, mesmo nas leituras gerais de literatura e história. Nesse sentido, sempre procurou mecanismos de cooperação social como formas de desenvolvimento social." 

 


      María del Carmen Ariet García / ContextoLatinoamericano

A professora afirma que foi esse humanismo que impulsionou Ernesto nas suas viagens. Viagens que mudariam para sempre esse jovem inquieto. 

Primeiro para o norte da Argentina, onde conheceu a pobreza e a desigualdade de seu próprio país. E depois para a América Latina, onde conheceu a violência do imperialismo, principalmente do estadunidense, que assola o continente de todas as formas possíveis. “Sua busca pela realidade da América Latina é o que explica, não o aventurismo do qual ele tem sido frequentemente acusado, mas sua ousadia de embarcar em uma aventura para conhecer a verdadeira realidade da América Latina”, diz ela. 

“É interessante notar que em sua primeira viagem à Argentina, Che, sendo um jovem de classe média, não decidiu ir a Bariloche ou a algum lugar onde as pessoas com dinheiro geralmente iam. Em vez disso, ele decidiu viajar para o norte do país, onde viu pela primeira vez outra Argentina, diferente daquela que o cercava. Ainda não havia uma motivação que pudesse ser chamada de política, mas existia uma sensibilidade especial.”

Anos mais tarde, Che resumiria essa perspectiva em uma carta na qual confessava que “percebo que os países não são conhecidos em decks luxuosos de hotéis, mas sim quando passamos a conhecer as pessoas, seus interesses e seus conhecimentos”. 

Produção e consciência 

María del Carmen Ariet García é uma das duas pesquisadoras, juntamente com Disamis Arcia Muñoz, que recentemente coordenou a Antología General Ernesto Che Guevara, a maior e mais completa antologia de textos sobre Che que existe atualmente. 

Durante décadas, os esforços do Centro de Estudos Che Guevara têm se concentrado em promover o estudo e o conhecimento do pensamento, da vida e da obra de Che. Estudioso metódico e habilidoso polemista, as contribuições de Che como pensador muitas vezes foram ofuscadas pela unilateralização de suas qualidades éticas.   

“Não se trata de desprezar a reivindicação de sua entrega, sua ética e seu exemplo. Trata-se de tornar sua figura mais complexa e dar conta das imensas contribuições que Che fez não apenas no campo prático, mas também no teórico. Porque Che foi, acima de tudo, um homem integral que não desprezou nenhuma das dimensões da atividade humana e revolucionária”. 

Após o triunfo da revolução, Che foi protagonista, no início, de uma tarefa ainda mais difícil do que a de derrubar o regime tirânico de Batista: a de começar a construir uma sociedade socialista. 

“Já quando a Revolução Cubana se definiu de forma contundente como socialista, todos começam a saber o que é o verdadeiro socialismo. Quais são suas linhas e condições. Nesse contexto, na década de 1960, ele começou a meditar sobre o tipo de socialismo desejado e necessário em Cuba, variantes que também poderiam ser exemplos para o Terceiro Mundo. Naqueles anos, ele disse que as pessoas precisam de dois elementos fortes para dizer que estão em um processo socialista: produtividade e consciência”.

A professora explica que, na concepção de Che, em contraste com as visões dominantes da época, o socialismo não deveria apenas tentar melhorar os aspectos materiais da sociedade. Além de transformar a economia, ele também deveria transformar os aspectos espirituais das pessoas e da sociedade. María del Carmen diz que é importante manter viva a memória de Che, mas que, acima de tudo, é essencial, nestes tempos de ascensão da extrema direita, “voltar ao Che”. 

“Estamos enfrentando um mundo em crise, mas o mundo em que ele viveu também teve suas crises. E foi sua respiração, junto com a de tantos outros, que possibilitou ao mundo sonhar que a justiça poderia ser possível. Uma busca na qual ele até mesmo deixou sua vida.”

