Navio Negreiro IV - Tragédia no Mar
*Canta Adriana Calcanhotto - Composição: A.L. Oliveira - Poema de Castro Alves
(...)
E existe um povo que a
bandeira empresta
Pr'a cobrir tanta
infâmia e cobardia!...
E deixa-a
transformar-se nessa festa
Em manto impuro de
bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas
que bandeira é esta,
Que impudente na gávea
tripudia?!...
Silêncio!... Musa!
chora, chora tanto
Que o pavilhão se lave
no teu pranto...
Auriverde pendão de
minha terra,
Que a brisa do Brasil
beija e balança,
Estandarte que a luz do
sol encerra,
E as promessas divinas
da esperança...
Tu, que da liberdade
após a guerra,
Foste hasteado dos
heróis na lança,
Antes te houvessem roto
na batalha,
Que servires a um povo
de mortalha!...
Fatalidade atroz que a
mente esmaga!
Extingue nesta hora o
brigue imundo
O trilho que Colombo
abriu na vaga,
Como um íris no pélago profundo!...
...Mas é infâmia de mais... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do
Novo Mundo...
Andrada! arranca este
pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta
de teus mares!
(São Paulo, 18 de abril de 1868).
Nenhum comentário:
Postar um comentário