Debate promovido pela Procuradoria Geral do Estado tratou de mecanismos de regulação da mídia| Foto: Ramiro Furquim/Sul21 |
Por Jaqueline Silveira, no Sul21*
Porto Alegre/RS - A Procuradoria-Geral do Estado (PGE) realizou no final da tarde desta terça-feira (22) mais um ciclo de debates Direito e Política. Desta vez, o tema foi a Democratização da mídia. Presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Celso Augusto Schröder foi o palestrante.
Em sua manifestação, o jornalista destacou que a Constituinte de 1988 trouxe grandes avanços, como na área ambiental, porém não conseguiu democratizar a mídia, apesar de ter garantido a liberdade de expressão.
“Saímos do processo redemocratizador com um déficit. A comunicação é essencialmente um bem público e a liberdade de expressão, para ser realizada, precisa de outros pressupostos, tem de ser plural”, argumentou Schröder, acrescentando que a mídia no país não pode se concentrar em monopólios.
Ele defendeu, ainda, a regulação da mídia. “Precisamos urgentemente de uma marco regulatório. O marco regulatório não é uma demanda partidária, nem de governo”, enfatizou.
Atualmente, segundo a avaliação de Schröder, está ocorrendo a substituição do jornalismo “pelo espetáculo, a manipulação”.
Também avaliou que as “novas tecnologias”, referindo-se às redes sociais, não estão comprometidas com a verdade. “Essa praça pública eletrônica (redes sociais) é fantástica, mas não garante a democracia. Não tem um ator comprometido com a verdade”, esclareceu o jornalista. Por conta dessas e de outras situações, ele reafirmou a necessidade do marco regulatório.
Um dos debatedores do ciclo, o presidente do Conselho de Comunicação Social do Tribunal de Justiça (TJ) do Estado, desembargador Túlio de Oliveira Martins, falou sobre a profissionalização da assessoria de imprensa do TJ.
“Passamos a produzir nossas notícias e operar o nosso site, uma pequena agência de notícias”, contou ele, destacando que o conteúdo é elaborado do ponto de vista técnico. A profissionalização, conforme ele, ocorreu a partir da criação do Conselho de Comunicação.
Como cidadão, o desembargador disse que senta falta de assistir à cobertura de um fato de “diferentes maneiras”.
“Nós precisamos de pluralidade para que a liberdade de expressão não seja uma formalidade”, defendeu Martins, que também é jornalista. Para finalizar, ele frisou que sempre que se fala em marco regulatório há uma “reação intransigente”.
O outro debatedor, professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC, escritor e jornalista Juremir Machado da Silva afirmou ser “totalmente favorável” à regulação da mídia do Brasil, a exemplo do que ocorreu na Argentina.
“O Brasil precisa de um choque de democracia em todas as instâncias: na política, na mídia e até no Judiciário”, pregou ele. Hoje, de acordo com o professor, há critérios diferentes para a cobertura de fatos equivalentes. “Precisamos de um pouquinho de democratização, que passa pelo estabelecimento de critérios. Precisamos encontrar um equilíbrio”, concluiu Juremir.
Ao final, o público pôde fazer perguntas ao palestrante e aos debatedores, conduzidas pelo procurador-geral da PGE, Carlos Henrique Kaipper.
*Via http://www.sul21.com.br/
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