*Edição: Rodrigo Durão Coelho -Via Brasil de Fato - Havana/Cuba

08 outubro 2024

Nota da Comissão Executiva Nacional do PT sobre as eleições municipais

Nossa principal tarefa, neste segundo turno, é fortalecer as campanhas nas 13 cidades em que estamos disputando, e lutar com todas as forças pela vitória de Boulos e Marta, diz a nota


O resultado do primeiro turno de 2024 aponta o início da recuperação eleitoral do PT nos municípios, num cenário que mais uma vez favoreceu a eleição ou reeleição de candidatos das legendas da centro-direita e direita dominantes no Congresso Nacional, com acesso a emendas parlamentares bilionárias e no comando das máquinas públicas municipais. O alto índice de reeleições, que beira os 80% nas cidades que mais receberam emendas parlamentares, confirma essa distorção no sistema político.

Mesmo enfrentando tamanho desequilíbrio, o PT passou de 183 para 248 prefeitos e prefeitas, e vai disputar o segundo turno em 13 cidades, sendo 4 capitais: Fortaleza, Porto Alegre, Cuiabá e Natal. A soma de votos em candidatos candidatas do PT passou de 6,9 milhões para 8,8 milhões no país, mesmo não tendo lançado nomes este ano em São Paulo, Rio, Recife e Salvador. Passamos de 2.668 vereadores e vereadoras para 3.118, em chapas compartilhadas com PV e PCdoB na Federação Brasil da Esperança. Nossa votação para as câmaras municipais subiu de 5,7 milhões para 7,3 milhões.

Dentre as quatro maiores prefeituras governadas pelo PT, reelegemos as companheiras Marília Campos, em Contagem, e Margarida Salomão, em Juiz de Fora, e fomos para o segundo turno em Mauá e Diadema, com os companheiros Marcelo Oliveira e José de Filippi. Nos municípios entre 100 mil e 200 mil eleitores, elegemos Washington Quaquá em Maricá (RJ) e Darlene em Rio Grande (RS). Nas cidades entre 20 mil e 100 mil, passamos de 27 para 56 prefeitos eleitos, além de aumentar de 146 para 188 as vitórias em cidades com até 20 mil eleitores.

Cumprindo a tática eleitoral de fortalecer o campo democrático no embate permanente contra a extrema direita, elegemos 222 vices do PT em chapas encabeçadas por candidatos de 14 outros partidos. Integramos as coligações amplamente vitoriosas em duas capitais estratégicas: Recife, em aliança com João Campos do PSB, e no Rio, com Eduardo Paes do PSD, impondo à extrema direita sua mais contundente derrota eleitoral, no berço político de Jair Bolsonaro. E vamos disputar o segundo turno em São Paulo, com Guilherme Boulos, do PSOL, e a companheira Marta Suplicy.

Os resultados eleitorais deste primeiro turno correspondem ao compromisso e à luta de nossa militância, candidatos, candidatas e dirigentes de todos os níveis. Correspondem também aos acertos e eventuais equívocos na implementação da tática eleitoral, que devemos avaliar em conjunto para fortalecer o partido, nosso campo político mais amplo e nosso projeto de país.

Esta avaliação tem de levar em conta que voltamos ao governo, com o presidente Lula liderando uma frente política democrática numa conjuntura extremamente desafiadora, após quase uma década de cerco e perseguição contra nosso partido e nosso maior líder. O período histórico inaugurado com a farsa da Lava Jato e o golpe contra a presidenta Dilma abriu as portas para a extrema direita aliada ao neoliberalismo mais selvagem, que seguem ameaçando o país e o sistema democrático.

Nossa principal tarefa, neste segundo turno, é fortalecer as campanhas nas 13 cidades em que estamos disputando, e lutar com todas as forças pela vitória de Boulos e Marta, unindo o campo popular e democrático contra a extrema direita na maior cidade do país.

