06 outubro 2021

Biden supera Trump ao deportar milhares de haitianos em velocidade não vista há décadas

Presidente dos EUA usa política do antecessor de extrema direita para justificar deportações em massa após pregar apoio a imigrantes e afirmar que o Haiti não é seguro.

  Foto: AP Photo/Félix Márquez

APENAS QUATRO MESES ATRÁS, o Departamento de Segurança Interna dos EUA designou o Haiti para o status de proteção temporária. A rara designação se aplica a imigrantes nos Estados Unidos que estão temporariamente impossibilitados de retornar com segurança ao seu país de origem, devido a condições de extrema agitação política, conflito, ou desastres naturais. O governo dos EUA afirmou, portanto, em termos inequívocos, que o Haiti não era um lugar seguro. O status de proteção temporária foi o estendido e expandido para os haitianos há apenas cinco semanas.

No entanto, em um intervalo de 24 horas em setembro, 320 haitianos foram colocados em aviões pelo governo Biden e expulsos de volta ao Haiti, tendo sido removidos do enorme campo de fronteira que se formou ao redor de uma ponte em Del Rio, no Texas. A partir do dia 22 de setembro, espera-se que cerca de 10 voos por dia façam essa viagem. Cerca de 14 mil haitianos serão expulsos dos EUA nas próximas três semanas – quase o número exato reunido atualmente no acampamento de Del Rio.

O governo Biden está expulsando milhares de pessoas para um país oficialmente reconhecido como inseguro para repatriação. É uma operação de deportação em escala e velocidade não vistas há décadas. E desmente qualquer noção de que a política de fronteiras de Joe Biden é mais gentil do que a do ex-presidente Donald Trump.

Trump e seus aliados macabros enquadravam suas políticas brutais de fronteira em uma retórica racista descarada e na propagação do medo pela supremacia branca. Como os presidentes Bill Clinton e Barack Obama fizeram antes, Biden envolve suas políticas anti-imigrantes em aberturas liberais vazias. As lógicas de fronteira necropolíticas são, no entanto, as mesmas; o sofrimento daqueles que não têm segurança nos EUA – que bem poderiam oferecê-la – não é diferente, seja imposto por um suposto “amigo” dos imigrantes ou por um explícito nacionalista branco. (...)

*CLIQUE AQUI para continuar lendo a postagem de Natasha Lennard no The Intercept Brasil.

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