Com o mesmo empenho, vamos nos engajar nas campanhas de candidatos de outros partidos nas cidades onde haverá segundo turno contra candidatos da extrema direita, sem vacilações. O PT sempre teve lado, o lado do Brasil e do povo, e nunca se omitiu na defesa da democracia. 

Brasília, 8 de outubro de 2024

Comissão Executiva Nacional do PT

*Fonte: https://pt.org.br/

07 outubro 2024

Maria do Rosário convoca eleitores que se abstiveram para segundo turno

Petista sinalizou que buscará aliança com Juliana Brizola para segunda parte das eleições

Rosário e Tamyres comemoram passagem para o segundo turno. Foto: Bettina Gehm/Sul21

Por Bettina Gehm*

O clima de comemoração tomou conta do comitê de Maria do Rosário (PT) no momento em que foi confirmado o segundo turno na eleição da Capital. A candidata obteve 26,28% dos votos contra 49,72% de Sebastião Melo (MDB), que chegou perto de se reeleger neste domingo (6).

Em coletiva de imprensa, Rosário parabenizou Juliana Brizola (PDT) pela campanha. Em seguida, se dirigiu aos eleitores que se abstiveram de votar neste primeiro turno. Os votos nulos e em branco superaram 7%, e a candidata disse acreditar que esta também é uma forma do eleitorado manifestar a vontade pela mudança no governo.

“Se há uma vitória neste momento, é a da vontade de mudança. A mudança esteve nos votos em Juliana, nos votos que nos foram conferidos, e também naqueles que se abstiveram”, disse Rosário. “Se abster é o significado, muitas vezes, de um protesto contra a política. No entanto, o melhor protesto é fazer o voto pela mudança”, reforçou.

Acompanhada da vice Tamyres Filgueira, dos ex-prefeitos Tarso Genro e José Fortunati e de parlamentares, Rosário destacou que o atual prefeito não tem um projeto de futuro para a cidade. “Nós temos um projeto de futuro”, contrapôs. “Nosso projeto está alinhado com o desenvolvimento, com a democracia e com a sustentabilidade. Para que nossa cidade nunca mais viva o negacionismo que viveu na pandemia e que vive neste momento diante da questão ambiental”.

Rosário sinalizou ainda uma aliança com Juliana Brizola no segundo turno. “Somos sete partidos hoje, e queremos ser mais. Por isso que, a partir desse momento, nossa prioridade é o diálogo, a mão estendida. O respeito ao programa de Juliana Brizola, a responsabilidade diante das ideias de seu vice também, que fez um belíssimo trabalho neste primeiro turno”, disse. “Certamente, com eles e com o povo da nossa cidade, estaremos em profundo diálogo. O segundo turno é uma nova eleição”, finalizou.

Em seguida, as candidatas subiram no trio elétrico instalado na Travessa Comendador Batista e discursaram para as centenas de eleitores que ocupavam a rua.

*Fonte: Sul21

05 outubro 2024

Sobre as Eleições deste Domingo - (Coluna Crítica & Autocrítica - nº 233)*

Por Júlio Garcia**

*REFLEXÃO SOBRE AS NOSSAS ESCOLHAS NAS ELEIÇÕES DESTE DOMINGO - À véspera de mais uma importante eleição municipal, é necessário que façamos as devidas reflexões (e escolhas corretas) sobre o perfil político/ideológico de quem queremos para governar (e legislar) em nossos municípios a partir do ano vindouro. Nesse sentido, entendo que, antes de definirmos nossas escolhas pessoais, o mais correto é analisarmos previamente o perfil, a história, a linha político/ideológica e o programa de governo do partido (e dos/as candidatos/as) em quem pretendemos votar.

Precisamos analisar detalhadamente antes da decisão se o partido e o(a) candidato(a) que temos maior ‘simpatia’ tem compromisso real com os setores populares (ou com os ‘endinheirados’ das ditas ‘classes dominantes’); se tem compromisso com a democracia, com a geração de emprego e renda – ou se pensa somente em seus interesse particulares e imediatos. Também é importante fazermos a crucial pergunta: “com quem andas, com quem te identificas politicamente?”. Isso é fundamental para que não sejamos induzidos ao erro de votar ‘por impulso’, por falta de informação em relação aos pontos acima elencados – ou até mesmo influenciados/as pelas famigeradas ‘fake news’ (mentiras).

A política é ‘coisa séria’ – e assim deve ser tratada! - pois é através dela que as coisas acontecem (ou não) no mundo real, no país, no estado, no município, nosso grupo social, nas nossas famílias ... enfim, é ela que tece nossos destinos também enquanto cidadãos. Pense nisso!

A propósito, é bom recordar (ainda mais neste momento) o conteúdo (e os ensinamentos) contidos no poema ‘O Analfabeto Político’, do grande poeta alemão Bertold Brecht (que continua atualíssimo):

“O pior analfabeto É o analfabeto político, Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.

Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política.

Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e o lacaio das empresas nacionais e multinacionais.”

...

**Júlio César Schmitt Garcia é Advogado, Pós-Graduado em Direito do Estado, Consultor, ecologista, dirigente político (um dos fundadores do PT e da CUT, ex-Presidente do PT de Santiago/RS), 'poeta bissexto', articulista e midioativista. - Coluna originalmente publicada no Jornal A Folha (do qual é Colunista, que circula em Santiago/RS e Região) em 04/10/2024.

03 outubro 2024

Mídia corporativa adota gramática na guerra para naturalizar barbárie de Israel e estigmatizar adversários

'A mídia tradicional mata com disparos contínuos de estigmatização e silenciamento - é cúmplice e panfleto da tragédia', escreve o colunista Tiago Barbosa

Benjamin Netanyahu e Faixa de Gaza após ataque de Israel (Foto: ABR | Reprodução/AlJazeera)

Por Tiago Barbosa*

A mídia corporativa pariu uma gramática flexível, seletiva e desonesta para fazer da guerra arma ideológica de submissão imperialista - à custa, claro, da realidade e das vítimas.

A adesão acrítica à versão ocidental impregna o noticiário com malabarismo vocabular para naturalizar a barbárie sinonista e criminalizar de Gaza ao Irã.

A palavra "invasão" usada para definir a ação da Rússia na Ucrânia vira "incursão militar" no ataque de Israel ao Líbano.

O "direito de se defender" invocado por Israel para destruir Gaza se torna "terrorismo" na resposta do Irã à ofensiva de Israel.

Violência contra palestinos presos em Israel é "interrogatório". Tratamento dispensado a israelenses detidos em Gaza é "tortura".

Mísseis e bombas lançados por Israel atingem "alvos específicos". Mísseis e bombas endereçados a Israel são disparados "contra o país".

Israel luta sempre contra "grupos terroristas" Hamas e Hezbollah. Irã e Palestina atacam sempre "o estado judeu".

Vítimas israelenses têm família, identidade e fazem apelos dramáticos nos meios de comunicação. Vítimas palestinas, libanesas e iranianas são contadas, via de regra, sem voz e à base de números.

As estatísticas sobre Israel são consideradas incontestáveis e atribuídas ao governo. As informações sobre Gaza, creditadas ao "ministério da Saúde do Hamas", mantidas sob suspeita e seguidas de "não confirmadas".

A menção a qualquer violência cometida por Israel é precedida ou sucedida pela lembrança do ataque ao país em 7 de outubro. A ofensiva dos outros, nada: é tratada como rotineira e parte da interação de países ou povos projetados como agressivos.

As mortes de soldados israelenses são marcadas por fotos, rostos, depoimentos das famílias e destaque do noticiário. Os óbitos de combatentes palestinos são "perdas terroristas".

Israel "elimina" alvo terrorista quando ataca. Palestinos, iranianos e libaneses matam "seres humanos, inocentes".

Inimigo de Israel vai "preso". De palestino, "sequestrado".

Ação israelense é naturalizada após consulta a associações, organizações e institutos em defesa do povo judeu.

Ação palestina, iraniana, libanesa é criminalizada por associações, organizações e institutos em defesa do povo judeu.

A ausência de representatividade é inerente à abordagem dos desafetos do regime sionista.

A primeira vítima da cobertura de guerra com envolvimento de protegidos do imperialismo não é (só) a verdade, como prega o clichê.

É a condição humana, a dignidade, o respeito aos povos oprimidos. É a voz ocultada para perpetuar barbáries, extermínios, genocídios.

A mídia mata com disparos contínuos de estigmatização e silenciamento - é cúmplice e panfleto da tragédia.

*Jornalista, pós-graduado em História e Jornalismo, com passagem por jornais de Pernambuco - Via Brasil247

30 setembro 2024

Porto Alegre/RS: 'Os braços do Sul21 e os braços ocultos de Melo'

Mais uma vez, quando questionado sobre problemas de sua gestão, Melo não assume suas responsabilidades e tenta transferi-las para alguém


Por Marco Weissheimer*

Em um debate entre candidatos e candidatas à prefeitura de Porto Alegre, o atual prefeito Sebastião Melo, ao ser questionado sobre a relação de sua gestão com a Pousada Garoa, acusou o Sul21 de ser um “braço do PT”. A irritação de Melo se deve à cobertura que o Sul21 vem dando ao episódio do incêndio da Pousada Garoa, em abril, que resultou na morte de 11 pessoas. Essa semana, dentro do projeto checazap Sul21, publicamos um novo conteúdo sobre esse tema (Sebastião Melo mente em debate ao dizer que rompeu contrato com Pousada Garoa). Agradecemos a leitura do Sul21 pelo prefeito Melo, mas lamentamos que, mais uma vez, quando questionado sobre problemas de sua gestão, ele não assume suas responsabilidades e tenta transferi-la para alguém, no caso em questão o Sul21.

Os dados que irritaram o prefeito não foram inventados pelo Sul21 nem são do PT nem de qualquer outro partido de oposição à atual administração municipal, mas sim do Portal de Transparência da própria Prefeitura e do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS). Recapitulando resumidamente o caso. Em um debate promovido pela rádio Gaúcha, dia 25 de setembro, Sebastião Melo disse que, após o incêndio e as mortes em uma unidade da rede de pousadas Garoa, o contrato teria sido rompido. Neste debate, o atual prefeito disse que “interditamos várias pousadas e rompemos o contrato”. No entanto, é inverídica a afirmação de que o contrato com a rede de pousadas foi rompido. O vínculo entre a rede e a Prefeitura de Porto Alegre está firmado, pelo menos, até o fim de 2024.

Ainda segundo as mesmas fontes, mesmo após a tragédia, foram autorizados novos repasses no valor de R$ 340 mil à rede de pousadas. No dia 3 de julho, após concluir vistorias nas demais unidades da rede, a Prefeitura anunciou que não renovaria o contrato, que vence em dezembro deste ano. O contrato entre a Fasc e a Pousada Garoa foi renovado por 12 meses pela última vez em 2023, com o termo aditivo assinado  em 12 de dezembro de 2023, onde ficou estabelecido o valor mensal de R$ 225.448,33, totalizando R$ 2.705.379,96 ao longo do período de contrato. Foram essas informações, cujas fontes são o Portal de Transparência da Prefeitura e o TCE-RS, que levaram Melo a tentar desqualificar o Sul21 chamando-o de “braço do PT”. O Portal de Transparência e o Tribunal de Contas do Estado seriam eles também um “braço do PT”?

Diante dessa tentativa rasteira e manjada de desqualificação, viemos aqui hoje explicitar a quem os braços do Sul21 servem. Hoje esses braços estão estendidos à população da periferia de Porto Alegre, duramente atingida pela catástrofe climática que se abateu sobre a capital e outras cidades do Estado em maio, e que segue sofrendo a cada novo episódio de chuva mais intensa, como vimos esta semana. Estão estendidos também aos povos indígenas, às lutas das mulheres e da comunidade LGBTI+, aos trabalhadores da saúde e da educação pública, aos ambientalistas e aos pesquisadores das nossas universidades que também estão comprometidos com essas lutas, apenas para citar alguns setores.

E o prefeito Sebastião Melo é braço de quem mesmo? Para que setores da sociedade os braços de Melo estão estendidos? Há quem diga que a gestão Melo é um braço de grandes empresas do setor imobiliário. O atual prefeito adotou um chapéu de palha como símbolo de sua gestão, uma espécie de coroa popular que mostraria seu suposto vínculo com a população mais pobre. Nesta mesma direção, Melo registrou pela primeira vez, em 2024, sua candidatura como sendo de cor/raça “parda”. Nas nove outras eleições que disputou de 2004 a 2020, ele se declarou “branco”.

O esforço de Melo em criar símbolos de um suposto caráter popular parece ser, porém, inversamente proporcional às políticas que ele implementa e apóia em Porto Alegre e no Estado. Essas políticas de Estado mínimo, de privatização e extinção de empresas públicas, mostraram na tragédia que acabamos de viver em maio todo seu potencial de dano à população. Melo nunca assumiu responsabilidade sobre isso. Aposta, talvez, na falta de memória na sociedade, ou na inexistência de veículos de jornalismo independentes que se deem ao trabalho de ir procurar em fontes públicas de informação, como é o Portal da Transparência, informações que, paradoxalmente, em geral não chegam ao grande público. Foi esse o trabalho que Sul21 fez e seguirá fazendo. Ao invés de procurar desqualificar esse trabalho, Melo poderia ser mais transparente sobre os seus próprios braços e responsabilidades pelo que vem acontecendo em Porto Alegre.

(*) Repórter e Editor – Sul21 - Foto: Joana Berwanger

**Via Sul21

29 setembro 2024

"O PT precisa de renovação ideológica – e não propriamente etária" (Breno Altman)

Jornalista aborda os desafios da nova geração do Partido dos Trabalhadores e questiona sua capacidade de manter a densidade ideológica do partido

(Foto: ABR | Brasil247)

247* – Em entrevista ao Bom Dia 247, o jornalista e analista político Breno Altman, editor do Opera Mundi, trouxe à tona um dos temas centrais para o futuro do Partido dos Trabalhadores (PT): a necessidade de renovação. Porém, Altman destacou que essa renovação não deve ser meramente etária, mas, acima de tudo, ideológica. A análise foi baseada em reflexões feitas pelo ex-ministro José Dirceu em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, onde ele abordou as principais questões internas do partido, como a sucessão de suas lideranças históricas.

“Renovação no PT não é apenas uma questão de idade. É, sobretudo, política e ideológica”, afirmou Altman, destacando a preocupação de Dirceu com a capacidade da nova geração do partido de manter a densidade ideológica que marcou os fundadores do PT, como Lula, José Genoino e Rui Falcão. Para Altman, a principal questão é se os novos quadros serão capazes de sustentar o projeto político que deu origem ao partido, mantendo a conexão com as classes populares e com uma visão crítica do capitalismo.

A geração histórica do PT, formada por líderes que se destacaram na resistência à ditadura militar e nas grandes lutas sindicais, foi responsável por dar ao partido uma forte base ideológica. No entanto, Altman enfatizou que a renovação que se avizinha traz dúvidas. “A nova geração que irá emergir no PT nos próximos anos possui tanto a força social e eleitoral quanto a densidade política e ideológica da geração anterior? Dirceu expressou algum receio a esse respeito, e com razão”, comentou o jornalista.

Essa preocupação se reflete em um momento delicado para o partido, em que sua liderança mais expressiva, o presidente Lula, ainda ocupa um espaço central na política nacional. Dirceu, segundo Altman, deixou claro que, enquanto Lula tiver saúde e disposição, ele será o candidato do partido, apontando para a dificuldade de criar novas lideranças com o mesmo peso histórico. “O PT enfrenta um grande desafio: reposicionar-se no novo cenário nacional e internacional sem perder sua identidade de esquerda”, afirmo Aultman.

A renovação dentro do PT, para Altman, não pode se resumir à substituição de figuras mais antigas por nomes jovens. Ele destacou que a densidade política do partido sempre foi uma de suas características marcantes, e essa herança precisa ser preservada. "A renovação do PT precisa ser capaz de reposicionar o partido no atual cenário, sem abrir mão de sua base ideológica, que é o que lhe confere legitimidade", explicou.

A análise de Altman também destacou que o futuro do PT está intimamente ligado à sua capacidade de se manter relevante em um cenário político marcado pela ascensão da direita e extrema-direita. Para ele, uma renovação bem-sucedida deve garantir que o partido continue sendo uma força política de oposição ao neoliberalismo e ao imperialismo, mantendo sua identidade de esquerda clara e forte.

Por fim, Altman concluiu sua análise ressaltando que o caminho da renovação no PT passa por um compromisso com a profundidade ideológica que sempre caracterizou o partido. "O grande desafio do PT não é apenas político, mas também ideológico. A nova geração que surgir deve ser capaz de preservar e ampliar esse legado", finalizou. Assista::


*Via Brasil247

27 setembro 2024

PROJETO 'PÁTRIA GRANDE DO SUL'*


*Importante acordo entre o MST e o governo da Venezuela para produzir alimentos (assista acima). -Com o Blog O Boqueirão Online, Via TVTNews

26 setembro 2024

O exemplo de Nathalia Urban: jornalista tem que contar o que os poderosos querem esconder

Ela me indicou fonte para reportagem investigativa e mandou mensagem de apoio e estímulo. Tinha 1m57 e, moralmente, era uma gigante

Nathalia Urban cobrindo manifestação pela causa palestina (Foto: Rede social)

Por Joaquim de Carvalho, no 247*

Nathalia Urban tinha 36 anos, três a menos que o meu primogênito. Mas eu não a via como filha, a via como uma jornalista íntegra, sempre ao lado dos oprimidos, como convém àqueles que se dedicam verdadeiramente a esta profissão tão difícil, em que somos atacados por contar o que os poderosos querem esconder.

Minha admiração por ela cresceu quando vi sua entrevista a Leonardo Attuch, na série Grandes Jornalistas. “Ótimo ser chamada de grande jornalista. Assim como Breno Altman falou da altura dele, eu tenho 1 metro e 57… Então, eu nunca fui acusada de ser grande em nada”, disse, espirituosa.

Depois, sua estatura moral aumentou ainda mais quando eu a vi emocionada falar sobre o youtuber PC Siqueira, com quem ela teve um relacionamento e que morreu depois que foi vítima de um ataque sórdido da Polícia Civil de São Paulo, que o acusou de pedofilia, sem nenhuma prova.

Acusação amplificada pela mídia, inclusive por aqueles que ele imaginava serem seus amigos. Nathalia contou que se ofereceu para entrevistá-lo, mas ele preferiu que ela não se envolvesse, já que era muito atacada por suas posições corajosas e seria ainda mais atacada se lhe desse voz.

“Ele falava que o que mais doía era o fato de pessoas que ele considerava amigos na vida pessoal dele terem abraçado essa campanha de ódio, para não perder o deles”, afirmou.

Entrevistei Nathalia uma vez, juntamente com Brian Mier, que seria uma espécie de irmão mais velho, responsável por indicá-la ao 247, pelo brilhantismo que a jornalista sempre demonstrou. 

Tive oportunidade de interagir com ela quando apresentei o Bom Dia 247, durante o plantão de fim de ano. E é sempre um privilégio dividir o mesmo espaço com uma pessoa inteligente como ela, muito próxima do tipo ideal no jornalismo. Íntegra, corajosa e com grande repertório cultural e informativo.

A coragem foi o resultado das circunstâncias que a vida lhe impôs. Era filha de mãe solo, que a teve com 18 anos de idade e lhe deu nome Nathalia porque o parto foi em 25 de dezembro, como ela mesma contou. Passou a infância com duas mulheres fortes. Além da mãe, a avó. 

“Isso foi uma coisa que me ajudou muito a me entender como feminista desde muito cedo, porque eu via o preconceito que a sociedade tinha com a minha mãe por ela ser mãe solo”, afirmou. 

“Passei muito tempo morando com mulheres mais velhas, mulheres independentes, mulheres fortes, que sempre disseram para mim que eu teria que trilhar um caminho meu, não esperar nada de homem, não esperar nada dos outros, fazer por mim”, acrescentou.

Nathalia tinha de quatro para cinco anos de idade quando a mãe se casou, e foram morar em João Pessoa, na Paraíba. Sua relação com o padrasto não era boa e, por isso, quando a mãe morreu, aos 38 anos de idade, de câncer nos ossos, Nathalia foi morar sozinha em São Paulo, onde estudou na PUC, transferida da Universidade Federal da Paraíba.

“Eu tive uma relação muito complicada com o meu padrasto. Tanto é que, quando minha mãe faleceu, eu saí de João Pessoa meio por causa disso, e segui minha vida, e sigo hoje sem assim ter um contato tão próximo com família. Eu considero família os meus amigos, as pessoas que eu tenho dentro do meu coração, aquela coisa de parente mesmo eu não tenho tão próximo”, disse, com uma sinceramente incomum.

O interesse pelas causas sociais surgiu quando ainda estava no ensino médio, através de um professor de História, Mário Romero, que lhe deu aulas sobre as revoltas populares. “Minha primeira paixão foi Canudos”, contou. Ela se preparava para uma vida acadêmica quando descobriu que, em suas veias, corria o sangue da jornalista, não da professora e pesquisadora universitária.

O jornalista Brian Mier a conheceu e a indicou para ser analista de assuntos internacionais do 247. Nesta quarta-feira, o publisher do veículo, Leonardo Attuch, o agradeceu pela indicação.

“Nathalia deixa um vazio gigantesco e um exemplo para o jornalismo brasileiro. Tomara que ela possa inspirar novas gerações de jornalistas. Ela realmente é uma pessoa única, e o Brian é que pôde fazer essa aproximação. Brian, muito obrigado”, disse Attuch.

Na convivência profissional que tive com Nathalia Urban, um oceano nos separava, literalmente, mas havia um elo, a busca pela verdade factual. Recebi algumas mensagens dela, em que me indicava fontes para investigação jornalística.

A última foi há alguns meses: “O meu querido amigo/camarada (omito o nome) tem me contado várias coisas preocupantes em relação a um oficial da Aeronáutica, possivelmente golpista, e que mora no exterior e também trabalha como jornalista. Eu pedi para ele vir falar com você, eu acredito que isso é algo que tem que ser investigado. E sei que ninguém é melhor nisso do que você.”

A dica era quente, pois indica infiltração em meios acadêmicos, como alguns pesquisadores me contaram, com indícios de conexão com a Abin paralela. 

Muito obrigado, Nathalia. Você se foi muito cedo, mas eu gostaria de lhe dizer que temos um compromisso: continuaremos a honrar a nossa profissão, a “melhor profissão do mundo”, como dizia Gabriel García Marquez. Com integridade, coragem e sempre denunciando o opressor.